sábado, 28 de maio de 2011

Livro-Praia de Iracema dos Anos 50


Praia de Iracema dos Anos 50 é um livro que traz uma narrativa dos acontecimentos que se passaram nos últimos 50 anos, pela ótica de quem nasceu e viveu numa das mais bonitas praias do Ceará. A década de 50 é bastante enfatizada porque foi a época das grandes transformações do bairro. As informações que suscitavam dúvidas foram checadas com os amigos contemporâneos. Os costumes da época, algumas pessoas e os locais preferidos para o lazer compõem o cenário para esse meio século de história que conta a valorização e mostra as transformações ocorridas no bairro. O leitor atento, mesmo que seja de outro bairro, perceberá a semelhança de costumes que há nas diferentes localidades, e poderá ser transportado ao passado para conhecê-lo e estabelecer a sua própria comparação com o que existe nos dias atuais.

O processo de valorização do Porto das Jangadas, que iria mudar para Praia do Peixe, e depois viria a se chamar Praia de Iracema, começou no início da década de 20, através das construções de palacetes de estilos ecléticos para veraneio. Com essas edificações, a localidade ganhou o nome de Praia do Peixe. Assim sendo, os pescadores tiveram que deixar os barracos em que moravam à orla marítima, para ir habitar na pequena encosta que havia nas proximidades, conforme registro do arquiteto Antônio Rocha Júnior.

Em 1925, por iniciativa do coronel José de Magalhães Porto, houve uma votação para saber se o povo concordava com a mudança do nome Praia do Peixe para Praia de Iracema. Seria uma forma de homenagear o romance Iracema, escrito pelo cearense José Martiniano de Alencar.

Até o dia 14 de julho de 1942, Fortaleza contava com uma frota de 607 carros devidamente matriculados na Inspetoria Estadual de Trânsito (IET). Todos importados porque o Brasil ainda não fabricava carros. Nos anos seguintes, a citada frota de veículos continuou crescendo, mesmo sendo importada. Mas no ano de 1956, o Brasil fabricou seu primeiro carro de duas portas, o DKW Universal, feito pela Vemag sob licença da Auto Union. Esse feito foi o marco histórico para o início do grande aumento da frota de veículos em território brasileiro nos anos que viriam.

Como o acesso para a Praia de Iracema, através da avenida Monsenhor Tabosa, era possível somente pela rua Senador Almino e, mais distante ainda, pela rua Ildefonso Albano, constatou-se que era chegada a hora de prolongar a rua João Cordeiro, da Padre Justino, onde ela começava, até a avenida Historiador Raimundo Girão, para facilitar o tráfego de veículos dos moradores da praia. Com essa finalidade, em 1957, o coqueiral da praia ficou sem alguns exemplares para dar passagem ao calçamento que se prolongou até o litoral, na direção norte.

São lembrados os locais frequentados pelos jovens nos fins de semana e nos períodos das férias, tais como a ponte dos Ingleses, antes da reforma de 1994, onde havia a brincadeira de pular de cima da laje no momento em que a onda do mar estava passando. Os restaurantes badalados Estoril, Iracema e Lido e a churrascaria Cirandinha. O Tony’s Bar do Figueiredão, que realizava shows aos sábados à noite, com os melhores cantores nacionais. Os bares que alugavam calção de banho. Os prédios históricos onde funcionavam a Alfândega, a Subsistência do Exército e o escritório das lojas A Pernambucana. O edifício São Pedro que já foi o mais alto do bairro. Os significados dos nomes indígenas das vias. As biografias dos homens notáveis que emprestaram seus nomes para representar as ruas e avenidas do bairro. Os clubes sociais. As igrejas em que fomos batizados: São Pedro, Santa Luzia, Nossa Senhora da Saúde e Prainha. Grupos escolares e colégios. As mercearias descritas também são roteiros para a localização dos demais estabelecimentos comerciais situados na mesma rua ou avenida.

O lançamento do livro será no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, na próxima quarta-feira, 1º de junho de 2011, às 19h.
Jaildon Correia Barbosa
jaildonbarbosa@ibest.com.br


Fonte: O Povo

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Literatura-Lázaro alencarino

Conto pouco conhecido de José de Alencar, "A Alma do Lázaro" ganha edição comentada, lançada hoje no Museu do Ceará. Texto da juventude do escritor, a narrativa trata do estigma da lepra


José de Alencar: texto da juventude tematiza o drama da lepra
Passado quase meio século da descoberta da cura para hanseníase, a doença ainda assombra o imaginário popular, alimentado por séculos de estigma religioso e de convívio com enfermos, deformados, sem opção de tratamento eficaz e sujeitos a práticas de banimento e confinamento em leprosários. O conto "A Alma do Lázaro", do escritor cearense José de Alencar (1829 - 1877), narra as desventuras de um enfermo banido do convívio social no Brasil colônia registradas em um diário lido anos depois por um jovem escritor em busca de histórias.

Texto da juventude de seu autor, foi publicado originalmente na coletânea "Alfarrábios: crônica dos tempos coloniais" (1873). O conto ganha reedição em livro, lançado às 18 horas, no Museu do Ceará. O projeto de reedição foi contemplado pelo I Edital Prêmio Literário para Autor Cearense, da Secretaria da Cultura do Ceará.

Organizadora da nova edição, a historiadora Zilda Maria Menezes Lima é estudiosa do universo da hanseníase em Fortaleza, nas primeiras décadas do século XX, e não do escritor José de Alencar, como se poderia imaginar. "O interesse (pelo livro) surgiu porque defendi tese sobre a lepra. Eu o utilizei como fonte histórica", explica Zilda, que encontrou a obra por acaso, em sites da internet.

Ela defendeu seu estudo em 2007, no doutorado História Social da UFRJ, publicando posteriormente em livro pela Coleção Outras Histórias do Museu do Ceará, com o título "Uma enfermidade a flor da pele: a lepra em Fortaleza". Ainda sobre o livro de José de Alencar, Zilda destaca a abordagem do escritor sobre a doença já como algo que por si justifica a importância da obra. "José de Alencar era realmente um escritor à frente de seu tempo. A lepra só aparece como problema de saúde publica em 1920", diz a historiadora, surpresa pela forma que o escritor aborda o tema em uma época em que o mesmo era pouco discutido.

A reedição mantem o texto integral de José de Alencar, com pequenas correções de erros de ortográficos da primeira edição e acréscimo de apresentação feita pela historiadora.

Lázaro
Escrito por Alencar em sua juventude - estudiosos datam a obra de 1848, quando o escritor contava apenas 19 anos e apresentava os primeiros sintomas da tuberculose que o matou - o livro não tem ainda sua sofisticação estilística, mas destaca-se pela abordagem, bastante original para a época.

