sábado, 3 de dezembro de 2011

Senta que lá vêm as histórias

As Edições Demócrito Rocha lançam hoje, às 17 horas, cinco livros focados num público ainda em formação do hábito de leitura: nossos pequenos. A Livraria Cultura recebe os autores

Ilustração de Karlson Gracie para o livro infantil Um Passeio Diferente (REPRODUÇÃO)

Tem hora que o hábito começa em casa. Junta-se pai, junta-se mãe; o filho na cama, deitado. Os olhos lotados de sono, mas o espírito vivo no discurso “num tô cum sono”. Abre-se o livro e na segunda página o pequeno tombou rumo ao mundo dos sonhos, continuar nessa outra realidade a história vocalizada pelos pais. E assim, chegado o primeiro ano do Ensino Fundamental, a própria criança pode se aventurar a estender a mão. E, a partir de hoje, esses pequenos-ávidos-leitores têm cinco novas opções genuinamente cearenses de leitura. Hoje, às 17 horas, as Edições Demócrito Rocha reúnem sete autores e quatro ilustradores no lançamento de cinco livros na Livraria Cultura.

Depois do lançamento da segunda edição de Detestinha – o bicho que detesta ler, o escritor e jornalista Demitri Túlio volta com duas obras focadas num público menos experiente na literatura. Se Detestinha dialogava com leitores da faixa infanto-juvenil, O ipê amarelo e o passarinho e O ovo mudo se focam em crianças nos primeiros passos entre letras. Outro autor dos mais experientes a criar novas páginas (e novas aventuras) é Horácio Dídimo, com seu O menino perguntador. Mas os primeiros passos na literatura não vêm apenas dos leitores. Cristina Gino, que lança Musicalização infantil e o grupo formado por Fernando Martins, Flávia Viana, Márcia Melo e Rodrigo Carvalho, autores de Um passeio diferente, vivem sua primeira incursão na literatura infantil. Além da sessão de autógrafos, os escritores serão apresentados por um musical do cantor e ator Marcelino Câmara, acompanhado da escritora e pianista Cristina Gino. O público deve chegar à Livraria Cultura com 30 minutos de antecedência para a distribuição de senhas para o auditório (sujeito a lotação).

De acordo com a jornalista Regina Ribeiro, editora das Edições Demócrito Rocha, a seleção dos títulos buscou a abordagem de temas tão diferentes como a matemática e a sociabilização, ao mesmo tempo em que não perdendo de vista a temática regional – marca da editora. “A ideia é ampliar esse universo da literatura clássica infantil, abordando a ecologia, a música, as ciências, a matemática”, disse.

Em O ipê amarelo e o passarinho (ilustrações Carlus Campos), Demitri produz um poema sobre o passado – quando homem e natureza viviam harmoniosamente, até que chegou um outro tempo onde a pressa quebrou essa harmonia. Já em O ovo mudo (ilustrações Carlus Campos), o autor traz uma fábula galinácea sobre as incerteza e inseguranças que também vivem os humanos. O menino perguntador (ilustrações Ingra Rabelo) reúne algumas das personagens criadas por Horácio Dídimo permeados por brincadeiras infantis de interrogação. Musicalização infantil (ilustrações Diana Medina) traz a experiência de Cristina Gino como educadora musical infantil com um roteiro do ensino na primeira infância. “Foi uma experiência muito diferente a de poder expressar a minha prática através do texto”, pontuou a autora.

Já Um passeio diferente (ilustrações Karlson Gracie) juntou o casal Fernando Martins e Márcia Melo aos amigos Flávia Viana e Rodrigo Carvalho numa aventura do personagem Daniel pelo mundo da geometria – que, segunda a experiência do grupo nas aulas de matemática, é uma das área em que as crianças têm mais dificuldade. Um dos primeiros leitores foi outro Daniel, de quatro anos e já viciado em livros, segundo a mãe, filho de Fernando e Márcia, já pôde se divertir antes de dormir com as aventuras de seu xará. “Como meu filho ainda não lê, vejo como ponto importante as figuras. Os livros estão com esse atrativo. A gente tentou trabalhar com o movimento e passou para o livro, além das formas geométricas”, aponta Márcia.

Próxima leva
Na próxima semana, no dia 10 de dezembro, o público infantil vai ser o foco de outros cinco lançamentos da EDR. Uma escola encantada, de Saskia Brígido (ilustrações de Suzana Paz); De lagarta a borboleta, de Gardner de Andrade e Helano Maciel (ilustrações de Sérgio Melo); Uma baleia muito esperta, de Aline Bussons (ilustrações de Guabiras); O mistério da professora Julieta, de Socorro Acioli (ilustrações de Suzana Paz) e O livro dos clássicos, de Natalício Barroso (ilustrações de Everton Luiz Silva).
SERVIÇO

O ipê amarelo e o passarinho

O menino perguntador

Musicalização infantil

O ovo mudo

Um passeio diferente

O quê: Lançamento de novos títulos infantis das Edições Demócrito Rocha

Quando: Hoje, dia 3 de dezembro.

