sábado, 7 de maio de 2011

Patrimônio histórico abandonado

Locais do acervo do Sítio Caldeirão, como a capela construída pelo beato José Lourenço, estão deteriorados

Calçadas DA CAPELA do Sítio Caldeirão foram danificadas pela chuva. O local foi construído pelo beato José Lourenço. A estrada de acesso também está precária
FOTO: ANTÔNIO VICELMO
Crato A calçada da capela construída pelo beato José Lourenço, no Sítio Caldeirão, foi parcialmente destruída pelas chuvas. O pátio em frente à capela e a biblioteca foram cobertos pelo mato. O estado de conservação da estrada que dá acesso ao sítio é precário. Foi difícil chegar ao local com um ônibus transportando estudantes da Escola de Ensino Fundamental Liceu do Crato, que desenvolvem projeto voltado para a valorização da educação ambiental e para o respeito aos aspectos regionais.

O programa, coordenado pelos professores Marcelo Alencar, Eldinho Pereira e Erlânio Costa, tem o intuito de realizar uma série de aulas de campo em lugares de interesse sociocultural. A aula ocorreu entre escombros e edificações que compõem o Sítio Caldeirão, local onde, segundo o professor Eldinho Pereira, o astuto beato José Lourenço e seus seguidores viveram uma experiência coletiva, religiosa e igualitária.

A secretária de Cultura do Crato, Daniella Esmeraldo, tem conhecimento dos estragos causados pelas chuvas. Ela disse que esteve lá com o secretário da Infraestrutura, José Muniz, que prometeu recuperar os danos. A primeira providência, de acordo com Daniela, foi contratar uma pessoa para cuidar do patrimônio.

Além da restauração da capela e da casa do morador, deixados pelo beato, foram construídos, em parceria com o Governo do Estado, um museu com auditório e biblioteca, dois banheiros e aberto espaço para acolher os turistas e os romeiros que visitam a localidade.

Atrativos culturais
O objetivo do projeto, segundo a secretária, é fornecer uma estrutura com atrativos culturais, turísticos e históricos, com aproveitamento racional do potencial do espaço, trazendo como elemento a memória histórica da experiência vivenciada. É o resgate não só material, mas imaterial também.

Dentro das metas estruturais do projeto, nos moldes arquitetônicos das construções da região, consta a reconstrução da casa do beato José Lourenço, resgatando o modelo original, restauração completa da capela de Santo Inácio, com altares, santos e mobiliários, restauração completa do cruzeiro, das fundações e identificação dos cemitérios e dos túmulos dos jesuítas. Além dos acessos aos caldeirões, construção de Memorial da Religiosidade dos povos do Nordeste, incluindo o próprio Caldeirão, Canudos, Pedra Bonita, Pau de Colher, entre outros locais.

Instalando-se no Sítio Caldeirão, propriedade de Padre Cícero, os camponeses formaram uma pequena sociedade coletiva e igualitária, prosperando tanto que chegaram a vender os excedentes nas cidades vizinhas pela região.

Difamação
O Sítio Caldeirão causou preocupação para as elites da época, desagradando fortemente à Igreja e os latifundiários que perdiam a mão-de-obra barata da região. As difamações culminaram com a acusação de que o beato Zé Lourenço era "agente bolchevique".

Quando Padre Cícero morreu, em 1934, as terras foram herdadas pelos padres salesianos e os camponeses do Caldeirão ficaram desamparados.

No mês de maio de 1936, a comunidade era dispersa e o sítio foi incendiado. Zé Lourenço e seus seguidores rumaram para nova comunidade. Alguns dos moradores resolveram se vingar e realizaram emboscada, matando alguns policiais, o que foi respondido com verdadeiro massacre de camponeses pelos policiais (estima-se entre 300 e mil mortos).

Antônio Vicelmo
Repórter

MAIS INFORMAÇÕES 
Secretaria de Cultura do Crato, Centro Cultural do Araripe
Centro - Região do Cariri
Telefone: (88) 3523.2365

Fonte: Diário do Nordeste

Quadrinhos - Curto e grosso

O personagem de quadrinhos Ariosto, do artista João Belo Jr. ganha sua primeira antologia. Tirinhas e cartuns retratam as desventuras de um machão inveterado

O personagem ariosto, perdido em um de seus delírios de conquistador inveterado, no traço de seu criador, João Belo Jr.
O tal "macho jurubeba", de que tanto fala o jornalista e escritor cearense Xico Sá, tem lá seu pé na modernidade. Claro, ele não vai querer confessar, mas podemos dizer que se trata de um rapaz multimídia. É o que prova "Ariosto - A Evolução Natural do Conquistador", álbum de tirinhas, cartuns e charges do artista de HQs cearense João Belo Jr.

O álbum reúne as aventuras do personagem Ariosto, como já foi dito, um macho jurubeba, metido a conquistador e, como todo canastrão, um potencial fracassado em suas (muitas) tentativas de conquistar donzelas e as não tão donzelas assim. Contemplado na categoria Luiz Sá (voltada para obras em quadrinhos), no I Prêmio Literário para Autor(a) Cearense, "Ariosto" será lançado hoje, às 16h, na Livraria Cultura.

Artimanhas da conquista
Ariosto não chega a ser um metrossexual, mas capricha no visual. Um tanto antiquado, mas tem lá seu estilo. Óculos escuros, jeans e cabeleira longa e impecavelmente penteada, contudo, não o tornam tão atraente quanto ele espera. E é aí que o personagem tenta ser criativo, apresentando um vasto repertório de cantadas, quase todas canastríssimas e, para o deleite do leitor, garantias de fracasso.

O interessante de "Ariosto" é que o álbum não se sustenta apenas no talento de João Belo Jr. para o formato tira - um formato difícil, aliás, já que exige capacidade de síntese e precisão para se fazer entender e provocar o riso do leitor. Além das tiras, que são maioria no volume, há cartuns e charges, um instantâneo em que tudo se resolve num único quadro; e uma introdução que evoca uma linhagem de conquistadores, que abriga alguns modelos mais bem sucedidos que o incansável Arioso, caso do fictício Don Juan e o histórico Casanova.

Café com quadrinhos
Outro projeto de João Belo Jr. que merece atenção é o site The Comics Cafe (www.thecomicscafe.com). A página é administrada e alimentada por João e outros dois quadrinhistas, seu irmão Júlio Belo e Falex Vidal (famoso na cena local de HQs por seu projeto multimídia "O Rato do Prédio", quando a intercessão dos quadrinhos com a internet ainda engatinhava mundo afora).

No Comics Café, o leitor encontra quadrinhos (claro), pin-ups (ilustrações isoladas de personagens conhecidos e experimentações dos três artistas), além de imagens dos bastidores das criações do trio, notícias relacionadas a HQs (sobretudo do Ceará) e uma loja virtual para venda de produtos do grupo. Por enquanto, dá para adquirir o tal álbum de estreia de "Ariosto" e o primeiro número da revista do personagem Rato do Prédio (R$ 5). A qualidade do acabamento gráfico de ambos os produtos é mais um diferencial que deve agradar os leitores.

TIRAS 
Ariosto João Belo Jr.Expressão gráfica, 2011, 60 páginas, r$ 25Lançamento às 16 horas, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010). Contato: (85) 4008.0800 e www.thecomicscafe.com

DELLANO RIOS
EDITOR

Fonte: Diário do Nordeste

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Lançamento da obra “Mentiroso e o Aprendiz de Fado”, do escritor cearense Well Morais

 "Dia 07 de maio (sábado), às 19 horas, no Ideal Club, ocorrerá o lançamento da obra “Mentiroso e o Aprendiz de Fado”, do escritor cearense Well Morais.
 
O livro conquistou, em 2010, o I Prêmio Literário para Autor (a) Cearense, concedido pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, na categoria Prêmio Rachel de Queiroz, de Literatura Infantil e Juvenil para obras inéditas.
 
Well Morais é escritor independente com oito obras lançadas desde 2002, voltadas principalmente para o público infanto-juvenil. Mais de 40 escolas do Ceará e de Pernambuco já adquiriram obras de Well Morais. O escritor, que já vendeu mais de 22.000 exemplares, busca sempre uma parceria com as escolas no intuito de aproximar leitor e escritor por meio de palestras e eventos literários.
 
A entrada no evento é gratuita e o número de participantes limitado. O livro “Mentiroso e o Aprendiz de Fado” estará à venda no local, juntamente com as demais obras do autor que também podem ser encontradas em livrarias de Fortaleza ou pelo site www.wellmorais.com.br.

Serviço:
Lançamento do livro “Mentiroso e o Aprendiz de Fado”, de Well Morais.
Data: 07 de maio de 2011.
Local: Ideal Club (Espaço: Terraço do Piano Bar)Av: Monsenhor Tabosa, 1381 (Entrada pela Rui Barbosa)Horário: 19hAquisição de livros no local

Fonte: Blog Ceará é Noticia

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Rachel de Queiroz: Paisagens da Vida Inteira é aberta hoje no Mauc

Reunindo fotos, charges, objetos de uso pessoal e uma infinidade de publicações, a mostra destaca vida e obra da escritora cearense a partir de hoje no Mauc 
Um apanhado da vida e obra da escritora cearense, morta em 2003, encontra-se em cartaz até 3 de junho (CHICO GADELHA, EM 12/9/1998)
Com uma conferência da professora-doutora Odalice de Castro, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade Federal do Ceará (Mauc) abre hoje (4), às 10 horas, a exposição Rachel de Queiroz: Paisagens da Vida Inteira.

