sábado, 23 de julho de 2011

Preservar a memória

A cultura brasileira saiu engrandecida com a realização da última semana nacional de museus, cuja atenção maior foi voltada para o tema "Museu e Memória". Engajaram-se no evento 994 instituições culturais do País, distribuídas por 502 municípios, sendo 356 estreantes, numa demonstração inequívoca do crescimento da iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus.

Esse esforço para tornar os museus instituições culturais atuantes se completou com as atenções dedicadas à memória nacional, relegada a plano inferior pela ausência de uma compreensão maior sobre o seu papel na preservação da cultura e da história dos povos. Nesse campo, o Brasil avançou quando, em 1937, o governo criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), embora, nas gestões seguintes, tenha se verificado estagnação no setor.

O projeto concebido pelo então ministro da Educação, Gustavo Capanema, assessorado por uma equipe de vanguarda, deslanchou com o peso de grandes intelectuais no período, mas refluiu na conturbada política do pós-guerra. Entretanto, a semente bem plantada vingou preservando, embora parcialmente, um patrimônio vasto, fruto da diversidade da cultura nacional, livrando o País do risco de perder sua memória.

Mesmo tolhido pela burocracia, o Iphan mantém os vestígios materiais dos diversos ciclos evolutivos do País, resguardando seus valores e fomentando escolas encarregadas de repensar sua missão ao longo do tempo. Agora, o Ministério da Cultura tenta abrir, em versões pioneiras como a do Iphan, novos caminhos para os museus disseminados pelas diversas regiões brasileiras e difundir a consciência cívica para a preservação da memória nacional.

O Ceará tem sido palco, nos últimos dias, de fatos significativos nesse campo. Embora seus sítios históricos tombados reflitam a civilização do Couro, sem o fausto encontrado nas civilizações do Açúcar e do Ouro, nem por isso, seus monumentos deixam de merecer a ingente tarefa da preservação. É o que acaba de ocorrer em Icó, onde o Iphan, esgotados todos os recursos persuasivos para interromper a descaracterização de algumas edificações do centro da cidade, se viu obrigado a recorrer à Justiça e ganhou a causa.

Os proprietários dos imóveis descaracterizados se viram obrigados a desfazer as reformas "modernosas" e a restabelecer o padrão habitacional dos bens tombados. A decisão judicial alertou os demais proprietários de habitações tombadas como patrimônio histórico e artístico nacional, particularidade nem sempre levada em consideração por eles. Para a cidade, ficou também a lição do dever coletivo dos habitantes em relação às marcas históricas do Ceará de outrora.

Outro fato relevante ocorreu em Várzea Alegre, onde a Secretaria de Cultura do Estado e a Prefeitura local estão garantindo a preservação do acervo do padre Antônio Vieira, abrigando-o num centro cultural, com museu e biblioteca. Já foram iniciados os trabalhos de catalogação da obra desse intelectual, falecido em 2003, um exemplo a ser seguido por outros municípios antes que seus filhos ilustres caiam no esquecimento.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Do patamar da Matriz

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos

Mais uma vez venho encher a paciência do leitor para dizer de minha cidadezinha. É que ela está toda prosa, promove o novenário em honra a Senhora Santana, está assim de conterrâneo saudoso, saem pelo ladrão companheiros de infância, comportados cruzadinhos, sonhadores ginasianos; um mundo de relembranças acendidas, as primeiras traquinagens, as inaugurais aventuras proibidas.

A Banda de Música ainda desfila garbosa pelas ruas de calçamento azul acompanhando o andor da padroeira, anima alvoradas no patamar da Matriz, participa de leilões e procissões. Os mesmos dobrados de outrora: Quarto centenário de São Paulo, Saudades da minha terra e o decantado hino Louvores a Sant’Anna que ganhou nova roupagem na partitura do músico da terra, Paulo de Tarso Pardal.

Porém você não verá mais os pirulitos açucarados da Dona Maria Capote, nem os “bulins” da Dona Isa Gomes, nem o bombocado do Sibirá. Muito menos as tapiocas da Dona Antonia, mãe dos músicos Xavier e Bastião Mucuim, grudes e bolos de milho da S’a Graça Correia, que vendia suas iguarias na porta da loja do Augusto Gaioso. Há muito partiram as barbas de gato, peixinhos de madeira em lago de areia, coelhos amestrados entrando e saindo em portinholas de casinhas numeradas.