Onde: Auditório da Livraria Cultura (avenida Dom Luís, 1010 – Aldeota).

Hora: 17 horas (entrada com senhas, sujeito à lotação).

Preços: Musicalização Infantil - R$ 22,00


O menino perguntador - R$ 33,00

Um passeio diferente - R$ 22,00

O Ovo Mudo - R$ 22,00

O Ipê Amarelo e o Passarinho - R$ 22,00


Outras info.: (85) 4008 0800


André Bloc
andrebloc@opovo.com.br

Fonte: O Povo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Encontro mostra manifestações da cultura popular do país, no Ceará

O VI Encontro Mestres do Mundo acontece em Limoeiro do Norte.Manifestações vão retratar o Natal; evento vai até domingo (1º).

 Mestre Expedita dos Santos se apresenta no
Encontro dos Mestres do Mundo, em Limoeiro do
Norte, no CE. (Foto: Governo do Estado/Divulgação)

O Encontro Mestres do Mundo, um dos principais eventos culturais do Estado do Ceará, começa nesta quinta-feira (1°) e vai até domingo (4) no município de Limoeiro do Norte, a 198 km de Fortaleza, no Vale do Jaguaribe. O evento reúne representantes da cultura popular tradicional do Ceará e de outros estados brasileiros para mostrar, discutir e trocar vivências entre si e o público geral sobre experiências nos artesanato,dança, música, oralidade e sagrado.

Este ano, o evento traz o tema “Autos de Natal” e traz uma programação com rodas de mestres, oficinas, apresentações e palestras no mesmo período da festa da padroeira de Limoeiro do Norte, Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Entre as atividades, o Seminário “Discutindo Políticas Publicas para o Patrimônio Cultural” discute a valorização das expressões artísticas de origem africanas.

O Estado do Ceará possui 58 Mestres da Cultura diplomados e reconhecidos pela Lei dos Tesouros Vivos. Com o diploma, os novos Mestres são contemplados com um salário mínimo mensal temporário ou vitalício. "O Mestres do Mundo representa a síntese da diversidade cultural brasileira, sendo um evento obrigatório no calendário do nosso Estado", afirma o secretário da Cultura do Ceará, Francisco Pinheiro.

Serviço
VI Encontro Mestres do Mundo
De 1 a 4 de dezembro - Gratuito
Local: Limoeiro do Norte – Ceará
Mais informações: 3246.2708.

Fonte: G1 CE

Nova obra de César Barreto fala do clero sobralense


Escritor, engenheiro e atual superintendente adjunto do Departamento Estadual de Rodovias do Ceará (DER), César Barreto Lima lança hoje seu novo livro. Às 19 horas, ele apresenta no Náutico Atlético Cearense "Sobral de todos os santos".

Como o próprio título entrega, o cenário das histórias contadas é o preferido pelo autor. Da cidade de Sobral, César Barreto recupera as memórias dos sacerdotes católicos que por ali passaram. O trabalho mais de 20 crônicas que recuperam episódios da vida do município que contaram com o protagonismo de padres e outros religiosos. O escritor conduz seus leitores por um texto leve, permitindo-se mesmo contar causos marcados pelo humor. Caso do sacerdote José Inácio Parente, às voltas com um jovem paquerador que estava de olho nas moças na escola por ele dirigida.

A maior parte das histórias que figuram no livro se ambientando nos anos 50, quando Sobral, em sua verve aristocrática, ainda era comum ver as elites preparem seus filhos para uma carreira eclesiástica.

Livro  
Sobral de todos os santos  
César Barreto Lima

Premius
2011
117 páginas
Lançamento às 19 horas, no Náutico Atlético Cearense (Av. Abolição, 2727, Meireles)

Dom Quixote de Baturité

Com narrativa divertida e crítica sobre antigos povos do Ceará, o livro Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, será relançado hoje na Livraria Cultura

O autor passeia pela cultura indígena com ironia e vocabulário rico (MARCOS CAMPOS)

Imagine uma tribo de guerreiros Jenipapos, que séculos atrás viveu nas terras da Vila de Monte-Mor, atual Serra de Baturité. Eram Liderados pelo quixotesco Antônio da Silva Cardoso, grande revolucionário nativista, que inspirava seus descendentes a conspirarem contra o imperador, os portugueses em geral e a Igreja. Essa história divertida, crítica e instigante constitui a narrativa de Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, com relançamento hoje (1º), na Livraria Cultura.

Publicado pela primeira vez em 1988, o livro tem narrativa não-linear e é marcado por uma crítica aguda e pela ironia, permeadas por um rico vocabulário, cheio de expressões e palavras da época, sobretudo da cultura indígena. Nilto conta que, para a atual edição, procurou manter quase intacta a grafia e estrutura originais, fazendo apenas uma ligeira revisão ortográfica e de alguns vocábulos. “Minha ideia inicial era escrever um grande romance de 1000 páginas, que viesse desde os pré-colombianos, mas o José de Alencar já tinha feito coisa parecida, aí resolvi mudar”, conta o autor.