Tendo como mote ainda as celebrações pelo centenário da escritora cearense, a mostra com curadoria de Fernanda Coutinho dá um apanhado da vida e obra de Rachel de Queiroz, desde sua infância até sua rica produção literária, isto por meio de fotos em painéis explicativos, objetos de uso pessoal, charges, cadernos especiais em jornais, primeiras edições de livros, entre outros.

“A exposição vem dividida em três segmentos: O Outrora da Infância, Lugares da Memória e Uma Escrita no Tempo”, adiantou Fernanda sobre a mostra que permanecerá com visitação aberta ao público até o dia 3 de junho.

Para a realização de Rachel de Queiroz: Paisagens da Vida Inteira, a presença de apoiadores como o Centro Cultural Banco do Nordeste, Editora José Olímpio e Instituto Moreira Sales (ambos do Rio de Janeiro), José Augusto Bezerra, jornal O POVO e Fundação Demócrito Rocha.

SERVIÇO
EXPOSIÇÃO RACHEL DE QUEIROZ: PAISAGENS DA VIDA INTEIRA
Quando: abertura hoje (4), às 10 horas, com palestra.
Onde: Museu de Arte Contemporânea da UFC - Mauc (av. da Universidade, 2854 - Benfica).
Visitação: gratuita.
Outras info: 3366 7481

Fonte: O Povo

Peça Cearense Por Opção, com desbiografia de Rodolfo Teófilo

Nesta terça-feira (3),  o Teatro Dragão do Mar de Arte  e Cultura recebeu a apresentação do espetáculo Cearense Por Opção: uma desbiografia de Rodolfo Teófilo, do Grupo de Teatro Científico Seara da Ciência.
  Foto: Divulgação

No espetáculo, um grupo de jornalistas tenta impedir a destruição de um patrimônio histórico e durante o conflito surge uma das figuras mais ilustres do estado do Ceará: Rodolfo Teófilo. Na peça, sua vida é contada com liberdade poética para recriar os acontecimentos da época, por isso é utilizado o nome desbiografia. A narrativa mescla tons cômicos e trágicos.

Com texto de Andrei Bessa, Cearense por opção: uma desbiografia de Rodolfo Teófilo utiliza uma linguagem acessível e atual e tem também inspiração no sistema Curinga, que foi criado no Teatro Arena nos anos 60. Essa perspectiva propõe que todos os atores convivam com o protagonista, o que leva o público a não ligar a figura do ator ao personagem principal.

Rodolfo Teófilo foi cientista, escritor, industrial e divulgador científico. Um de seus maiores feitos foi a campanha de vacinação contra a varíola, doença  que vitimou milhares de cearenses na passagem do século XIX para o XX. Além disso, foi um dos fundadores da Academia Cearense de Letras e participou da Padaria Espiritual.

Grupo de Teatro Científico Seara da Ciência
O grupo é um órgão da Universidade Federal do Ceará, que tem o intuito de popularizar a divulgação da ciência. Teve início na Seara da Ciência no ano 2000, quando foram encenados quatro  monólogos: “Lavoisier”, “Einstein”, “Darwin” e “Seara da Ciência”.

No repertório do Grupo são tratados outros temas como metabolismo do corpo humano, características de insetos, fontes alternativas de energia, entre outros.

O termo Teatro Científico é utilizado para que os espetáculos não sejam confundidos com Teatro Pedagógico, que tem o objetivo de moralizar o público. No Teatro Científico a arte entra como uma linguagem da comunicação, para aproximar o público do universo da ciência, que muitas vezes está distante das pessoas.

A maioria das peças do Grupo de Teatro Científico Seara da Ciência é escrita por professores da área de teatro com colaboração de profissionais de teatro.

A apresentação do espetáculo Cearense por opção: uma desbiografia de Rodolfo Teófilo, faz parte da programação de maio do projeto Teatro da Terça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, contemplado por edital de estímulo às artes cênicas no Estado, lançado pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC). 

O espetáculo continua em cartaz na programação, sendo novamente apresentado em todas as terças de maio, sempre às 20 horas, no Teatro Dragão do Mar.

Fonte: Jangadeiro Online

terça-feira, 3 de maio de 2011

Acaraú-Pirâmide Etária IBGE-2010-Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade


Fonte: IBGE   

Festival Nacional de Humor

O Festival de Maranguape foi criado em 2009, para homenagear Chico Anysio, natural da cidade 

Fortaleza O que seria da vida sem a alegria? E, para os cearenses, é ainda mais difícil se manter com mau humor, afinal, o Estado do Ceará é conhecido, nacionalmente, como "A Terra do Humor". Para divulgar ainda mais este título e promover os novos artistas, no Município de Maranguape, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, já se tornou tradição o Festival Nacional de Humor, neste ano, em sua terceira edição.

O humorista local Mixirico é um grande contador de "causos" e piadas e será uma das atrações
O festival, que é promovido pela TV Verdes Mares, tem patrocínio da Oi e do Banco do Nordeste e é organizado pela Via de Comunicação e Cultura.

Risos e gargalhadas vão contagiar a cidade de 16 a 21 de maio. Além dos artistas cearenses, outros Estados também participarão do evento, com seus talentos. O evento terá uma programação diversificada e tudo gratuito, com atrações para todos os públicos e idades. Além de piadas, quem for conferir o festival também vai poder ver shows musicais, apresentação de filmes e uma competição que irá premiar os melhores humoristas do Brasil.

Até as crianças terão oportunidade de participar, com oficinas direcionadas para este público de adereços de humor na Sociedade Artística. Haverá ainda workshops de caricaturas e tirinhas de humor ministrados pelos quadrinistas Weaver Lima e Franklin de Oliveira, do Núcleo ARTZ, que acontecerão na Biblioteca Nacional.

Skolástica será uma das convidadas para participar e divertir o público na cidade de Maranguape
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Os humoristas que desejavam participar da Mostra Competitiva puderam fazer as inscrições até ontem. As escolas municipais vão receber uma atividade itinerante: a apresentação do Teatro de Bonecos "De Crack a Campeão", de 16 a 18 de maio. A peça, de cunho educativo, conta a história de um menino que chegou ao fundo do poço com o consumo de drogas, mas teve força para se reerguer e se tornar um lutador.

Nos mesmos dias, serão exibidos para o público em geral filmes de Oscarito, grande comediante do cinema brasileiro, no Cine Sesc Volante.

Entre as atrações do festival está o humorista local Mixirico, grande contador de "causos" e piadas. Ele levará seu show "Humor de Feira" à rodoviária e ao mercado. Também estão previstas sessões de filmes de comédia no Teatro Pedro Gomes de Matos, cortejo puxado pelo Grupo Raízes Nordestinas, que vai passar pelas ruas anunciando os espetáculos que acontecerão à noite, em palco aberto, na Praça Capistrano de Abreu.

A Mostra Competitiva vai premiar os melhores entre 12 humoristas nacionais que se apresentação no evento. O troféu entregue aos três primeiros colocados foi inspirado em Chico Anysio, eles ainda dividirão o prêmio de R$ 10 mil. Nos dias 19 e 20, haverá eliminatórias da mostra, e no dia 21 a comissão julgadora indicará os três premiados. A competição acontecerá sempre às 20 horas, na Praça Capistrano de Abreu.

Convidados
Além da mostra, os shows dos humoristas convidados vão arrancar gargalhadas do público até o fim da noite. Entre as atrações estão Dion Queiroz, vencedor da Mostra Competitiva de 2010; Nizo Neto, filho de Chico Anysio e também comediante; além de Adamastor Pitaco (CE), Skolástica (CE), João Cláudio Moreno (PI) e Tirulipa (CE), filho do humorista Tiririca. As apresentações serão seguidas de shows musicais dos grupos cearenses Kabra da Peste, Marcos Lessa e Marajazz.

O III Festival Nacional de Humor de Maranguape é um dos projetos beneficiados pelo Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados 2011. A lista completa com os selecionados do Ceará pode ser acessada no link http://www.oifuturo.org.br/cultura/patrocinios/resultado.php .

O evento é uma realização da Prefeitura Municipal de Maranguape, por meio da Fundação Viva Maranguape de Turismo, Esporte e Cultura (Fitec), e conta com apoio cultural do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria de Cultura, do Oi Futuro e, ainda, da Caixa Econômica Federal.

MAIS INFORMAÇÕES
III Festival Nacional de Humor de Maranguape
, de 19 a 21 de maio
Site: www.festivalnacionaldehumor.com.br  Telefone: (85) 3262.7230

Evelane Barros 
Subeditora do Regional
Fonte: Diário do Nordeste

O passo constante da leitura

Acontece hoje na Assembleia Legislativa a primeira audiência pública voltada à criação do Instituto do Livro e da Leitura do Ceará

Hoje será dado um importante passo para o campo da leitura no Ceará. Com participação de representantes de diversos segmentos da cadeia do livro e da leitura no Estado, acontece na Assembleia Legislativa a primeira de várias audiências públicas voltadas à criação do Instituto do Livro e da Leitura do Estado do Ceará. A iniciativa é fruto de debates levantados no seminário "Do autor ao leitor: caminhos do livro e da leitura no Ceará", realizado em 2009, pelo Fórum de Literatura e Leitura do Ceará (Fllec).

Durante o evento, foram criados quatro núcleos correspondentes às respectivas cadeias do livro e da leitura - Criativa, Mediadora e Formadora, Produtiva e Reguladora. A partir das palestras do seminário e da divisão dos núcleos, foi possível enumerar propostas de ação em um documento.