O enferrujado carrossel do Cauby Machado aposentou-se em meados do século passado, seu fantasma marrom ainda range correntes no largo do São João onde se instalava, todos os anos, o Parque Brasil do Arnaldo de Tal que faliu por obsoletismo (não é absolutismo) enquanto espingardas viciadas não mais atiram em alvos circulares concêntricos, a mosca hoje é um tablete de chocolate desbotado pelo tempo.

Leilões perderam seus arautos impertigados que levantavam embandeiradas prendas enfeitadas com papel crepom a preço de banana, enquanto cabritos e garrotes dormitavam ao pé da mesa farta aguardando a hora da transação. Coronéis abriam a bolsa polpuda e adubavam as burras do vigário para a pintura da Matriz secular, o conserto do órgão, o azeite do Santíssimo na candeia votiva.

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos que não portam mais estandartes das irmandades ou uniformes das confrarias. Matracas tagarelam uma fé rouca e o sino ecoa distante o chamado de Deus num funesto sinal. Ana irrompe entre panos esvoaçantes e, matriarca dominadora, chama os filhos de volta para o seio da família esfacelada.

Muitos ficam pelas esquinas ouvindo forrós em adoidados decibéis e consideram todo este nefasto ritual um troço careta. O cortejo passa indiferente, com suas latomias substituídas por cânticos à imitação evangélica e mais indiferente está a moçada, nem aí para a ira dos céus, perdoai-lhes Pai, eles não sabem o que cantam e ouvem.

Em outras freguesias, consta, ocorre fato semelhante, ninguém respeita mais essa liturgia decadente, o vivo retrato e a fiel pintura da Matrona Adorada encontram-se desbotados, já não sois mais mulher forte, sagrada heroína. O rio Acaraú a tudo presencia e passa alheio em procura de paz nas profundezas do maroceano. Aqui na terra a boa vontade já saiu do dicionário dos homens.

O rebanho civil, igualmente, segue desgovernado, as palavras de ordem são os jargãos judiciais, todo mundo entende de leis, há um entra e sai de cadeiras no legislativo e no executivo o trono está ainda quente. Se há vazios nas repartições, na cadeias os vãos são ocupados por cidadãos que estão privados de ver a procissão passar e oram, na moita, pela luz do sal e do sol da liberdade. Para eles, estes momentos não passam de uma última novena. Sem cheiro de incenso e com um amargo gosto da saudade.


do Blog: Audifax Rios retrata muito bem cmo era a Festa da Padroeira de Santana do Acaraú.
Em Acaraú tinhamos belas festas religiosas: São Sebastão 20 de Janeiro e a Festa de Nossa Senhora da Conceição 8 de dezembro que foram sendo desprezadas pelas pessoas que já não valorizam e  nem frequentam-nas.

Casa da Prosa - Almir Mota

Almir Mota-Diretor da Editora Casa da Prosa, Júlia Barros-Autora do Projeto Lamparina de Histórias e Totó Rios-Projeto Acaraú pra recordar

Almir Mota-É Diretor da Editora Casa da Prosa, Diretor Financeiro do Conta Brasil – Fortaleza/CE  e Escritor de literatura infantil com diversos títulos publicados. Primeiro colocado no II Concurso Literatura para todos do MEC (2008) categoria jovens e neoleitores. 

Convidado para eventos internacionais de contadores de histórias no Brasil e no exterior: México e Colômbia. Coordenou a programação infantil do pavilhão F da 5ª e 6a. edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará em Fortaleza (2004 e 2006).

Atua como contador de histórias em Centros Culturais em vários estados do Brasil. Editor da Casa da Prosa, Presidente da Casa do Conto. Coordenador Geral  da Feira do livro infantil de Fortaleza de 2010.

Contatos: (85)32523343
 
Informações: Blog Casa da Prosa

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rio Acaraú - Atividade portuária na pesca - Participação Totó Rios

Portos de Cacimbas e da Outra Banda hoje são voltados para pesca empresarial e os viveiros de camarão em Acaraú



Hoje voltado para a atividade pesqueira, o Porto de Cacimbas já foi um importante ponto de entrada e saída de mercadorias na Zona Norte do Ceará, antes da consolidação do Porto de Camocim. Carros de boi traziam os produtos até as embarcações FOTO: WILSON

Sobral Falar do Porto das Cacimbas, na pequena cidade litorânea de Acaraú, é falar de um tempo de muita nostalgia, pois se sabe perfeitamente que este antigo porto, quando em plena atividade, foi responsável pelo desenvolvimento da região do Baixo Acaraú.

Era algo em torno de 900 carros de boi que trafegavam continuamente nos meses de verão. Nas estradas poeirentas, transportavam-se algodão, couros, peles de animais e outros produtos que em Cacimbas eram embarcados para Pernambuco, Bahia e outros mercados.