O escritor conta que começou então a ler tudo sobre História do Ceará e resolveu desmembrar em vários livros o que seria seu romance sobre a trajetória de gerações passadas. “Quando fui pra Brasília autoexilado ia todo dia para a biblioteca do Congresso e procurava só coisa velha, sobre povos antigos, principalmente dos personagens mais voltados para o Ceará”, diz Nilto. Porém, ele frisa que não se considera um autor regionalista.

Em Os Guerreiros de Monte-Mor, o que logo chama a atenção do leitor é a figura excêntrica de Antônio, que faz questão de criar o filho dentro da tradição de seus povos, enchendo a mente do menino. “Tem um pouco de D. Quixote, embora eu ainda não tivesse lido D. Quixote quando escrevi, e tem um pouco de Policarpa Quaresma também”, diz Nilto, referindo-se a personagens de Miguel de Cervantes e Lima Barreto, respectivamente. “Meus personagens são todos rebeldes”, destaca, sendo que no livro há referências a eventos como a Confederação do Equador e a Inconfidência Mineira. Natural de Baturité, Nilto diz que o livro: “É uma homenagem à minha terra, aos índios do Brasil e do mundo e a todos os povos que foram massacrados”.

SERVIÇO

Relançamento do livro Os Guerreiros de Monte-Mor
Quando: Hoje (1º), às 19h
Onde: Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010 - Aldeota)
Preço do livro: R$ 23
Entrada franca
Outras info.: (85) 4008 0800

Marcos Robério 

Fonte: O Povo

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Museu vai retratar história da Zona Norte

Professor de História está organizando, na Serra da Meruoca, um espaço voltado para a cultura da região Norte

No distrito de Palestina, as peças (piano, imagens sacras, penteadeiras, cômodas, armários, guarda-roupas, que datam do século XVIII) estão sendo restauradas para exposição FOTO: LAURIBERTO BRAGA

Meruoca Contar a história da Zona Norte por meio de objetos. Essa é a ideia do professor aposentado de História, Paulo Emílio. Ele está montando o Museu Histórico da Zona Norte, no Sítio Monte Olimpo, no Distrito da Palestina, na Meruoca.

Numa altitude superior a 750 metros, o novo espaço reunirá peças (piano, imagens sacras, penteadeiras, cômodas, armários, guarda-roupas, utensílios domésticos, cristais, rádios, máquinas de costura, cadeiras, serras manuais gigantes, pressa de queijo, lampiões, chaleiras e adornos), que datam do século XVIII. Todos estão sendo restaurados para exposição. Paulo Emílio está recebendo acervo que pode ser doado ou até mesmo adquirido pelo professor.

Mais de cinco mil objetos estão sendo catalogados. Elas foram pertencentes às famílias de dom José Tupinambá da Frota, Frota Aguiar, Marinho de Andrade e Visconde de Sabóia. "São peças com mais de 200 anos que contam a história da Zona Norte", destaca Paulo Emílio. Há ainda a projeção de um museu biológico com exposição de serpentes e fotos de animais da região. Com todos atrativos naturais da Meruoca, Paulo Emílio toca um projeto de turismo histórico, que está dentro do Plano de Revitalização do Turismo na cidade, hora em desenvolvimento pela Prefeitura e Sebrae.

O projeto do Monte Olímpio abrange anfiteatro, áreas para camping, estacionamento, restaurante, bar, parque infantil, brinquedos de aventura para adultos, cachoeira, adega, dancing (boate), chalés, trilhas, casa de farinha, engenho, casa de taipa, praças, lunário e um acesso via estrada de calçamento. É exatamente esta estrada que Paulo Emílio está reivindicando no Plano de Revitalização do Turismo. "São pouco mais de dois quilômetros que precisam ser calçamentados para dar um acesso melhor ao Monte Olimpo. É um sonho que quero realizar", diz o professor. Bastante entusiasmado com o projeto, ele vai avançando nas obras. O restaurante panorâmico está praticamente pronto. "Nele vamos ter espaços que retratarão nossa história de dominadores e dominados. Quero chocar mesmo, mostrando as realidades de classes sociais. No restaurante teremos mesas sofisticadas com mesas rústicas, como mesas de giral. Como pesquisador da nossa história, quero passar isso para quem chegar a conhecer o nosso espaço", afirma Paulo Emílio.

Mas este turismo histórico ecológico que o professor quer colocar no Monte Olimpo vai muito mais além. Ele organiza um verdadeiro complexo de recepção. "Aqui teremos um estacionamento para 100 carros; restaurante e bar panorâmicos; adega; área de camping familiar e camping individual; casa de farinha; engenho; casa de fazenda; casa de taipa; anfiteatro; dancing; área vip para convenção com auditório de 150 lugares; e muito verde".

Jovens
O professor tem grande apreço pela área para a juventude. "Aqui eles poderão acampar com suas barracas com condição de colocar um som, computador, chapinha e outros aparelhos, pois cada ilha de camping tem uma torre de energia elétrica", informa.

