sábado, 9 de abril de 2011

1ª Mostra Dragão do Mar de Arte e Cultura - Canoa Quebrada 2011

O “1ª Mostra Dragão do Mar de Arte e Cultura de Canoa Quebrada” é uma iniciativa da Associação Cultural Canoa Criança e do Conselho Comunitário de Canoa Quebrada que será realizado no período de 11 a 16 de Abril 2011 no Pólo de Lazer de Canoa Quebrada, no Circo Escola da Associação Cultural Canoa Criança e na tenda armada ao lado do Pólo de Lazer no espaço onde hoje funciona um estacionamento. 


Haverá a promoção de intercâmbio artístico/cultural com apresentações artísticas de circo, cortejo cultural pela rua principal de Canoa (Broadway), dança, teatro, música, roda de capoeira, exposição de fotos antigas e de quadros de artistas locais, projeção de filmes e vídeos produzidos pelos jovens da Comunidade, oficinas de dança, teatro (mímicas), técnicas circenses, noite de autógrafo de escritores locais.

A maior exposição do artista plástico cearense Vando Figueirêdo é apresentada no Espaço Cultural Correios

O Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38) apresenta de 08 de março a 21 de maio a exposição Panorâmica, do artista plástico cearense Vando Figueirêdo, que comemora os 23 anos de carreira e sua 27ª exposição individual.


Fonte: Blog do Campelo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Cantadores de praia


Eles não são levados a sério por ninguém: nem pelos próprios colegas de profissão, nem pelos admiradores da cantoria de viola nordestina. Chegam a “encher o saco” dos banhistas que no final de semana vão pegar um bronze na praia, entornar uma loira suada, ou uma cachacinha com peixe frito nas praias da capital e do litoral de Pernambuco. São chamados - Cantadores de Praia. Aliás, a maioria dos banhistas bronzeados não gosta desse tipo de artista relacionado à cultura do povo, preconceituosamente chamados “ratos de praia” por não estar de braços com a mídia, e nem fazer parte da novela das oito. Mas, não fica só por aí.

Os próprios colegas de profissão não têm simpatia pelos divulgadores de “versos decorados”. Não é bem assim. Apesar deles em certo momento encherem realmente o nosso saco, com o atenuante de venderem falsos produtos, esses cantadores fazem um esforço tremendo para complementar seus parcos salários, exercendo a profissão de cortadores de cana, de modo que, nos finais de semana eles migram para o Recife e se espalham pelas praias, ruas e restaurantes da capital com as violas à tira colo, em busca de um complemento que lhes garantam o sustento da família. 

Na verdade, não existem cantadores de viola (no caso de Pernambuco), somente na região do Pajeú, mas nas cidades de: Carpina, Limoeiro, Camutanga, Cumaru, Glória do Goitá, Aliança, todas da Mata Norte. Eles compõem um bloco de cantadores nativos, que promovem Festivais de Viola, na medida deles, para a comunidade deles. Comunidade que já é familiarizada com o improviso dos seus nativos brincantes e mestres de maracatus, com suas – Sambadas. Alguns cantadores são funcionários das prefeituras da região. Estes engrossam o cordão para a realização dos Festivais.

Os cantadores de praia são credenciados no momento em que uma boa parte pertence a - Associação de Poetas Repentistas de Olinda, mas nem por isso deixam de ser discriminados por aqueles que se consideram os donos do improviso. Eles dificilmente são chamados a participar de Congressos de Cantadores, sendo também incomum a participação de mulheres repentistas nestes mesmos congressos, onde os participantes, são legitimados pelos ouvintes, têm um poder aquisitivo bastante considerável, e renda mensal superior a determinados gestores. Isso é verdade.

Tem um grupo seleto de cantadores, principalmente aqueles que rodam as premiações entre si, obtendo a primeira ou a sexta premiação que levam uma vida privilegiada, e com todo o direito. São artistas de primeira, e merecem sim. Mas, nem todo jogador de futebol é Romário. Os demais jogam também, têm famílias pra sustentar, e o espaço dá para todos. Mas, dizer que existe solidariedade entre eles, aí, são outros quinhentos.

A visão política, social e cultural do País, é privilégio de poucos cantadores. Isso é uma coisa, tirar lama do porão é outra. O cantador - José Rosa, mais ou menos 70, funcionário da Prefeitura de Aliança, promoveu vários encontros de cantadores de pequeno porte. Isso significa muito. A comunidade da região já possui uma visão prática de versos de improviso porque conhece os seus conterrâneos que lidam com as Sambadas, com a musicalidade ritmada, e cadenciada através de seus brincantes, mestres de maracatus.  É uma região rica, privilegiada.

Não é de graça, que artista do nível de Siba Veloso resolva residir por um bom tempo junto aos brincantes e mestres de maracatus, em Nazaré da Mata, com a responsabilidade de difundi-los para o mundo, como o fez. Não é de graça que um artista, poeta e compositor da magnitude de Jorge Mautner, venha lançar seus discos diretamente com os mestres e parceiros de maracatus, lá em Nazaré da Mata.

É uma pena que as autoridades no assunto, e do Estado, que têm a chave do poder, não oportunizem uma interligação entre essas culturas de regiões diferentes, embora que dentro do próprio Estado, para que eles se fortaleçam, e exportem esse riquíssimo acervo cultural de tamanha grandeza. Isso na Europa teria com certeza um tratamento bastante diferenciado.  O Pajeú é um local muito rico dentro desses princípios, todavia, está longe do poder, da mídia, das decisões. Então, por que não fundir essas duas culturas para o crescimento poético, cultural e turístico do Estado? 

O poeta Jaime (não tivemos mais noticias), nessas alturas com mais ou menos 70  anos de vida, resolveu deixar a cidade de Limoeiro, para residir e exercer a profissão de cantador  em Recife. A explicação dele é pertinente, e tem procedência, justo que um homem de idade avançada não pode mais ir, e vir com regularidade, seu lombo não mais permite esse esforço. Além do mais, a mixaria por ele captada nas praias, mal dava para pagar uma pensão plano C, porque subtraia o dinheirinho que ganhara com a viola em punho. É ou não sério, um cidadão dessa idade ainda cantando.

Uma característica dos cantadores de praia é sem dúvida, o “balaio” (cantar versos decorados). Inegável na medida em que eles vendem um falso produto, e prejudicam os que de fato improvisam. Então, a impressão que fica no ouvinte a respeito desses cantadores, é que eles na verdade, enchem o saco, com os seus pinicados de viola, no ouvido do cara, que nem pinicado é. Todavia, eles têm todo o direito de batalhar o seu rango. Continuo dizendo. Agora, tem cantador de viola no Estado,  fora do Pajeú, os da própria Mata Norte que se garantem na cantoria. Dispomos de vários nomes, não os citamos porque poderia deixar de lado alguém por esquecimento, e não é bom.

Aliás, poderemos citar um que contempla o nosso raciocínio, e também pela particularidade do caso. Trata-se de - José Galdino, acredito ser ele de Carpina.   É cantador e ao mesmo tempo “brincante”, mas a viola e o repente hoje, parecem ser sua opção de vida mais imediata. Como é necessário dizer que o cantador de viola tem lá seus balaios, e não importa a região, do famoso ao mais fraco. Principalmente quando lhes vem o cansaço, a falta de inspiração, a cantoria morgada, um mote ruim. Aí, é a hora de se empurrar um balaizinho, que “ninguém é de ferro”.



Fonte: Jornal da Besta Fubana

A poeira do Beco

Histórias e memórias do Beco da Poeira são reconstituídas em texto e imagem, no livro lançado, hoje, pela repórter do Diário do Nordeste, Mayara de Araújo

Histórias de vida: em livro de estreia, jornalista Mayara de Araújo reconstitui a acidentada trajetória do famoso Beco da Poeira, enquanto registra vivências e conflitos de seus personagens
É comum ouvir críticas ao Centro de Fortaleza e raríssimo encontrar quem não torça o nariz diante da iminente possibilidade de adentrar aquelas cento e poucas ruas estreitas, lotadas, desniveladas, quentes, sem falar no trânsito caótico, claro. Mas, esse cenário tão facilmente pintado com as cores do susto, faz lembrar o dizer dos antigos, que afirmavam: "Quer conhecer o mundo? Conheça o Centro da cidade onde você mora". Pode até ser que haja certo exagero na "tese", mas que no Centro de Fortaleza tem de um tudo, ah, isso tem.

Tem tanto, que a jornalista Mayara de Araújo, que lança hoje o livro "Histórias de Beco - Quando a poeira assenta, entrevemos rostos, punhos e corações", chega para colaborar, através da pesquisa acadêmica, com mais um capítulo emblemático da novela que vem se desenrolando, há pelo menos 20 anos, no Centro Comercial de Vendas Ambulantes: o popular, famoso e controvertido Beco da Poeira.

