sábado, 10 de dezembro de 2011

Fantasia não tem idade

Cinco é bom, dez é melhor ainda! Uma semana após lançar cinco livros infantis, as Edições Demócrito Rocha trazem o lançamento de outras cinco obras para os pequenos

Era uma vez com sotaque cearense. E multiplicado por cinco. Somando mais estórias às outras cinco lançadas sábado passado, as Edições Demócrito Rocha trazem lançamento hoje, às 17 horas, no auditório da livraria Cultura, das obras Uma escola encantada, de Sáskia Brígido, Uma baleia muito esperta, de Aline Bussons, De lagarta a borboleta, de Gardner de Andrade e Helano Maciel, O mistério da professora Julieta, de Socorro Acioli, e a segunda edição de O livro dos clássicos, de Natalício Barroso.

A entrada é gratuita, mediante senhas – entregues meia hora antes. No evento, além da sessão de autógrafos, os autores e obras serão apresentados em musical produzido por Marcelino Câmara e acompanhado de Cristina Gino.

Os livros se dividem em duas sortes, cada uma de acordo com o tamanho dos seus leitores-modelo; sejam eles ávidos consumidores de literatura infantil ou de literatura infanto-juvenil. Para os maiores, são duas opções; enquanto Natalício Barroso oferece um mergulho na História grega em seu O livro dos Clássicos (ilustrações de Everton Luiz Silva), Socorro Acioli apresenta uma mestra cheia de segredos e portadora de uma mala preta com um vírus que atravessa as páginas e vem para a vida dos leitores de O mistério da professora Julieta (ilustrado por Suzana Paz).

Para o público infantil – seja aquele que já se aventurou no bê-á-bá ou dos menores que deitam no colo dos pais para ouvir a sessão de leitura antes do sono – são três as opções, cada uma buscando um tema diferente. Se a vocação é o sonho, Gardner de Andrade e Helano Maciel trazem a história de De lagarta a borboleta (ilustrações de Sérgio Melo), com o pequeno inseto que luta para romper a prisão do casulo e conquistar a liberdade de voar e se extasiar com a beleza da natureza.

Novos nomes
Do fundo do mar vem uma baleia que, de tão inteligente, ensina até as diferenças de mamíferos marinho – como ela – e peixes. Uma baleia muito esperta tem texto de Aline Bussons, estreante na literatura e que uniu seu amor pelo mar à experiência como professora na confecção do livro. As ilustrações, por sua vez, são de Guabiras.

De uma fornada direta do mundo dos contos de fadas, vem Uma escola encantada, escrito por Sáskia Brígido e ilustrado por Suzana Paz. Mas na viagem de lá para a cá, a estrutura veio torta e redefinida ao começar com um “E foram felizes para sempre” e encerrar com o clássico “Era uma vez...”. “As coisas acontecem muito de inspiração. Queria falar sobre uma escola que mostrasse um pouco de como eu queria que as escola fossem para crianças. Que fosse algo muito mágico. Não planejei ser assim, mas foi acontecendo”, conta Sáskia, que desde jovem foi não apenas uma leitora, como uma escritora e até editora dos próprios livrinhos. Para a escritora, o importante na literatura infantil é possibilitar o sonho, a viagem na estória do outro, reinventando uma para a vida do próprio infante.

SERVIÇO

Lançamento de Uma escola encantada, Uma baleia muito esperta, De lagarta a borboleta, O mistério da professora Julieta e O livro dos clássicos.
Quando: Hoje, dia 10 de dezembro.
Onde: Auditório da Livraria Cultura (avenida Dom Luís, 1010 – Aldeota).
Hora: 17 horas (Entrada com senhas, sujeito à lotação).
Preços: Uma escola encantada: R$ 22.
Uma baleia muito esperta: R$ 18,50.
De lagarta a borboleta: R$ 28.
O mistério da professora Julieta: R$ 33.
O livro dos clássicos: R$ 35.
Outras info.: (85) 4008 0800/ 3255 6270.

André Bloc
andrebloc@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Um livro, muitos olhares, diversas Clarices

O livro Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família) traz artigos sobre a escritora Clarice Lispector e será lançado hoje, 10, no CCBNB

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia e veio ainda criança para o Brasil (BANCO DE DADOS)

Uma das escritoras brasileiras mais aclamadas, Clarice Lispector, se estivesse viva, completaria hoje, 10, 91 anos de idade. É em homenagem a ela que é lançado logo mais às 17 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste, o livro Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família).