E a preocupação em atrair jovens para conhecer o potencial natural e histórico da Zona Norte do Ceará fez com que Paulo Emílio construísse um anfiteatro para 1,8 mil pessoas. "Aqui poderemos fazer apresentações culturais. Temos a Associação Luar da Serra, que terá sede aqui. Ela é responsável por belas apresentações de quadrilhas juninas, do bumba meu boi e outras manifestações tradicionais nossas", revela.

Iluminação
Toda iluminação do Sítio Monte Olimpo é feita em luminárias a base de garrafões coloridos de vinho. O bar terá arquitetura rústica com cadeiras em madeira bruta (sabiá, pau branco, jurema e angico). "O nosso bar vai obedecer toda legislação ambiental e sanitária. Tanto que os banheiros têm ventilação natural, são individualizadas para homens, mulheres, crianças (com fraldário e mamário) e portadores de necessidades especiais". Toda esta ideia do professor nasceu de declaração de uma sobrinha em 2007. Ela disse: "Tudo isso aqui é lindo". Com isso, ele começou a planejar o Monte Olimpo, sítio herdado da família, para ser espaço de contação de história, resgate cultural e turismo ecológico.

MAIS INFORMAÇÕES

Museu Histórico Zona Norte
Sítio Monte Olimpo
Palestina - Meruoca
Fones: (88) 9642.0654/ 9462.2080

Lauriberto Braga
Repórter

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Editora José Olympio completa 80 anos

Editora José Olympio, responsável pela edição de sucessos como O Quinze, de Rachel de Queiroz, completa hoje 80 anos e promete comemorar com grandes relançamentos 

A escritora cearense Rachel de Queiroz teve grande parte de sua obra editada pela José Olympio (CLÁUDIO LIMA, EM 5/11/2000)

“É, não sei bem como se deu que, editada e editores, viramos irmãos. Não foi planejado, não foi nada repentino e dramático, foi misterioso, insensível. Quando vi já estava chamando J.O de ‘José’”. Foi assim que, há 30 anos, quando a Editora José Olympio completava meio século, a cearense Rachel de Queiroz narrava em sua coluna no O POVO como se deu o encontro, que começou ainda na década de 1930, e o desenrolar da relação familiar com o José e quem mais fazia a editora, que publicou seu O Quinze e outras tanta obras.

Hoje, 29, a José Olympio completa 80 anos, com a alcunha de ser a casa dos clássicos da literatura brasileira, publicando autores como Guimarães Rosa, Carlos Drummond e José Lins do Rego, numa época (nas décadas de 1930, 40 e 50) em que as concorrentes se interessavam mais pelos escritos europeus. Sob o comando da Editora Record desde 2001 e sem o icônico editor José Olympio, falecido aos 87 anos, em 1990, a editora fará reedições e novos recortes de grandes escritores.

São esperados para 2012: um livro de crônicas com facetas menos conhecidas de José Lins do Rego (textos sobre a cidade e o cinema) e Rachel de Queiroz (crônicas políticas); a obra completa reeditada, com novas orelhas, apresentações e cronologia de Ferreira Gullar; o novo romance de Ariano Suassuna, O Jumento Sedutor; Vanguarda européia e o modernismo brasileiro, de Gilberto Mendonça Teles; e Movimentos modernistas no Brasil, de Raul Bopp; o compositor Tom Jobim terá suas letras de música vistas como poesia; além de títulos estrangeiros.

Conhecida pela edição e livros nacionais, nos últimos anos a editora tem diversificado, com títulos estrangeiros, além de oras infantis -exemplo disso é O menino do dedo verde, que já passou da centésima edição e vendeu dois milhões de exemplares.

A ousadia de J.O

O editor paulista começou a vida profissional aos 15 anos como funcionário de livraria (da qual se tornou sócio) e abriu em 1934, com 29 anos, a Livraria José Olympio, a “Casa”, que ficava na rua do Ouvidor, 110, no Rio de Janeiro e foi palco para grandes encontros culturais, narrados pela jornalista Lucila Soares, neta do editor, sob o título Rua do Ouvidor, 110.

Ousado, José Olympio buscava escritores que até então não eram editados, lhes pagava direitos autorais adiantados, quando ninguém mais o fazia. O editor lançava obras com tiragens de milhares de exemplares para autores que se tornaram clássicos, mas que a época ainda eram talentosos desconhecidos.

Outra marca do editor e de seus livros era o apuro gráfico, sendo pioneiro na preocupação com a estética do livro, atraindo grandes artistas como Santa Rosa, Portinari, Cícero Dias, Goeldi, Luís Jardim e Poty.

O amor e o respeito pela literatura fez com que se formasse em torno de José Olympio um círculo de autores-amigos. O que fica claro quando Rachel, em sua crônica quando da morte de J.O., revela o transcender da relação que se tornou de convívio íntimo. “Nós, os que pomos no papel nossos pensamentos, sonhos e imaginações, dependemos do Editor, espécie de mágico, que tem o poder de transformar em livro aquilo que era apenas palavras, palavras. E quando temos o Bom Editor que nos solicita escritos, que põe em nós sua confiança e seu dinheiro, ele vira a própria figura paterna. J.O. editor, preencheu, melhor que nenhum outro, essa função. Os seus editados viravam seus amigos tão íntimos como só irmãos o seriam”, conta.