Coube à cadeia Mediadora e Formadora, coordenada por Kelsen Bravos e Urik Paiva, a mobilização de setores públicos e políticos no sentido de fomentar e apoiar ações relacionadas aos autores, à leitura, ao leitor e ao livro; a contribuição na formulação de políticas públicas que permaneçam como prioridade seja qual for a administração à frente dos governos; e a realização de audiências públicas específicas para discutir o Instituto do Livro e da Leitura do Estado do Ceará, dada a importância estratégica dessa entidade para este setor cultural, entre outras metas.

"No Brasil já existiu um Instituto Nacional do Livro (INL), criado em 1937 (e extinto em 1990). Era dentro dele que as ações da política do livro e da leitura eram construídas. Por isso, há uma demanda nacional pelo retorno do INL. Da mesma forma, discussões estaduais também aconteceram", esclarece a livreira Mileide Flores, integrante da Comissão Provisória do Fórum de Literatura e Leitura do Estado do Ceará.

"O Instituto seria um espaço onde se discutiriam as questões intrínsecas ao campo do livro, não apenas como instrumento cultural, mas econômico, profissional, tendo em vista que a leitura esta na base da formação cidadã de um País", observa Mileide Flores.

Segundo a livreira, o Instituto possibilitaria a realização de metas de maneira mais ágil. "Seríamos um dos primeiros Estados a ter o Instituto com discussão mais adiantada. Existe um documento que foi escrito pelo Fórum, chamado ´Por uma Política do Livro e Leitura para o Estado do Ceará´, que deve ser lido durante a audiência e será balizador para o debate. É apenas o inicio de uma longa conversa, porque a criação do Instituto é algo grande, que requer tempo e vai ter impacto sobre a população como um todo", destaca.

MAIS INFORMAÇÕESAudiência pública sobre a criação do Instituto do Livro e da Leitura do Ceará. Hoje, às 15h30, no
Complexo das Comissões/Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Av. Des. Moreira, 2807, Aldeota)

ADRIANA MARTINS

REPÓRTER

Conversas com Anne Cauquelin

A francesa Anne Cauquelin, referência mundial na crítica de Arte Contemporânea, ministrará, nesta semana, uma série de palestras na Capital. A especialista é autora de livros importantes da área, dentre os quais "Teorias da arte" e "Arte Contemporânea: uma introdução", além de "A invenção da paisagem"

A professora francesa Anne Cauquelin, referência mundial em Arte Contemporânea, terá uma intensa programação de palestras e debates em Fortaleza, esta semana
FOTO: LUCIANA AITH/DIVULGAÇÃO
Pela primeira vez em Fortaleza, a convite da professora doutora em Sociologia da Arte, Kadma Marques, do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a teórica Anne Cauquelin trará para o debate questões significativas que permeiam o cenário recente da Arte Contemporânea. Doutora e professora emérita da Universidade de Picardie, na França, e redatora-chefe da revista "Revue d´esthétique", ela realizará três palestras para o público cearense, com reflexões em diferentes temáticas.

A primeira delas acontece hoje, às 19 horas, no Auditório Castello Branco, durante a VIII Semana de Humanidades das Universidades Federal e Estadual do Ceará (UFC/ Uece), em que focará o tema "Na intercessão de mundos possíveis". Amanhã, às 15 horas, a professora volta a se apresentar com a palestra "A condição paradoxal da Arte Contemporânea", dentro do Programa Arte em Crivo, do Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Paradoxo
Segundo a teórica francesa, ao considerar a Arte Contemporânea, hoje, um paradoxo emerge rapidamente: à medida que se afirma cada vez mais o desaparecimento da obra, no sentido clássico do termo, e aquele do artista ou autor, se confirmam e se desenvolvem, de maneira bastante exponencial, dispositivos que permitem uma ampla dinâmica de glorificação da arte, de comercialização de seus produtos e de celebração do vasto domínio da cultura.

"É possível crer que o definhamento da obra, conjugado ao suposto desaparecimento do autor, libera o conceito de arte da sacralização que o mantinha de certa maneira nos limites de uma consideração convencional. Tais limites veem-se agora deslocados ou ignorados, e outros critérios são ativados para definir antes processos artísticos do que produtos acabados, dispositivos - tais quais aqueles que são mobilizados em uma exposição - mais do que a simples exibição de obras que incitam à contemplação", destaca a crítica Anne Cauquelin.

Assim, ela explica que é acerca deste movimento de contraste, entre a expansão ao ápice do domínio artístico semelhante a uma espécie de globalização da cultura, e aquele de retração atual de características da obra tradicionalmente admitidas - o qual intervém na configuração do meio próprio da Arte Contemporânea, que tentará analisar em sua palestra no MAC.

Agenda
Para encerrar a programação da autora em Fortaleza, haverá, nesta quinta-feira, na Livraria Cultura, às 19h30, um bate-papo com Cauquelin e mediação da professora Kadma Marques, sobre Arte Contemporânea. Na ocasião, Cauquelin também falará sobre alguns de seus livros traduzidos para o português, que se tornaram referências para os estudos em artes em todo o mundo. Anne Cauquelin empreende, dentre outras, uma pesquisa abrangente sobre estética, levando o leitor à reflexão especulativa dessas e demais questões.

É a partir da influência das teorias no domínio da arte, com a exposição de diversas categorias de pensamento, que a autora constrói uma trajetória que parte de Platão, visita Hegel, Schopenhauer, Nietzsche e aporta em Aristóteles, Kant e Adorno.

Além disso, ela busca em seus diversos estudos compreender o efeito da Arte Contemporânea ou, antes, como entender a arte? Debruçando-se sobre o papel do artista diante da obra exposta, o lugar do ready-made (uso de objetos industrializados na arte), a diferença entre moderno e contemporâneo e a crítica de arte.

PROGRAMAÇÃOHojeÀs 19 horas, palestra "Na interseção de mundos possíveis". Local: Auditório Castello Branco na Reitoria UFC. Grátis.

AmanhãÀs 15 horas, palestra "A condição paradoxal da Arte Contemporânea". Local: Auditório do Dragão do Mar. Grátis.

Quinta-feiraÀs 19h30, bate-papo com Anne Cauquelin e mediação de Kadma Marques. Local: Livraria Cultura. Grátis

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER

Ganhadores do Prêmio Literário da Secult lançam suas obras

Daniel Coutinho, Jesus Irajacy Costa e Raimundo Aragão, ganhadores do Prêmio Literário para Autor(a) Cearense da Secretaria da Cultura do Ceará, lançam neste mês de maio suas obras. Os autores foram os vencedores das categorias “Prêmio Jáder de Carvalho, de Romance”, “ Prêmio Moreira Campos, de Contos e “Prêmio Milton Dias, de Crônicas/Memórias”, respectivamente.

“O Senhor Irineu”, obra de Daniel Coutinho, retrata duas épocas distintas, ao passo que movimenta diversos temas, num conjunto de 16 capítulos. O lançamento acontecerá no dia 04, no auditório central da Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA, Sobral, às 20h.

Jesus Irajacy Costa, com seu livro “Contos Farpados”, retrata uma longa e importante tradição de médicos escritores na literatura cearense. O evento se realizará no Centro Cultural OBOÉ, rua Maria Tomásia, 531, Aldeota – ao lado do shopping Aldeota Open Mall, no dia 10, às 19h30.

Já no dia 11, o autor Raimundo Aragão, lança sua obra “De Frente para o Norte”, na Casa da Cultura de Sobral, às 20h.

Fonte: Secult.Ce

O olhar necessário para a Cultura

Duas instituições oficiais brasileiras – o IBGE e o IPEA –, em parceria com o Ministério da Cultura, publicaram resultados de pesquisas sobre o consumo cultural do povo brasileiro, em 2007. O resultado mostrou como a injusta distribuição de renda no Brasil deixa a imensa maioria do povo sem poder ir ao cinema, ao teatro, ao museu, e sem acesso a livros.

Por Mazé Leite

 Mostra também como a Educação está intrinsecamente vinculada ao gosto e à fruição de cultura, pois quanto maior o grau de escolaridade, mais consumo cultural.

No final de semana de 16 e 17 de abril em São Paulo, durante 24 horas, mais de 4 milhões (!) de pessoas foram para o centro da cidade para se alimentar de cultura, na Virada Cultural.


Espalhados em diversos palcos, artistas de categorias as mais diversas tiveram como público verdadeiras multidões. Dois exemplos me tocaram especialmente: primeiro, no Pátio do Colégio – lugar histórico do centro de São Paulo – acontecia, no sábado à noite, dia 16, a apresentação do grupo de Ópera "Pagliacci" que, junto à Orquestra Sinfônica Municipal e ao Coral Lírico, encenou uma peça musical.

Não sei dizer quantas pessoas cabem no Pátio do Colégio, mas estava absolutamente tomado de gente, em silêncio impressionante, olhos no palco e no telão da tradução do italiano para o português! Gente de todo tipo, todos juntos ouvindo a orquestra e a voz de tenores e sopranos. Segundo exemplo: no encerramento da Virada Cultural, na Praça da República, Paulinho da Viola atraiu uma multidão, que cantava e dançava sem parar.

Mesmo nos dois momentos em que o cantor executou duas músicas instrumentais, o silêncio aqui também era tocante, encerrado apenas ao final das músicas quando a multidão aplaudia, gritava e assobiava. E voltava a cantar, junto com ele, os clássicos do samba bom de Paulinho da Viola.