A obra é um apanhado de artigos de professores de universidades brasileiras e do exterior – Portugal, Espanha e França – e pesquisadores de Clarice, além de uma entrevista com a italiana Nadiá Setti, professora do Centro de Estudos Femininos da Universidade de Paris 8, autora de uma das primeiras teses de doutorado sobre literatura feminina na França.

Com organização das professoras da Universidade Federal do Ceará Fernanda Coutinho e Vera Moraes, a obra em mais de 500 páginas se propõe esmiuçar as variadas facetas da escritora: a romancista, a contista, a jornalista. “Trazendo, ainda, trabalhos que exploram ângulos temáticos identificadores de seu texto, como é o caso da infância”, explica Fernanda, em material de divulgação.

O projeto surgiu ainda ano passado, em um simpósio em comemoração ao 90 anos de Clarice. Lá foram feitos os primeiros contatos com pesquisadores de outros países.

Vera mensura a importância da escritora, nascida na Ucrânia, mas que aos dois meses de idade veio para o Brasil. “Clarice criou um estilo particular, novo, singular, que levanta o questionamento se há uma literatura feminina, quais os destaques e suas especificidades. Ela foge do roteiro obrigatório de como escrever narrativas, é isso que encanta”, explica.

Mesmo após 34 de sua morte precoce, em 1977, aos 56 anos, a escritora continua sendo lida pelas novas gerações de leitores. “Sempre que se lê Clarice, algo novo surge. E sempre há novos leitores conhecendo Clarice e gostando, justamente pelo que ela escreve. De mulheres como protagonistas de suas histórias, das revelações interiores, dos momentos de epifania. Clarice vai se revelar cada vez mais”, acredita Vera.

O lançamento será feito juntamente com a inauguração da exposição Clarice: Retratos, com curadoria de Fernanda Coutinho e Inês Cardoso.

SERVIÇO

Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família)
Quando: hoje, 10, às 17 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro)
Entrada franca

Fonte: O Povo

I Feira do Livro do Ceará em Cabo Verde começa neste domingo (11)


O Governo do Estado,  por meio de Secretaria da Cultura (Secult), no Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, realiza em parceria com o Instituto de Arte e Cultura do Ceará, Câmara Cearense do Livro/CCL, UNILAB, Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará, a I Feira do Livro do Ceará em Cabo Verde: "A Terra da Luz na Claridade", de 11 a 18 de dezembro, na Cidade Praia, Cabo Verde.

Sabido da importância da “palavra” no âmbito literário, mas também no ramo do conhecimento, e no intuito de aproximar os dois países por meio da difusão de saberes e troca de experiências, a I Feira Mundial da Palavra consolida o intercâmbio cultural entre Brasil (CE) e Cabo Verde, evidenciando as semelhanças entre os estados de expressão portuguesa, sobretudo no que diz respeito às suas literaturas e demais saberes no campo das Ciências Sociais e Humanas.

A ação cultural está norteada ao aprofundamento da amizade mútua e da cooperação solidária entre seus membros. As políticas de linguagem e cultura  estão orientadas à estimular o desenvolvimento social, cultural e econômico e a superação das desigualdades sociais.

Os dois países, unidos por meio da difusão de saberes e troca de experiências, trabalham possibilidades de reciprocidades de relações de cunho científico e cultural entre as duas nações com uma programação que inclui  exposições de vídeos, palestras, contações de histórias, exposições e lançamentos de livros, oficinas e promoção de grupos de trabalho entre universidades brasileiras e caboverdianas.

I Feira Mundial da Palavra promovida pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde e Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Secretaria da Cultura do Estado do Ceará,  em  parceria com o Instituto de Arte e Cultura do Ceará, Câmara Cearense do Livro/CCL, UNILAB, Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará

Saiba mais sobre a Literatura:

Cedo, Cabo Verde despertou para o amor dos africanos pelo Brasil. Os "claridosos", criadores da revista Claridade, em 1936, dentre outros méritos, furaram, com decisão e arte, o cerco salazarista que impedia o acesso a textos brasileiros que apresentavam posturas políticas definidas, como os de Jorge Amado e de Graciliano Ramos.