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Fonte: O Povo

A persistência da memória

Em projeto do MIS cearense, série de livros e DVDs registram memórias de protagonistas da cultura do Estado. Primeira leva conta com mais 20 perfis

Christiano Câmara: o memorialista é um dos entrevistados na série de DVDs do MIS
FOTO: KID JUNIOR

Parte da memória do Estado registrada em entrevistas com intelectuais, artistas e outros personalidades relevantes na história da cultura cearense. Com essa proposta, o Museu da Imagem e do Som do Ceará lançou na última semana o "História MIS", projeto cuja primeira etapa reúne depoimentos de mais de 20 personalidades em quatro livros e oito DVDs.

Sob coordenação do memorialista Nirez, diretor do MIS, a iniciativa contribui para preservar e difundir não apenas as trajetórias dessas personalidades, mas, em última análise, as transformações culturais recentes do próprio Estado.

"Isso é possível porque os entrevistados pertencem a diferentes campos de ação. Há musicólogos, escritores, bailarinos, intelectuais, artistas, filósofos etc. Desde que entrei no MIS planejava fazer um projeto assim", conta Nirez.

Ao todo, a lista de convidados da primeira etapa inclui 23 nomes, a exemplo de Angela Gutiérrez, Gilmar de Carvalho, Christiano Câmara, Ricardo Guilherme, Pedro Salgueiro, Sérvulo Esmeraldo, Oswald Barroso, Tom Barros, Dora Andrade, Virgílio Maia, Batista de Lima, Narcélio Limaverde e Ary Sherlock. Cada livro é acompanhado de dois DVDs, com os depoimentos gravados em vídeo e imagens extras relacionadas às vidas dos entrevistados - muitas pinçadas de seus acervos pessoais.

Mergulho
As entrevistas foram realizadas exclusivamente para o projeto, por diferentes colaboradores. Sânzio de Azevedo, por exemplo, conversou com Angela Gutiérrez; o bailarino Ernesto Gadelha falou com a colega Dora Andrade, e assim por diante.

"Essa primeira etapa foi meio demorada, levamos 14 meses para finalizar. Entrevistamos mais de 30 pessoas. As que ficaram de fora estarão nos próximos volumes publicados, juntamente com outras que continuaremos a fazer conforme a disponibilidade de cada um", adianta Nirez. As próximas publicações devem ser lançadas em 2012.

Na cerimônia de lançamento do "História Mis", o Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Prof. Francisco Pinheiro, descreveu o projeto como uma iniciativa de "respeito à memória histórica dos artistas cearenses, que são a grande representação simbólica do Ceará".

Já para Ângela Gutierrez, uma das entrevistadas, "a publicação revela-se como ponte entre o passado e o futuro de todo um legado da história. Cada um de nós, entrevistados, fizemos um mergulho em nossas próprias vidas", comenta.

Em outubro deste ano, foi lançada uma outra parte do projeto, chamada "Memórias Centenárias Cearenses", que reúne depoimentos de outros 10 cearenses notáveis, porém mais velhos do que os da nova leva. O material ficará disponível no acervo do Mis para consulta e também será distribuído a entidades e pessoas interessadas. A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) também fica com uma parte para distribuir entre as bibliotecas estaduais.

MAIS INFORMAÇÕES
Mis - Museu da Imagem e do Som do Ceará (Av. Barão de Studart, 410, Meireles). Funciona de segunda a sexta, de 8 horas às 17 horas. Contato para visitas com grupos e pesquisa ao acervo: (85) 3101.1206

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Livro — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero- Agostinho Balmes Odísio , de autoria de Vera Odísio Siqueira


Agostinho Balmes Odísio, chegou a Juazeiro em outubro de 1930, para fixar residência, a casinha de taipa mostrada na foto foi o único local disponível que ele encontrou para fixar morada e instalar seu atelier. Eis como ele descreveu a situação nos apontamentos que depois foram publicados em forma de livro por sua neta, Vera Odísio Siqueira, sob o título Memórias sobre Juazeiro do Padre Cícero,  publicado pelo Museu do Ceará em 2006: 

“Ao chegar ao Juazeiro apresentei-me ao prefeito (na época, José Geraldo da Cruz|), perfeito cavalheiro, para o qual tinha carta do major Juarez Távora. Recebeu-me com atenção e atendeu-me na farmácia da qual é dono; ao sair deu-nos como guia um empregado da Prefeitura o qual nos acompanhou na cidade, sendo o nosso cicerone, e já a mesma tarde graças a este senhor, tínhamos encontrado casa para morarmos e trabalhar. Casa!... uma tapera de pau a pique, barro a vista, cheia de buracos os quais nos deram um trabalho de dois dias para concertá-los. Mas ficamos agradecidos de ter encontrado tal morada, porque as casas melhores e de tijolos são todas ocupadas pelos proprietários.”

  
Totó Rios: Agradeço a Vera Odísio  por me presentear com este livro e com os livros publicados por seu pai João Otávio Siqueira: Viçosa do Ceará - Notícias Esparsas e Adivinha – o que é, o que é? 