O historiador Raimundo Girão, em sua obra "História Econômica do Ceará", confirma isto, quando informa que "pelo Acaraú transitavam os artigos e mercadorias que saíam ou demandavam os sertões do Norte da Capitania. As primeiras fábricas foram levantadas no modesto Porto das Cacimbas".

Porto de Cacimbas
Por meio do Porto das Cacimbas surgiu um outro para atender às embarcações fluviais. Era o Porto da Outra Banda, hoje denominado de Porto Pesqueiro, afastado cerca de cinco quilômetros da barra do rio, que deu origem ao povoado que adensou com o nome de Oficinas, para mais tarde se transformar na cidade de Acaraú.

Hoje os tempos são outros: o Porto Outra Banda se transformou num bairro que se situa às margens do Rio Acaraú, mais precisamente na desembocadura desse rio. O porto hoje está a serviço de empresas ligadas à pesca empresarial e viveiros de camarão. Naquele bairro já está em fase de instalação outro viveiro, que ocupa uma das áreas de mangue, responsável pela valorização dessas áreas.

Porto de Outra Banda
Atualmente, os quintais das casas são disputados por empreendedores do ramo, que ali instalam seus viveiros. Alguns moradores reclamam do mau cheiro que exala do Rio Acaraú, proveniente de restos despejados pelos viveiros que estão funcionando. A comunidade se sente incomodada, mas não sabe como nem para quem reclamar, caracterizando a falta de informação quanto aos direitos e deveres do uso dos lugares públicos. Encontrar alguém que queira reclamar da situação é difícil. Todos temem sofrer represarias por empresários ou por pessoas ligadas a eles.

Porto de Cacimbas
"O Porto de Cacimbas foi a porta de entrada dos meus antepassados. Foi por aqui que chegou, vinda de Pernambuco, mais precisamente de Porto de Galinhas a minha avó materna Alzira Pereira dos Santos", comentou o pesquisador e professor Lucivan Rios Silveira, mais conhecido por "Totó", que está editando um livro que tenta resgatar o período áureo do Porto de Cacimbas. Ele lembra que o porto teve também um grande valor histórico. "As histórias de algumas famílias acarauenses têm origem no Porto de Cacimbas. Minha avó casou-se com Inácio Eduardo Rios de onde descende nossa família".

Um dos fatos memoráveis na vida da população desta cidade data o dia 20 de janeiro de 1981, quando o inglês Stuart Mallert Rogerson chegou na companhia de esposa, uma dinamarquesa, e três filhos. A família viajava num pequeno barco, o "Thália". Naquela ocasião estavam dando uma volta ao mundo e, no Brasil, escolheram a Ilha Fernando de Noronha e a cidade de Acaraú para visitar. Passaram três meses arrumando o barco e no dia 13 de setembro daquele ano deram sequência à aventura.

O pesquisador lembra que o Bairro Outra Banda foi realmente o início de tudo, em Acaraú. "Ali aportavam as embarcações menores, que vinham de Cacimbas, pelo rio, nas mares de enchentes", recorda Totó.

O Porto de Outra Banda (Pesqueiro) tem hoje praticamente a mesma atividade de outrora. Usado para embarque e desembarque do pescado dos barcos que com a pesca da lagosta aumentou o número de barcos. Quatro trapiches são destinados a esse tipo de embarcações que ali ancoram diariamente.

Wilson Gomes
Colaborador

Poucas pessoas que moram no entorno sabem que ali houve um porto importante. No período colonial, a carne produzida nas charqueadas era exportada pelo Porto do Aracati FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR

ARACATI
Local sofre com assoreamento de rio

Aracati Um campo de futebol, muito mato, embarcações de pesca encalhadas e uma bandeira do Brasil num falso mastro podem ser observados na região onde funcionou o antigo Porto de Aracati, em torno do qual se formou a cidade e toda a opulência econômica que um dia representou. No período colonial, Aracati era o principal ponto de intercâmbio comercial, quando o Ceará se tornou independente da capitania de Pernambuco. Atualmente, o porto aracatiense está desativado, não existe nem na memória de muitos que moram nas redondezas.

Na primeira metade do século XVIII, esta então vila litorânea era conhecida como São José do Porto dos Barcos. Pelo porto vinham as grandes embarcações, colonos e os produtos comercializados. Daqui ia a carne seca, principal produto do comércio entre capitanias.

"Aracati, como porto de mar acessível, relativamente próximo do Recife e de Salvador, tornou-se, mesmo antes de ser elevado à vila, o pulmão da economia colonial da capitania, cuja riqueza era, em maior parte, por ela transitada", esclareceu o historiador Raimundo Girão, que descreveu o local como "empório comercial de primeira grandeza".