Reconstituição
A publicação, que será mostrada ao público logo mais às 19h, no Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará (Mauc - UFC), vem em formato de livro-reportagem. O trabalho foi o vencedor do Prêmio Expocom Regional e Nacional da Intercom de 2010, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. O "Histórias de Beco" também foi contemplado com o Edital Prêmio Literário de Autores Cearenses, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Além de trazer registrado o que deveria ter sido o derradeiro instante de uma das maiores feiras informais de Fortaleza, situada ali, entre a Praça José de Alencar e Praça da Lagoinha, utilizando linguagens da crônica, conto, jornalismo, fotografia e ilustração, o livro traz, ainda, esclarecedoras entrevistas, com dois dos principais atores envolvidos nessa trama: Michael Mesquita, Secretário Executivo da Associação Profissional do Comércio de Vendedores Ambulantes [Trabalhadores Autônomos] do Estado do Ceará (Aprovace), e Luiza Perdigão, Secretária Executiva da Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor).

"Durante quatro meses, percorri os 22 corredores do Beco, com a finalidade de reportar estrutura, rotina, lembranças e a negociação em torno da transferência dos permissionários para outra sede. O período histórico do livro vai de 1984 a 1991, ano em que o então prefeito Juraci Magalhães funda oficialmente o Beco da Poeira. Há 20 anos, eles já sabiam que o lugar, no futuro, receberia a Estação Lagoinha do Metrofor, o projeto do metrô de Fortaleza", diz a autora.

Tendo que concluir o livro, e com a mudança do Beco da Poeira para antiga tecelagem Thomaz Pompeu, na avenida Imperador, e/ou para o esqueleto da Tristão Gonçalves, em pleno andamento, a jornalista buscou compor a pesquisa indo a favor do tempo.

"Depois de 1991, a história do livro dá um salto para 2009, período em que foram feitas as crônicas. Juntamente com o professor Agostinho Gósson (do curso doe Jornalismo da UFC), orientador no projeto de conclusão de curso, criamos um personagem fictício, que é chamado na história de ´Camelô´. Ele passa por situações que estão registradas nos jornais, por exemplo, tem um dia que ele vai fazer o cadastramento, isso lá em 1987, para conseguir uma vaga no verão, e passa horas na fila, adoece. E os jornais na época registraram: ´O José de Alencar e adjacências estavam tomados por um odor bolorento e putrefato´. Dizem que o serviço de cadastramento estava lento, que eram mais de 500 pessoas esperando. O personagem Camelô está inserido nesse espaço", explica a jornalista.

Ilustrações
Quem for ao Museu de Artes da UFC logo mais à noite, além de participar do coquetel de lançamento, terá oportunidade de conhecer as 30 ilustrações publicadas no livro. As imagens foram feitas pela própria jornalista, em preto e branco, papel couchê, no tamanho A3 e trabalhadas em nanquim aguado, inspiradas na obra do artista cearense Descartes Gadelha.

"A intenção era experimentar diversos formatos, diversas linguagens. O lugar pedia tudo e foi importante vislumbrar aquele espaço com todas as minhas habilidades. Às vezes, a ilustração falou melhor que o texto. Há, também, as citações, falas de pessoas que estiveram no Beco da Poeira desde o começo. Uni as matérias de jornais, com a vida dessas pessoas. Essa semana fui ao Beco e procurei algumas que estão no livro, como dona Paulinha, dona Sula, dona Conceição, dona Gorete. As duas primeiras não estão mais lá, dona Conceição, já com 93 anos, faleceu, e a última, foi para o esqueleto da Tristão Gonçalves", conta.

Ainda sem soluções definitivas, Mayara de Araújo garante que foi uma experiência ímpar contribuir com o registro de um período da história do Centro da cidade de Fortaleza. História que, pelo andar da carruagem, ainda pode render muitas publicações.

"Hoje, a maioria das pessoas que foi para o novo Beco, diz que a estrutura é melhor, mas lamenta que as vendas pioraram. Tanto porque fecham mais cedo, ou dizem que os clientes não vão até lá, ou porque, agora, concorrem com o pessoal que ficou no Beco, que continua vendendo baratinho. Muita gente saiu, mas a Praça José de Alencar continua lotada. Aliás, também está lotado o esqueleto da Tristão Gonçalves, sem falar no entorno da Catedral, onde temos o ´Buraco da Gia´ e a rua José Avelino. Continua tudo como antes. Agora é esperar para ver quando, de fato, chegar o Metrofor", diz.

REPORTAGEM 
Histórias de Beco Mayara de AraújoEXPRESSÃO GRÁFICA, 2011, 184 PÁGINAS ,R$ 20Lançamento às 19h, no Museu de Artes da UFC (, Av. da Universidade, 2854).
Contato: (85) 8738.8656

NATERCIA ROCHA
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

História do Cordel

Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de cordel já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século XVI. Na Península a literatura de cordel recebeu os nomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou "volantes" (Portugal). Florescente, principalmente, na área que se estende da Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo mais profundo e criterioso de suas peculiaridades particulares.
O grande mestre de Pombal, Leandro Gomes de Barros, que nos emprestou régua e compasso para a produção da literatura de cordel, foi de extrema sinceridade quando afirmou na peleja de Riachão com o Diabo, escrita e editada em 1899:

"Esta peleja que fiz
não foi por mim inventada,
um velho daquela época
a tem ainda gravada
minhas aqui são as rimas
exceto elas, mais nada."
   
Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

Na indagação dos pesquisadores no entanto há lógica, porque os poetas de bancada ou de gabinete, como ficaram conhecidos os autores da literatura de cordel, demoraram a emergir do seio bom da terra natal. Mais tarde, por volta de 1750 é que apareceram os primeiros vates da literatura de cordel oral. Engatinhando e sem nome, depois de relativo longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de poesia popular.

Foram esses bardos do improviso os precursores da literatura de cordel escrita. Os registros são muito vagos, sem consistência confiável, de repentistas ou violeiros antes de Manoel Riachão ou Mergulhão, mas Leandro Gomes de Barros, nascido no dia 19 de novembro de 1865, teria escrito a peleja de Manoel Riachão com o Diabo, em fins do século passado.

Sua afirmação, na última estrofe desta peleja (ver em detalhe) é um rico documento, pois evidencia a não contemporaneidade do Riachão com o rei dos autores da literatura de cordel. Ele nos dá um amplo sentido de longa distância ao afirmar: "Um velho daquela época a tem ainda gravada".


A simplicidade da contagiante literatura de cordel


O Brasil possui uma riqueza cultural inestimável. Disso, ninguém duvida! No entanto, muitas culturas encontradas na imensidão territorial brasileira não são, originalmente, do nosso povo. A literatura de cordel é um dos interessantes exemplos. Vinda de Portugal, ela é bastante praticada na região nordeste do Brasil. De lá, surgiram os principais artistas nacionais.

A literatura de cordel é um poema popular cantado, inserido em folheto rústico e colocado em varal de corda para ser vendido. Porém, no nordeste brasileiro a cultura de pendurar os poemas em barbantes não é perdurou. Mas eles continuam sendo elaborados e comercializados. Alguns folhetos possuem até gravuras, ilustrados com xilogravura.

Os poemas possui um texto rimado e as estrofes mais frequentes são aquelas que apresentam 10, 8 ou 6 versos. Os cantores da literatura de cordel são conhecidos pelo nome de cordelistas. Eles recitam o texto com uma cadenciada melodia, acompanhados pelo som da viola. Alguns cordelistas as vezes se empolgam na cantoria para, assim, conquistar os possíveis compradores de literatura de cordel. Algum já te conquistou? Você já comprou algum poema em folheto? O que achou?



Fonte: Cultura Digital Kátia Rabelo

O Resgate da Literatura de Cordel

A arte literária é fundamental na cultura civilizada. Quando se fala em literatura vem logo à mente os “clássicos” e seus escritores que escrevem livros complexos, que muitas vezes ninguém praticamente consegue decifrar, tornando-os inacessíveis às populações menos escolarizadas. Entretanto, a literatura pode se manifestar de outras formas como, por exemplo, a literatura popular “aquela feita pelo povo”, a parte economicamente menos favorecida de todos os tempos, que muitas vezes não usa a escrita para representar a sua arte verbal. Sendo assim, ela pode ser chamada de literatura oral ou ainda de tradicional, pois suas histórias não são esquecidas, mas repassadas de boca em boca, de geração a geração.