Alencar explora o preconceito em torno da doença, enfatizando a face cruel da enfermidade e relatando o drama social e físico dos doentes. O livro é dividido em duas partes: o início, escrito em primeira pessoa, narra a história de um estudante da Academia de Olinda que vaga durante a noite pelas cercanias da cidade em busca de inspiração para escrever. Nas ruínas do Convento de Carmo ele conhece um velho pescador que lhe conta a história um leproso que vivia em uma casa abandonada, próximo dalí.

Enquanto narra o cotidiano sofrido e isolado do enfermo, o pescador revela ao estudante a existência de um diário escrito por ele. A segunda parte do livro resume-se à leitura do diário, que narra três meses na vida do personagem.

FÁBIO MARQUES
ESPECIAL PARA O CADERNO 3

MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento de "A alma do Lázaro", de José de Alencar. Às 18 horas, no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51 - Centro). Contato: (85) 3101.2610

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Livros-Universidade em debate

Ex-reitor da UFC e ex-secretário da Educação do Ceará, Paulo Elpídio lança duas publicações em que discute o ensino superior e resgata histórias das universidades do Ceará

Paulo Elpídio escreve sobre temas ligados ao ensino superior: o MEC não presta para pensar o ensino
FOTO: KIKO SILVA
Políticas públicas equivocadas, falta de autonomia, estruturas acadêmicas engessadas, grades curriculares ultrapassadas, etc. Os pontos de entrave das universidades brasileiras, apontados pelo cientista político Paulo Elpídio Bezerra de Menezes, são muitos. O ensino superior nacional e a realidade cearense são temas de dois livros de sua autoria que serão lançados, hoje, às 18 horas, no Iate Clube de Fortaleza.

Paulo Elpídio foi professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Ceará (UFC) por 28 anos, sendo também reitor da instituição, de 1979 a 1983, Secretário Nacional da Educação Superior (1985) e posteriormente da Educação Básica (1991) do Ministério da Educação (MEC), Secretário da Educação do Ceará (1987), além de professor-visitante da Universität Köln, na Alemanha (1983 e 1990,) e, mais recentemente, reitor do Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro (1998).

Em "A Universidade Possível" e "O Ceará e suas universidades", editados pela Oficina da Palavra, ele reúne artigos revisados sobre temas ligados ao ensino superior e faz um resgate histórico da criação das cinco universidades cearenses.

"Poderíamos ter feito melhor do que fizemos", avalia o autor, sobre os anos em que acompanhou e atuou no desenvolvimento do ensino superior no País. A implantação das universidades pelas vias estatais para ele é premissa de muitas frustrações.

Se de um lado a vinculação com o Estado democratiza o ensino, ela é também responsável pelo travamento da estrutura funcional da universidade. "Eu acho que a universidade no Brasil é Estatal em excesso", explica. Entre os prejuízos, enumera políticas que julga equivocadas, como as tentativas de democratizar o acesso à universidade.

"A universidade tem compromisso com a qualidade. Não se pode baixar o critério de acesso por um ´bem social´, para democratizar esse acesso", diz. Para ele, o governo tenta remediar a má qualidade da rede pública de Ensino Básico e Fundamental reduzindo o nível de exigência do Ensino Superior. Como resultado dessa política, ele atesta em "A Universidade Possível" o surgimento da figura do "analfabeto funcional" do Ensino Superior.

Outra decorrência da submissão estatal é o engessamento dos currículos, fato piorado pela aversão ao mercado de muitos educadores. "Há na universidade quem se envergonha ou reage com virulência (à palavra mercado), porque a universidade deveria ter outros parâmetros", ilustra, argumentando que não se pode pensar em universidade de currículo estático, quando o mercado se desenvolve muito rápido. "Um jovem entra na universidade para se capacitar para o trabalho. Se a universidade não consegue garantir essa inserção no mercado, ela está atrapalhando a vida de muita gente", diz.

Sobre suas passagens pelo MEC e a possibilidade de interferir na formulação de políticas públicas, Paulo Elpídio é ainda mais taxativo: "O MEC não presta para pensar o ensino. É um instrumento burocrático. Falo do MEC como estrutura".

Homenagem
Os dois livros são dedicados ao fundador da UFC, Antônio Martins Filho, conhecido como "o reitor dos reitores". Em um capítulo à parte sobre a história das universidades cearenses, o autor expõe as dificuldades enfrentadas no período militar.

Em meio a tantas memórias e uma reflexão incessante sobre a realidade acadêmica, Paulo Elpídio se mostra um pouco desacreditado do futuro próximo da universidade pública brasileira. "Até agora não temos projeto de educação bem definido. Temos ainda algumas ideias boas que os governos se empenham em estragar", conclui.

MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento dos livros "A Universidade Possível" e "O Ceará e suas Universidades". Às 18 horas, no Iate Clube (Av. Abolição, 4813, Mucuripe). Contato: (85) 3263.1744

Reedição do Livro A alma do Lázaro de José de Alencar será lançado no Museu do Ceará


O Museu do Ceará será palco na próxima sexta-feira (27), às 18h, do laamento do livro “A Alma do Lázaro” de José de Alencar, com apresentação de Zilda Maria Menezes Lima . A autora foi uma das ganhadoras do prêmio Literário para Autor (a) Cearense na categoria reedição da Secretaria da Cultura do Ceará.

A alma do Lázaro”, um dos primeiros escritos de José de Alencar (1848), narra as desventuras de Francisco, vítima da lepra em pleno século XVIII, na cidade de Olinda, Pernambuco, nordeste brasileiro.

Zilda Maria Menezes Lima é licenciada em História e especialista em Teoria e Metodologia da História pela Universidade Estadual do Ceará/UECE, mestre em História do Brasil e doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Autora de Uma enfermidade à flor da pele: a lepra em Fortaleza (1920 - 1937), publicada na coleção Outras Histórias.

Sobre a Obra:


" A alma do lázaro, um dos primeiros escritos de José de Alencar (1848), mas que foi publicado anos depois no 2º volume de Alfarrábios (1873), juntamente com O ermitão da Glória, narra as desventuras de Francisco, vítima da lepra em pleno século XVIII, na cidade de Olinda, Pernambuco, nordeste brasileiro.

O desprezo e a segregação impostos pela sociedade da época aos portadores de uma moléstia tida como incurável, um misterioso diário que ressurge do escuro da terra e a sombra de um amor impossível constituem a história, praticamente desconhecida do grande público, apesar de seu autor.

A genialidade de Alencar mais uma vez está explícita no registro de um tempo, no suspense sombrio de seu enredo e no desfecho surpreendente da trama."