Este é apenas um dos inúmeros exemplos que podíamos dar sobre a importância crucial das artes e da cultura na vida do homem. Se incluirmos todas as festas populares, os eventos folclóricos, as atividades artísticas que acontecem pelo Brasil a fora, chegaremos, com certeza, a números altíssimos.

Pois a ideia de que Cultura é algo supérfluo é totalmente enganosa diante das prioridades e da alocação real de recursos das famílias brasileiras. Uma importante constatação fez o IPEA: as famílias brasileiras em seu conjunto dispensam mais recursos de seu orçamento para a fruição de produtos culturais do que o governo gasta com Cultura! As classes A e B consomem 3,5% de seu orçamento com cultura; a classe C, 3,1%; e as classes D e E (onde se incluem os “miseráveis”) 2,3%.

No Brasil, em 2010, o orçamento da União para a área chegou em torno de 1%, alcançando um patamar alto, se comparado com governos anteriores, como os de FHC, Fernando Collor, etc. Mas muitíssimo abaixo da importância que tem o setor para o desenvolvimento de qualquer povo e país. É sempre bom lembrar que Gramsci, um marxista bastante empenhado em destacar o papel que a cultura exerce na vida em sociedade, disse certa vez que nenhuma grande transformação política pode ser feita sem uma grande transformação cultural.

Mas se o Poder Público ainda não se convenceu da importância que deve ser dada à Cultura, a empresa privada sabe. Diz a pesquisa do IPEA que o “desenvolvimento cultural tem seguido a direção da crescente privatização dos espaços de produção, fruição e consumo, da ampliação dos espaços de mercado e da relevância crescente da cultura transmitida por meios eletrônicos.”

Por isso também, o consumo de bens culturais mantém relações estreitas com as desigualdades sociais. Pois se a maioria do povo não é “dotado de capital econômico” isso “implica alta probabilidade de desapossamento do gosto e dos hábitos de consumo de certos bens da cultura, ou seja, implica uma grande possibilidade de desapossamento cultural”, diz o IPEA.

Um outro dado importante do IBGE: de 2003 a 2005 as empresas da área cultural tiveram um crescimento 19,4% superior ao total de empresas de outros setores. Entre 2005 e 2006, em consequência, o número de trabalhadores do setor cresceu 5,4%, contra os 2,4% de trabalhadores de outras categorias.

O relatório do IBGE lembra que nas duas últimas décadas do século XX Cultura deixou de ser sinônimo de Belas Artes e luxo acessível a uma elite, para ser encarada como direito humano que pertence a todos. E acrescenta que “mais recentemente, a palavra “Cultura” como termo e como conceito, passou a ser incorporada às cartas constitucionais da maior parte dos países latino-americanos”.

Apesar de terem se passado quatro anos da divulgação dessas pesquisas, elas mantém sua atualidade, porque esses números lançam sobre o governo a responsabilidade imensa de tentar diminuir a desigualdade social, também na área da cultura. Dilma Roussef tem falado em erradicação da miséria; não podemos esquecer que acabar com a miséria econômica passa por também acabar com a miséria cultural, e passa por propiciar, à ampla maioria da população, o direito básico e fundamental da fruição de Cultura.

É muito preocupante, portanto, que neste ano de 2011 o governo vá pagar 230 bilhões de reais de juros a banqueiros, a tal dívida pública! Esse montante é quase 15 vezes maior do que o que deve ser destinado ao Bolsa-Família e quase seis vezes maior do que os 40,1 bilhões de reais destinados ao PAC. Para piorar a situação atual, no recente corte de 50 bilhões feitos pelo governo, nos gastos públicos, a Cultura é um dos setores duramente atingidos.

Essa situação só agrega mais injustiça social, pois os mais ricos podem continuar indo a shows, ao teatro, ao cinema e podem comprar livros, enquanto que a imensa maioria do povo ainda está longe disso, como se vê na pesquisa “O Consumo Cultural das Famílias Brasileiras”, do IPEA:

- das pessoas das classes D e E, 92% nunca vão a shows, 95% nunca alugam filmes, 83% nunca vão ao cinema, 92% nunca vão ao teatro e 75% nunca leem nada (nem livro, nem revista, nem jornal)! A maior forma de fruição cultural da maioria das famílias brasileiras vem – pasme-se! – da televisão!

Um país com 5.565 municípios (censo do IBGE de 2010), possui 2.953 municípios que não têm um único centro cultural, um único museu ou cinema! 84,6% das cidades brasileiras não têm órgãos exclusivos para gerir cultura e só 4,2% possuem uma Secretaria de Cultura!

“Além disso, se convive com uma produção simbólica que circula em aura de raridade, não pela sua raridade e genialidade intrínseca, mas em razão da falta de apoio institucionais consistentes. Nesse cenário, o bem cultural distante e produzido por especialista ganha um encanto que permite tanto sua sacralização quanto seu desprezo, dada a dificuldade para entendê-lo”, acrescenta o estudo do IPEA (grifo meu). Onde espaços públicos de cultura são escassos e pouco acessíveis e os deslocamentos confusos, desorganizados e caros, resta outra alternativa do que a telinha e o plim-plim?

É preocupante saber que o consumo cultural das classes D e E, e mesmo da C, é pouquíssimo direcionado às belas artes e às letras! Pois isso mostra que bens culturais estão fortemente submetidos à extrema desigualdade de renda, às desigualdades de escolarização e à desigualdade de acesso a equipamentos públicos que ofertem bens culturais variados.

Para completar o índice das desigualdades: o que dizer de um povo cujo público consumidor de livros reside em 90% nas classes A e B? E que 75% das classes D e E não leem sequer jornal ou revista, quanto mais livros? E que apenas 42% dos pobres têm mais de 10 livros em casa (incluindo aí livros didáticos e religiosos)?

É necessário pensar a política cultural brasileira a partir de uma ênfase que seja inovadora, para propor rumos diferentes que levem nosso povo a um outro padrão de vida econômico, social e cultural. Para um necessário salto de civilização, a cultura concorre em muito! Proponho, em face disso, um olhar reflexivo maior – e mais frequente – sobre a vida cultural do povo brasileiro.

Fonte: Vermelho

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Audiência Pública sobre criação do Instituto do Livro e Leitura do Ceará

AUDIÊNCIA PÚBLICA
 
Em 2009, o Fórum de Literatura e Leitura do Ceará (FLLEC), durante o seminário “Do autor ao leitor: caminhos do livro e da leitura no Ceará”,  realizado na Assembleia Legislativa do Ceará com a participação de representantes de diversos segmentos da cadeia do livro e da leitura no Estado e de palestra proferida por Galeno Amorim levantou-se, dentre as demais propostas que compõe a Carta do FLLEC (documento abaixo), resultado de vigorosa discussão e, na época, amplamente divulgada, inclusive entre os participantes do III Fórum da Rede Nordeste do Livro e da Leitura, em 2010, a proposta de promoção de audiências públicas específicas para discutir o Instituto do Livro e da Leitura no Estado do Ceará, dada à importância estratégica que uma entidade desse porte, sendo devidamente conduzida e constituída legitimamente por profissionais envolvidos em suas questões, possa trazer de benefício a todos os segmentos que integram os referidos segmentos e, em consequência, à população cearense.

A Comissão Provisória de direção do FLLEC, hoje representada por Almir Mota, Mileide Flores e Urik Paiva, assim, convida a todos que compõem a comunidade do livro, da leitura e de literatura a comparecerem à Audiência Pública que discutirá a criação do Instituto do Livro e da Leitura do Ceará.

Leia  também o documento “Por uma Política do Livro e Leitura para o Estado do Ceará” que servirá de referência à discussão na Audiência Pública.

Local: Complexo das Comissões/Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Desembargador Moreira, 2807)
Data: 03 de maio
Hora: 15h30
Pauta: Discussão sobre a criação do Instituto do Livro e da Leitura do Ceará
Leiam os documentos, levem suas sugestões, encaminhem este convite, PARTICIPEM.

Lançamento "Noor em Nós", de Bartira Dias de Albuquerque (5.5)

Clique na imagem para ampliar!

Prêmio Caetano Ximenes de Aragão da SECULT

Lançamento "Ariosto", de João Belo Jr, Prêmio de Quadrinhos da SECULT (7.5)


Clique na imagem para ampliar!

Prêmio Luiz Sá de Quadrinhos da SECULT

Lançamento "De Frente para o Norte", de Raimundo Aragão, prêmio Milton Dias de Crônicas/Memórias da SECULT (11.5)


De Frente para o Norte
(Expressão Gráfica e Editora)
de Raimundo Aragão
Ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense
Prêmio Milton Dias, de CRÔNICAS/MEMÓRIAS, da SECULT/CE

Data: 11 de maio de 2011 (Quarta-feira)
Horário: a partir das 20h
Local: Casa da Cultura de Sobral


Apoio Cultural
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Fonte: Blog AlmanaCultura

Lançamento "O Senhor Irineu", de Daniel Coutinho, Prêmio Jáder de Carvalho, de romance, da SECULT


Senhor Irineu

(LCR Gráfica e Editora)
de Daniel Coutinho
— ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense –
Prêmio Jáder de Carvalho, de ROMANCE, da SECULT/CE —

Data: 4 de maio de 2011 (quarta-feira)
Horário: a partir das 20h
Local: Auditório Central da Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA, Sobral

Apresentação da Obra e do Autor: Dimas Carvalho, escritor

Apresentação Artística: Maria Elisalene (organização)

Para aquisição de livros e contato com o Autor: rafaelliteratura@yahoo.com.br


Sobre a Obra: O Senhor Irineu é a obra de estreia do cearense Daniel Coutinho. O romance retrata duas épocas distintas, ao passo que movimenta diversos temas, num conjunto de 16 capítulos.