Nesse contexto, se faz importante apresentar outra forma de expressão literária, que na verdade é a junção das três acima citadas: a Literatura de Cordel, uma espécie de poesia narrativa, popular que iniciou de forma oral na Península Ibérica, passando por vários países, inclusive Portugal e se implantou no Brasil. A Literatura de Cordel, desde sua origem até a atualidade, percorreu um longo caminho. Com muita luta conseguiu romper a lei do silêncio nas casas de fazendas e nas senzalas, com seus cantadores e violeiros, posteriormente impressos, chegou às cidades e comoveu a todos, inclusive a classe média, emocionou os apaixonados e despertou o interesse de pesquisadores estrangeiros para estudá-la. Essa é a mesma literatura que soube sobreviver, mesmo nos momentos mais trágicos vividos no país. Apesar das perdas soube superá-las e sorrir com os momentos de alegria e de emoção.

Este trabalho foi baseado em pesquisas bibliográficas, com leitura de renomados autores conhecedores sobre a Literatura de Cordel. Propõe-se a verificação analógica das teorias, bem como tecer comentários a cerca do assunto abordado.

Confira artigo completo:  O resgate da literatura de cordel. 
 

Ivonete Barros de Sousa
Professora da rede estadual de ensino do Piauí.Graduada em Letras/Português, especialista em Metodologia da Língua Portuguesa,graduanda de Letras/ Espanhol.


Abra a janela...

Abra a porta
Basta uma flexa pra entrar estrelas
Abra as mãos para segurar as minha
Abra esse sorriso cristalino
Que ilunina seu rosto e o meu
Abra o coração
Deixa o sonho acontecer
Abra a porta pra solidão sair
Pro sonho habitar outra vez
Abra os olhos
Para que a beleza possa se refletir dentro deles
Abra sua alma
Para o amor outra vez
Abra seus braços
Para abraçar a esperança
Abrace-me...
Eu ainda estou esperando
Aquele abraço que ficou no ar.

Tereza Maria,professora de Sociologia da E.E.F.M. Carminha Vasconcelos da cidade de Morrinhos-Ce

Fonte: Blog da Tereza Maria

quinta-feira, 7 de abril de 2011

História de um santo

"Frei Damião - o Missionário", do frade Francisco Lopes, reconstitui a trajetória do religioso italiano, transformado em santo popular pelos nordestinos

Frei Damião: religioso italiano, que arrebatou devotos por onde passou com suas missões, acabou por entrar no panteão popular, ao lado de Padre Cícero e Antônio Conselheiro
FOTO: MIGUEL PORTELA
Resultado da dissertação de mestrado do Frei Francisco Lopes de Sousa Neto, na Pontificia Universitas Lateranensis (Roma), o livro "Frei Damião - O Missionário" será lançado hoje à noite, na Livraria Cultura. A obra reconstitui a vida e a obra de evangelização do frade capuchinho, nascido na Itália em 1898, que veio para o Nordeste brasileiro na década de 1930 e foi venerado pelo povo.

Arrebatando devotos por onde passou, Frei Damião fez peregrinações pelas cidades nordestinas, disseminando suas "Santas Missões". Para muitos fieis, tratava-se de um santo, e atualmente encontra-se em processo de beatificação. Ao mesmo tempo, é visto como um grande comunicador, por conseguir arrastar multidões para ouvi-lo, aguçando a curiosidade da imprensa, tornando-se um mito e símbolo para seu povo.

Por isso, o religioso pareceu uma escolha natural ao Frei Francisco Lopes para sua dissertação, especialmente por conta da linha de pesquisa, Missão e Evangelização. " Quando se fala em missão, automaticamente nos vem a memória de Damião. Colocando seu nome no ´Google´, por exemplo, aparecem mais de 500 mil referências. Depois disso, não tive dúvidas. Ele foi uma figura muito viva nesse campo", ressalta Lopes.

Foram dois anos de pesquisa e produção para a dissertação. Para transformá-la em livro, Lopes precisou de mais um ano de trabalho. "Foi necessário enxugar o texto, suprimir alguns capítulos, torná-lo mais acessível e agradável ao leitor, além de traduzi-lo do italiano para o português", explica o autor. No começo da obra, o pesquisador faz um apanhado histórico do contexto religioso, cultural e político do Nordeste à época, por meio inclusive de figuras célebres como Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina e Padre Cícero.

Em seguida, o livro volta-se à vida e obra de Frei Damião. "Ele veio ao Brasil catequizar o povo, e aos poucos se destacou por esse viés. Tinha uma paciência infinita para escutar o povo", detalha Lopes.

Por conta disso, Frei Damião "saiu da sacristia, da Igreja, deixou de pertencer apenas ao universo religioso para perpetuar-se no imaginário da população", nas palavras de Lopes. "Tornou-se até uma figura caricata, muito difundido por meio da xilogravura, da pintura. Assim como Lampião ou Padre Cícero, as pessoas o veem e já o reconhecem", complementa o autor.

MAIS INFORMAÇÕES
 Lançamento do livro "Frei Damião - o Missionário". Hoje, às 19 horas, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010 - Aldeota). Contato: (85) 4008.0800

ADRIANA MARTINS
 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Cinema, literatura e direito

Em "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura", autores escrevem sobre pontos de contato entre o universo jurídico e a arte
Sob a palavra de ordem da interdisciplinaridade, oito autores escrevem sobre as relações entre o direito com os domínios artísticos da literatura e do cinema. O encontro deles se deu em uma disciplina conduzida pelo professor Regis Frota Araújo, no Mestrado em Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), e do grupo de trabalho "Direito, arte, literatura e interdisciplinaridade", coordenado pelo pesquisador. O resultado deste produtivo encontro foi a coletânea "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura". O livro será lançado hoje, às 19h30, no Centro Cultural Oboé.

Organizada por Régis Frota Araújo, a obra reúne artigos e ensaios que fazem um ziguezague entre áreas do conhecimento e da cultura, e entre tempos diferentes. Assim, cabem nas páginas do livro discussões sobre a representação da realidade brasileira no filme "Tropa de Elite" (de José Padilla), escrito por Danilo Ferraz e Daniel Maia, até a transposição da literatura para o cinema, enfocando o caso de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", em ensaio de assinado por Daniel Maia e Regis Frota. Ao lado de Laís Arrais, Frota ainda discute a intercessão entre as três áreas, a partir dos filmes/livros "A Sangue Frio" e "O sol é para todos".

MAIS INFORMAÇÕESLançamento do livro "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura", organizado por Régis Frota Araújo. Às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531 - Aldeota). Contato: (85) 3264.7038

Turismo e cultura em feira

O Município de Barbalha é o único no CE beneficiado em projeto do Pnud e poderá sediar feira de projetos sociais

Centro histórico de Barbalha é um dos fortes atrativos do turismo, setor que poderá ser destaque na feira
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Barbalha Uma feira envolvendo o potencial turístico, a cultura e o conhecimento poderá acontecer até o segundo semestre neste Município, escolhido em 2009 pelo Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud). Além de Barbalha, fazem parte desse programa, no Brasil, as cidades de Jaguarão (RS), Marliéria (MG) e Abaetetuba (PA), incluídas no Projeto de Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local. A ideia é criar uma feira que reúna os projetos exitosos de outros Estados e até de outros países para servirem de exemplo e serem adequados à realidade local.

Desde que foi iniciado, várias etapas do trabalho já foram desenvolvidas, desde a fase de diagnóstico, avaliações de capacidades nos setores privado, público e não governamental, os projetos em desenvolvimento na cidade em todos os setores e, ainda, avaliações nas próprias comunidades. O compartilhamento das informações técnicas e a visão das comunidades, com prioridades de desenvolvimento, fizeram com que fossem apresentados os potenciais a serem desenvolvidos.

Segundo o coordenador local do PNUD, em Barbalha, Antônio de Luna, desde o lançamento do projeto várias ações já foram desenvolvidas. O projeto tem um apoio financeiro de R$ 1,8 milhão, para todos os Municípios. Do Ceará, apenas a cidade de Barbalha foi escolhida e está inserida nas cidades-polo de desenvolvimento. Mas ainda não há uma definição de quanto cada cidade irá ter de aporte para as atividades locais.

"Na verdade, ainda não foi definido o foco principal a ser explorado na feira, mas o nosso potencial mesmo está voltado para o turismo e a cultura", diz Luna ao enfatizar os eixos que também foram apontados pela população. E um dos principais problemas em relação a esse potencial é a ausência de publicidade e esse ponto também foi compartilhado.

Novos espaços
Ele afirma que a feira será de alto nível, e envolverá os outros Municípios escolhidos pelo Pnud. Um dos objetivos é mostrar a cidade de Barbalha como foco de investimento, promovendo a abertura de novos espaços. "É uma oportunidade de mostrarmos a cultura local, com os grupos de tradição popular e também o turismo, com a arquitetura antiga da cidade", diz ele.