SERVIÇO:

A Alma do Lázaro de José de Alencar
(Expressão Gráfica e Editora)

— Ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense –Prêmio Otacílio de Azevedo, de REEDIÇÂO, da SECULT/CE —

Apresentação de Zilda Maria Menezes Lima
Data: 27 de maio de 2011 (sexta-feira)
Horário: a partir das 18h
Local: Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51, Centro)
Apresentação da Obra: Zilda Maria Menezes Lima

Preço do lançamento: R$ 5,00 (revertido para a Associação de Amigos do Museu do Ceará)

Fonte: Blog do Israel Batista / Secult-Ce

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Irmãos Aniceto participam de show em Portugal

Promover o intercâmbio cultural entre Brasil e Portugal, evento traz artistas cearenses nas atrações 

Já cumprindo agenda na Europa em outros eventos culturais, os Aniceto integram programação em Coimbra
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
Crato A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto vai se apresentar em Portugal. A viagem está marcada para a primeira quinzena do mês de junho. O grupo, formado por Raimundo, Antônio, Adriano, Cícero e José Aniceto, faz parte de um elenco de 35 artistas brasileiros que participarão da Mostra Luso-brasileira de Cultura, com seu Festival Sete Sóis Sete Luas, que acontecerá de 7 a 9 de junho na cidade universitária de Coimbra. Além da banda cabaçal, mais duas representações do Cariri estarão presentes: a banda Dr. Raiz e o poeta Ernani Morais.

O evento faz parte de um convênio entre o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O objetivo, segundo a gerente de Cultura do Sesc-Ceará, Dane de Jade, é fortalecer o intercâmbio cultural entre o Brasil e Portugal. O Ceará tem uma participação importante com grupos de teatro, cinema, literatura de cordel, circo, audiovisual e bandas regionais.

Diálogo
O Festival Sete Sóis Sete Luas tem como finalidades o diálogo intercultural, a mobilidade dos artistas dos Países participantes e a criação de formas originais de produção artística com a participação dos criadores. De acordo com a gerente de Cultura do Sesc Ceará, o projeto visa apresentar as diferentes culturas do Brasil, principalmente as suas raízes mais profundas que ligam o País à Portugal.

O Festival é promovido por uma Rede Cultural de 30 cidades de 10 Países do Mediterrâneo e do mundo lusófono: Brasil, Cabo Verde, Croácia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos e Portugal. A programação centra-se na música popular contemporânea e nas artes plásticas. Participam grandes figuras da cultura mediterrânea e do mundo lusófono. Pela dimensão e qualidade cultural, o projeto recebeu o apoio da União Europeia. Uma das atrações é o grupo de teatro profissional "Rua do Inferno".

Durante três dias, a cidade de Coimbra recebe a Mostra, que tem expectativa de público de 50 mil pessoas. Seis núcleos fazem parte do evento, atuando como plataforma para estreitar laços artísticos, técnicos e científicos entre os dois países.

O Núcleo de Artes Cênicas compreende apresentações cênicas de vários estilos, oficinas de formação e informação, debates, palestra, cortejo teatral e inúmeras performances. Ainda neste núcleo, acontece a Mostra de Rua, com apresentações em locais abertos e contato direto com o público, a Conexão Brasil-Portugal, onde espetáculos dos dois países fazem uma conexão cênica, apresentando a diversidade de linguagens e estéticas, além da Mostra Infanto-juvenil, estimulando a participação do público jovem.

O Núcleo Musical conta com atrações brasileiras, como a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, a Banda Dr. Raiz, Consiglia Latorre e o DJ Rodrigo Márcio. A música portuguesa também estará presente, com apresentações dos grupos de Contadores de Santo Amador, de Fago e de Cordas e a Orxestra Pitagórica.

Cinema cearense

O Núcleo de Audiovisual irá exibir trabalhos em bairros e espaços da cidade, apresentando o cinema cearense, com programação voltada para a produção existente no Ceará, por meio do Cine Sesc.

Escritores e poetas cantadores irão se reunir no Núcleo Literário para o lançamento de livros e realizações de performances poéticas e cantorias. O Núcleo de Gastronomia vai criar um roteiro gastronômico da região, acompanhado por nutricionistas e gastrônomos, em companhia dos parceiros locais da cidade.

Também acontecerão ações voltadas para a formação e o aprendizado de conhecimentos, informações e técnicas próprias à criação artística, visando uma melhor compreensão da produção nas modalidades de cinema, música, literatura, artes cênicas e artes visuais. Serão desenvolvidas oficinas, palestras e encontros.

A Mostra é coordenada pelo Programa de Cultura do Sesc-CE, em parceria com o Departamento Nacional do Sesc, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Associação Acadêmica de Coimbra, Teatro Acadêmico Gil Vicente, galerias locais, Casa do Brasil e Casa da Escrita de Portugal.

A exposição "Cariri é Aqui!" faz parte do Núcleo de Artes Visuais. Nela será apresentada uma retrospectiva da Mostra Sesc Cariri de Cultura, que poderá ser conferida na Galeria do Teatro Gil Vicente, Faculdade de Letras, Casa da Escrita e Associação Acadêmica de Coimbra.

A articulação dos representantes do Cariri está sendo feita pelo Sesc Regional. O técnico de cultura, Alexandre Macedo, já encaminhou os passaportes dos Aniceto para a Polícia Federal. O documento deverá ser liberado ainda hoje.

Para os Irmãos Aniceto, a ida para Portugal não é novidade. Eles já participaram de apresentação nesse País, na Espanha e na França. Ao lado de um saco de farinha no meio da feira do Crato, o líder da banda Raimundo Aniceto diz que vai comer muita uva em Portugal. "Se der certo, vou trazer uma garrafa de vinho do bom pra gente tomar, na noite de São João, na beira da fogueira", comemora. "Eu já conheço ´Luzboa´", diz Raimundo, se referindo à Lisboa, capital portuguesa. Ele lembra que esteve na cidade de Crato, uma vila portuguesa no Distrito de Portalegre, região Alentejo e sub-região do Alta Alentejo, com cerca de 1.800 habitantes. Raimundo conta que o povo de lá é antigo. As casas são todas de pedras. Ainda tem castelos.

O tocador de pífano só está preocupado com a viagem de avião. "São oito horas por cima do mar, sentado numa cadeira apertada que não dá nem pra gente se mexer".

A preocupação do também tocador de pífano Antônio Aniceto é com a fala do povo de lá. "Eles falam português, uma língua que só quem entende é eles mesmos".

Fique por dentro  
Origem do grupo

A banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto surgiu ainda no século XIX, mais precisamente em 10 de maio de 1835, tendo como idealizador José Lourenço da Silva (José Aniceto). Ainda hoje, os integrantes mantém a tradição de confeccionar os instrumentos com peles de bode ou carneiro esticadas sobre enormes troncos de madeira, com o miolo retirado a golpes de machado. Os pífanos são feitos de tabocas. Atualmente, a banda é composta por seis descendentes dos índios Kariri, todos eles agricultores do Crato.