O Carrancudo e solitário, Irineu é um velho aposentado que exerceu a profissão de médico durante muitos anos. Seu estranho modo de vida e comportamento insistentemente agressivo despertam a curiosidade de Meire, uma psicóloga viúva que perdeu o marido num fatal acidente de carro. Certa de que por trás daquele ser intrigante, há um trágico e misterioso passado, aos poucos, ela transforma uma mera curiosidade num poderoso capricho. Num momento em que seu próprio passado parece estar voltando para atormentá-la, ela ainda precisa ajudar o filho Fernando que vive o dilema de amar uma mulher mais velha, sem ser correspondido. Quando a psicóloga percebe uma nítida aproximação entre Fernando e Irineu, ela decide usar o filho para conseguir satisfazer o seu tão desejado capricho.


Apoio Cultural
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Lançamento "Contos Farpados", de Jesus Irajacy Costa, Prêmio Moreira Campos da SECULT (10.5)

Contos Farpados
(Expressão Gráfica e Editora)
de Jesus Irajacy Costa
Ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense –
Prêmio Moreira Campos, de CONTOS, da SECULT/CE


Data: 10 de maio de 2011 (terça-feira)
Horário: a partir das 19h30min
Local: Centro Cultural OBOÉ (rua Maria Tomásia, 531, Aldeota – ao lado do shopping Aldeota Open Mall)
Apresentação da Obra e do Autor: Ângela Gutierrez, membro da Academia Cearense de Letras e Professora do Curso de Letras da UFC

Para aquisição de livros e contato com o Autor: irajacy@yahoo.com.br


Sobre a Obra: Há uma longa e importante tradição de médicos escritores na literatura cearense. Nomes como os do Barão de Studart, Herman Lima, Florival Seraine e Caetano Ximenes Aragão lançaram as bases dessa tradição, mais recentemente escritores do quilate de Ronaldo Correia de Brito, Aírton Monte e Pedro Henrique Saraiva Leão, dentre outros, solidificaram essa importante parceria.

Uma nova geração de ficcionistas médicos tem despontado na atualidade, vencendo prêmios literários, publicando em suplementos e revistas culturais, fazendo movimentos artísticos, principalmente através da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES/CE), em suas coletâneas anuais ou ainda na excelente revista LITERAPIA.

Nessa jovem geração pontificam os escritores Fernando Siqueira Pinheiro, Almir Gomes de Castro e Jesus Irajacy Costa, que nos apresenta esta bela reunião de histórias: Contos Farpados. Nela temos contos já premiados e publicados em antologias, revistas, suplementos e sites na internet, assim como trabalhos inéditos.

Relatos instigantes e bem contados, de temática e ambientação variadas, vão desfilando pelas páginas deste livro que promete ser apenas o início de uma vitoriosa e longa trajetória literária. Talento, trabalho e acuidade verbal não faltam ao autor.

A nós, leitores, só nos resta desfrutarmos cada página deste grande livro, e torcermos para que no futuro sejamos presenteados por mais outros de igual ou superior qualidade.

Pedro Salgueiro

Apoio Cultural 
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Assim contam os homens do mar

Quem vê seu João Teixeira Nery morando sossegado em uma ponta de praia, em Paracuru, não imagina que ele é sobrevivente do naufrágio ocorrido em 1972, que vitimou cinco, dos sete tripulantes

Há 39 anos, desde quando aconteceu o naufrágio do barco Alto Alegre, em Paracuru, o pescador João do Sapuriu não entra no mar. "Só vou até onde dá pé, mas entrar mesmo, não consigo. Desde aquele tempo até hoje, nunca mais"
FOTO: MARÍLIA CAMELO
Essa história que o Caderno 3 conta agora é dedicada ao mestre Dorival Caymmi (1914 - 2008), que, se vivo fosse, teria completado 97 anos no último dia 30 de abril. Além do natalício do comandante, 2011 também marca os 70 anos da canção "É doce morrer no mar", o poema-lamento feito em parceria com o amigo Jorge Amado, inspirado no romance "Mar Morto", uma das obras-primas do escritor baiano.

"É doce morrer no mar/ Nas ondas verdes do mar/ A noite que ele não veio foi/ Foi de tristeza para mim/ Saveiro voltou sozinho/ Triste noite foi para mim/ Saveiro partiu de noite e foi/ Madrugada não voltou/ O marinheiro bonito/ Sereia do mar levou/ Nas ondas verdes do mar meu bem/ Ele se foi afogar/ Fez sua cama de noivo/ No colo de Iemanjá/ É doce morrer..."

Essa nossa homenagem ao poeta do mar, vem na onda de um encontro com um dos sobreviventes do naufrágio ocorrido em 1972, no município de Paracuru, litoral oeste do Ceará, episódio quase esquecido na memória popular. O protagonista dessa história é seu João Teixeira Nery, pescador que desistiu do mar, mas que ainda mora em Paracuru, escondidinho, em uma beira de praia sossegada, tocando seu restaurante tranquilo e calmo.

Mas, naquele ano, antes de perder cinco companheiros de viagem em alto mar, o hoje senhor de 69 anos, de ombros largos e forte como um pescador em plena atividade, era chamado de Mestre João. Depois do acontecido, tudo mudou. Adotou a alcunha de João do Sapuriu, cujo significado só revela "em off" e, até hoje, 39 anos após a tragédia, nunca mais teve peito para enfrentar o mar.

"Eu também já fui do mar"
Era manhã do dia 24 de setembro de 1972, mês de ventos fortes no litoral cearense, quando o Alto Alegre, nome de batismo do novíssimo barco lagosteiro que fora lançado ao mar com pompas, champanhe, autoridades e circunstâncias, afundou. Ninguém podia conceber. Os mais experientes pescadores das redondezas convocados para se aventurar no Alto Alegre, tinham recebido o chamado como uma honraria.

 "Aquilo lá tava cheio de gente. Houve missa, quebraram champanhe, foi aquela festa! O dono era da família Meireles e colocou o nome do barco Alto Alegre, porque pegou o nome de Paracuru quando ainda era Vila. A condição do barco era boa, o dono botou água encanada, o comando do barco era todo de fórmica, tinha frigorífico, cabine, tudo. Naquela viagem, a gente ia pescar lagosta no nosso mar daqui ´premero´. A segunda viagem era para passar no mar do Maranhão, Pará, aqueles lado de lá", recorda seu João.

A ideia inicial do proprietário da moderna embarcação, que tinha investido a pequena fortuna de Cr$ 400 mil (cruzeiros) no barco que pesava 23,3 toneladas, media 14,7 metros de comprimento e tinha capacidade para armazenar, refrigeradas, algumas toneladas de lagostas, era que os marinheiros passassem três meses no mar.

Mas o destino havia planejado outra rota para a primeira viagem do barco Alto Alegre. Pouco tempo depois, quatro dos sete homens estariam mortos. Outros três nadariam aquela noite e ao longo de mais um dia. Um deles desistiu. Dois foram encontrados por uma jangada onde, apoiados no casco, conseguiram ser rebocados até terra firme.

"Nem Deus afunda o Alto Alegre"
Era cerca de seis horas da tarde quando os sete amigos: José Moisés Ferreira (José Alaor), João Jacinto de Souza, Francisco Teixeira Nery (irmão de João), Inácio Cláudio de Lima, Francisco Marques da Silva, Francisco Alcides Lima e João Teixeira Nery (os dois últimos conseguiram se salvar), suspenderam os trabalhos para dar atenção ao vazamento no motor que tinha aparecido na embarcação, que fazia sua primeira viagem. Os ventos eram fortes e o frio começava incomodar.

Mestre João lembra que estava sentado no beliche do barco, jantando, quando, de repente, tudo escureceu. "Em questão de segundos eu já estava vendo a quilha do barco. Foi de uma vez só, ninguém viu como aconteceu. Mas, lembro que quando o barco já estava emborcado, avistei uma luz que brilhou assim, na minha frente. Aí deduzi que podia ser a luz da porta de saída. E era! Consegui sair eu e mais dois, mas os outros pescadores (quatro) ficaram lá dentro", recorda triste.

Escuridão, frio, sol e sede
"Aquele vácuo de vento acabou com tudo e a gente começou a nadar. Um ia gritando o nome do outro, pra não se perder. Até que uma hora o Chico (Marques) disse que não aguentava mais. E a gente só viu foi ele afundando. Aí, eu e o Alcides fomos nadando, até que separamos de vez. Pensei que ele tinha morrido... Tempos depois avistei um bote, que já vinha com esse meu amigo em cima. Não deu para eu subir, era pequeno demais, mas eu fui apoiado na beirada e deu certo".

O barco foi rebocado no mesmo dia. Os corpos dos pescadores foram encontrados quatro, cinco, seis dias após a tragédia. Até então, nem comércios, nem escolas, nem jangadas, nada funcionou no lugarejo. Cada um, ao seu tempo, ia encalhando em praias próximas, elevando a tragédia à categoria de tortura.

"Os corpos dos cinco foram encontrados, mas o único que foi sepultado aqui foi o de meu irmão. Ele ficou ali, na Praia da Embuaca, depois de Flexeiras, a família toda tava procurando. Minha mãe quis porque quis levar ele para casa, teve que quebrar a porta por causa do tamanho que ele estava, mas demorou pouco dentro de casa. Os outros foram enterrados onde encalhavam", diz.