O Município de Barbalha está inserido no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas do País. Esse fator foi incluído como um ponto de relevância a ser desenvolvido. A proposta de trabalho é proporcionar condições para que as comunidades possam se desenvolver.

Segundo a representante do Pnud e coordenadora do programa, Ieva Larazeviciute, que esteve na Secretaria das Cidades no início de abril, ainda não está definido quanto será aplicado em cada cidade.

Atração turística
Além de gestores públicos e estudantes, a feira também poderá atrair turistas e investidores do Ceará e de Estados vizinhos. A programação da feira e o perfil do evento serão discutidos por um grupo de trabalho formado pela Secretaria das Cidades. Segundo Liliana Oliveira, técnica da Secretaria, Barbalha já é beneficiada por um projeto voltado para o turismo e o desenvolvimento humano. O Pnud atua no Brasil em parceria com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Oportunidade
Todos os levantamentos realizados na cidade, desde 2009, de acordo com Antônio Luna, estão sendo importantes até para a atualização do Plano Diretor da cidade. Cerca de 60% está pronto. Barbalha terá o projeto piloto de realização da feira, que também envolverá as universidades, e Luna afirma que esta poderá ser uma grande oportunidade de novos investimentos favorecerem a cidade de Barbalha.

FIQUE POR DENTROAtividades
O projeto de Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local, do PNUD, que contempla, no Brasil, as cidades de Abaetetuba (PA), Jaguarão (RS) Marliéria (MG) e Barbalha (CE), começou a ser desenvolvido em 2009. Contempla mobilização, diagnóstico de capacidades e necessidades, planejamento e implementação de ações. O dinheiro será usado para capacitar funcionários das prefeituras, do setor privado e do terceiro setor a elaborar e por em prática políticas e projetos inclusivos e sustentáveis na cidade.


MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura
Rua Princesa Isabel, 42 - Centro, Município de Barbalha (CE)
Telefone: (88) 2101.1919

Elizângela Santos

Fonte: Diário do Nordeste
 Repórter

Panorama pessoal

A partir de hoje, o Espaço Cultural Correios exibe uma exposição com obras produzidas pelo artista plástico Vando Figueirêdo nos últimos 10 anos


Comemorando 23 anos de carreira, o artista plástico cearense Vando Figueirêdo abre, hoje, a partir das 19 horas, no Espaço Cultural Correios, no Centro, a exposição "Panorâmica". Serão, ao todo, cerca de 30 trabalhos que representam um apanhado da produção do artista nos últimos 10 anos. "Panorâmica" abre para visitação amanhã e permanece em cartaz até o dia 21 de maio.

Para representar este panorama, o curador Dante Diniz selecionou os trabalhos de pintura sobre telas e pinturas sobre papel em séries. Já as gravuras foram escolhidos por técnica.

Entre as pinturas sobre tela, estarão expostos exemplares das séries "Urbanas" (em que o artista aborda motivos extraídos do cotidiano e temas histórico, sociais e culturais captados através de pesquisas diversas); "Rupestre" (na qual a fonte inspiradora são as pinturas rupestres existentes em vários sítios do planeta, inclusive o da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí); "Esboços e citações" (cujas telas dessa têm como foco os grandes mestres da pintura); "A costela" (aqui Vando trabalha com o emprego acentuado de colagens); e "Diamantes" (que concentra as obras mais recentes produzidas pelo artista, que tem como diferencial a não utilização de tintas, pois as obras são criadas através de colagens com recortes manuais de revistas).


Já entre as pinturas sobre papel, Dante Diniz selecionou obras das séries "Recortes de Portugal" (trabalhos realizados em aquarela, com motivos de paisagens vistas por Vando em suas viagens por terras lusitanas) e "Natalinas" (produzidas em aquarela sobre papel com temas variados, o artista justifica o título uma vez que essa produção deu-se durante o mês de dezembro de 2010). A mostra inclui, ainda, gravuras com temáticas rupestres, apresentadas por meio de técnicas como xilogravura e gravura em metal, além de serigrafia.

Vando afirma que a seleção dos trabalhos foi difícil, tendo em vista sua intensa produção. "Sou muito disciplinado e mantenho uma média 300 obras por ano. E olha que venho diminuindo o ritmo por conta das viagens", diz. Em julho do ano passado, ele participou de um workshop na Dinamarca. Para julho deste ano, estão previstas exposições na Itália e Portugal. "Tenho rodado o mundo divulgando minha arte".

FIQUE POR DENTRO
 Vando Figueirêdo
O artista nasceu em Fortaleza, em 1952, e iniciou sua carreira, em 1988, na 8ª Unifor Plástica, classificando, na época, 5 obras. É diplomado em desenho e pintura, através de curso ministrado pelo mestre Raul de La Nuez, licenciado pelo Instituto Superior de Arte de Havana-Cuba. Desenhista, pintor, gravurista e escultor, professor de artes, já lecionou em instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC) e Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. A carreira de Vando abrange mais de uma centena de exposições, no Brasil e Exterior. Algumas de suas obras fazem parte dos acervos de vários museus.

MAIS INFORMAÇÕES
 Panorâmica - Exposição individual de Vando Figueirêdo, no Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38, Centro). Visitação de 8/4 a 21/5, de segunda a sexta, de 8h às 17h, e, aos sábados, de 8h às 12h.
Contato: (85) 3255.7260

FILIPE PALÁCIO 
REDATOR

Fonte: Diário do Nordeste

Nordeste é abraçado em livro pelo poeta Pedro Sampaio

Por Eduardo Galdino
Especial para O Estado

Circunavegar pelo mundo da cultura popular é um dos maiores ofícios do poeta, radialista e repórter cearense Pedro Sampaio, que, recentemente, lançou um livro com 298 páginas, no Centro Educacional Evandro Ayres de Moura, no Conjunto Ceará, em Fortaleza. Obra esta, que reúne poesias reflexivas e comemorativas que retratam as datas temáticas do ano, além de poemas regionalistas desenvolvidos a partir de “motes” criados por ele e sugeridos por amigos que comungam da mesma verve literária.

Foto: Divulgação
Pelo título “Minha Nordestinidade Abraçando a Poesia” percebe-se que o autor versa sobre o sertão e as intempéries enfrentadas pelos sertanejos. É através de sonetos embutidos na dileta obra, que Pedro Sampaio exprime o sentimento (inquestionável) que tem pela sua família e, o incentivo e contribuição que lhe oferecem, no desenrolar de seus variados projetos de vida.

Parece que Pedro Sampaio se inspirou no saudoso poeta José Alcides Pinto que definiu no livro “O Ceará Sempre Escutará”, de Almir Gomes de Castro, que a poesia é um teste de sensibilidade e vocação artística. Esse exercício faz parte do dia-a-dia do referido poeta, que por meio de sua câmera digital, busca captar o que há de mais belo na Terra da Luz e nos municípios do Nordeste que costuma visitar, quando o tempo lhe permite.

Não só o sertanejo é um forte, como dizia o fluminense Euclides da Cunha. Pedro Sampaio também! Seu dom e talento congênitos nos levam a mergulhar cada vez mais, no cenário de rimas e versos livres que consubstanciam temas sociais, políticos e religiosos, bem como, o amor ao Conjunto Ceará, Fortaleza e sua admiração pelo Nordeste, região brasileira que dispensa comentários.

Os sentimentos expostos nos poemas de Pedro Sampaio incentivam-nos a fazer um passeio pelo imenso arquivo dos poetas Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. Que o diga o também poeta e trovador cearense Orlando Queiroz, um dos adidos culturais da terra de Iracema, que assina o texto de apresentação de “Minha Nordestinidade Abraçando a Poesia”.

Pedro Sampaio é um bardo que tem arte e habilidade no fazer poético. Os seus contos registram a oralidade do povo do sertão, que passa de geração em geração, através dos grandes contadores de histórias. O traço do autor reflete a manifestação e o pensamento do sertanejo – ninguém melhor para afirmar, do que o poeta de Quixadá, Arievaldo Viana, considerado hoje, um dos maiores cordelistas da nova geração.

Está certo o escritor e padre Tula quando diz em apreciação ao livro, que o poeta é aquele que sabe tomar para si toda a beleza do criador e da criatura. Pedro Sampaio é, na verdade, isso, e muito mais... É um Gonzagueando, ou seja, conhecedor, pesquisador e seguidor da bibliografia do famoso e inesquecível Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Agora, pode-se afirmar: leitores respeitem Pedro Sampaio, fazendo, claro, alusão, a letra “Respeita Januário” que o seu Luiz, Lua Gonzaga fez em parceria com o exímio e memorável compositor Humberto Teixeira.