Livro Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero, de autoria de Vera Odísio Siqueira


O livro “Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero”, de autoria de Vera Odísio Siqueira foi publicada sob o patrocínio do Museu do Ceará dentro do projeto Resgate da Memória Cearense. A apresentação foi feita pelo escritor de Juazeiro do Norte, Renato Casimiro.

Italiano de nascimento, Agostinho Balmes Odísio foi um escultor e arquiteto que viveu seis anos no Cariri, entre 1934 e 1940. Neste curto espaço de tempo, ele foi autor de bom número de obras de arte implantadas no Cariri, sendo a mais conhecida a Coluna da Hora, com 29 metros de altura, onde está a estátua do Cristo Redentor, com seis metros — totalizando 35 metros —  hoje oficializado como  o ícone da cidade de Crato.

Biografia

De acordo com pesquisa feita pelo historiador Armando Lopes Rafael, Agostinho Balmes nasceu em 1881, em Turim, norte da Itália, e formou-se pela Escola de Belas Artes daquela cidade. Na infância, foi aluno da Escola Profissional Domingos Sávio, mantida por São João Bosco.

Em 1912, ele esculpiu um busto do Rei da Itália, Vito Emanuel II, conquistando o 1º lugar numa disputa por uma bolsa de estudo em Paris. Na Capital francesa, foi discípulo de August Rodin, considerado, ainda hoje, o maior escultor contemporâneo. Em 1913, com 32 anos de idade, Agostinho Odísio resolveu emigrar para a Argentina, onde residia um irmão seu. Entretanto, por motivos ignorados, desembarcou no Porto de Santos, em São Paulo e permaneceu no Brasil até sua morte.

Durante 20 anos, produziu dezenas de obras de arte nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 1934, devido a problemas de saúde, foi aconselhado a residir no Nordeste, por causa do clima quente da região. Por acaso, leu na Imprensa sobre a morte do Padre Cícero e, vislumbrando oportunidade de negócios – por conta da religiosidade da cidade – veio para Juazeiro do Norte, onde residiu até 1940. Agostinho Balmes foi também responsável pelo projeto do Palácio Episcopal de Crato, Coluna da Hora, na Praça Padre Cícero, e reforma do Santuário Diocesano Nossa Senhora das Dores, os dois últimos localizados em Juazeiro do Norte.
( Matéria publicada no "Diário do Nordeste", edição de 19/11/2006)



Sobre a autora: Vera Odísio Siqueira

Neta de Agostinho Balmes Odísio, nascida em Fortaleza, filha do advogado João Otávio Siqueira(autor do Livro Viçosa do Ceará(noticias Esparsas) e Josefina Odísio Siqueira.

Inicou seus estudos no Colégio Batista e cursou o Normal no Colégio Imaculada Conceição, Advogada, com pós graduação em Teoria da Comunicação e da Imagem pela UFC e pós graduação em Recursos Humanos, Ex empregada da CAIXA, hoje aposentada.
Fonte: Livro “Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero

Totó Rios: Agradeço recebimento deste livro de Vera Odísio, o que muito enriqueceu minha pesquisa sobre a História de Acaraú, citado livro trás informações sobre Agostinho Balmes Odísio que reformou a Igreja Matriz de Acaraú segundo citação a seguir:

"Em 1931 assumiu o cargo de Vigário da Paróquia de Acarau o Pe. Sabino de Lima Feijão. Jovem, vontadoso e dinâmico, pensou logo em uma reforma total na Matriz, serviço que teve inicio a 2 de setembro de 1943. O arquiteto e escultor italiano, Agostinho Baume Odísio foi contratado para superintender os trabalhos. Chamou, então, uma equipe de artistas e operários, e a obra teve inicio em ritmo acelerado.

Assim, no ano da graça de 1947, a 28 de novembro, teve sua festiva inauguração a nova Matriz de Acarau, com a benção, por S. Exa. Dom Jose Tupinambá, da Frota. Trata-se de um dos templos mais belos do interior do Ceará. Segundo opinião de Dom Edmilson Cruz, "a nossa Matriz avulta entre os demais templos do interior e de muitos da Capital do nosso Estado e quiçá do Nordeste, como uma vitoriosa exceção, pela majestade de seu conjunto e pela beleza de suas linhas arquitetônicas" .

Fonte: Acaraú Cidade Centenária-Nicodemos Araújo postados nos Blog Paróquia de Acaraú e Acaraú pra recordar

Lançamento Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, na Livraria Cultura


Os Guerreiros de Monte-Mor
(Armazém da Cultura)
de Nilto Maciel

Data: 1º de dezembro de 2011 (quinta-feira)
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010, Meireles)
Entrevista com o Autor: por Raymundo Netto, escritor.
Para contato com o Autor: niltomaciel@uol.com.br

Sobre a Obra de Nilto Maciel: Os Guerreiros de Monte-Mor, novela publicada pela primeira vez em 1988, pelo selo Contexto Jovem, de São Paulo, traz uma história divertidíssima, marcada pela ironia e a crítica aguda, além de um vocabulário e expressões de época e de costumes, características do texto de Nilto Maciel, um dos mais profícuos nomes da Literatura Cearense.
 