A época era de esplendor para os habitantes da vila, principalmente os barões, que construíram suas casas na Rua Grande, hoje Rua Coronel Alexanzito. A influência do porto na realidade da vila era tanta que Aracati ganhava mais importância - pela dinâmica econômica - do que Fortaleza, até que esta cidade criasse seu próprio porto e concentrasse as principais transações econômicas.

Nos dias atuais, o porto perdeu status, o movimento parou, o núcleo populacional que se formou no passado se desenvolveu como cidade, ingressando em outras atividades. A ligação com outros locais se faz por estradas de rodagem, e do mar só desembarca peixe, camarão e lagosta. Alguns barcos ficam atracados na região do antigo porto, na conexão entre o mar e o Rio Jaguaribe, por onde passavam alguns barcos chegados.

O rio, hoje assoreado, encalha as pequenas embarcações nos períodos do ano em que a maré baixa arrasta boa parte da água para o mar. O assoreamento do rio provocou distanciamento dos pontos de desembarque no porto, até tornar impraticável esta atividade. "Do antigo Porto do Aracati nada mais existe", afirma o memorialista Antero Pereira. O local teria ficado totalmente desfigurado depois da construção do dique de proteção às cheias na cidade. "Existem relatos de viajantes que aqui estiveram em 1864 afirmando que os vapores nessa época ainda fundeavam em frente à cidade de Aracati. No entanto, já em 1872 esses vapores chegavam somente até o Fortinho, onde ficavam atracados no antigo Trapiche. Ainda existe alguma coisa do velho Trapiche", explica Antero.

Jogando bola em um "campinho" na região do antigo porto de Aracati, Francisco Tiago e Deurismar da Silva, ambos de 12 anos, não sabiam que existia ali um local onde os navios chegavam, vindos de vários lugares. Hoje é "apenas" um campinho de futebol e depósito de barcos. Depois do bate bola, enquanto o sol não se punha, os meninos pegam a bicicleta e contemplam o inexistente, até uma inocente pergunta (justificável pelo ensejo da Copa do Mundo): "vinha navio da África?". "Sim", responde a reportagem.

Vinha com vários mercadorias, entre as quais escravos para serem explorados na região. Até que um jovem jangadeiro bateu o pé que não desembarcaria mais homens para trabalharem por força. Da Vila de Canoa Quebrada (nome batizado por um navegante português que lá aportou no século XVII), com sua atitude o jangadeiro Francisco Nascimento tornou-se o Dragão do Mar.

Melquíades júnior
Colaborador

Mais informações
Prefeitura de Aracati
(88) 3446.2433
Museu Jaguaribano de Aracati
(88) 3421.3396

Rio Acaraú - Programa Expedições TV Diário

O Rio Acaraú é uma das mais importantes e belas riquezas naturais do Ceará.












Fonte: Programa Expedições TV Diário

Rio Acaraú


O Acaraú é um rio brasileiro que banha o estado do Ceará, “Nasce na Serra das Matas, um dos pontos mais altos da região. Saindo de Monsenhor Tabosa, em pleno sertão, percorre 320 quilômetros. Corta Sobral, uma das cidades mais importantes do Ceará. Banha 18 municípios e chega ao mar, em Acaraú. Nessas regiões, as chuvas são restritas e, por causa do calor, a evaporação é altíssima. Conclusão: evapora muito mais do que chove e a água some dos leitos. A terceira e última nascente fica a mais de mil metros de altitude: São Gonçalo. Está toda pisoteada, sem nenhuma proteção”. (Cf. FREITAS, Vicente. Rio Acaraú. In: Vale do Acaraú Notícias. 2ª Edição, março de 2010. p. 7).[1]

Fica situado na parte norte do estado. A origem do topônimo Acaraú é indígena, sendo resultado da fusão de "Acará" (Garça) e "Hu" (Água), significando, portanto, “Rio das Garças” (Paulinho Nogueira). Teria habitado às margens desse rio o grupo indígena brasileiro Tremembé.

Nesta bacia estão construídos alguns dos mais importantes açudes cearenses: o Edson Queiroz, em Santa Quitéria, o Forquilha, no município do mesmo nome, o Aires de Sousa (ou Jaibaras), em Sobral, além do Paulo Sarasate (ou Araras), que está construído sobre o leito do Rio Acaraú e cuja barragem está localizada no limite dos municípios de Varjota, Pires Ferreira e Santa Quitéria.