Fonte: O Estado



Fonte Vídeo: Blog Jones Cavalcante

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Valorização da Literatura Cearense: uma questão de identidade.

Durante as aulas de Tópicos de literatura cearense surgiram vários questionamentos sobre a valorização dessa literatura nas escolas. Entre os questionamentos estavam: o que pode ser feito, na prática, para o fortalecimento do ensino e da aprendizagem da literatura cearense? Como despertar o entusiasmo pelo conhecimento e valorização de nossos escritores? Como descobrir os escritores de nossas comunidades?
 
Por mais impressionante que pareça a maioria dos cearenses não conhece a maioria dos escritores conterrâneos, isso se deve à desvalorização dos nossos autores, através da nossa formação escolar e falta de divulgação das obras, o que é ainda muito pequena.
 
A inclusão da disciplina de literatura cearense no currículo escolar é o principal instrumento para o fortalecimento da sua aprendizagem. Desta forma, os alunos conhecem os movimentos literários, os seus representantes, concomitante às suas obras.
 
O estudo da literatura nas escolas está focado nas literaturas portuguesa e brasileira, e os escritores cearenses mais mencionados são José de Alencar e Rachel de Queiroz. Mas, o estudo sobre os escritores cearenses ainda é muito pequeno.
 
Os movimentos literários cearenses, sequer são citados nas escolas. Como os alunos podem ter curiosidade sobre algo que não conhecem? A solução está na recuperação da história literária cearense, dos seus escritores, a maioria desconhecida pelos estudantes.
 
Devemos valorizá-los incluindo suas obras na sala de aula, debatendo sobre a sua escrita, ideologia, o momento histórico–social em que foram escritas. Após esse resgate inicial, outro ponto a ser observado é a identificação dos alunos com as obras utilizadas em sala de aula. A aprendizagem fica mais fácil quando reconhecemos os locais onde a história desenrola-se como ruas, praças, bairros. Ou personagens conhecidos do município, como padres, políticos etc.
 
Escritores do próprio município, ou da região são mais apropriados para que haja empatia maior dos alunos com a literatura cearense. Dessa maneira, a literatura funciona não apenas como mais uma disciplina do currículo, mas, como difusora e fortalecedora da cultura local.
 
Para que esta mudança aconteça é preciso unir os escritores existentes no município e região e utilizar suas obras nas aulas. A escola faria o resgate de obras já publicadas, e incentivaria os alunos a também produzirem textos. Essas ações contribuirão para que a literatura cearense tenha mais leitores e divulgadores e seja valorizada pelos próprios cearenses.
 
Rita de Cássia Santos e Silva-aluna do Curso de Letras da UVA.

Fonte: Correio da Semana

O passado revivido

Uma parceria entre Museu do Ceará e a família do historiador Ismael Pordeus (1912 - 1964) promove hoje o lançamento de livro que reúne textos do intelectual cearense a respeito de Antônio Conselheiro e de Quixeramobim


Na década de 50, os escritos do historiador Ismael Pordeus, natural de Quixeramobim, ganhavam as páginas dos jornais. Assim como muitos de sua época, era por meio dos periódicos que o intelectual publicava suas descobertas em arquivos, fazia críticas e promovia debates que, posteriormente, também se tornaram históricos, como as compartilhados com Raimundo Girão.

Por legado, o pesquisador deixou a valorização dos documentos de arquivos, o cuidado e o rigor das pesquisas em "alfarrábios e cartapácios", como frisa a socióloga Ana Maria Roland. A fim de preservar artigos publicados no extinto jornal O Nordeste, e divulgar um outro, ainda inédito, o Museu do Ceará e a família de Pordeus lançam hoje o coletânea "Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim".

Obra
O livro é o 65º volume da Coleção Outras Histórias, publicada pelo Museu do Ceará. Possui prefácio de Ana Maria Roland e apresentação de Cristina Rodrigues Holanda, atual diretora da instituição.

Versando sobre os temas que mais instigaram as pesquisas do historiador, a obra contém três séries documentais: "A verdadeira idade de Antônio Conselheiro", obra inédita, de data indefinida, em que Pordeus comprova o engano na estipulação da idade do beato, por meio de documentos cartoriais de Quixeramobim; "Antônio Conselheiro não é matricida" (1949), que também refutava teorias a respeito da vida de do líder de Canudos por meio de arquivos dos cartórios da região; e "Antônio Dias Ferreira e a matriz de Quixeramobim" (1955), que parte de uma documentação pesquisada em função do bicentenário da paróquia.

"A ideia foi dar publicidade aos documentos que temos em nossa reserva técnica e que não temos em exposição", ressalta a diretora do Museu, Cristina Holanda. Para a produção deste livro, lançado por meio do edital Prêmio Literário para Autores Cearenses, da Secretaria de Cultura do Ceará, o Museu digitou a compilação de artigos recebida da família do historiador, já organizada em ordem cronológica. Foram cerca de quatro meses de produção, entre digitação dos documentos e edição da obra.

Para Cristina Holanda, a oportunidade de ainda possuir em artigos de jornal o pensamento de estudiosos como Ismael Pordeus é de suma importância para a pesquisa local. "O jornal é uma fonte importantíssima para a pesquisa histórica. Por meio dele, muitos temas podem ser suscitados, desde aqueles que já consideramos históricos, até os do cotidiano, que acabam se tornando possíveis objetos de pesquisa", observa Cristina.

O acervo do historiador foi doado à instituição pela família ainda na gestão de Régis Lopes, professor do curso de História da UFC. Segundo ele, Pordeus se destacou em seu tempo por não reproduzir estudos de terceiros, mas buscar nos documentos históricos a comprovação de suas hipóteses.

"Ele foi um pesquisador que valorizou o papel dos arquivos. Ele mostra isso muito bem no seu livro ´À margem de dona Guidinha do Poço´, no qual comprova que o romance de Manuel Oliveira Paiva fora baseado em num fato que realmente existiu, o caso de Marica Lessa, no século XIX", comenta.

Para Lópes, a valorização da produção local e das documentações são também o objetivo das publicações que compõem a Coleção Outras Histórias. "Continuar publicando esses documentos é até uma forma de motivar novas pesquisas. A produção intelectual do Ceará é muito grande e muitas vezes as pessoas não valorizam isso", defende. Em sua opinião, os periódicos produzidos pelo Instituto Histórico do Ceará, do qual Pordeus foi diretor, são os melhores do País, excetuando a revista do Instituto Nacional, que responde por todos os outros.

Autor
Ismael de Andrade Pordeus nasceu em Quixeramobim, em 1912. Tornou-se colaborador do jornal "O Nordeste", em meados dos anos 40, no qual publicou artigos de cunho histórico e abordou questões relativas a Antônio Conselheiro.

Foi Secretário Municipal de Educação de Fortaleza, na gestão Cordeiro Neto, entre 1959 e 1962. Tornou-se membro e, posteriormente, diretor do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, pelo qual se voltou a uma busca incessante por documentos em arquivos públicos do Brasil e do exterior.

Participou ativamente da polêmica sobre a fundação de Fortaleza, na qual contrapunham a teorias partidária de Martins Soares Moreno e de Matias Beck. Pordeus uniu-se aos apoiadores de Soares Moreno, digladiando-se com outro importante intelectual, Raimundo Girão Barroso, partidário de Matias Beck.

Sobre tal querela, registrada em diversos artigos de jornal, o professor João Hernani Furtado, da Universidade Federal do Ceará, escreveu o livro "Soares Moreno e Matias Beck. Inventário de uma polêmica nos escritos de Ismael Pordeus", publicado também pela Coleção Outras Histórias, em 2002.

História Cearense

Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim Ismael Pordeus
Museu do Ceará/ Expressão , 2011, 191 páginas, R$ 10
O lançamento acontece hoje, às 17h30, no Museu do Ceará (R. São Paulo, 51).
Contatos: (85) 3101.2610

MAYARA DE ARAÚJO

 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Macho apaixonado

O jornalista e escritor cearense Xico Sá retorna a Fortaleza para lançar seu mais novo livro. Na agenda dele, literatura, mulheres e futebol

O jornalista e escritor Xico Sá, um dos expoentes da crônica no País: abordagem bem-humorada e despojada da relação entre homens e mulheres
Por conta de amigos e familiares, Fortaleza entra no calendário de viagens todo ano. Mas profissionalmente, a última visita foi em 2006, quando lançou aqui o livro "Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias". Para tirar o atraso, o jornalista e escritor Xico Sá retorna à capital cearense para três eventos seguidos - sendo um deles o lançamento de seu novo livro, "Chabadabadá - aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha", amanhã, na livraria Saraiva.