A saga quixotesca-macunaímica da família Cardoso, remanescente da tribo Jenipapo, iniciada por Antônio, grande revolucionário nativista — embora visto como excêntrico — que inspira seus descendentes a conspirarem contra o imperador, a autoridade portuguesa e a Igreja, numa denúncia revelada, em segundas intenções, do etnocídio pela opressão colonizadora portuguesa.
 
Antônio, índio criador de armas de guerras caseiras e enferrujadas, sempre a elaborar estratégias militares que, pensa, libertarão os jenipapos do domínio português, trama tudo em sua cabeça, em conversas demoradas com os animais da varanda, espantando galinhas, sonhando solitário com o sucesso do Regimento Cardoso, composto por ele o filho, ainda menino, o João, pequeno fazedor de buracos na terra em busca de minhocas, que, ao crescer, torna-se conhecido como contador de lorotas fantasiosas de príncipes, fadas e de outras lendas regionais. Mais tarde, após desilusões, João assume, ao lado do neto José e do demente índio xocó, Chico — seu até então “escudeiro”, formado nos campos de batalha do Cariri, e adestrador de uma infantaria de morcegos revestidos em armaduras de aço (arma secreta do Regimento) e de um bode, o velho Nazaréu, montaria militar do levante contra a vila Monte-Mor (nome antigo de Baturité, terra natal de Nilto) —, a proclamação da República Imperial dos Tapuios. A narrativa, a princípio não é linear. O tempo vai e volta numa costura bem feita a dominar o leitor curioso. João torna-se o personagem-eixo da narrativa que se desdobra mirabolante e desastrosamente num clima fantástico e humorado entre fatos da história do Siará Grande, como a chegada de D. João VI no Brasil, a Inconfidência Mineira, a Confederação do Equador, a tentativa de derrotar José de Alencar (o pai), de encontros com padre Verdeixa, dentre outros, e permitindo que o leitor participe das intermináveis e hilárias reuniões dos revolucionários nativistas onde se discutiam planos de dominação, patentes, nomes para o novo país, e até do primeiro golpe militar pré-revolucionário.
 
O Armazém da Cultura, ao publicar o imperdível Os Guerreiros de Monte-Mor, faz jus ao autor Nilto Maciel, destacando mais uma face de sua bibliografia, com certeza, tão instigante quanto muitas do melhor cenário da literatura brasileira.

Raymundo Netto

Sobre o Autor: NILTO MACIEL nasceu em Baturité, Ceará, em 1945. Cursou Direito na UFC. Em 1976, um dos criadores da revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 1977, onde deu início, em 1992, à publicação da Literatura: revista do escritor brasileiro, regressando a Fortaleza em 2002.
 
Entre os melhores contistas brasileiros, obteve primeiro lugar em vários concursos literários nacionais e estaduais. Organizou, com Glauco Mattoso, Queda de Braço: uma antologia do conto marginal (Rio de Janeiro/Fortaleza, 1977). Participou de diversas coletâneas e antologias, entre elas: Quartas Histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa e Capitu Mandou Flores, ambas organizadas por Rinaldo de Fernandes, e “O Cravo Roxo do Diabo”: o conto fantástico no Ceará, organizado por Pedro Salgueiro.
O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela pelo cineasta Clébio Viriato Ribeiro, em 1993.
 
Publicou nos mais diversos gêneros literários e em diversas línguas (esperanto, italiano, espanhol e francês): Tempos de Mula Preta, Itinerário, Punhalzinho Cravado de Ódio, Os Guerreiros de Monte-Mor (a ser relançado em breve pelo Armazém da Cultura), As Insolentes Patas do Cão, A Guerra da Donzela, Carnavalha, Vasto Abismo, A Rosa Gótica, Pescoço de Girafa na Poeira, A Última Noite de Helena, A Leste da Morte, dentre outros. Como pesquisador do gênero CONTO, publicou: Panorama do Conto Cearense e Contistas do Ceará: d’A Quinzena ao CAOS Portátil.
 
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As telas viraram páginas

Transcendendo a linguagem da pintura, a série de quadros Diálogos, do artista plástico Fernando França, agora vira livro a ser lançado hoje na Livraria Cultura
Depois de bem sucedida exposição, Fernando França reúne em livro série de peças em homenagem a grandes nomes das artes no Ceará (DIVULGAÇÃO)

Quando o artista plástico Fernando França pintou os quadros da comentada série Diálogos, deixou muito mais do que um admirável trabalho artístico. As pinceladas que puseram nas telas os retratos de 23 artistas do Ceará podem ser percebidas como um verdadeiro registro histórico, em uma espécie de culto às artes plásticas cearenses, capaz de transcender a linguagem da pintura. Por isso, os traços não ficaram apenas nas telas, mas ganharam as páginas do livro também intitulado Diálogos, que o artista lança hoje (28), em noite de autógrafos na Livraria Cultura.