Os claridosos, entendendo o Brasil como uma cultura mestiça e autônoma, encontravam-se, como parte de seu povo, em processo de conscientização cultural e nacional. Com o modernismo brasileiro, em especial o de caráter regionalista produzido no Nordeste, essa geração é influenciada.

Os escritores caboverdianos, a partir de autores brasileiros, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e o sociólogo Gilberto Freyre, passaram a tomar consciência cada vez maior da realidade das ilhas e a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção passou a ser cada vez mais na terra, no ambiente socioeconômico e no povo das ilhas. O grande marco de consolidação de temática nativista da literatura produzida em Cabo Verde acontece com o lançamento da revista Claridade. Assim, o modernismo caboverdiano, além de todas as perspectivas linguísticas e artísticas, o coloca à frente como elemento de afirmação e de consolidação da consciência da nação caboverdiana.

Sonara Capaverde



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Amor, eterno amor

Em De Clóvis para Amélia, o escritor José Luís Lira publica cartas inéditas de Clóvis Bevilaqua para sua esposa. O livro é lançado hoje, 9, na Academia Cearense de Letras

(Reprodução)


A sofreguidão de um casal de noivos que se enamora distante, ávido pelo próximo encontro, escreve sobre as pequenices do amor, sobre as perguntas não respondidas, os carinhos, o tentar se fazer presente no dia a dia, mesmo estando tão longe. Era o século XIX, e Clóvis escrevia do Recife para amada Amélia em São Luís. Os escritos já seriam de uma beleza ímpar, dessas que só os apaixonados podem verter em palavras, se não fosse ainda mais um detalhe que os enriquece: Amélia de Freitas veio a ser a esposa de Clóvis, que é o Bevilaqua, um dos juristas mais importantes do País, autor do Código Civil de 1916.

Reunidas em De Clóvis para Amélia, com lançamento hoje, 9, na Academia Cearense de Letras, a partir das 18h30min, as cartas foram organizadas pelo escritor e advogado José Luís Lira.

Os noivos se conheceram nas praias do Recife de forma inusitada: Clóvis salvou Amélia de um afogamento. Se foi paixão a primeira vista, não se sabe, mas o amor, que teve seus pormenores eternizados nas correspondências, durou para sempre. As cartas foram escritas entre maio de 1882 e agosto de 1891, mas em sua maioria, os escritos são de um período que compreende poucos meses antes de o casal unir-se em matrimônio, em 5 de maio de 1883.

As cartas estavam aos cuidados de Cecília Bevilaqua, neta do casal, e foi José Luís Lira saber de sua existência para já imaginá-las em livro. “Quando encontrei as cartas, me surpreendi pela beleza e pelo conteúdo. Deparei-me com um exímio desenhista, com poesias em forma de cartas”, relembra e continua, explicando como convenceu as herdeiras a publicar as cartas: “O conhecimento do público deste material ajudaria mais ainda a manter viva a memória de Clóvis e retratar seu amor por Amélia, conhecido por poucos”.

Um problema que o escritor encontrou foi o fato de só haver cartas escritas por Clóvis, e as de Amélia, que também era escritora e postulou sem êxito uma vaga na Academia Brasileira de Letras, terem se perdido. “Penso que ela eliminou as suas próprias cartas, recomendação que ele fez a ela também e, para sorte nossa, ela não atendeu”, acredita José Lira. Em certos trechos, Clóvis faz claras menções e até repete partes das cartas de Amélia. Ao contrário do que se podia pensar, a falta das cartas de Amélia, longe de ser um demérito a obra, faz com que o leitor tenha sua imaginação aguçada.

Além das cartas, o livro traz ainda breves biografias dos dois, matérias de jornais quando da morte de Clóvis em 1944, uma carta de filha Vellêda de Freitas Bevilaqua dias após o falecimento do pai, fotografias da família e desenhos feitos por Clóvis.

Em fac-símiles, as cartas são impressas ao lado de suas transcrições, cujo português foi atualizado e trechos em francês, inglês e latim traduzidos em notas de rodapé. Por vezes, Clóvis declara serem as cartas sua única alegria. “Eu não tenho outro prazer senão escrever-lhe e ler cartas suas”, diz. Em outro, declara seu amor: “E eu amo esse estado de meu espírito me faz restringir meu mundo quase exclusivamente a você”.