A maratona inclui ainda o encontro "Orgias Literárias", no Boteco do Arlindo, e um bate-papo sobre futebol no Buoni Amici´s, respectivamente, hoje e quinta-feira. A programação inaugura o projeto Mundo Livro - Literatura ao Alcance de Todos, que pretende expandir e estimular esse tipo de evento, visando oportunizar o acesso do livro a novos leitores e consolidar a leitura como bem cultural entre os que já costumam manter esse hábito.

Nascido no Crato (região do Cariri cearense), Xico Sá iniciou sua trajetória profissional em Recife e, atualmente, mora em São Paulo. Participa dos programas de televisão Cartão Verde (TV Cultura, sobre futebol) e Notícias MTV. Mas é no blog da Folha.com que dá vazão à parte do trabalho pelo qual é mais conhecido: as crônicas sobre o universo das relações amorosas, dos machos "frouxos" e das fêmeas "modernas".

"Comecei a coluna de crônicas em 1995, na Revista da Folha", recorda Xico. A carreira como "consultor sentimental", no entanto, teve início bem antes, ainda no Ceará. "No comecinho dos anos 80 participava de um programa de rádio em Juazeiro, chamado Temas de Amor. Eu colaborava respondendo às cartas de ouvintes aflitas com aconselhamentos em forma de poema", lembra.

A experiência continuou em Recife. "Lá, como estudante, fazia esses serviços de poemas de amor, de declaração por encomenda", revela Xico.

Mais à frente, a partir das crônicas sobre o assunto, nasceu o livro "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea", um dos mais conhecidos de sua bibliografia. Nele o autor reúne textos bem-humorados sobre o comportamento masculino.

Agora, em "Chabadabadá" (referência à trilha sonora do filme "Um Homem, Uma Mulher", do diretor Claude Lelouch), Xico continua a explorar o infindável universo de dramas e histórias das relações amorosas - dessa vez, porém, mais focado no homem "perdido" frente à "modernidade" da fêmea. A obra reúne crônicas inéditas e publicadas em vários veículos para os quais Xico colaborou ao longo da carreira, e tem ilustrações mais que apropriadas de Benício, autor dos principais cartazes da pornochanchada brasileira, nos anos 70 e 80.

"Quando tem amor no meio todo mundo fica um pouco desorientado. Mas os homens estão mais medrosos, com receio de relacionamentos mais longos, de criar vínculos", critica o escritor. "Defendo muito a passionalidade. Vá com tudo, devote-se à mulher".

Querido
Tal raciocínio rendeu um bem-querer considerável do jornalista por parte do público feminino. "Tenho muitas amigas que me procuram quando estão com problemas no casamento, no namoro. Perguntam-me o que acho sobre essa ou aquela atitude do homem. Isso serve de material para as crônicas, tanto que são mais mulheres que compram o livro", observa Xico.

Além dos desabafos das amigas, o repertório do autor vem de um apurado olhar de cronista. "Hoje tiro inspiração da noite, da boemia, de garçons, de barracos de casais que vejo", confessa Xico.

Tanto que todos os textos de "Chabadabadá" são baseados em fatos ou personagens reais. "Ponho algum exagero, claro, para tornar o resultado mais literário. Mas sempre há gente por trás, pessoas de carne e osso que sofrem", ressalta. A abordagem bem-humorada e despojada de Xico encontrou na crônica o formato perfeito. "É um gênero rápido, comunicativo, embora considerada prima pobre da literatura. Quando todos achavam que a crônica estava morta, ela ressurgiu com força nos blogs", destaca o jornalista. Sobre a passagem por Fortaleza, Xico diz-se animado. "Não dá pra ficar esperando a contabilidade das livrarias. Aprecio o contato com o leitor, e isso faz parte da luta para viver de literatura e fazer com que ela tenha mais valor".

Com um bate-papo sobre relacionamentos, outro sobre futebol e a sessão de autógrafos, fica a dúvida: afinal, qual a grande paixão do cronista, o esporte, a literatura ou a mulher? "Ainda prefiro infinitamente o mundo dos relacionamentos. Já me juntei cinco vezes, em histórias que tiveram coisas boas e ruins. Hoje estou solteiro, mas doido pelo ´hexacampeonato´. Sou boêmio, mas prefiro o xodó".

MAIS INFORMAÇÕES
Orgias Literárias, com Xico Sá. Hoje, às 20 horas, no Boteco do Arlindo (R. Carlos Gomes, 83, Bairro de Fátima). Contato: (85) 3021.4982. Lançamento do livro "Chabadabadá" e sessão de autógrafos com o autor. Amanhã, na Saraiva Megastore Shopping Iguatemi. Contato: (85) 3241.1986.
Bate-papo com Xico Sá sobre futebol. Dia 08/04, no Buoni Amici´s (R. Dragão do Mar, 80, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).
Contato: (85) 3219.5454

ADRIANA MARTINS 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 5 de abril de 2011

Explosão de cores

Vermelho, verde, amarelo e azul dominam os trabalhos do artista plástico Alexandre Chaves, que abre, hoje, no Rio de Janeiro, a mostra individual "Pura Cor"


Com apenas 18 anos, o artista plástico cearense Alexandre Chaves desponta como um dos principais nomes do campo, na cena local. Para o talento do rapaz, contudo, parece não existirem fronteiras. Depois de algumas exposições em Fortaleza (a mais recente realizada em agosto do ano passado), Alexandre, que também já mostrou seu talento em Londres, em 2008, abre, hoje, a exposição individual de pinturas intitulada "Pura Cor", na galeria VG Arte, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana, Rio de Janeiro. Permanece em cartaz até o próximo dia 30.

É a primeira vez que o local, já famoso pela dedicação a arte contemporânea e pela atuação no cenário cultural realizando curadoria de exposições institucionais em museus e fundações, abre espaço para o mercado de novos talentos. A ideia é selecionar um ou dois artistas a cada ano. Os trabalhos de Alexandre, desenvolvidos em acrílico sobre tela, foram criados especificamente para a ocasião e são unidos por um único elemento: a cor. O vermelho, azul, amarelo e verde, sempre em tons fortes, são quase uma marca registrada do artista.

Mesmo com pouco tempo de carreira, Alexandre já conta com o apoio de alguns "fãs" ilustres. No catálogo onde apresenta alguns de seus trabalhos, textos assinados pelo cantor, compositor e arquiteto Fausto Nilo, pelo produtor cultural Francisco Lara e pelo artista plástico e experiente curador, Roberto Galvão, que organizou sua primeira mostra. Até mesmo quando utiliza traços e materiais típicos do mundo infantil, como giz e cartolina, Alexandre transmite uma maturidade artística que não costuma ser vista em diversos artistas com muito mais tempo de carreira.

Alexandre foi descoberto por Galvão, em 2007, após ser apresentado pelo saudoso poeta Augusto Pontes. "Pedia Augusto, o primeiro a perceber o talento incomum de Alexandre, que eu olhasse as suas pinturas e procurasse orientá-lo nos caminhos que deveria percorrer na busca por construir uma trajetória consequente. Alexandre me apresentou algo em torno de uma centena de desenhos coloridos realizados em pastel de cera. Eram desenhos pessoais, sem influências diretas, intuitivos, com um nível de expressividade que me fizeram compreender que ele não devia ter orientação alguma", escreveu Galvão.

Em seu texto, Fausto Nilo descreve o que sentiu quando viu os trabalhos de Alexandre em sua primeira exposição. "Tive um impacto surpreendente e diria mesmo que uma surpresa desorientadora. Diante de meus olhos vi uma generosa coleção de texturas, cores atrevidas, signos inusitados em meio a representações iconográficas de personagens misteriosos e provocadores", revelou.

MAIS INFORMAÇÕESPura cor - Exposição individual do artista plástico Alexandre Chaves, na galeria VG Arte (Avenida Atlântica, 4240, loja SSL 131, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana). Contato: (21) 2521.5247

Museu do Ceará


O Museu do Ceará foi a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932. Foi aberto aficialmente, ao público em 1933, com a denominação de Museu Histórico do Ceará.
 
Inicialmente foi concebido como uma das dependências do Arquivo Público. Sua principal missão é promover a reflexão crítica sobre a História do Ceará por meio de programas integrados de pesquisas museológicas, exposições, cursos, publicações e práticas pedagógicas.

Fonte: Josilene Fernandes-Café História

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Descartes, o colhedor de almas

Um dos mais completos artistas plásticos contemporâneos, Descartes Gadelha, está às voltas com o lançamento do livro infantil "Lenda Estrela Brilhante". Simples e despretensiosa como seu autor, a publicação, premiada no Edital Pontinhos de Cultura da SecultFor, e realizada pela Associação Cultural Solidariedade e Arte (Solar), deu a deixa para o Caderno 3 fazer uma visita ao artista que, há mais de 10 anos, luta bravamente para conviver com o câncer

Foi em uma manhã chuvosa, que o escultor, pintor, escritor, desenhista, músico e nautimodelista, Descartes Gadelha, abriu as portas de seu casarão, que fica ali nas proximidades do Benfica, para receber o Caderno 3.

O Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) possui grande parte do acervo de Descartes Gadelha
O mote da conversa foi o lançamento de mais um livro infantil, "Lenda Estrela Brilhante", que narra um pouco da infância desse artista cearense que vem escrevendo o lado feliz da história carnavalesca de Fortaleza.

Judiado por diversos cânceres que não cansam de tirar seu sossego, e que estão impedindo Descartes de exercer uma de suas mais notáveis vocações, a pintura, o artista não se deixa abater.

"Hoje, o mais brincante do Maracatu Solar sou eu. E se o câncer permitisse, eu desfilava em todos os Maracatus. O diabo é que o câncer é danado, mas eu chacoalho ele também. Porque o câncer quer agrado, quer que a gente sofra. Como eu não ligo, e como a brincadeira que está dentro de mim é intensa, a doença, coitada, fica desmoralizada", diz o artista, transbordando de bom humor.

Tela pintada no lixão do Jangurussu, na década de 80
Ao lado da esposa Verônica, dos filhos, Isabel e Leonardo, e dos netos, o filho mais velho das nove crias de seu Diderot e dona Geórgia, nascido e criado no Centro de Fortaleza, aos 67 anos, luta bravamente a favor do tempo. Hoje, a maior parte de sua vida é dedicada às réplicas de barcos à vela, que se espraiam por diversos cômodos da casa.

Nessa entrevista, Descartes partilhou experiências peculiares, dentre elas, o período em que morou no lixão do Jangurussu, no início dos anos 80, das longas e variadas épocas que passou em cabarés, e compartilhou a espiritualidade que vem entrelaçada à longa trajetória de fazeres e saberes que emanam de sua arte.

"Somos responsáveis por aquilo que conquistamos, bem ou mal. Já que não tenho capacidade de amar e fazer o bem, quero fazer o menos mal possível. Minha vida tem sido assim. Entendo que o egoísmo é a manifestação mais poderosa da falta de amor. O amor é tão humilde, tão grandioso, que você não percebe que ele está sendo processado. O egoísmo, ao contrário do amor, é pomposo, poderoso. E não tem como as pessoas escaparem da cobrança desse desequilíbrio", diz o Griô.

"Mas Deus é tão bom, a natureza é tão pródiga, que entende as pessoas que não atingiram a compreensão da vida, seu significado. Nós, como todos os seres vivos, nascemos para amar. Hoje, é só nisso que eu acredito". Saravá, Descartes!

NATERCIA ROCHA
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

domingo, 3 de abril de 2011

Pedra 90


Foi um grande siribolo
A festa do Velho Zeca
Home levado da breca
Noventa ano nos côro
A festa foi um estouro
Presente de Aniversário
Convidamo seu Vigário
Pra trazer o sacramento
Muito cedo o movimento
Já batia no portão
O povo da região
Se espalhava no terreiro
Parecia formigueiro
De tanta gente que tinha
O Prefeito também vinha
Mandou a primeira dama
O Velho saiu da cama
Nos braços da filharada
Foi um dia de zuada
Pro Velho Zeca Muniz
O Padre mesmo quem quis
Fazer a missa pequena
Por conta do enfisema
Que maltrata seu pulmão
Subtraído o sermão
Já quase no fim da missa
Seu Zeca já com preguiça
De tanto beijo e abraço
Aparentando cansaço
Se escorava na bengala
Após um monte de fala
Dos filhos e convidados
Seu Zeca mesmo sentado
Fez um discurso de paz
Noventa já é demais
Sorrindo balbuciou
A festa continuou
Com almoço de carneiro
Fazer noventa janeiro
Merece mais do que festa
À noite teve seresta
Para homenageá-lo
Até ao cantar do galo
A barafunda se deu
Velho Zeca adormeceu
Cheio de contentamento
Todo acontecimento
Foi feito pela Salete
Rosa, Maria e Gorete
Zéairto e Zéoreste
Um ribuliço da peste,
Festa danada de boa!!!

Orestes Albuquerque

Fonte: Blog Cavalo de Talo

Artesã do Crato transforma histórias reais em bonecos

Cada boneco confeccionado por dona Raimunda Maria Dantas, a Mundinha, restaura uma história de criança

Mesmo sem nenhuma divulgação de seu trabalho, os bonecos de dona Mundinha já circulam em São Paulo como autênticos representantes do artesanato regional
Crato. "A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida". Ancorada, inconscientemente nesta filosofia, a dona de casa Raimunda Maria Dantas, conhecida como "Mundinha", está dando um exemplo de superação para aqueles que têm mais de 70 anos de idade. Está transformando em bonecos as histórias que ouviu contar quando era menina no terreiro de sua casa no Sítio Serra Verde.

Personagens como Padre Cícero, Lampião, Maria Bonita, beato José Lourenço, dentre outros que fizeram parte de sua vida são revividos na arte de fazer bonecos. Além de relembrar o passado, dona Mundinha utiliza a arte como uma forma de se comunicar com o mundo exterior. Uma pintura, por exemplo, pode valer mais do que mil palavras, pois a linguagem sutil da alma costuma se expressar com mais clareza por meio dos mínimos detalhes de um trabalho artesanal. E assim, a artesã vai costurando suas ideias e alinhavando seus pensamentos.

História de Criança
Cada boneco restaura uma história de criança, diz dona Mundinha, lembrando que a confecção do beato Zé Lourenço foi inspirada numa conversa familiar. Seu pai contava que um dia descobriu o beato, acompanhado de nove mulheres, dentro do mato, talvez fugindo da Polícia. Ao ser descoberto, o beato se largou de mata a dentro, deixando a comida que estava sendo preparada para o almoço. A imagem ficou gravada na mente dela que, hoje, a reproduz em forma de bonecos. E assim ocorre com outros personagens da história regional que povoaram a imaginação dos sertanejos.

Autênticos
Ao contrário das bonequeiras do pé de manga, que se reúnem debaixo de uma árvore para confeccionar suas bonecas, dona Mundinha realiza um trabalho solitário. Mesmo sem nenhuma divulgação, os seus bonecos já circulam em São Paulo como autênticos representantes do artesanato regional.

Por trás dos bonecos, existe uma história triste de dor e sofrimento. A morte de uma filha querida levou dona Mundinha ao reencontro com a arte que foi sufocada pelos afazeres do dia a dia de uma dona de casa. "Era uma formar de matar a saudade". Nos braços dos bonecos, surgiram outras conquistas. Apreendeu a ler e escrever com mais de 60 anos de idade. Concluiu o Ensino Médio. Agora, aos 73 anos, está sendo incentivada pelas filhas a fazer uma faculdade.

MAIS INFORMAÇÕES
Mundinha Dantas
Rua Derval Peixoto, 200
Município do Crato
Telefone: (88) 3521.2838

Fonte: Diário do Nordeste

Cordelista pretende repassar sua coleção

Orivaldo Batista colecionou centenas de cordéis, mas hoje, por necessidade, precisa se desfazer da coleção

Aos 14 anos, Orivaldo iniciou sua vida na poesia. Há alguns meses, o poeta anda oferecendo os raros cordéis
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Juazeiro do Norte. Uma história que começou cedo na literatura de cordel. Ainda com os bisavós. E de lá para cá, o poeta "maudito", Orivaldo Batista, colecionou centenas desses livretos, que hoje fazem parte de uma necessidade pessoal de se desfazer da coleção. Um deles, a Donzela Teodora, pertenceu a sua bisavó. A dedicatória no livreto data de julho de 1.900, mas ele garante que o cordel é bem de antes. Praticamente todos os cordéis publicados pela Sociedade dos Cordelista Mauditos, criada em 2.000 por um grupo de jovens, que formaram os 12 apóstolos da sociedade, está inserida na coleção.

Há alguns meses o poeta anda com sua mochila oferecendo os raros cordéis para terminar de construir sua casa. "Uma herança de família, que para mim é muito difícil de desfazer", diz ele. Aos 14 anos, Orivaldo iniciou sua vida na poesia, a literatura com a crítica contundente do poeta encontrou caminho certo no momento em que casou suas ideologias, para criticar o que estava posto, diante de uma forma tradicional de fazer cordel.

O cordel foi um meio de conhecer mais da história e aperfeiçoar os conhecimentos. "É esse jornal popular de imenso poder de persuasão entre as massas que precisava de uma revisão crítica, diante dos seus preconceitos muitos explícitos e reprodução de uma ideia dominante", explica.