Antônio Vicelmo
Repórter

MAIS INFORMAÇÕES
SESC Crato
- Rua André Cartaxo, 443, (88) 3523.4444/ Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro, Fortaleza Telefone: (85) 3253.3332

Literatura-Segredos cantados

Novo livro da cearense Socorro Acioli, "Inventário de Segredos" será lançado, amanhã, com participação especial da banda Breculê

O casal Dulcinéia e Ernesto (ele disfarçado de mulher). Dois personagens da trama de Inventário de Segredos
Logo nos primeiros versos de "Inventário de Segredos", é explicada a deliciosa contradição na qual fundamenta-se o livro: "Quem for ler esse inventário/ por favor, tenha cuidado/ olhe bem ao seu redor/ se não há ninguém ao lado/ tudo o que ele revela/ é segredo bem guardado". Bom, era bem guardado até Socorro Acioli transformá-los em um belo e divertido cordel.

Publicado em 2010 pela editora Biruta (SP), "Inventário de Segredos" é o mais novo livro da escritora cearense (autora de "A Bailarina Fantasma"), e sua primeira incursão na narrativa em versos. Amanhã, será finalmente lançado, em Fortaleza, em um evento especial. Na ocasião, a banda Breculê apresentará trechos musicados do cordel.

"Fiz lançamentos no ano passado, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Aqui, adiei porque queria encontrar uma parceria para fazer algo além do texto. Duas amigas jornalistas me falaram da Breculê e a banda topou de imediato. O trabalho ficou espetacular", elogia Socorro.

A história gira em torno da vida em uma pequena cidade fictícia, chamada Urupemba. Ao longo das páginas, um narrador misterioso vai desfiando os segredos dos habitantes, entre mistérios, mentiras e paixões - desde a moçoila apaixonada pelo carteiro, que manda cartas para si mesma para receber a visita do amado, até Luís, o Juiz, que coleciona pinturas das mulheres da cidade, retratadas nuas, na surdina, pelo encanador e carpinteiro Marcelo. "Vale ressaltar que não é um livro infantil, mas de juvenil para adulto", destaca Socorro.

Embora escrita em versos, a história de "Inventário" tem um fio condutor, que revela a identidade do narrador. De algum modo, as vidas de todos os personagens estão entrelaçadas.

"Pensei nessa estrutura interligada desde o começo. Não abandonei minha veia romancista", ressalta Socorro. O que tornou a tarefa mais difícil, no entanto, foi a inexperiência da autora com narrativa em versos. "Estudei a estrutura do cordel, li sobre a métrica específica. Não foi fácil, deu muito trabalho. Tanto que comecei a escrever em 2006 e o livro só foi lançado em 2010", recorda a cearense.

A ideia para "Inventário de Segredos" surgiu a partir de experiências da autora em Nova Olinda (região do Cariri). "Entre 1999 e 2002, ministrei um curso de editoração para as crianças da Fundação Casa Grande. Andava muito pela cidade e costumava ficar nas casas dos alunos. Alguns também vinham me visitar em Fortaleza. Foi uma convivência intensa, até porque o município é pequeno. Passei a acumular histórias e lembranças, que inspiraram alguns personagens e situações do livro", revela Socorro.

O ponto de partida para organizar essas recordações foi uma pergunta inesperada. "Certa vez, uma das minhas alunas da Fundação, Mêires Moreira, veio me visitar. Ela estava preparando algo na cozinha e perguntou onde estava a ´urupemba´, que depois descobri ser um tipo de peneira. Essa palavra resgatou as memórias de Nova Olinda, com as quais até então não sabia o que fazer", explica Socorro.

"A Mêires, por exemplo, era a moça apaixonada pelo carteiro, que mandava cartas para si mesma - segredo da personagem Belinha. Eu não tinha planos para essas recordações, mas era algo forte, fiquei feliz quando consegui colocar tudo numa história só", comemora a autora.

Reconhecimento

Atualmente, "Inventário de segredos" apresenta uma trajetória vitoriosa: foi escolhido para representar o Brasil na Feira de Bolonha (Bologna Children´s Book Fair) de 2011; recebeu o Selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e foi selecionado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), do Ministério da Educação, que distribuirá o livro pelas bibliotecas escolares do Brasil.

"O reconhecimento vem também dos comentários das pessoas. Muitas disseram que é meu melhor livro, porque tem muito humor", observa Socorro. Outro destaque é o conjunto de ilustrações de Mateus Rios, responsável ainda pelo projeto gráfico. A aparência de "caderno antigo" das páginas - com direito a manchas amareladas, "durex falso" na lombada e letra manuscrita - é tão competente que algumas pessoas, à primeira vista, pensaram mesmo tratar-se de uma publicação velha.

"Ele captou bem o espírito da coisa. Esse narrador que espalha os segredos, se fosse real, faria suas anotações em um caderninho mesmo, do tipo escolar", analisa Socorro.

"Além disso, em cada ilustração ele consegue um ângulo diferente. As imagens são feitas em aquarela e têm muito movimento, os cenários são detalhados, alguns até apresentam elementos que não estão nos versos", antecipa a autora.

Sobre o lançamento, amanhã, Socorro revela-se ansiosa. "Desde que o livro ficou pronto, achei que ele era ponto de partida para um projeto artístico maior. Sempre o imaginei ligado à música, ao teatro. No caso da Breculê, deu muito certo porque eles têm essa influência da herança musical brasileira, do chorinho, do samba, do frevo. Isso vai ao encontro do formato do texto, fundamentado na tradição literária dos cordelistas, dos repentistas, das narrativas orais em cidades pequenas", avalia Socorro.

"É o lançamento mais especial da minha carreira, o começo de um novo percurso. Sempre quis esse tipo de parceria com artistas, algo até então inexistente em minha trajetória", celebra a escritora, que desde novembro de 2010 é representada pela Agência Riff, do Rio de Janeiro.

"Eles agenciam autores de peso como Ruben Fonseca, Ariano Suassuna, Zuenir Ventura e outros. É importante para mim e para o Ceará, trata-se da conquista de uma atuação mais profissional, algo difícil no meu caso, que tenho um trabalho ainda no início", pondera.