Clóvis fala da vida em Recife, da casa bagunçada que dividia com o amigo, e, surpreendentemente, do desgosto com o curso na faculdade que estava prestes terminar. “Embora o meu pouco apego aos livros de direito, digo mal, embora o meu nenhum gosto e a minha absoluta inaplicação em relação ao estudo das matérias em que, em poucos dias a Faculdade me conferirá um diploma de habilitação, embora isso, digo, estimei consideravelmente a reabertura das aulas”, escreve após uma greve.

A última carta (sem data, mas que José Lira, analisando a letra mais arredondada de Clóvis, acredita que seja após o casamento) fala de um amor eterno. Dirigida a “doce Amélia”, que morreu dois anos após sua morte, Clóvis escreve: “Feliz serei se acreditares na verdade do que deixo escrito e que sempre, viva ou morta, me possuirás a alma de tal forma que eu jamais saberei se no mundo há mulher”.

SERVIÇO

DE CLÓVIS PARA AMÉLIA
235 páginas
Quanto: R$ 40
Quando: hoje, 9, às 18h30
Onde: Academia Cearense de Letras - Palácio da Luz (rua do Rosário, 1 – Centro)

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Fonte: O Povo

À minha doce Amélia...

Livro reúne cartas inéditas do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia Carolina. A obra mostra outro lado da personalidade do intelectual cearense


Muito se fala do talento de jurista do cearense Clóvis Bevilaqua (1859 - 1944). O autor do projeto do Código Civil brasileiro, escrito em 1899 e promulgado apenas em 1916, foi um intelectual dedicado, cuja obra não se deixou erodir facilmente pelo tempo.

Contudo, a maioria desconhece a personalidade romântica do jurista, o amor que devotou a sua esposa, a escritora Amélia Carolina de Freitas Bevilaqua. Clóvis a tinha como musa inspiradora, seu mundo, sua base e seu tudo. À ela escreveu diversas cartas. Numa delas fez uma confissão marcada pelo lirismo: "eu não tenho outro prazer senão escrever-lhe e ler cartas suas!".

É desse amor que transborda das linhas das velhas missivas, resistente a voracidade do tempo, que o professor e presidente da Academia Sobralense de Estudos e Letras (Asel), José Luís Lira, se dedicou para a produção do livro "De Clóvis para Amélia", que será lançado hoje às 18h30, na sede da Academia Cearense de Letras (ACL).

A obra traz nove cartas inéditas do jurista cearense para sua esposa, algumas delas contém mais de 16 páginas. Há também três depoimentos, dentre os quais se destaca a emocionante homenagem feita pela filha Vellêda, após a morte do pai.

Processo
Segundo a pesquisa que deu origem ao livro começou acidentalmente, quando um amigo realizava um documentário sobre Bevilaqua e descobriu suas cartas de amor para a esposa. "Sempre fui um admirador da obra dele, desde a época da faculdade Direito. Quando meu amigo contou sobre as cartas, não pensei duas vezes: sabia que tinha diante de mim um material inédito e revelador sobre Clóvis".

Após o contato inicial com a neta do jurista, Maria Teresa, o professor viajou ao Rio de Janeiro e lá teve contato com a responsável pelo acervo, Maria Cecília, outra neta de Bevilaqua. "No dia 8 de setembro deste ano, encontrei-me com elas. Vi e fotografei todo o material. Lembro que não dormi naquela noite, fiquei acordado lendo as correspondências. Embora tenha me surpreendido em saber da existência das cartas, não foi surpresa a vívida declaração de amor, pois quando quis levar sua mulher para a Academia Brasileira de Letras, e esta vetou sua candidatura, por ser mulher, Clóvis se afastou da instituição. Amélia era a vida dele", ressalta.

As cartas foram escritas entre maio de 1882 e agosto de 1891. A grafia dos textos estão repletas de costumes e expressões da época. Lira conta que, apesar de ter sido feita a atualização para o português atual, algumas palavras necessitam de consulta para um entendimento completo. As palavras que caíram em desuso apresentam em notas indicações sinonímicas no livro; as que estão em outros idiomas foram traduzidas.