Segundo outras fontes, nasce na Serra do Machado, em Itatira. Lança-se no oceano Atlântico por meio de dois braços: Cacimba e Mosqueiro. Banha as cidades de Tamboril, Sobral, Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Bela Cruz e Cruz, entre outras.

Condições pluviométricas

A maior parte da bacia está situada em região de clima tropical quente semiárido com apenas uma pequena porção (na base da Chapada da Ibiapaba) apresenta clima tropical quente semiárido brando [2]. A pluviometria, portanto, é baixa com volumes de chuva que vão de 500 a 1.000 mm em praticamente toda a sua área.

Afluentes Principais
Rio Jaibaras;
Rio Groairas;
Riacho dos Macacos

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um clássico cearense reeditado

Abelardo Montenegro tem a obra Fanáticos e Cangaceiros relançada amanhã à tarde, no Instituto do Ceará. O livro é originalmente de 1971

Pesquisador profícuo, Abelardo Montenegro costumava gabar-se como um dos homens que mais amou o Ceará (IGOR DE MELO)

O homem foi toda a vida das letras, das que lia e das que escrevia. Tanto que não casou para dedicar-se em plenitude à sua maior paixão: os livros. O advogado Abelardo Montenegro foi um dos mais profícuos escritores cearenses, tendo publicado 42 obras, e um ano após seu falecimento, em 2010, aos 98 anos, ainda ter seis títulos inéditos. Fanáticos e Cangaceiros, que será relançado amanhã (20), às 15h30min, no Instituto do Ceará, é originalmente de 1971.

A segunda paixão do escritor não se dissocia da primeira. Ao contrário: a complementa. Abelardo, que gostava de ser chamado de intérprete do Ceará, dedicou boa parte de sua vida a escrever sobre os meandros da cultura e do povo cearense. Exemplo disso é Fanáticos e Cangaceiros, que trata de religiosidade, seca e vida sertaneja.

A nova edição se dá porque a primeira, feita com recursos próprios, foi apenas de 300 exemplares, que foram distribuídos para bibliotecas e estudiosos. Esta edição traz, além dos três capítulos originais, um prefácio assinado por Gildácio Sá que fala um pouco da história do escritor. Apesar de não ter casado, Abelardo, aos 50 anos, adotou como sua uma família cuja mãe, dona Clara, lhe prestava serviços domésticos. Os filhos e netos de Clara são hoje seus herdeiros. Gildácio, casado com uma dessas netas, conviveu com o escritor por 30 anos e dedicou-se a digitalizar toda sua obra, que também estará exposta amanhã.

“Fanáticos e Cangaceiros começou a ser feito por Abelardo ainda no final da década de 1930, o que deu a ele oportunidade de conversar com pessoas que participaram in loco das histórias contadas por ele no livro”, fala Gildácio. Mais de 100 livros e 42 entrevistas compunham a base da obra.

Dividido em três partes, o livro conta a história da vida, do sofrimento e peregrinação do beato Antônio Conselheiro; do fanatismo religioso, das santas missões, das festas religiosas, do misticismo cearense, desde o padre Ibiapina até o padre Cícero - com quem Abelardo conviveu por duas semanas, hospedado em sua casa; e, por fim, da fome, seca e injustiça social que permeava a vida sertaneja e contextualiza o cangaço.

Esta edição, que Gildácio define como “de extrema importância para a história do Ceará” passou por modificações, em relação a primeira, feitas pelo próprio escritor. “Nós atualizamos algumas coisas, revisamos datas e dados, revemos recortes de jornal”, Gildácio explica o trabalho em conjunto feito pouco antes do falecimento do escritor.

Gildácio conta que Aberlado, avesso à entrevistas por sua natureza humilde e modesta, gabava-se apenas de ser o homem que mais amou o Ceará. “Ele dizia: ‘Pode haver alguém que empate esse amor, mas não tem ninguém que passe, não”. E completa: “Fanáticos e Cangaceiros guarda nas entrelinhas a prova do intenso amor de Abelardo ao Ceará”.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Nascido em Crateús, Abelardo Fernando Montenegro morreu aos 98 anos, em 26 de abril de 2010, deixando uma obra que transitou por áreas como a Ciência Política, Economia, Sociologia e Psicologia Social, em quase 50 livros, a grande maioria dedicada ao Ceará.

SERVIÇO

FANÁTICOS E CANGACEIROS
O quê: relançamento do livro Fanáticos e Cangaceiros, de Abelardo Montenegro
Quando: amanhã (20), às 15h30min
Onde: Instituto do Ceará (rua Barão do Rio Branco, 1594 - Centro)
Outras info.: 3226 1408

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br