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

Livro 
Inventário de Segredos  
Socorro Acioli
Biruta, 2010, 56 páginas, R$ 28

Lançamento amanhã, às 19 horas, no Auditório da Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010, Aldeota). Entrada: um quilo de alimento não-perecível em prol da Casa do Sol Nascente. Contato: (85) 4008.0800

terça-feira, 24 de maio de 2011

Biografia de Lima Barreto destaca crítica social

Coleção destaca a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra

Reprodução
Livro retoma períodos de formação intelectual do autor

A produção do escritor Lima Barreto mostra o branco brasileiro na sua performance ilusória de hegemonia racial e no desenvolvimento de seus processos sutis e brutais de violência contra os não-brancos. Essa é a opinião de Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, autor de uma biografia lançada recentemente sobre o autor, em entrevista à Agência Estado. Por aquele motivo, a intelectualidade do período em que o autor viveu e a seguinte geriu mal o legado do seu trabalho, mantendo-o na invisibilidade, acrescentou.

Autor de obras fundamentais da literatura brasileira, entre elas Triste Fim de Policarpo Quaresma, Recordações do Escrivão Isaías Caminha e Clara dos Anjos, algumas destas traduzidas no exterior, além de centenas de crônicas e contos como O Homem que sabia Javanês, o mulato Barreto tem sido reabilitado desde meados do século passado. 

Obras como essa biografia, que saiu pelo Selo Negro, da Summus Editorial, na coleção Retratos do Brasil Negro, que destaca a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra, fazem parte desse movimento. Barreto nasceu no dia 13 de maio de 1881, numa sexta-feira, na cidade do Rio de Janeiro.

Conforme Cuti, Barreto é um autor cuja obra marca um momento importante na literatura brasileira: o ponto de vista daquele que é humilhado. E, apesar da pobreza, do preconceito racial, do alcoolismo e de internações em hospício, ele foi um "intelectual digno, de uma lucidez ímpar, exemplar", lembra Cuti.

"A obra de Lima Barreto contribui até hoje para o despojamento da linguagem escrita e sua aproximação com a linguagem oral, além de incentivar a dicção literária das zonas suburbanas ou periféricas das grandes cidades, e, em especial, do contingente negro-brasileiro, de cuja literatura ele se tornou um precursor", analisa.

O livro retoma períodos de formação intelectual do autor, reflexos da vida pessoal em suas obras e a atualidade de seus textos em relação a alguns assuntos, focando na questão do racismo e preconceito e o papel do futebol na vida social do brasileiro. Porém, os textos de Barreto abordam outros temas atuais como a corrupção política, violência contra civis por parte das forças policiais, violência contra mulher, ostentação social, parcialidade da imprensa, literatos esnobes e hermetismo e feminismo.

Cuti é formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Teoria da Literatura e doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2009, ele já havia escrito um livro que abordava o trabalho de Barreto, cujo título é "A consciência do impacto nas obras de Cruz e Sousa e de Lima Barreto", pela editora Autêntica.

O poeta negro catarinense e Barreto não chegaram a se corresponder - quando Cruz e Sousa morreu, em 1896, aquele tinha apenas 15 anos -, mas há indício de que a leitura da obra dele teria inspirado a criação do personagem Leonardo Flores, poeta presente no romance Clara dos Anjos, conta Cuti. "Ele chegou também a expressar em artigo a preocupação com o estudo da obra de Cruz e Sousa, cobrando dos amigos deste tal tarefa", acrescentou.
MARCELO GALLI - Agência Estado

Fonte: Estadão

O amor em três atos

Oitavo livro do poeta e escritor cearense Mano Melo, "Poemas do Amor Eterno" será lançado hoje à noite, no Centro Cultural Oboé. Os textos foram inspirados na vida do autor

Mano Melo: poemas com base confessional
Um inventário afetivo de amores, amizades, lugares, coisas e pessoas. Assim o poeta e escritor cearense Mano Melo define seu "Poemas do Amor Eterno", livro que será lançado hoje, às 19h30, no Centro Cultural Oboé.

A obra reúne poemas escritos ao longo de cerca de dois anos. "Em geral, você vai escrevendo e deixando em uma pasta no computador. Até que, em determinado momento, acha que precisa organizar em um livro. Alguns poemas foram até escritos especificamente para a publicação, mas a maioria foi nesse sentido, que cabem dentro de um tema", explica.

"Poemas do Amor Eterno" é o oitavo livro de Mano Melo, viabilizado pela Oboé Financeira. O livro é dividido em três partes - "O Amor É Terno", "O Amor É Fêmero" e "O Amor é Fé". "O primeiro título é uma maneira de associar amor e ternura; o segundo refere-se às coisas passageiras, pois a cada momento amores acontecem, e os deuses sorriem para abençoá-los. O ´ex-amor´ também é um deusa, mas quando perdemos fé, não é mais amor", observa.

Assim, abordando a palavra em seu sentido mais amplo (não apenas romântico), Melo ressalta que no livro há poemas de amor para mulheres, amigos, cachorros, lugares. Boa parte dos textos são inspirados em pessoas e situações reais. Há desde poemas pequeninos, como "Pescaria" (Eu vou fazer iscas/ das minhocas em sua cabeça/ pra pescar peixes de açúcar/ no meu lago de lágrimas") até outros, de cinco páginas, como "Bolero sentimental, melodramático e água com açúcar em dois personagens e três atos, com final feliz".

Entre os livros anteriores do autor estão "O Lavrador de Palavras" e o romance "Viagens e Amores de Scaramouche Araújo", inspirado nos anos em que viajou por vários países.

Formado em arte dramática no Conservatório Nacional de Teatro, Melo tem em seu currículo extensas participações em teatro, cinema, TV e filmes de publicidade. Sua trajetória foi tema de "Mano do Ceará", documentário de Rômulo Fritscher. Integrou o grupo de poetas Ver O Verso, com Pedro Bial, Claufe Rodrigues e Alexandra Maia. Através dos recitais, shows e saraus no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil, Melo ficou conhecido pelo estilo muito peculiar de interpretar seus poemas em público. Apresenta-se em eventos de literatura, bienais, feiras de livros, e também em teatros, bares, casas noturnas, centros culturais.

Livro  
Poemas do Amor Eterno 
Mano Melo
Expressão gráfica e Editora, 2011, 244 páginas, R$ 30
Lançamento hoje, às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531, Aldeota). Contato: (85) 3264.7038

Saberes e Sabores une literatura e gastronomia

A maior atração é a palestra proferida pelo dramaturgo e escritor Ariano Suassuna, no sábado, às 16 horas

Dezenas de atrações culturais gratuitas, movimentando cerca de 15 mil pessoas, é o esperado durante os dias de festival
FOTO: DIVULGAÇÃO
Pacatuba Na próxima quinta-feira, 26, tem início o III Festival de Literatura e Gastronomia - Saberes e Sabores neste Município. Até o sábado, 28, a cidade contará com dezenas de atrações culturais gratuitas, movimentando cerca de 15 mil pessoas, segundo os organizadores. A maior atração é a palestra sobre Movimento Armorial, proferida pelo dramaturgo Ariano Suassuna, no sábado, às 16h, em um espaço literário criado no Portal de Turismo e Cultura.