"Na maioria das cartas aqui transcritas, Clóvis e Amélia ainda não eram casados. Era uma forma de namorar (por carta), visto que Clóvis era estudante em Recife e ela morava em São Luís, no Maranhão. Em outras, já eram casados, e compunham uma espécie de álbum em comemoração ao aniversário dela", explica o organizador.

O professor comenta que foi Amélia que guardou estas cartas e que talvez ela tenha destruído as que escreveu. "Espero que eu esteja errado quanto ao destino das cartas de Amélia e que um dia outro pesquisador encontre-as e faça uma publicação. No mundo da pesquisa, tudo é possível", diz.

Em algumas correspondências, Lira tece pequenos comentários para melhor compreensão do leitor, junto a apresentação de breves biografias do jurista e sua esposa. O livro, moldado numa bela edição, onde cada detalhe faz referência à ideia de carta, é decorado por ilustrações produzidas pelo próprio Bevilaqua, revelando-nos outros traços de seu talento.

"Os desenhos realmente foram uma surpresa. São ricos em detalhes e possuem uma pureza visual, assim como era o amor dos dois. Dona Vitória, a única filha viva do casal, me contou que eles se conheceram na praia de Milagres, em Olinda. Amélia estava quase se afogando e Clóvis a salvou. Desse encontro, os dois se apaixonaram perdidamente, casaram em seguida, tiveram cinco filhas e foram felizes até o fim".

Uma história de amor que nos serve de exemplo em tempos onde as relações são efêmeras e, muitas vezes, virtuais. "Juro por quanto há nobre e grande, por tudo que eu amo e venero, pela honra, pela virtude, pelas crenças que se aninham em minha fronte, pela fé que me afervora a alma, por minha dignidade de homem, por tudo que possa acordar em mim um sentimento elevado, puro que te adoro, que te idolatro, que és o meu mundo e a minha glória", escreveu Clóvis Bevilaqua à sua amada esposa.

Livro
"De Clóvis para Amélia"
José Luís Lira (org.)
229 páginas
R$ 45 (R$ 40, no lançamento)
2011
Independente
Lançamento às 18h30, na Academia Cearense de Letras
(R. do Rosário, 1 - Centro)

ANA CECÍLIA SOARES

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

De corpo, letra e arte

A terceira edição da revista "Reticências... Crítica de Arte" será lançada hoje, às 19 horas, no Dança no Andar de Cima. Críticos e artistas discutem o papel do corpo na arte contemporânea

Registro da performance Delírio, de Rubiane Maia, em apresentação no Centro Cultural Banco do Nordeste
VERÔNICA MELONI

O lugar do corpo na arte é uma questão que intriga realizadores de diversas linguagens e correntes da arte contemporânea, que seguem experimentando. Limites são testados e fronteiras, rompidas. O corpo deixa a condição primária de morada da alma, para assumir seu protagonismo como motor da criação.

Atuando como um canal de fomento ao debate da arte do tempo presente, a revista "Reticências... Crítica de Arte" convida pesquisadores, artistas e críticos à refletir, a partir de suas respectivas áreas, sobre estas questões, em uma publicação performática que toma para si os paradigmas da arte contemporânea e atualiza a discussão do tema e da produção artística.

O lançamento da terceira edição da revista acontece hoje, a partir das 19 horas, no espaço Dança no Andar de Cima. Um segundo encontro está marcado para o dia 15, às 19 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço.

A revista dá continuidade ao trabalho desenvolvido desde 2007 no campo da arte visual contemporânea (e que deu origem ao site www.reticenciascritica.com), um canal de discussão teórica do que é produzido no Ceará e fora dele.

O projeto foi contemplado no Prêmio de Artes Visuais 2010, da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), e prevê a impressão desta e da próxima edição da revista, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2012.

Artigos
Contribuíram para esta edição Kátia Caton, curadora e professora de artes, PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York; a professora do Instituo de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC) Beatriz Furtado; a coreógrafa Andréa Bardawil; o escritor e pesquisador Eduardo Jorge; os artistas visuais Solon Ribeiro, Daniela Mattos, Aslan Cabral e Marcus Vinícius, além dos editores da publicação: a jornalista e repórter do Caderno 3 Ana Cecília Soares e o artista visual Júnior Pimenta.