Não era para menos, sobretudo depois do sucesso da série na recente exposição do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A dimensão disso pode ser medida pelas palavras do escritor Affonso Romano de Sant’Anna, na contracapa do livro: “Fernando, com essa série acho que você deu uma sacudidela na arte do Ceará, quiçá do Brasil: reuniu, fez pensar, parodiou, parafraseou, produziu algo histórico”.

“Pensei a ideia do livro porque a série tem esse aspecto documental, então eu quis fazer um registro do processo de criação de cada um dos artistas”, explica Fernando. Dividido em vários capítulos, a obra intercala pinturas e textos, escritos por nomes como, por exemplo, Gilmar de Carvalho e Nilo Firmeza, o Estrigas, que é também um dos retratados na série. O projeto do livro foi um dos contemplados pelo Edital das Artes, da Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Além disso, a iniciativa resultou também em um documentário produzido por alunos da Universidade de Fortaleza (Unifor), que será exibido na noite de autógrafos.

Fernando diz que seu objetivo desde o início dos trabalhos era a valorização dos artistas locais. “Temos uma produção de muita qualidade na pintura, aí pensei nos diálogos para valorizar o que a gente produz e para as pessoas terem acesso, conhecerem nossos artistas”, diz Fernando, acrescentando que até a grande dimensão dos quadros (1,5m x 2m) contém um simbolismo da grandeza dos artistas cearenses. Fernando pintava os retratos e deixava um espaço para que os próprios retratados interferissem na tela, em uma espécie de balão inspirado nas histórias em quadrinhos. O livro reforça ainda mais essa interação.

A ideia que motivou o artista a realizar a série surgiu em 2006, quando ele fazia uma residência artística na França. A distância de sua terra natal trouxe a inspiração da qual precisava. “Geralmente quando você está vendo de fora acaba tendo uma visão mais clara das coisas”, reflete. Perguntado sobre o que é preciso para que iniciativas de fôlego como essa se tornem mais frequentes no cenário artístico do Estado, Fernando diz que “a questão toda passa pela educação”, sendo que o poder público deveria estar comprometido com a formação cultural desde a fase infantil.

O que mais marcou em todo o processo, segundo o artista, foi o diálogo, a convivência com os demais artistas e a “capacidade de perceber e aprender com o outro”. “Estou muito feliz de ter feito (a série), fica um documento importante pro nosso Estado”, destaca. E para que a riqueza desse acervo fique disponível de forma permanente para todo o povo cearense, Fernando diz que pretende negociar a venda dos quadros para o Estado, através da Secult.

SERVIÇO

DIÁLOGOS
O quê: Lançamento do livro de Fernando Franca, com noite de autógrafos
Quando: hoje (28), às 19h
Onde: Livraria Cultura, no Shopping Varanda Mall (Av.Dom Luís, 1010, Aldeota)
Quanto: R$ 100
Entrada franca
Outras info.: 4008 0800
Estacionamento no shopping

Marcos Robério

Aposentado de 84 anos monta presépio natalino e deixa aberto ao público

Um aposentado de 84 anos ainda brinca de ser criança com o sonho de Natal. O major reformado Francisco Rocha e Silva, todo ano, monta no bairro Montese, em Fortaleza, seu presépio natalino já famoso na cidade e aberto ao público, em sua própria residência. A tradição, de mais de 30 anos, é renovada a cada Natal - e este ano não é diferente.

Seu Francisco a cada ano abre as portas de sua casa para que o povo possa ver seu presépio, cheio de enfeites e decorações temáticas e eletrônicas. É uma maneira de ele permitir que os outros tenham uma oportunidade que ele não teve. Quando criança, no interior cearense, o aposentado sempre ficava para trás na fila para ver a 'lapinha' de Natal e acabava fora da brincadeira.

Vindo de Viçosa do Ceará, a 348 quilômetros de Fortaleza, ele diz que desde criança quis ter um presépio. "Quando eu era criança lá no interior os adultos faziam a visita antes dos curumins (crianças) ao presépio. Daí, quando chegava a nossa vez, as luzes já tinham se apagado e não tinha mais nada. Então fiz uma promessa: 'quando eu crescer vou fazer um presépio para todas as crianças e todas as pessoas que quiserem ver'", conta.

Era costume na cidade, em determinado horário na noite, o fornecimento de energia ser interrompido.
Confira vídeo com imagens do presépio




Os objetos que compõem o presépio são o xodó de seu Franscico e é ele quem faz tudo: parte elétrica e decoração. Algumas peças inclusive vêm de outras cidades do País e até da Europa como Itália e Alemanha. "Tenho maior cuidado com minhas peças, ganhei algumas da minha filha e outras fiz encomenda - ainda estou aguardando chegar", diz.

Não é só em casa que seu Franscico fez a fama do tradicional presépio de natal. Há dois anos ele montou uma lapinha e expôs no Centro Cultural Dragão do Mar. "Fez muito sucesso minha lapinha lá no Dragão do Mar. Ficou além da período marcado", comemora.

SERVIÇO

Casa do Seu Francisco
Rua Equador, 378, bairro Montese.
Visitação gratuita

Fonte: Diário do Nordeste