Já refeito do pesar, seu João revela uma recordação suave que aconteceu naquele ano. "Fui entrevistado pelo Augusto Borges, acho que era Canal 2, ele me mandou buscar de Kombi. Não gosto muito de entrevista, às vezes não fico à vontade, mas tô conversando aqui com o maior prazer. E teria muito gosto em falar com ele de novo. Quedê ele?"

Está aqui em Fortaleza, seu João, firme e forte, como ontem, hoje e sempre.

NATERCIA ROCHA
REPÓRTER

domingo, 1 de maio de 2011

O aluno de nome estranho

Nos anos 30, o principal estabelecimento de ensino do Estado era o Liceu do Ceará. Fundado pelo senador Pompeu (padre-doutor Thomaz Pompeu de Sousa Brasil), em 1845, o Liceu era equiparado ao Colégio Pedro II do Rio de Janeiro e, em suas cátedras, figuravam as maiores inteligências do magistério cearense. A cadeira de Português, por exemplo, era exercida pelos professores Otávio Terceiro de Farias e Martinz de Aguiar, membros da Academia Cearense de Letras. A de Latim, pelo famoso Monsenhor José Quinderé, além de outros lentes de reconhecida envergadura e indiscutível nomeada, como Hermenegildo Firmeza, de História; Domingos Braga Barroso, de Geografia; César Campelo, de Matemática; e Aderbal de Paula Sales, de Ciências Físicas e Naturais.

Era o tempo dos manuais de Felisberto de Carvalho e da velha “Crestomatia”, seleta de textos em prosa e verso dos maiores escritores brasileiros e portugueses, organizada por um mestre gaúcho, o professor Radagásio Taborda.

Não era fácil entrar no Liceu. O candidato era submetido a rigorosa seleção, um exame oral e escrito que derrubava a maioria dos pretendentes. E não era sem razão: a história do Ceará tem mostrado que dos bancos daquela velha escola vieram magistrados, deputados, escritores, ministros de Estado, senadores e governadores, nomes que engrandecem e orgulham a nossa terra.

Em 1936, segundo os arquivos consultados, matricularam-se 749 alunos, oriundos da capital e de quase todas as regiões do Ceará. Da turma de novatos, havia um sujeito dos Inhamuns, que desde o primeiro dia ficou conhecido em todo o colégio. Caladão, macambúzio, não procurava se entrosar nas rodas, nos convescotes do recreio, preferindo ficar pelos cantos a ler uns romances de Camilo Castelo Branco.

A razão do destaque do rapaz dos Inhamuns não era propriamente o seu jeito ensimesmado, mas o nome que portava. Filho de primos, tinha apenas dois nomes: Sofrêncio Bosta.

Quando aconteceu a chamada, na primeira aula, foi um escândalo. Ninguém queria acreditar que alguém pudesse ter um nome daquele. Que pai desnaturado pusera no mundo um filho para carregar pelo resto da vida o nome de Sofrêncio Bosta? Era um absurdo.

Absurdos devem ser corrigidos. Por isso, passado aquele primeiro momento de gozação e achincalhamento que, ao que consta, nem de leve abalou a tranquilidade do leitor de “Amor de Perdição”, começou um movimento para mudar seu nome. Ele não queria. Dizia que estava tudo bem, que nada o estava incomodando, que tanto fazia ter este nome ou aquele.

Entretanto, alunos e professores levaram o assunto a sério e, mesmo à revelia do titular, resolveram que o nome do Sofrêncio Bosta seria, sim, alterado. Ah, nunca se poderia admitir que um colégio da categoria do Liceu do Ceará pudesse ter um aluno com nome tão esdrúxulo e escatológico. Não pegava bem.

Como o Liceu era um reduto de celebridades, tendo entre os professores um tabelião e dois juízes de direito, o processo de alteração onomástica tramitou sem maiores atropelos.

E eis que chega o dia auspicioso da mudança de nome do rapaz dos Inhamuns. Todos se dirigiram ao cartório em grande caravana ficando as salas do Liceu praticamente vazias. A aglomeração na rua Major Facundo diante do Cartório Pergentino Maia chamava a atenção das pessoas da rua que, curiosas, se incorporavam à ansiedade geral. No entanto, para admiração de todos, o personagem principal daquele fuzuê não compareceu. Sim, senhor, a pessoa que se supunha ser a maior interessada, a portadora da extravagância nominal, simplesmente não estava ali.

Uma comissão de alto nível foi destacada para encontrar o indigitado e trazê-lo de qualquer modo para o ato de substituição de nome.

O adolescente foi encontrado em sua casa, imaginem, lendo placidamente outro romance de Camilo. Trazido pelos colegas, mostrou absoluta indiferença àquela multidão e, quando o escrivão perguntou solenemente que novo nome escolhera o senhor Sofrêncio Bosta para, a partir daquela hora, passar a figurar em todos os seus documentos, o infeliz disse que não havia pensado em nenhum.

– O quê?– exclamaram todos surpresos e em coro alto – todo este processo, todo este movimento, todo o nosso esforço e você não escolheu um nome para substituir sua horrorosa designação civil? Meu Deus, quanta irresponsabilidade!!!!

Instado a indicar um nome, qualquer um, porque aquela situação já estava passando dos limites, Sofrêncio Bosta, na maior serenidade deste mundo, resolveu:
– Pois bem, eu vou dizer meu novo nome, já que vocês insistem: Ponha aí... PEDRO BOSTA!

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Religiosos têm longo caminho até os altares

Processos de beatificação de padre Ibiapina, dom Lustosa e irmã Rosita estão em andamento há décadas


Se é longo e tortuoso o caminho que leva a Deus, assim também são os trajetos de um santo até o altar. A depender dos trâmites legais do Vaticano, os devotos cearenses ainda vão demorar para ter santos reconhecidos oficialmente pela Igreja Católica Apostólica Romana. Comissões locais trabalham há pelo menos uma década pela beatificação e canonização de três religiosos que dedicaram suas vidas à pregação do evangelho: dom Antônio de Almeida Lustosa (dom Lustosa), Padre José Antônio de Maria Ibiapina (padre Ibiapina) e a irmã Josefina Rosita Paiva.

A Comissão de Apoio à Causa de Beatificação e Canonização de dom Antônio de Almeida Lustosa completou 11 anos de atividades em agosto de 2010. Foi instaurada pela Arquidiocese de Fortaleza para realizar pesquisas de campo, resgatando a memória popular e o conhecimento científico da atuação de dom Lustosa como bispo, pastor, educador e escritor.

Há três anos, a "Positio" - espécie de dossiê que demonstra como dom Antônio viveu as virtudes cristãs e a fama de santidade -, foi entregue ao então relator da Congregação para as Causas dos Santos, padre Daniel Ols. O longo caminho até os altares é considerado normal pela Arquidiocese de Fortaleza.

Nem o trabalho de 145 anos na Diocese do Crato, nem a popularidade fizeram "acelerar" etapas para a beatificação do "Apóstolo do Nordeste". Encontra-se na Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, o processo de beatificação de Padre Ibiapina, que foi oficialmente reconhecido como "Servo de Deus", após o documento "Nihil Obstat", da Santa Sé, emitido ainda em 1992.

Já o processo de beatificação da irmã Rosita Paiva, uma das fundadoras da Congregação das Irmãs Josefinas, também está na fase diocesana, de recolhimento de material. Segundo as freiras josefinas, dom Aloísio Lorscheider, que tinha um contato muito próximo com a congregação, "dizia que a irmã Rosita era uma santa".

Etapas

A beatificação é uma etapa no processo de canonização, por meio do qual a pessoa passa a ser chamada de beato ou beata, o mesmo que bem-aventurado. Permite que se preste culto público a esta pessoa, em determinadas regiões, ou seja, culto a um venerável - servo de Deus - cujo processo concluiu que ele viveu as virtudes cristãs em grau heroico.

A canonização ocorrerá somente após um estudo aprofundado da vida e da virtude do beato, assim como a aprovação de um milagre adicional atribuído à sua intercessão (poder para conceder graças). É um processo burocrático que pode levar décadas.

Sem privilégio
Um processo de beatificação e de canonização tem uma série de exigências pré-estabelecidas e válidas para todos os candidatos, segundo frei Hermínio Bezerra de Oliveira, que mora no Vaticano. "Pode ser, mais ou menos rápido, por muitos fatores, como nomeação de juiz, de procurador e sub-procurador do processo; a demora da junta médica na análise do fato miraculoso etc".

No caso do papa João Paulo II, o Vaticano reconhece que o processo foi rápido - afirma frei Hermínio. "Mas não houve nenhum privilégio quanto a dispensar exigências ou de queimar etapas, pois foram seguidos todos os procedimentos normais exigidos", defende, acrescentando que, "se a beatificação (de João Paulo II)ocorresse porque foi papa, Pio XII e Paulo VI já seriam beatos".

Frei Hermínio faz questão de lembrar que existem outros processos de beatificação ligados à região Nordeste. Cita o de frei João Pedro de Sexto São João, fundador da Congregação das Irmãs Missionárias Capuchinhas (cuja casa geral fica o bairro de Messejana, em Fortaleza); o da irmã Dulce, de Salvador (BA), que ele conheceu pessoalmente, na década de 1970, e cuja beatificação está próxima; e o do conhecido missionário nordestino Frei Damião.