A edição inclui ainda uma entrevista com a pesquisadora Viviane Matesco, doutora em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Inspirados pelo tema da edição, "De que corpo?", cada um levanta um desdobramento de questões ligadas ao corpo, pensamentos complementares que fazem da publicação muito mais do que uma corriqueira revista sobre o tema. O primeiro artigo, assinado por Caton, problematiza as utilizações do corpo por artistas contemporâneos, o seu papel concomitante como sujeito e objeto e sua indissociabilidade do eu. "Essa é de fato uma das grandes percepções que permeiam a obra dos artistas contemporâneos, atentos às tensões que se situam em um corpo cada vez mais idealizado pela indústria do consumo", define.

Solon Ribeiro, mais adiante, parte para uma reflexão do corpo convertido em material de trabalho de artistas, especialmente a partir dos anos 1960. "(É quando alguns) se despem, outros se lambuzam de tinta, comem vidro, se cortam, bebem sangue e até levam tiros no museu", ilustra.

O teste dos limites do corpo capitaneou performances com inclinações ao grotesco em países da Europa e nos EUA, no intuito de chocar o espectador. No Brasil, Solon cita, como expoentes desse experimentalismo, Hélio Oiticica e Lygia Clark, embora com problematizações bastante diferentes dos contemporâneos europeus. Incluindo a dança no debate, Andréa Bardawil fala sobre como o uso do corpo na arte contemporânea é determinante na reformulação do conceito de coreografia, incorporando à dança a imobilidade e os gestos cotidianos. "Eis que surge a pergunta que até hoje não se cala: isso é dança?", precisa a pesquisadora.

Outro que amplia o pensamento sobre as percepções e usos do corpo é Marcus Vinicius, refletindo sobre os pontos de contatos entre a performance e a arquitetura.

Marcus coloca o corpo como parte da paisagem urbana, em desdobramentos de sua intervenção "Ocupação urbana experimental". "Desde o início, a gente teve a preocupação de construir um espaço onde pudesse refletir a respeito da escrita sobre arte contemporânea e, ao mesmo tempo, abrir o debate a pessoas da área, como artistas, escritores e críticos", comenta Ana Cecília, sobre o trabalho ao lado de Júnior Pimenta, de idealização e edição da revista.

A editora defende que a vocação da arte contemporânea pela ruptura deve estar presente também na escrita sobre esta produção. "É uma arte que confunde. O artista não precisa usar apenas o pincel, nem o grafite, não se centra apenas na questão da técnica. A partir do momento que essa arte muda, a escrita da arte também muda", define.

Apropriando-se analogamente destas questões, a revista traz algumas experimentações conceituais, discutindo o lugar da crítica e o uso de seu espaço para o debate entre os próprios realizadores; inovações textuais, como a "experiência textual-performativa" no artigo de Daniela Mattos; e a própria concepção gráfica da publicação. "O projeto gráfico, até a tipografia, tudo é corpo. Aquilo que parece que está mal feito, que não foi impresso direito: é tudo pensado, proposital. Tudo foi pensado para pensar o corpo mesmo", reforça a crítica de arte e jornalista.

REVISTA
"Reticências... Crítica de Arte - 3"R$ 10
80 PÁGINAS
2011
RETICÊNCIAS

LANÇAMENTOS - Hoje, às 19h, no Espaço Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, n° 1523 A); e 10 de dezembro, às 10 h, no Sobrado Dr. José Loureço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Nos dois eventos, haverá um debate com os editores e distribuição gratuita de exemplares. Contato: http://www.reticenciascritica.com

FÁBIO MARQUES 
REPÓRTER

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Farmácia Oswaldo Cruz-Adiada a decisão sobre tombamento

Parecer sobre a farmácia deve sair no próximo dia 3 de janeiro; análise técnica vai avaliar pedido de preservação

Farmácia Oswaldo Cruz - Foto: Lana Bleicher

O futuro da tradicional Farmácia Oswaldo Cruz ainda é incerto. Somente na próxima reunião do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), no dia 3 de janeiro, que os cearenses irão saber qual parecer será dado sobre o pedido de tombamento feito pelo jornalista e historiador Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez.