"O lugar tem espaço para cerca de 400 pessoas. Quem não conseguir entrar, poderá assistir a palestra pelo telão", informa a secretária de Turismo e Cultura, Marluce Rodrigues. O Saberes e Sabores é realizado pela Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), Serra da Paixão, com apoio da Prefeitura local, por meio da Secretaria de Turismo e Cultura (Funtec).

Não surpreende Pacatuba realizar um festival desse porte. É lá que ocorre há 37 anos a maior encenação da Paixão de Cristo do Ceará. Na programação, que envolve vários espaços na Sede do Município nos turnos manhã, tarde e noite, estão previstas oficinas de literatura e gastronomia; feiras de artesanato com trabalhos de artesãos locais; presença de restaurantes temáticos de Pacatuba, Fortaleza e Região Metropolitana; publicação de livros de poesia e de cordel; contação de histórias, shows com repentistas, emboladores, sanfoneiros, cortejos de grupos e teatro. Entre as várias atrações musicais constam Messias Holanda, Banda Cabaçal - Irmãos Aniceto, entre outros.

Para o prefeito Zezinho Cavalcante, o festival possibilita o fortalecimento das raízes populares. "O Saberes e Sabores vem movimentando pessoas de todas as idades e setores. É empolgante ver todo mundo se preparando para fazer bonito no festival. Isso mostra um sentimento forte de pertença", avalia. Que o diga a estudante Deiviliane Soares, 13 anos, aluna da 8ª série do Ensino Fundamental, que, pela Funtec, e juntamente com outros 20 alunos da rede pública, está escrevendo um cordel para ser lançado no evento. "O cordel faz a gente viajar. É bem dinâmico, engraçado. É fácil desenvolver as histórias", disse.

Novos livros
Signo proeminente do universo sertanejo, a Literatura de Cordel vem ganhando espaço em Pacatuba. Prova disso é que outros livros já foram publicados por alunos do Município, pela Secretaria de Educação, e por poetas da região. "Para mim, é uma grande oportunidade. Fiz dois livros de Cordel, ambos publicados graças à Funtec. O primeiro é: ´Ao Sopé da Aratanha´, que eu fiz com os amigos Igor Chaves e Edna Maria, e o segundo chama-se ´Poetas da Aratanha", ressalta o escritor local Luís Viana. O secretário executivo da Funtec, Emanuel Monteiro, destaca que a ideia é "aproximar os estudantes e a comunidade desse poema popular tão característico das nossas raízes".

Para afinar os formadores de opinião da região, a Prefeitura realizou na última semana palestra prévia sobre o Movimento Armorial para os representantes do corpo docente pacatubano. Na ocasião, o integrante da Academia Cearense de Retórica, Barros Alves, palestrou para um público de cerca de 200 pessoas, aumentando ainda mais a expectativa para a participação de Ariano Suassuna. "A gente viaja nesse processo do resgate das raízes nordestinas. A maioria das pessoas pode até negar ou não vivenciar isso, mas sabe que os elementos do Movimento Armorial fazem parte da nossa história", avalia o secretário executivo de Educação, Carlos Vasconcelos.

Manifestação que marcou a cultura brasileira por sintetizar elementos e figuras da cultura do povo nordestino, o Movimento Armorial surgiu no limiar da década de 1970, quando o Brasil vivia sob regime militar com sérias restrições para a liberdade de imprensa. Todavia, os intelectuais sempre conseguiram driblar a censura ditada pelo governo dos generais. De acordo com Barros Alves, as artes sempre tiveram papel preponderante nesse drible e o Movimento Armorial, oriundo de uma ideia brilhante do escritor Ariano Suassuna, surgiu como uma maneira sutil de expressão de resistência do povo nordestino em face daquela situação opressiva. Era um escoadouro de anseios e ansiedades.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Turismo e Cultura (Funtec)
, Município de Pacatuba. Telefone: (85) 3345.2317 ou no www.pacatuba.ce.gov.br

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aluna representa Ceará no Parlamento Juvenil do Mercosul no Paraguai

  Foto: Divulgação
A aluna Francisca Valkíria Gomes de Medeiros, da Escola Enéas Olímpio da Silva, no município de Iracema, representou o Ceará em Assunção, no Paraguai, durante a realização do Projeto Parlamento Juvenil do Mercosul, de 11 a 14 de maio último. Ela integrou o grupo de brasileiros, formado por mais dois estudantes dos Estados do Rio Grande do Norte e do Sul, escolhido para participar do evento. A unidade de ensino está sob a abrangência da 11ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede), com sede em Jaguaribe.

Durante o encontro, foram comemorados os 200 anos de Independência da República do Paraguai denominado "Compartiendo el Bicentenario de la Independencia del Paraguay - Una Mirada a nuestra Historia con los Jóvenes del Bicentenario". A coordenação das atividades do Encontro ficou a cargo do Ministério da Educação e Cultura da República do Paraguai.

No ano passado, Valkíria representou os estudantes brasileiros durante o Parlamento Juvenil do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, com outros 109 jovens da Argentina, Brasil, Bolívia, Uruguai, Colômbia e Paraguai. A aluna foi escolhida para ser relatora brasileira e assim, ouvir anseios, expectativas, problemas, soluções e propostas dos participantes.

Fonte: Portal Seduc-Ce

Comissão de Educação debaterá o programa Cultura Viva

A Comissão de Educação e Cultura promove debate na próxima quinta-feira (26) sobre o Projeto de Lei 757/11, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que institui o programa Cultura Viva. Vinculado ao Ministério da Cultura, o programa já existe desde 2005. Segundo a autora da proposta, o objetivo é torná-lo uma política cultural permanente de Estado, garantindo recursos para a sua execução.

Feghali, que solicitou a audiência pública, está preocupada que os crescentes cortes orçamentários no setor também atinjam as verbas do programa, considerada por ela como “a política pública mais democrática já implementada no País”. Ela lembrou que somente neste ano os cortes já atingiram 55% do orçamento previsto para a área de cultura.

“Muitas fundações e entidades estão enfrentando graves dificuldades para sobreviver e manter as suas atividades”, explica. A parlamentar, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, acredita que a discussão da matéria é fundamental para que se atenda ao objetivo de promover uma política pública que garanta a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura nacional, assegurados pela Constituição. Ela promoveu consulta pública sobre o projeto em seu site até 20 de maio.

Objetivos do programa
O Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – conhecido como Cultura Viva – engloba diversos projetos como os Pontos de Cultura (articula trabalhos culturais locais); os Pontos de Mídia Livre (desenvolve novas mídias e ferramentas de comunicação compartilhadas e colaborativas); a Ação Griô (valoriza a tradição oral); e o Cultura Digital (desenvolve plataformas de produção e difusão cultural em ambientes da internet e suportes audiovisuais); entre outros. O público prioritário do programa é a população de baixa renda e moradores de áreas com baixa oferta de serviços públicos e de regiões com grande relevância para a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental brasileiro.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), citados pela deputada, nos últimos seis anos, o Cultura Viva reconheceu, potencializou e conectou em rede cerca de 4 mil organizações culturais do Brasil através dos Pontos de Cultura. Cerca de 8 milhões de brasileiros foram beneficiados.

Apoio
O Cultura Viva foi idealizado pelo historiador Célio Turino, que foi secretário de Cidadania Cultural no Ministério da Cultura. Turino, que é um dos convidados para a audiência pública, considera positiva a iniciativa de instituir o programa por lei. “A lei garantirá que todas as conquistas não se percam com mudanças de governo”, afirma.

A Comissão Nacional dos Pontos de Cultura também já manifestou apoio ao projeto de lei. Na quarta-feira (25), os pontos de cultura realizarão marcha em Brasília em apoio ao programa e à transformação do Cultura Viva em lei. O objetivo da marcha também é pedir ao ministério prioridade para o programa, com garantia de pagamento de todos os editais e premiações já realizados e de abertura de novos editais este ano. O representante do Movimento Nacional dos Pontos de Cultura na comissão nacional sobre o tema, Geraldo Britto Lopes, também será ouvido na audiência.

No dia 12 de maio, o Ministério da Cultura publicou comunicado informando que honrará os Restos a Pagar dos anos de 2009 e 2010, relativos a convênios e prêmios dos Cultura Viva. A secretária de Cidadania Cultural do ministério, Marta Porto, vai explicar na audiência pública como os pagamentos será feitos.

Também serão ouvidos:
- o professor Giuseppe Cocco, da Rede Universidade Nômade do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ;
- o coordenador dos Projetos Grão de Luz e Griô e Ação Griô Nacional, Márcio Griô; e - o artista e educador comunitário Francisco Simões de Oliveira Neto (Chico Simões).
O debate ocorrerá às 10 horas no Plenário 12.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Lara Haje
Edição – Paulo Cesar Santos

domingo, 22 de maio de 2011

Livro em respeito à diferença

Livro infantil, da psicóloga Luciana Leite, tenta tratar as diferenças como uma maneira de respeitar as diversidades


As ilustrações do "semeadores da vida" foram feitas por Juarez Soares, aluno da Apae de Juazeiro do Norte. Trata do "reino da alegria"
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Fortaleza "Semeadores da vida" é a primeira obra literária da psicóloga Luciana Coelho Leite Sampaio, ilustrada por Juarez Soares, aluno da Apae de Juazeiro do Norte. É um livro que cabe como luva dentro da literatura infantil moderna, abordando com sensibilidade e profundidade a descoberta de um mundo mais bonito baseado no respeito à diversidade e no auto-conhecimento.

A história se passa no Reino da Alegria, governado pela Rainha Amada e banhado pelo Rio Vida, que tomado pela Feiticeira Miragem, transforma-se no Vale da Solidão. Neste, só a dor, o sofrimento e a tristeza tinham espaço e a única forma para as pessoas que lá viviam sentirem-se felizes era consumindo os Grãos de Ilusão, fabricados pela feiticeira. No Vale existia a escola "Saberes do Tempo" e nela estudava um grupo de jovens que buscava, junto com a Tutora Empatia, uma forma de trazer a alegria de volta ao reino. Quando tal grupo se depara com uma criança especial, chamada Vida, inicia uma viagem pela Ponte da Sabedoria Interior que lhes revelará o segredo para sentirem-se felizes novamente. " ´Semeadores da Vida´, por meio de seus personagens encantados, nos remete aos arquétipos mais profundos da nossa personalidade, nos transporta para o mundo do ´era uma vez´ e nos faz sonhar com um ´feliz para sempre´. Seu conteúdo questiona ética, moral, valores, exclusão social, drogas, preconceitos; exalta a diversidade, a arte, a busca pelo autoconhecimento como fonte de alegria, de união e respeito pelo outro, pelo diferente", diz Luciana.

A escritora trabalha na docência do Ensino Superior há oito anos e, há três, leciona algumas disciplinas no curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. "Para minha grande satisfação, fui responsável por orientar um grupo de dez estudantes deste curso na Apae de Juazeiro do Norte". A trajetória destes jovens na referida instituição foi tão positiva que, ao final do período de estágio, ela resolveu narrar, em forma de conto infantil, todo o processo de amadurecimento pessoal e profissional do grupo despertado pelos alunos da Apae. O trabalho foi apresentado dentro e fora da Faculdade, recebendo inúmeras manifestações de apoio, estimulando o desejo de passar os ensinamentos adquiridos desta experiência para aqueles que ainda não conhecem o verdadeiro significado de ser "especial". O grupo de estagiários continuou sob sua supervisão na Apae, agora fazendo parte de um projeto de extensão já chamado "Semeadores da Vida". Daí a ideia de transformar o conto em livro.

MAIS INFORMAÇÕES
"Semeadores da vida"
Autora, psicóloga, Luciana Coelho Leite Sampaio
Telefone: (88) 9961.6141

Arte do Ceará na Alemanha

Os bonecos gigantes de Aracati, feitos por Hélio Santos, vão visitar a Europa, no "Carnaval das Culturas"

Bonecos cearenses farão sucesso internacional
Limoeiro do Norte Há pelas ruas de Aracati um colorido para além do azulejo dos casarões antigos. Têm pernas, braços e cabeças bem grandes. Têm alegria e movimento. Os "cabeçudos", bonecos gigantes feitos pelo artista plástico Hélio Santos, agora vão colorir as ruas de Berlim, na Alemanha. Com mais de 50 anos de carreira, o ´mestre´ dos bonecos não para de produzir em seu ateliê, e embora seja um dos protagonistas da história cultural de Aracati, ainda é sustentado pelo que suas próprias mãos são capazes de fazer.

Alguns dos bonecos produzidos por suas mãos vão atravessar o Oceano Atlântico até o velho continente. Participar do "Carnaval das Culturas", uma festa que reúne mais de 100 grupos folclóricos de vários países do mundo. O Brasil sempre tem seus representantes, e daqui vai parte do bloco dos cabeçudos, com seu "universo negro", uma homenagem à negritude brasileira que está em negros, índios e brancos. Para Hélio, é como se as cores de pele e traços étnicos fossem baldes de tinta. O seu trabalho começa quando terminam as diferenças. Tudo se mistura e colore.


Autodidata
Hélio Santos, 66 anos, é daqueles homens que dedicam sua vida à arte e vive de um tostão. A vida inteira na mesma cidade, faz de tudo um muito, afinal, artista não se dá ao luxo de limitar o significado do termo: autodidata, ainda criança gostava de pintar, e criava seus próprios brinquedos. Com 15 anos já pintava com óleo sobre tela, e ali já retratava seus anseios de menino do Aracati. Suas ideias plásticas também deram origem a bandeiras, estandartes, esculturas, cenários e bonecos.

"Quando era mais jovem diziam que fazer arte não iria me dar dinheiro. Mas eu queria era fazer o que me dava vontade. Continuo pobre, mas fazendo o que eu quero", relembra Hélio Santos. O teatro de bonecos é uma de suas vertentes mais originais. É o que lhe dá reconhecimento, enquanto fazer restauração de imagens de santo é o que lhe dá sustento.

Roda o Estado do Ceará, solicitado para recuperar os ´santos´, resgatar o semblante de novo. Também tem ficado conhecido pela produção de réplicas dos casarões de Aracati, onde moraram importantes personagens da História do Ceará. O destaque fica para réplicas de detalhes das casas, como os vitrais, janelas e varandas.

Figurinista
E a criatividade com bonecos de papel machê foi levada para o Grupo de Teatro Lua Cheia, também de Aracati, atuando como cenógrafo e figurinista. Ao fundar o Teatro de Bonecos Francisca Clotilde, Hélio Santos ganhou cadeira cativa na oficina do lúdico infantil. E os bonecos são tão queridos, sejam os gigantes "cabeçudos" ou os de manipulação direta, que protagonizam espetáculos musicais.

Para o "Carnaval das Culturas" só irá pouco mais da metade do seu bloco de 30 bonecos. A Alemanha não é bem ali, e o translado demanda custo. Encabeçados pelo apoiador cultural e médico Valdir Menezes, a comunidade aracatiense foi envolvida na campanha para fazer "dar certo" a viagem de Hélio e seus bonecos. Para isso tanto vale pedir a "gente de posse" que conhece o trabalho do artista plástico como realizar bazares aos fins de semana.

Ateliê
Enquanto não chega a hora de ir para Berlim, Hélio segue trabalhando todos os dias no seu ateliê. "É uma bagunça só, se você for lá fotografar eu preciso dar uma arrumadinha", diz do seu próprio cenário. Mas seu ateliê não é bagunçado, é humilde, feito o dono. Para lhe extrair uma informação biográfica, "tenha zé", pois ainda tenta passar a ideia de que não faz nada incomum, como se fosse para qualquer um apresentar seus bonecos no carnaval da Avenida Domingos Olímpio, em Fortaleza, bem como o teatro de bonecos no Dragão do Mar e no Theatro José de Alencar. Com 50 anos de carreira, nos mais diversos segmentos das artes plásticas, vivendo em sua casinha, recuperando imagens sagradas, pintando réplicas dos casarões, criando em seu ateliê e dando oficinas para crianças e jovens, Hélio Santos não deseja ficar rico. "Eu só quero viver muito sempre fazendo o que gosto". Arte!

Fique por dentro Intercâmbio
O "Carnaval das Culturas" foi criado em 1996 pela Werkstatt der Kulturen (WdK, em português, oficina das culturas). Na sede no Bairro de Neukölln, a instituição oferece espaços de trabalho para profissionais da música, dança, teatro e literatura de diferentes origens. Ali, cidadãos alemães e de outras nacionalidades, culturas e religiões se encontram para desenvolver projetos que busquem promover o intercâmbio e a expansão cultural dos povos imigrantes na capital alemã. Música, dança, teatro, acrobacia, artesanato, esporte, comidas típicas e vários idiomas marcarão a 16ª edição do "Carnaval das Culturas", que todos os anos atrai um milhão e meio de pessoas. O maior destaque do evento é o desfile com carros alegóricos e trajes folclóricos, cerca de 4,5 mil pessoas representando 70 nações. É lá que Brasil, Ceará e Aracati estarão representados.

MAIS INFORMAÇÕES
Artista plástico
Hélio Santos
Telefone: (88) 8809.6567
Município de Aracati

ORGULHO
Moradores apoiam e incentivam viagem
Aracati Não só a comunidade artística como moradores da Rua Coronel Alexanzito, a "Rua Grande", empresários e comerciantes apoiam Hélio Santos e os bonecos cabeçudos do bloco Universo Negro no "Carnaval das Culturas", mês que vem na Alemanha. A festa reúne mais de 100 grupos, blocos e cordões de dezenas de países. O Brasil será representado por três blocos, e os bonecos de Aracati integrarão o "Sapo Caiu no Samba". O evento celebra o Dia de Pentecostes.

Nove de junho será o grande dia. Os brasileiros que moram na Alemanha terão como ilustres convidados Hélio Santos e seus bonecos. Num dia de confraternização dos povos, celebrando o Dia de Pentecostes, o "Carnaval das Culturas", em Berlim, capital da Alemanha, é um encontro de nacionalidades, credos e cores. Berlim é a cidade Alemã com maior número de estrangeiros (quase meio milhão), e foi desta diversidade étnica e cultural que nasceu a ideia da festa.

Grupos, blocos e cordões de dezenas de países desfilarão num percurso de sete quilômetros. É uma forma de destacar os usos, costumes, ritmos e tradições de boa parte do mundo. É uma "festa da tolerância" já consolidada no calendário do povo alemão. Hélio não sabe falar alemão, ou inglês, mas vai falar com clareza e dar o seu recado pelo ritmo cadente de seus bonecos gigantes, ele próprio vestido em um e outros amigos nos demais. Na tez das cabeças, esculpidas e pintadas, as cores do povo brasileiro. Mas até que chegue o grande dia, todos os outros são de campanha para arrecadar fundos para viagem.

A divulgação está encabeçada pelo médico Valdy Menezes, que teve a ideia de levar os bonecos para o evento. "Já falei com muitos amigos, pessoas que têm interesse em apoiar, e vamos unindo forças, até lá vamos conseguir". Dono de um casarão na "Rua Grande" que de tão enorme cedeu todo o espaço do térreo para o "Teatro Hélio Santos" e o Núcleo de Animação de Aracati (Animaraca). Lá são produzidos filmes em desenho animado e massinha pelos próprios jovens de Aracati. No teatro, tem apresentação com atores "de verdade" e bonecos de manipulação. Sem se anunciar, o casarão virou centro cultural.

"Tem muita coisa interessante e importante que sai das mãos e da cabeça dos artistas locais, mas não há apoio do poder público, falta valorização", diz Menezes, que embora more em Fortaleza (é diretor do Hospital César Cals) vai todo fim de semana para o casarão.

Melquíades Júnior
Colaborador