Beatificação Processo rápido
"O sentimento popular antecipou o processo" de beatificação, cuja oração final acontece neste domingo, em cerimônia presidida por Bento XVI, na Praça São Pedro, em Roma. É dessa maneira que a imprensa italiana se refere ao processo de beatificação de João Paulo II, considerado um dos mais rápidos da história moderna da Igreja. No entanto, houve outras beatificações em menos tempo, como a de São Francisco de Assis, em 1228. No momento, encontra-se em estudo o segundo milagre de João Paulo II, próximo e último passo para se tornar santo. A Igreja garante que, apesar da rapidez, houve rigor no processo, que contou com a participação de médicos, cientistas e especialistas. A beatificação de João Paulo acontece durante a Festa da Divina Misericórdia, hoje, sendo esperados mais de um milhão de fiéis.


SAMIRA DE CASTRO
REPÓRTER

Capoeira resgata cultura no interior

Evento internacional, Tribos, Berimbaus e Tambores será realizado no interior do Estado incentivando a capoeira

Homens e mulheres trocam experiências e conhecimentos sobre a Capoeira, durante o Festival. Os grupos vêm de vários locais do Brasil e mostram os benefícios da atividade
DIVULGAÇÃO

Fortaleza. Há muito tempo a capoeira deixou de ser somente uma roda de luta, dança e música. Em todo o Brasil, grupos se reúnem para discutir, pensar e planejar a atividade como instrumento pedagógico, fonte de pesquisa, história e cultura. No Ceará, o Tribos, Berimbaus e Tambores - Festival Internacional de Capoeira e Tradições Afrodescendentes, que está em sua quarta edição, mostra todo o universo da capoeira. O evento acontece de maio a julho, em vários Municípios do Ceará, com realização do Centro Cultural Capoeira Água de Beber (Cecab).

A novidade desta edição é a realização do Festival em cidades-polos, conforme conta Robério Queiroz, conhecido na área como Mestre Ratto. "Aqui em Fortaleza, despertamos para a capoeira não só como esporte. É fonte de informação histórica, para educação, cultura", conta. "Agora, vamos levar esta discussão para o interior", disse.

O primeiro Município a receber a caravana será Itapipoca, de 27 a 29 de maio. Em seguida, o grupo segue para o Cariri. No Crato, as atividade serão realizadas de 24 e 26 de junho. Em julho, duas cidades serão sede do Festival: Cascavel, dias 9 e 10; e Redenção, de 15 e 17. Em Fortaleza, o evento será realizado em um período maior, de 17 a 21 de julho. Finalizando a edição, na localidade de Parajuru, em Beberibe, será realizado o último encontro, nos dias 22, 23 e 24 de julho.

Como relata Mestre Ratto, nos últimos 20 anos, os grupos de capoeira se espalharam por todo o Brasil, mas sempre com foco na prática esportiva. A popularização também chegou ao interior. Hoje, não tem um Município que não tenha o seu grupo de capoeira, seja de crianças, jovens ou adultos. Agora, o movimento que defende a cultura afrodescendente quer difundir essas práticas como objeto de pesquisa, possibilidades de inclusão, socialização e de fortalecimento de uma cultura.

Nos Estados da Bahia e do Rio de Janeiro, a divulgação já acontece. Aqui, segundo informa Mestre Ratto, "a gente está passando por este momento agora. Não focamos somente no jogo, temos estudado sobre a cultura". Para repassar este conhecimento para professores e estudantes, eles utilizam-se dos próprios elementos da capoeira: música, jogo, dança, vestuário, gastronomia.

Programação

Durante os três dias de festival, a equipe percorre vários espaços no Município, em três momentos, discutindo o tema "Educação, acessibilidade e economia solidária do negro". O primeiro deles é com a escola. "Nas escolas trabalhamos a lei 10.639, que fala da obrigatoriedade do ensino da cultura afrodescendente e africana. Passamos a história através da musicalidade. Abordamos os fatos através da música, a importância de se estar consciente sobre a origem da nossa cultura, de assumir ser negro. Conversamos sobre etnia com as crianças. O contato com os instrumentos também possibilita este conhecimento", afirmou. O segundo momento do festival é com o poder público. "Promovemos um encontro entre professores e poder público para fortalecer o apoio para a prática de capoeira. Além disso, a gente tenta mostrar a importância e o dever em cumprir o compromisso com a cultura, lazer e educação", afirmou Mestre Ratto. A terceira parte do evento é festiva. Os grupos de capoeira da região apresentam seus talentos e seus espetáculos.

Para o organizador, o Festival Tribos, Berimbaus e Tambores é, também, momento de utilidade pública. "Mostramos para os grupos a importância de se organizarem como instituição para conseguir benefícios com editais", disse. "As pessoas que têm empreendimento na área da africanidade também têm seu espaço, como a confecção de instrumentos, fabricação de roupas, produção de espetáculos".

Para Ratto, um dos principais resultados alcançados pelos festivais é a aproximação das famílias dos capoeiristas com esta arte. "Antes era só o capoeirista envolvido. Hoje vemos famílias inteiras participando". E, ainda, a forma como a capoeira tem sido ensinada em todo o Brasil. "O que a gente tem feito hoje é estudar sobre a capoeira para públicos diferentes, mapeando cada idade. Hoje, temos a capoeira lúdica, voltada para crianças. Temos a capoeira de integração social, para jovens, abordando também a produção de espetáculos e encontros. E temos a capoeira para adultos, com ênfase na luta, na dança e na pesquisa", relatou Ratto.

O educador Robério Queiroz, o Mestre Ratto, criador do Cecab, vive a capoeira há quase 30 anos. Atualmente, é responsável por repassar, todos os anos, a capoeira e todos os seus ensinamentos para o Exterior. Ao longo de sua atuação, formou professores em diversos lugares. Hungria, Áustria, Holanda, Portugal, Polônia, Venezuela e Inglaterra fazem parte do roteiros de festivais e encontros sobre capoeira, além de diversos Municípios brasileiros.

Saiba Mais
Etnia e Cultura

Reconhecer a diversidade étnica, racial e cultural da sociedade brasileira. A partir da Lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, foi estabelecida, nas diretrizes e bases da educação nacional, a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-brasileira". Entre o conteúdo programático, o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. As escolas devem trabalhar os conteúdos nas disciplinas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. Neste sentido, o Centro Cultural Capoeira Água de Beber, fundado em 2002 por Robério Batista de Queiroz - Mestre

Ratto, como é conhecido na capoeira, tem como missão valorizar e difundir a cultura afro-brasileira e promover a inclusão social de portadores de necessidade especiais e famílias em situação de vulnerabilidade social. O Festival Tribos Berimbaus e Tambores, além de agregar capoeirista, visa fortalecer a aplicação da lei.

MAIS INFORMAÇÕES
Centro Cultural Capoeira Água de Beber - Rua Pessoa Anta, 218 - Fortaleza (CE) / Contatos: (85) 8866.5835 / festivaltbt.blogspot.com

Emanuelle Lobo
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

Exposição resgata história de Fortaleza



Uma exposição em cartaz em Fortaleza resgata a história da capital cearense por meio de fotografias e objetos. A repórter Camila Rocha mostra um pouco desse passeio no tempo.

Fonte: Jangadeiro online

Aniversário de Dragão do Mar é lembrado em Aracati

Símbolo abolicionista cearense, Chico de Matilde é filho ilustre de Aracati e pouco reconhecido em sua terra

Escultura em bronze homenageia o jangadeiro no Centro Cultural que leva seu nome: Dragão do Mar
VIVIANE PINHEIRO
Aracati, Visitar a história é se dizer movido de orgulho ou decepção, mas sempre curiosidade. E pelas bandas da internacional Canoa Quebrada, mais conhecida que o próprio nome do Município, há quem se faça curioso, orgulhoso e pouco rogado ao pequeno legado dado na lembrança ao filho mais ilustre do litoral cearense. Nasceu lá Francisco José do Nascimento, o "Dragão do Mar", o mulato líder dos jangadeiros que disse "neste porto não embarcam mais escravos". Dito e feito. Iluminou-se ali o símbolo de luta abolicionista e de redenção que marcou a história do Ceará, que tanto se orgulha de ter sido a primeira província a abolir a escravidão negra. Em Aracati se comemorou os 172 anos de seu nascimento.

Dragão do Mar é um nome pomposo que poucos sabem que a certidão é Francisco José do Nascimento, ou "Chico" - filho de Matilde com seu Manoel, ambos vivedores no Fortim, vizinho a Aracati e onde o rio Jaguaribe deságua no mar. Virou "Chico de Matilde", que perdeu o pai foi cedo, e a humilde mãe entregou-o para ser menino de favores na casa do Juiz de Direito de Aracati. Não durou muito a pegá-lo de volta e levá-lo para Fortaleza. "Na Capital, ganhou o caminho comum aos negros e iletrados: o porto", diz Tácito Forte, vereador de Aracati que debruçou-se em pesquisas sobre o conterrâneo e discursou emocionado na comemoração dos 172 anos do abolicionista, resumindo a história para os povos do mar de Canoa Quebrada, como quem alerta para um passado do qual todo canoense deve se orgulhar.

Mas só se orgulha quem conhece. E enquanto a Rua Dragão do Mar, principal de Canoa Quebrada, ficar mais lembrada por "Broadway", em alusão à rua mais famosa de Nova York, nos Estados Unidos, que não tem nada a ver com a história, o "Dragão" será peça secundária. No final dessa rua, que algum estrangeiro quis colonizar em significado (e conseguiu!), passa pouco percebida (e à noite está sem iluminação) uma homenagem a Chico de Matilde: um semi-busto (só tem a cabeça), numa reprodução de jangada para lembrar que ali nasceu, em 15 de abril de 1839.