Hoje, o poeta Orivaldo até se lamenta um pouco por não haver uma continuidade permanente dos trabalhos junto à sociedade, que foi criada para trazer a crítica, uma nova interpretação do cordel, sem que minorias fossem expostas de forma preconceituosa, como ele mesmo ressalta, em relação aos homossexuais, matutos, negros e, também, mulheres.

O projeto Sesc Cordel teve à frente uma de suas idealizadoras, Fanka Santos, integrante da Sociedade dos Cordelistas Mauditos, em Juazeiro do Norte, que ano passado completou 10 anos. O primeiro contato de Orivaldo com o cordel aconteceu em 1999, por meio do projeto.

Liberdade de produção
Ele destaca a importância do trabalho, que trouxe uma abertura maior para a produção na área, integrando jovens, abrindo esse espaço para os estudantes, e mostrando que era possível "abrir a veia" da produção poética, com espaço para uma visão da realidade, mais crítica.

Ele chegou a escrever seis folhetos, a dar cursos de xilogravura. "Consegui com uma orientação maior por meio desse trabalho, soltar minha língua de uma forma mais equilibrada, com palavras mais adequadas e isso me fez muito bem", destaca o artista. Um de seus cordéis, que trazia a personagem de Zé Pilintra, travestido de músico e ferrenho crítico teve, com isso, que ser refeito, com menos palavrões, por exemplo.

"Pena que o grupo nesses anos todos teve ações importantes, mas isoladas, quando éramos chamados para alguma coisa e não entrou como um grupo mambembe", diz ele. No Crato, existe há duas décadas a Academia de Cordelistas do Crato. Para Orivaldo, uma forma mais tradicional de conservar o cordel, com um trabalho permanente de todo um grupo.

Dos seus mais de 600 cordéis, se encontra um material raro das décadas de 50, 60, 70 e 80. O preço? R$ 10 mil. Ele quer repassar para uma instituição, como biblioteca ou universidade para fins de pesquisa, e o material seja socializado, mas caso algum particular queira, pela necessidade, o cordelista afirma que repassa os livretos e até negocia. "Eu já li mais da metade desses livretos e não tem sentido para mim ficar guardando, sem que tenha uma utilidade maior", justifica Orivaldo.

A preocupação de tirar o cordel dos preconceitos, segundo ele, continua. A linguagem do cordel teria que se modernizar. Eis a proposta dos "mauditos", no momento dos 500 anos do Brasil. De lá para cá, o cordel sobrevive, e para muitos, com linguagem remodelada.

MAIS INFORMAÇÕES

Orivaldo Batista
Rua São Benedito, 801,
Bairro Franciscanos, Juazeiro do Norte (CE)
Telefone: (88) 8829.8325

ELIZÂNGELA SANTOS 
Repórter

Juiz de Direito se destaca como escritor em Assaré

José Flávio Morais, juiz da Comarca de Assaré, lança seu sétimo livro: "Daniel Alecrim e o talismã de ébano"

JUIZ Flávio Morais ao lado do quadro do Padre Ibiapina, seu ídolo e que já foi tema de um dos seus livros
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
Crato. Sem a toga, ele parece um "garotão". Confunde-se com os seus alunos de Curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (Urca). Quando menino, inventou um gerador de energia acionado por uma bicicleta. Com a mesma bicicleta percorreu o Ceará inteiro. Resolveu ser juiz de Direito na Bahia. Porém, seu sonho era ser juiz no seu Estado. Fez novo concurso para a magistratura no Ceará. Atualmente, o juiz José Flávio Morais responde pela Comarca de Assaré. Com mais de 1.000 processos para julgar, ainda encontra tempo para escrever livros.

Em meio a uma sentença e outra, ou no caminho de Assaré para o Crato, onde é professor da Faculdade de Direito, o juiz reflete pensamentos, construindo ideias que serão enfeixadas em livros. Já escreveu sete, entre os quais, um sobre o Padre Ibiapina que será relançado, em sua 2ª edição, na Faculdade Católica do Cariri, pertencente à Fundação Padre Ibiapina. Com o lançamento do livro "Daniel Alecrim e o talismã de ébano", o juiz de Direito José Flávio Morais tomou posse na Cadeira Padre Antônio Gomes de Araújo, do Instituto Cultural do Cariri. O novo acadêmico foi saudado pelo advogado Emerson Monteiro Lacerda, que apresentou o juiz-escritor como o mais legítimo representante da literatura caririense. "No ímpeto da arte literária, o autor revela acuidades e aceita com afeto o fazer da inspiração, legando-nos, agora, ´Daniel Alecrim e o talismã de ébano´", disse o advogado Emerson Monteiro, acrescentando que a produção estabelecida sobre o primor das anteriores, realimenta seu público jovem dos insumos do estilo correto, da imaginação penetrante e do talento raro, demonstrações do quanto revelam seus textos das duas primeiras edições ao crivo do inesperado, do fantástico. No o entanto, sem fugir à seriedade austera decantada nas histórias da infância, nem abrir concessões ao vulgar da pura fantasia comercial.

O território que Flávio Morais permeia no seu universo criativo, segundo Emerson, alimenta de satisfação os leitores, porquanto os encaminha dentro de valores sóbrios e justos, ao fragor dos bons e pródigos narradores. "Esta revelação, que consolida cada vez um pouco mais nos livros posteriores, enriquece nossas letras e agrega qualidade ao gênero infanto-juvenil da literatura brasileira".

Emerson lembrou os memorialistas, historiógrafos, contistas, novelistas, romancistas, poetas, jornalistas, cientistas sociais, juristas, a formar rico material de perpetuação da cultura deste pedaço surpreendente de chão, que agasalha civilização altiva e heroica em natureza aconchegante, a se expandir para o mundo inteiro. Acervo dos melhores reúne herança da história social das gerações e supera os limites do perecível.

Dentre esses nomes formadores das nossas letras alguns ganham destaque pelo conjunto da obra e pela qualidade do que publicam, tamanho do que contém na utilidade futura e no intento das suas publicações.

E no meio dos tais profícuos e organizados homens da escrita caririense se acha José Flávio Bezerra Morais, ora a lançar mais uma de suas obras. Um dos livros de maior destaque foi "A sombra do laço", pesquisa histórica de um episódio da existência do Padre Ibiapina, figura emblemática da Igreja Católica no Nordeste brasileiro, e que também cumpriu o papel da advocacia aos tempos do século XIX.

Os primeiros dois livros lançados foram "Histórias que ouvi contar", de 1993, e "Histórias de exemplo e assombração", de 1997. Dois belos trabalhos escritos com o zelo acadêmico de aluno do Curso de Letras, da Urca. Emerson Monteiro lembra que "os dois livros foram editados com a modéstia das nossas gráficas da ocasião, e levados às bancas para apreciação de muitos, marcos imprescindíveis do gênero fantástico da nossa literatura, agora dignos de figurar em novas edições, uma vez esgotados nas livrarias e bancas".

A seguir, sob o mesmo prisma das histórias anteriores, elaborou "Sete contos de arrepiar", um clássico deste gênero no Brasil, publicado por meio de importante editora, a Rocco, isto em 2006, já revelando outro dos quatro víeis considerados na sua obra, o de autor infanto-juvenil que ora se consolida com esta obra lançada. O livro ganhou maiores âmbitos, rendendo ao autor participar da 44th Bologna Children´s Book Fair 2007 (44.ª Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil, em Bolonha, Itália, no ano de 2007), consagração digna dos bons escritores mundiais.

Terra natal
Ao sabor das considerações de quantos aspectos dispõe o roteiro autoral de Flávio Morais, em 1989, editou "Milagres do Cariri", uma abordagem telúrica dirigida à sua terra natal sob pontos de vista físicos, geopolíticos, antropológicos etc.

Daí, seguiu outro título, "Nas veredas do fantástico", em 2002. Graduado em Direito pela Universidade Regional do Cariri, Flávio Morais encetou os esforços da sua intelectualidade também às hostes jurídicas, galgando com sucesso o posto de juiz do Tribunal cearense, funções que abraça com os vigores da responsabilidade. No espaço das letras voltadas ao ministério do Direito, pois também exerce cátedra na Universidade do Cariri, em 2003, publicou "Dívidas: como preveni-las ou livrar-se delas", sequenciado, em 2004, pelo "Compêndio de Prática de Processo Penal", e, em 2008, pelo romance de cunho jurídico "A sombra do laço.

MAIS INFORMAÇÕES
Tribunal Regional Eleitoral do Ceará Rua Padre Emílio Cabral, 320
Centro - Cidade de Assaré
Telefone: (88) 3535.1213


Antônio Vicelmo
 Repórter

Fonte: Diário do Nordeste