Uma análise técnica irá avaliar se o pedido de Nirez tem procedência e o que deverá ser incluído no tombamento, se somente a fachada e a volumetria ou também a parte interna. Apesar do parecer do Comphic não ter sido divulgado ontem, como estava previsto, o debate na reunião se deu em torno dos bens integrados ao prédio e da possibilidade de continuidade da farmácia após o tombamento.

Para Nirez, a importância da Farmácia Oswaldo Cruz para Fortaleza é bem maior do que o prédio que ela ocupa, por isso o pedido de tombamento inclui o prédio juntamente com a parte interna do imóvel.

O historiador afirma que a Capital é uma cidade sem memória. "Fortaleza é uma cidade nova, então, tudo que ainda tem do século XX que possa ser preservado deverá ser", acredita.

Marcelo Mota, advogado das três proprietárias do prédio, garante que não existe intenção de desvirtuar a harmonia arquitetô-nica do imóvel. "Por uma questão comercial, os locatários buscam, através de um pedido de tombamento, se perpetuar no imóvel", acusa Mota.

O advogado avisa que o pedido de impugnação do tombamento será mantido até o fim. "As proprietárias são pessoas que dependem do fruto do aluguel para sobreviver", afirma.

Mário Pragmácio, advogado da farmácia, diz que o que motivou a solicitação de tombamento foi o fato das proprietárias terem entrado com pedido de despejo, solicitando que os funcionários saíssem. Ele defende que o bem deve ser preservado não apenas pelo seu valor material, mas também imaterial.

Clélia Monasterio, coordenadora do Patrimônio Histórico-Cultural da Secultfor, informa que, se o tombamento incluir a parte interna, as proprietárias ficarão limitadas ao uso adequado como uma farmácia, o que considera a decisão ideal.

Clélia Monastério, da Secultfor, fala sobre tombamento da Farmácia Oswaldo Cruz



Fonte: Diário do Nordeste

X Semana Paulo Freire começa nesta quarta-feira (08) no Museu do Ceará


O Museu do Ceará realizará a partir desta quarta (07) até sexta-feira (09) a X Semana Paulo Freire,  com o tema "Paulo Freire- Olhares Multidisciplinares". O evento, que se inicia às 14h, será uma homenagem aos 90 anos de nascimento Paulo Freire.

Durante a programação os interessados poderão participar de exposições, palestras, oficinas e mesas redondas. No último dia do evento haverá o lançamento da 2ª edição dos livros agraciados com o Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré (MINC): Lira Popular: o cordel do Juazeiro, Patativa do Assaré: pássaro liberto, Xilogravura: doze escritos na madeira (Autor: Gilmar de Carvalho) e Cordel: a voz do verso (Autora: Martine Kunz)

Programação

X SEMANA PAULO FREIRE Paulo Freire : olhares multidisciplinares

7 de dezembro.
14h. Abertura. Secult, Museu do Ceará e Grupo História em Movimento (UECE)

14H30mim. Releituras de Paulo Freire no museu. Palestrante: Régis Lope

16h. INTERVALO

16h30min. Palestra: Mártir Francisca de Aurora: santidade popular, memória e narrativa. Palestrante: Dellano Rios

17h30min. Exibição do documentário de curta-metragem Mártir Francisca: 50 anos, de Francisco Sousa.

18h. Lançamento do livro O povo fez sua santa, de Dellano Rios

8 de dezembro
10h. Memórias do núcleo educativo do Museu do Ceará.
Participantes: Ana Amélia Rodrigues, Marise Magalhães e Janaína Muniz

14h. Mesa redonda. Releituras de Paulo Freire no ensino.
Participantes: Ercília Maria Braga de Olinda e João Batista de Albuquerque Figueiredo

16h INTERVALO

16h30min. Palestra. Paulo Freire e o mundo do trabalho.
Palestrante: William Mello.

18h. Lançamento do livro Trabalhadores: novas perspectivas e comparações. Organização: William Mello.

9 de dezembro
9 ás 12 hs. Oficina de xilogravura. Ministrante: JoãoPedro do Juazeiro (25 vagas)

14h. Vídeo debate sobre Paulo Freire. Mediadoras: Fátima Leitão e Isaíde Bandeira

16h. INTERVALO

16h30min. Mesa redonda. Literatura de cordel e xilogravura: experiências de pesquisa. Participantes: Gilmar de Carvalho e Martine Kunz.

18h. Abertura da exposição. Memórias na madeira: xilogravuras cearenses.
Lançamento da 2ª edição dos livros agraciados com o Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré (MINC): Lira Popular: o cordel do Juazeiro, Patativa do Assaré: pássaro liberto, Xilogravura: doze escritos na madeira (Autor: Gilmar de Carvalho) e Cordel: a voz
do verso (Autora: Martine Kunz). 20284

Fonte: Assessoria de Imprensa da Secult

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Guarda Municipal de Acaraú passa por reciclagem


Cerca de 60 agentes da Guarda Municipal de Acaraú (CE), na região Norte do Estado, participaram hoje (5/12) de um treinamento com a Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza (GMF) para reciclagem. 

Promovido pela Prefeitura Municipal de Acaraú, a capacitação, transcorrida em Acaraú, tem carga horária de 8h/aula. Quatro servidores da GMF ministram aulas sobre a estrutura operacional e adminstrativa, e sobre desenvolvimento de trabalhos e projetos. Também orientam sobre a implementação de uma Defesa Civil.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Livro resgata a história e a cultura do município

Pesquisa reúne relato de historiadores que passaram pela cidade e documentos históricos encontrados pelo autor

Igreja do Céu é um dos pontos mais visitados do município (FCO FONTENELE)

Contar a história da cidade de Viçosa do Ceará - distante 365 quilômetros de Fortaleza - a partir de relatos de historiadores e da pesquisa de documentos históricos. Essa é a proposta do livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico. “O livro reúne a visão de vários historiadores que visitaram Viçosa, como Barão de Studart, Álvaro Gurgel de Alencar, Carlos Studart Filho e Padre Antônio Vieira”, diz Gilton Barreto, autor do livro.

Gilton informa que, em 1590, os primeiros franceses estabeleceram-se no local. Em 1604, começaram a chegar os jesuítas, com o objetivo de realizar a catequese dos índios. Inicialmente, o lugarejo era chamado de Vila Viçosa Real das Américas. Outros nomes foram utilizados até que, em 1943, decidiu-se por adotar o nome Viçosa do Ceará.

Segundo Gilton Barreto, a cidade possui 72 casarões tombados e é considerada uma das primeiras vilas do Ceará. O Teatro Pedro II, por exemplo, é tido como o segundo mais antigo. Foi inaugurado em 1911, um ano após o Theatro José de Alencar, em Fortaleza.

O livro também faz um resgate da cultura e da arte no município e traça detalhes da geografia do lugar. Em alguns distritos localizados no sertão, “há a produção da tradicional cachaça viçosense”, relata Gilton. Na parte serrana, há o cultivo de flores e da pimenta-do-reino, além da conhecida produção de licores e doces.

Na capa do livro, há uma gravura do artista plástico Ernane Pereira, que retrata a Vila Viçosa no ano de 1860. O desenho original foi encontrado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e é de autoria do botânico Freire Alemão. Nele, é possível ver a primeira igreja com algumas casas ao redor. Ao fundo, está o chamado Morro do Céu. No livro, há outras 500 fotos da cidade.

A publicação também traz histórias de lendas que já correram à “boca miúda” em Viçosa. Uma delas envolve um sítio chamado Lajes. No local, há muitas pedras com forma de gente e animais. Reza a lenda que, antes, o local fazia parte de um reino, onde vivia um rei e uma princesa. Eles eram adorados pelos súditos.

A história muda de rumo com a chegada de um padre estrangeiro, por quem a princesa se apaixona. A notícia do romance deixou a população revoltada. Uma feitiçaria foi preparada para transformá-los em pedras. O problema é que o feitiço saiu forte demais e todos os membros da comunidade foram petrificados. Essa e outras lendas foram colhidas em manuscritos encontrados.

O livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico deverá ser lançado em agosto de 2012. O trabalho de pesquisa foi iniciado em 2006. Gilton Barreto também é autor do livro História, fatos e fotos de Viçosa.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
O livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico faz um resgate da história da cidade a partir de relatos já feitos por historiadores e de documentos guardados por famílias do município. A história da cidade começa em 1590, com a chegada dos primeiros franceses.

Geimison Maia
geimison@opovo.com.br

Fonte: O Povo