Praça de Aracati no ano de 1933, um ano após o nascimento do Dragão do Mar. Saiu de sua terra natal com oito anos. Hoje é relembrado pelos seus feitos históricos
REPRODUÇÃO MUSEU JAGUARIBANO
Dragão do Mar saiu de Aracati tinha apenas 8 anos, mas o psicanalista Sigmund Freud (1835-1930) entendedor do que a infância representa para o ser humano, cobriria de razão em, hoje, os cidadãos de Aracati se mobilizarem orgulhosos para relembrar o conterrâneo, libertário que, "menino véi" (como se diz de "moleque"), andou e fez "mandados" para os homens de posse ali pela "Rua Grande", a Rua Coronel Alexanzito, patrimônio histórico e onde se situa o Museu Jaguaribano.

Francisco José do Nascimento era mulato, não era escravo, mas conhecia a penúria dos negros nos porões, mas também nas ruas, na vida. Prodigioso, era afoito tanto para mergulhar no mar quanto ser partícipe, como único não-branco, em associações de elite no Ceará. Mas o mais nobre era a causa na Associação Cearense Libertadora. Em 27 de janeiro de 1881, aos 42 anos de idade, deflagrou uma greve com os jangadeiros que trabalhavam no Porto do Ceará e faziam o desembarque dos escravos dos navios negreiros. "Neste porto não embarcam mais escravos".

O rebuliço também contou com José Napoleão, o "príncipe da liberdade", negro liberto depois de comprar o seu indulto. A revolta ganhou repercussão, ainda teve a pressão da polícia que queria porque queria desembarcar os negros. Dragão do Mar e os outros seguravam a chama da libertação, que explodia por outros cantos do Brasil. O fato é que, em 25 de março de 1884, o Estado do Ceará ordenava a lei que abolia a escravatura, quatro anos antes da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, libertando os negros no Brasil.

E o cearense de Canoa Quebrada era ovacionado na chegada ao Rio de Janeiro. Ia no vapor Espírito Santo, o mesmo que ele e os jangadeiros impediram de desembarcar no Ceará. Tirou do porão sua bagagem: a jangada "Liberdade". Jogou-se ao mar e "jangadeou" até pisar no solo do Rio de Janeiro, onde recebeu, do povo, o título de Dragão do Mar.

MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura
Município de Aracati (CE)
Rua Santos Dumont, 1146
Telefone: (88) 3421.2554

ARTE E CULTURA 
Mostra versa sobre o jangadeiro
Aracati. Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, foi homenageado no mês de abril em sua cidade natal. Iniciativa da Câmara Municipal, com apoio da Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada (ASDECQ) foram lembrados seus 172 anos de nascimento e homenageados antigos jangadeiros vivos desta cidade. Conselho Comunitário e Associação Cultural Canoa Criança realizaram a I Mostra Dragão do Mar de Arte e Cultura de Canoa Quebrada.

"Não queremos que Aracati seja lembrada apenas por suas praias turísticas, mas também por sua história, e essa valorização poder atrair mais pessoas", afirma Tácito Forte, vereador de Aracati que, curioso para entender a história do conterrâneo, queimou pestanas lendo os historiadores Raimundo Girão, Roberto Átila Vieira, Patrícia Xavier, Luciana Cavalcante e, especialmente, Edmar Morel, autor do livro "Dragão do Mar: o jangadeiro da revolução".

Acervo pequeno
Nas bibliotecas do Município de Aracati não se espera encontrar muito sobre Francisco José do Nascimento. Nas estantes de livros de História nas bibliotecas do interior, o próprio Ceará ainda está em segundo plano. Mas os historiadores acima citados devem povoar mais as prateleiras de Canoa Quebrada. Os vereadores querem incentivar o turismo histórico. Mas o reconhecimento também passa pelo incentivo à leitura.

A Câmara Municipal de Aracati e a Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada (ASDECQ) realizaram, no último dia 15 de abril, solenidade de lembrança e homenagem pelos 172 anos de nascimento de Francisco José do Nascimento, o Chico de Matilde, Dragão do Mar.

Foi realizada a I Mostra Dragão do Mar de Arte e Cultura de Canoa Quebrada. Durante uma semana foram realizadas atividades artísticas e culturais no espaço de lazer da comunidade. O evento foi uma iniciativa da Associação Cultural Canoa Criança e do Conselho Comunitário de Canoa Quebrada.

Na programação, apresentações artísticas de circo, cortejo cultural pela rua principal de Canoa (Broadway), oficinas de dança, de teatro, de música, roda de capoeira, exposição de fotos antigas e de quadros de artistas locais, projeção de filmes e vídeos produzidos pelos jovens da comunidade, oficinas de dança, teatro (mímicas), técnicas circenses, noite de autógrafo de escritores locais.

Assim como o Canoa Criança, outro grupo, o Recicriança, atua com atividades artísticas e educacionais para as crianças e os adolescentes da comunidade da praia. Todos os anos é realizado o Festival Latino Americano de Curta Metragem de Canoa Quebrada, o Curta Canoa, que também apoiou a mostra cultural realizada em abril.

Mais informações 

Conselho Comunitário de Canoa Quebrada
Município de Aracati (CE)
Telefone: (88) 9607.5589

Melquíades Júnior
 Colaborador

Arte promove inclusão social

Autodidata, o artista plástico Marciano Teixeira venceu as dificuldades e hoje repassa ensinamentos
Marciano Teixeira começou primeiros rabiscos na infância. Hoje repassa seus conhecimentos para outros jovens
HONÓRIO BARBOSA
Acopiara. As lembranças dos primeiros rabiscos na infância ainda estão guardadas na memória do jovem artista plástico, Marciano Nogueira Teixeira, que é destaque nesta cidade, localizada na região Centro-Sul do Ceará. Autodidata, o pintor continua debruçado sobre telas, mas a maior parte do tempo é dedicada ao ensino das técnicas de pintura aos alunos de projetos sociais.

A partir dos 6 anos de idade, Marciano Teixeira não cansava de riscar as paredes de casa e por isso sofria castigos da mãe, a então doméstica, Maria Marluce Teixeira. Mais tarde, na escola, em vez de usar o caderno para aprender a escrever e fazer cálculos, preferia desenhar. "As professoras reclamavam e em casa minha mãe não parava de brigar comigo", conta. "Eram tempos difíceis até para comprar um caderno".

Marciano Teixeira conta que em face das dificuldades enfrentadas pensou em desistir, mas a força de vontade foi mais forte. O dom para a pintura prevaleceu. Na escola, continuava pintando, rabiscando em vez de resolver a tarefa de casa. O talento foi sendo forjado e, aos poucos, descoberto pelas professoras. As reclamações deram lugar ao incentivo. Uma docente conseguiu vaga no Projeto AABB Comunidade, que era limitada, e o adolescente passou a vivenciar as primeiras noções teóricas e práticas sobre a arte de pintar e desenhar.

Aprendizado

Depois de ingressar no projeto, a vida do adolescente melhorou. Encontrou apoio, espaço e condições para desenvolver a arte do desenho e da pintura. "Fazia caricaturas, charges e pinturas", contou. "Não conhecia nada de técnica e antes pintava por intuição". No "AABB Comunidade" aprendeu noções de profundidade, técnicas de pintura em tela e um pouco sobre a história da arte. Nesta época, surgiu a fase da produção artística em grafite. "As pessoas achavam que eu estava riscando as paredes e vieram mais reclamações na escola e em casa", conta o artista em tom humorado.

Marciano Teixeira teve oportunidade de aperfeiçoar a habilidade para o desenho e pintura a partir de um curso técnico oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). "Recebi ensinamentos sobre perspectiva, profundidade, uso de cores e conheci técnicas mais avançadas", lembrou. "A partir daí passei a produzir mais quadros".

Ainda na adolescência, Marciano Teixeira participou do projeto Muros da Cidade, implantado pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura local, para pintura de painéis com temáticas livres em prédios públicos. As paisagens chamaram a atenção dos moradores.

As oportunidades foram surgindo e nos últimos anos, Marciano passou a exercer a função de professor de arte, no próprio projeto AABB Comunidade. Recebeu convite para lecionar em cursos do Senac, mas preferiu permanecer nesta cidade, ensinando às crianças e adolescentes noções básicas de desenho artístico e pintura.

"Estou realizando um sonho, que é ser professor", disse. "Quero ajudar às crianças e adolescentes a desenvolverem o dom artístico, dando-lhes oportunidades, que eu não tive". Além do Projeto AABB Comunidade, Marciano Teixeira é professor de um projeto financiado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio de um edital de incentivo às artes em cidades do interior, e realizado pela Cia. Deus Baco de Teatro Amador de Acopiara.

Um grupo de 40 alunos participa das atividades de artes plásticas com produção de pintura em tela, cerâmica, em camiseta e em muros, de paisagem, natureza morta e outros estilos. As aulas começaram em fevereiro e estendem-se até setembro próximo. A formação acontece no Núcleo de Artes.

Marciano Teixeira mostra-se satisfeitos com a profissão de professor e conta com alegria que já descobriu um talento promissor, o aluno Ítalo Gomes.

"É isso que eu quero descobrir, novos artistas, e trabalhar para eles desenvolverem as suas habilidades", disse. "Hoje há mais oportunidade e as coisas são mais fáceis", reconhece o artista, também professor.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura de Acopiara - Rua Cel. José Nunes, S/N
Centro - Telefone: (88) 3565.1420
E-mail: scej@acopiara.ce.gov.br

Honório Barbosa 
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste