quinta-feira, 7 de abril de 2011

História de um santo

"Frei Damião - o Missionário", do frade Francisco Lopes, reconstitui a trajetória do religioso italiano, transformado em santo popular pelos nordestinos

Frei Damião: religioso italiano, que arrebatou devotos por onde passou com suas missões, acabou por entrar no panteão popular, ao lado de Padre Cícero e Antônio Conselheiro
FOTO: MIGUEL PORTELA
Resultado da dissertação de mestrado do Frei Francisco Lopes de Sousa Neto, na Pontificia Universitas Lateranensis (Roma), o livro "Frei Damião - O Missionário" será lançado hoje à noite, na Livraria Cultura. A obra reconstitui a vida e a obra de evangelização do frade capuchinho, nascido na Itália em 1898, que veio para o Nordeste brasileiro na década de 1930 e foi venerado pelo povo.

Arrebatando devotos por onde passou, Frei Damião fez peregrinações pelas cidades nordestinas, disseminando suas "Santas Missões". Para muitos fieis, tratava-se de um santo, e atualmente encontra-se em processo de beatificação. Ao mesmo tempo, é visto como um grande comunicador, por conseguir arrastar multidões para ouvi-lo, aguçando a curiosidade da imprensa, tornando-se um mito e símbolo para seu povo.

Por isso, o religioso pareceu uma escolha natural ao Frei Francisco Lopes para sua dissertação, especialmente por conta da linha de pesquisa, Missão e Evangelização. " Quando se fala em missão, automaticamente nos vem a memória de Damião. Colocando seu nome no ´Google´, por exemplo, aparecem mais de 500 mil referências. Depois disso, não tive dúvidas. Ele foi uma figura muito viva nesse campo", ressalta Lopes.

Foram dois anos de pesquisa e produção para a dissertação. Para transformá-la em livro, Lopes precisou de mais um ano de trabalho. "Foi necessário enxugar o texto, suprimir alguns capítulos, torná-lo mais acessível e agradável ao leitor, além de traduzi-lo do italiano para o português", explica o autor. No começo da obra, o pesquisador faz um apanhado histórico do contexto religioso, cultural e político do Nordeste à época, por meio inclusive de figuras célebres como Antônio Conselheiro, Padre Ibiapina e Padre Cícero.

Em seguida, o livro volta-se à vida e obra de Frei Damião. "Ele veio ao Brasil catequizar o povo, e aos poucos se destacou por esse viés. Tinha uma paciência infinita para escutar o povo", detalha Lopes.

Por conta disso, Frei Damião "saiu da sacristia, da Igreja, deixou de pertencer apenas ao universo religioso para perpetuar-se no imaginário da população", nas palavras de Lopes. "Tornou-se até uma figura caricata, muito difundido por meio da xilogravura, da pintura. Assim como Lampião ou Padre Cícero, as pessoas o veem e já o reconhecem", complementa o autor.

MAIS INFORMAÇÕES
 Lançamento do livro "Frei Damião - o Missionário". Hoje, às 19 horas, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010 - Aldeota). Contato: (85) 4008.0800

ADRIANA MARTINS
 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Cinema, literatura e direito

Em "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura", autores escrevem sobre pontos de contato entre o universo jurídico e a arte
Sob a palavra de ordem da interdisciplinaridade, oito autores escrevem sobre as relações entre o direito com os domínios artísticos da literatura e do cinema. O encontro deles se deu em uma disciplina conduzida pelo professor Regis Frota Araújo, no Mestrado em Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), e do grupo de trabalho "Direito, arte, literatura e interdisciplinaridade", coordenado pelo pesquisador. O resultado deste produtivo encontro foi a coletânea "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura". O livro será lançado hoje, às 19h30, no Centro Cultural Oboé.

Organizada por Régis Frota Araújo, a obra reúne artigos e ensaios que fazem um ziguezague entre áreas do conhecimento e da cultura, e entre tempos diferentes. Assim, cabem nas páginas do livro discussões sobre a representação da realidade brasileira no filme "Tropa de Elite" (de José Padilla), escrito por Danilo Ferraz e Daniel Maia, até a transposição da literatura para o cinema, enfocando o caso de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", em ensaio de assinado por Daniel Maia e Regis Frota. Ao lado de Laís Arrais, Frota ainda discute a intercessão entre as três áreas, a partir dos filmes/livros "A Sangue Frio" e "O sol é para todos".

MAIS INFORMAÇÕESLançamento do livro "Direitos Fundamentais, Cinema e Literatura", organizado por Régis Frota Araújo. Às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531 - Aldeota). Contato: (85) 3264.7038

Turismo e cultura em feira

O Município de Barbalha é o único no CE beneficiado em projeto do Pnud e poderá sediar feira de projetos sociais

Centro histórico de Barbalha é um dos fortes atrativos do turismo, setor que poderá ser destaque na feira
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Barbalha Uma feira envolvendo o potencial turístico, a cultura e o conhecimento poderá acontecer até o segundo semestre neste Município, escolhido em 2009 pelo Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud). Além de Barbalha, fazem parte desse programa, no Brasil, as cidades de Jaguarão (RS), Marliéria (MG) e Abaetetuba (PA), incluídas no Projeto de Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local. A ideia é criar uma feira que reúna os projetos exitosos de outros Estados e até de outros países para servirem de exemplo e serem adequados à realidade local.

Desde que foi iniciado, várias etapas do trabalho já foram desenvolvidas, desde a fase de diagnóstico, avaliações de capacidades nos setores privado, público e não governamental, os projetos em desenvolvimento na cidade em todos os setores e, ainda, avaliações nas próprias comunidades. O compartilhamento das informações técnicas e a visão das comunidades, com prioridades de desenvolvimento, fizeram com que fossem apresentados os potenciais a serem desenvolvidos.

Segundo o coordenador local do PNUD, em Barbalha, Antônio de Luna, desde o lançamento do projeto várias ações já foram desenvolvidas. O projeto tem um apoio financeiro de R$ 1,8 milhão, para todos os Municípios. Do Ceará, apenas a cidade de Barbalha foi escolhida e está inserida nas cidades-polo de desenvolvimento. Mas ainda não há uma definição de quanto cada cidade irá ter de aporte para as atividades locais.

"Na verdade, ainda não foi definido o foco principal a ser explorado na feira, mas o nosso potencial mesmo está voltado para o turismo e a cultura", diz Luna ao enfatizar os eixos que também foram apontados pela população. E um dos principais problemas em relação a esse potencial é a ausência de publicidade e esse ponto também foi compartilhado.

Novos espaços
Ele afirma que a feira será de alto nível, e envolverá os outros Municípios escolhidos pelo Pnud. Um dos objetivos é mostrar a cidade de Barbalha como foco de investimento, promovendo a abertura de novos espaços. "É uma oportunidade de mostrarmos a cultura local, com os grupos de tradição popular e também o turismo, com a arquitetura antiga da cidade", diz ele.

O Município de Barbalha está inserido no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas do País. Esse fator foi incluído como um ponto de relevância a ser desenvolvido. A proposta de trabalho é proporcionar condições para que as comunidades possam se desenvolver.

Segundo a representante do Pnud e coordenadora do programa, Ieva Larazeviciute, que esteve na Secretaria das Cidades no início de abril, ainda não está definido quanto será aplicado em cada cidade.

Atração turística
Além de gestores públicos e estudantes, a feira também poderá atrair turistas e investidores do Ceará e de Estados vizinhos. A programação da feira e o perfil do evento serão discutidos por um grupo de trabalho formado pela Secretaria das Cidades. Segundo Liliana Oliveira, técnica da Secretaria, Barbalha já é beneficiada por um projeto voltado para o turismo e o desenvolvimento humano. O Pnud atua no Brasil em parceria com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Oportunidade
Todos os levantamentos realizados na cidade, desde 2009, de acordo com Antônio Luna, estão sendo importantes até para a atualização do Plano Diretor da cidade. Cerca de 60% está pronto. Barbalha terá o projeto piloto de realização da feira, que também envolverá as universidades, e Luna afirma que esta poderá ser uma grande oportunidade de novos investimentos favorecerem a cidade de Barbalha.

FIQUE POR DENTROAtividades
O projeto de Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local, do PNUD, que contempla, no Brasil, as cidades de Abaetetuba (PA), Jaguarão (RS) Marliéria (MG) e Barbalha (CE), começou a ser desenvolvido em 2009. Contempla mobilização, diagnóstico de capacidades e necessidades, planejamento e implementação de ações. O dinheiro será usado para capacitar funcionários das prefeituras, do setor privado e do terceiro setor a elaborar e por em prática políticas e projetos inclusivos e sustentáveis na cidade.


MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura
Rua Princesa Isabel, 42 - Centro, Município de Barbalha (CE)
Telefone: (88) 2101.1919

Elizângela Santos

Fonte: Diário do Nordeste
 Repórter

Panorama pessoal

A partir de hoje, o Espaço Cultural Correios exibe uma exposição com obras produzidas pelo artista plástico Vando Figueirêdo nos últimos 10 anos


Comemorando 23 anos de carreira, o artista plástico cearense Vando Figueirêdo abre, hoje, a partir das 19 horas, no Espaço Cultural Correios, no Centro, a exposição "Panorâmica". Serão, ao todo, cerca de 30 trabalhos que representam um apanhado da produção do artista nos últimos 10 anos. "Panorâmica" abre para visitação amanhã e permanece em cartaz até o dia 21 de maio.

Para representar este panorama, o curador Dante Diniz selecionou os trabalhos de pintura sobre telas e pinturas sobre papel em séries. Já as gravuras foram escolhidos por técnica.

Entre as pinturas sobre tela, estarão expostos exemplares das séries "Urbanas" (em que o artista aborda motivos extraídos do cotidiano e temas histórico, sociais e culturais captados através de pesquisas diversas); "Rupestre" (na qual a fonte inspiradora são as pinturas rupestres existentes em vários sítios do planeta, inclusive o da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí); "Esboços e citações" (cujas telas dessa têm como foco os grandes mestres da pintura); "A costela" (aqui Vando trabalha com o emprego acentuado de colagens); e "Diamantes" (que concentra as obras mais recentes produzidas pelo artista, que tem como diferencial a não utilização de tintas, pois as obras são criadas através de colagens com recortes manuais de revistas).


Já entre as pinturas sobre papel, Dante Diniz selecionou obras das séries "Recortes de Portugal" (trabalhos realizados em aquarela, com motivos de paisagens vistas por Vando em suas viagens por terras lusitanas) e "Natalinas" (produzidas em aquarela sobre papel com temas variados, o artista justifica o título uma vez que essa produção deu-se durante o mês de dezembro de 2010). A mostra inclui, ainda, gravuras com temáticas rupestres, apresentadas por meio de técnicas como xilogravura e gravura em metal, além de serigrafia.

Vando afirma que a seleção dos trabalhos foi difícil, tendo em vista sua intensa produção. "Sou muito disciplinado e mantenho uma média 300 obras por ano. E olha que venho diminuindo o ritmo por conta das viagens", diz. Em julho do ano passado, ele participou de um workshop na Dinamarca. Para julho deste ano, estão previstas exposições na Itália e Portugal. "Tenho rodado o mundo divulgando minha arte".

FIQUE POR DENTRO
 Vando Figueirêdo
O artista nasceu em Fortaleza, em 1952, e iniciou sua carreira, em 1988, na 8ª Unifor Plástica, classificando, na época, 5 obras. É diplomado em desenho e pintura, através de curso ministrado pelo mestre Raul de La Nuez, licenciado pelo Instituto Superior de Arte de Havana-Cuba. Desenhista, pintor, gravurista e escultor, professor de artes, já lecionou em instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC) e Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. A carreira de Vando abrange mais de uma centena de exposições, no Brasil e Exterior. Algumas de suas obras fazem parte dos acervos de vários museus.

MAIS INFORMAÇÕES
 Panorâmica - Exposição individual de Vando Figueirêdo, no Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38, Centro). Visitação de 8/4 a 21/5, de segunda a sexta, de 8h às 17h, e, aos sábados, de 8h às 12h.
Contato: (85) 3255.7260

FILIPE PALÁCIO 
REDATOR

Fonte: Diário do Nordeste

Nordeste é abraçado em livro pelo poeta Pedro Sampaio

Por Eduardo Galdino
Especial para O Estado

Circunavegar pelo mundo da cultura popular é um dos maiores ofícios do poeta, radialista e repórter cearense Pedro Sampaio, que, recentemente, lançou um livro com 298 páginas, no Centro Educacional Evandro Ayres de Moura, no Conjunto Ceará, em Fortaleza. Obra esta, que reúne poesias reflexivas e comemorativas que retratam as datas temáticas do ano, além de poemas regionalistas desenvolvidos a partir de “motes” criados por ele e sugeridos por amigos que comungam da mesma verve literária.

Foto: Divulgação
Pelo título “Minha Nordestinidade Abraçando a Poesia” percebe-se que o autor versa sobre o sertão e as intempéries enfrentadas pelos sertanejos. É através de sonetos embutidos na dileta obra, que Pedro Sampaio exprime o sentimento (inquestionável) que tem pela sua família e, o incentivo e contribuição que lhe oferecem, no desenrolar de seus variados projetos de vida.

Parece que Pedro Sampaio se inspirou no saudoso poeta José Alcides Pinto que definiu no livro “O Ceará Sempre Escutará”, de Almir Gomes de Castro, que a poesia é um teste de sensibilidade e vocação artística. Esse exercício faz parte do dia-a-dia do referido poeta, que por meio de sua câmera digital, busca captar o que há de mais belo na Terra da Luz e nos municípios do Nordeste que costuma visitar, quando o tempo lhe permite.

Não só o sertanejo é um forte, como dizia o fluminense Euclides da Cunha. Pedro Sampaio também! Seu dom e talento congênitos nos levam a mergulhar cada vez mais, no cenário de rimas e versos livres que consubstanciam temas sociais, políticos e religiosos, bem como, o amor ao Conjunto Ceará, Fortaleza e sua admiração pelo Nordeste, região brasileira que dispensa comentários.

Os sentimentos expostos nos poemas de Pedro Sampaio incentivam-nos a fazer um passeio pelo imenso arquivo dos poetas Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. Que o diga o também poeta e trovador cearense Orlando Queiroz, um dos adidos culturais da terra de Iracema, que assina o texto de apresentação de “Minha Nordestinidade Abraçando a Poesia”.

Pedro Sampaio é um bardo que tem arte e habilidade no fazer poético. Os seus contos registram a oralidade do povo do sertão, que passa de geração em geração, através dos grandes contadores de histórias. O traço do autor reflete a manifestação e o pensamento do sertanejo – ninguém melhor para afirmar, do que o poeta de Quixadá, Arievaldo Viana, considerado hoje, um dos maiores cordelistas da nova geração.

Está certo o escritor e padre Tula quando diz em apreciação ao livro, que o poeta é aquele que sabe tomar para si toda a beleza do criador e da criatura. Pedro Sampaio é, na verdade, isso, e muito mais... É um Gonzagueando, ou seja, conhecedor, pesquisador e seguidor da bibliografia do famoso e inesquecível Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Agora, pode-se afirmar: leitores respeitem Pedro Sampaio, fazendo, claro, alusão, a letra “Respeita Januário” que o seu Luiz, Lua Gonzaga fez em parceria com o exímio e memorável compositor Humberto Teixeira.

Fonte: O Estado



Fonte Vídeo: Blog Jones Cavalcante

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Valorização da Literatura Cearense: uma questão de identidade.

Durante as aulas de Tópicos de literatura cearense surgiram vários questionamentos sobre a valorização dessa literatura nas escolas. Entre os questionamentos estavam: o que pode ser feito, na prática, para o fortalecimento do ensino e da aprendizagem da literatura cearense? Como despertar o entusiasmo pelo conhecimento e valorização de nossos escritores? Como descobrir os escritores de nossas comunidades?
 
Por mais impressionante que pareça a maioria dos cearenses não conhece a maioria dos escritores conterrâneos, isso se deve à desvalorização dos nossos autores, através da nossa formação escolar e falta de divulgação das obras, o que é ainda muito pequena.
 
A inclusão da disciplina de literatura cearense no currículo escolar é o principal instrumento para o fortalecimento da sua aprendizagem. Desta forma, os alunos conhecem os movimentos literários, os seus representantes, concomitante às suas obras.
 
O estudo da literatura nas escolas está focado nas literaturas portuguesa e brasileira, e os escritores cearenses mais mencionados são José de Alencar e Rachel de Queiroz. Mas, o estudo sobre os escritores cearenses ainda é muito pequeno.
 
Os movimentos literários cearenses, sequer são citados nas escolas. Como os alunos podem ter curiosidade sobre algo que não conhecem? A solução está na recuperação da história literária cearense, dos seus escritores, a maioria desconhecida pelos estudantes.
 
Devemos valorizá-los incluindo suas obras na sala de aula, debatendo sobre a sua escrita, ideologia, o momento histórico–social em que foram escritas. Após esse resgate inicial, outro ponto a ser observado é a identificação dos alunos com as obras utilizadas em sala de aula. A aprendizagem fica mais fácil quando reconhecemos os locais onde a história desenrola-se como ruas, praças, bairros. Ou personagens conhecidos do município, como padres, políticos etc.
 
Escritores do próprio município, ou da região são mais apropriados para que haja empatia maior dos alunos com a literatura cearense. Dessa maneira, a literatura funciona não apenas como mais uma disciplina do currículo, mas, como difusora e fortalecedora da cultura local.
 
Para que esta mudança aconteça é preciso unir os escritores existentes no município e região e utilizar suas obras nas aulas. A escola faria o resgate de obras já publicadas, e incentivaria os alunos a também produzirem textos. Essas ações contribuirão para que a literatura cearense tenha mais leitores e divulgadores e seja valorizada pelos próprios cearenses.
 
Rita de Cássia Santos e Silva-aluna do Curso de Letras da UVA.

Fonte: Correio da Semana

O passado revivido

Uma parceria entre Museu do Ceará e a família do historiador Ismael Pordeus (1912 - 1964) promove hoje o lançamento de livro que reúne textos do intelectual cearense a respeito de Antônio Conselheiro e de Quixeramobim


Na década de 50, os escritos do historiador Ismael Pordeus, natural de Quixeramobim, ganhavam as páginas dos jornais. Assim como muitos de sua época, era por meio dos periódicos que o intelectual publicava suas descobertas em arquivos, fazia críticas e promovia debates que, posteriormente, também se tornaram históricos, como as compartilhados com Raimundo Girão.

Por legado, o pesquisador deixou a valorização dos documentos de arquivos, o cuidado e o rigor das pesquisas em "alfarrábios e cartapácios", como frisa a socióloga Ana Maria Roland. A fim de preservar artigos publicados no extinto jornal O Nordeste, e divulgar um outro, ainda inédito, o Museu do Ceará e a família de Pordeus lançam hoje o coletânea "Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim".

Obra
O livro é o 65º volume da Coleção Outras Histórias, publicada pelo Museu do Ceará. Possui prefácio de Ana Maria Roland e apresentação de Cristina Rodrigues Holanda, atual diretora da instituição.

Versando sobre os temas que mais instigaram as pesquisas do historiador, a obra contém três séries documentais: "A verdadeira idade de Antônio Conselheiro", obra inédita, de data indefinida, em que Pordeus comprova o engano na estipulação da idade do beato, por meio de documentos cartoriais de Quixeramobim; "Antônio Conselheiro não é matricida" (1949), que também refutava teorias a respeito da vida de do líder de Canudos por meio de arquivos dos cartórios da região; e "Antônio Dias Ferreira e a matriz de Quixeramobim" (1955), que parte de uma documentação pesquisada em função do bicentenário da paróquia.

"A ideia foi dar publicidade aos documentos que temos em nossa reserva técnica e que não temos em exposição", ressalta a diretora do Museu, Cristina Holanda. Para a produção deste livro, lançado por meio do edital Prêmio Literário para Autores Cearenses, da Secretaria de Cultura do Ceará, o Museu digitou a compilação de artigos recebida da família do historiador, já organizada em ordem cronológica. Foram cerca de quatro meses de produção, entre digitação dos documentos e edição da obra.

Para Cristina Holanda, a oportunidade de ainda possuir em artigos de jornal o pensamento de estudiosos como Ismael Pordeus é de suma importância para a pesquisa local. "O jornal é uma fonte importantíssima para a pesquisa histórica. Por meio dele, muitos temas podem ser suscitados, desde aqueles que já consideramos históricos, até os do cotidiano, que acabam se tornando possíveis objetos de pesquisa", observa Cristina.

O acervo do historiador foi doado à instituição pela família ainda na gestão de Régis Lopes, professor do curso de História da UFC. Segundo ele, Pordeus se destacou em seu tempo por não reproduzir estudos de terceiros, mas buscar nos documentos históricos a comprovação de suas hipóteses.

"Ele foi um pesquisador que valorizou o papel dos arquivos. Ele mostra isso muito bem no seu livro ´À margem de dona Guidinha do Poço´, no qual comprova que o romance de Manuel Oliveira Paiva fora baseado em num fato que realmente existiu, o caso de Marica Lessa, no século XIX", comenta.

Para Lópes, a valorização da produção local e das documentações são também o objetivo das publicações que compõem a Coleção Outras Histórias. "Continuar publicando esses documentos é até uma forma de motivar novas pesquisas. A produção intelectual do Ceará é muito grande e muitas vezes as pessoas não valorizam isso", defende. Em sua opinião, os periódicos produzidos pelo Instituto Histórico do Ceará, do qual Pordeus foi diretor, são os melhores do País, excetuando a revista do Instituto Nacional, que responde por todos os outros.

Autor
Ismael de Andrade Pordeus nasceu em Quixeramobim, em 1912. Tornou-se colaborador do jornal "O Nordeste", em meados dos anos 40, no qual publicou artigos de cunho histórico e abordou questões relativas a Antônio Conselheiro.

Foi Secretário Municipal de Educação de Fortaleza, na gestão Cordeiro Neto, entre 1959 e 1962. Tornou-se membro e, posteriormente, diretor do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, pelo qual se voltou a uma busca incessante por documentos em arquivos públicos do Brasil e do exterior.

Participou ativamente da polêmica sobre a fundação de Fortaleza, na qual contrapunham a teorias partidária de Martins Soares Moreno e de Matias Beck. Pordeus uniu-se aos apoiadores de Soares Moreno, digladiando-se com outro importante intelectual, Raimundo Girão Barroso, partidário de Matias Beck.

Sobre tal querela, registrada em diversos artigos de jornal, o professor João Hernani Furtado, da Universidade Federal do Ceará, escreveu o livro "Soares Moreno e Matias Beck. Inventário de uma polêmica nos escritos de Ismael Pordeus", publicado também pela Coleção Outras Histórias, em 2002.

História Cearense

Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim Ismael Pordeus
Museu do Ceará/ Expressão , 2011, 191 páginas, R$ 10
O lançamento acontece hoje, às 17h30, no Museu do Ceará (R. São Paulo, 51).
Contatos: (85) 3101.2610

MAYARA DE ARAÚJO

 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Macho apaixonado

O jornalista e escritor cearense Xico Sá retorna a Fortaleza para lançar seu mais novo livro. Na agenda dele, literatura, mulheres e futebol

O jornalista e escritor Xico Sá, um dos expoentes da crônica no País: abordagem bem-humorada e despojada da relação entre homens e mulheres
Por conta de amigos e familiares, Fortaleza entra no calendário de viagens todo ano. Mas profissionalmente, a última visita foi em 2006, quando lançou aqui o livro "Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias". Para tirar o atraso, o jornalista e escritor Xico Sá retorna à capital cearense para três eventos seguidos - sendo um deles o lançamento de seu novo livro, "Chabadabadá - aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha", amanhã, na livraria Saraiva.

A maratona inclui ainda o encontro "Orgias Literárias", no Boteco do Arlindo, e um bate-papo sobre futebol no Buoni Amici´s, respectivamente, hoje e quinta-feira. A programação inaugura o projeto Mundo Livro - Literatura ao Alcance de Todos, que pretende expandir e estimular esse tipo de evento, visando oportunizar o acesso do livro a novos leitores e consolidar a leitura como bem cultural entre os que já costumam manter esse hábito.

Nascido no Crato (região do Cariri cearense), Xico Sá iniciou sua trajetória profissional em Recife e, atualmente, mora em São Paulo. Participa dos programas de televisão Cartão Verde (TV Cultura, sobre futebol) e Notícias MTV. Mas é no blog da Folha.com que dá vazão à parte do trabalho pelo qual é mais conhecido: as crônicas sobre o universo das relações amorosas, dos machos "frouxos" e das fêmeas "modernas".

"Comecei a coluna de crônicas em 1995, na Revista da Folha", recorda Xico. A carreira como "consultor sentimental", no entanto, teve início bem antes, ainda no Ceará. "No comecinho dos anos 80 participava de um programa de rádio em Juazeiro, chamado Temas de Amor. Eu colaborava respondendo às cartas de ouvintes aflitas com aconselhamentos em forma de poema", lembra.

A experiência continuou em Recife. "Lá, como estudante, fazia esses serviços de poemas de amor, de declaração por encomenda", revela Xico.

Mais à frente, a partir das crônicas sobre o assunto, nasceu o livro "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea", um dos mais conhecidos de sua bibliografia. Nele o autor reúne textos bem-humorados sobre o comportamento masculino.

Agora, em "Chabadabadá" (referência à trilha sonora do filme "Um Homem, Uma Mulher", do diretor Claude Lelouch), Xico continua a explorar o infindável universo de dramas e histórias das relações amorosas - dessa vez, porém, mais focado no homem "perdido" frente à "modernidade" da fêmea. A obra reúne crônicas inéditas e publicadas em vários veículos para os quais Xico colaborou ao longo da carreira, e tem ilustrações mais que apropriadas de Benício, autor dos principais cartazes da pornochanchada brasileira, nos anos 70 e 80.

"Quando tem amor no meio todo mundo fica um pouco desorientado. Mas os homens estão mais medrosos, com receio de relacionamentos mais longos, de criar vínculos", critica o escritor. "Defendo muito a passionalidade. Vá com tudo, devote-se à mulher".

Querido
Tal raciocínio rendeu um bem-querer considerável do jornalista por parte do público feminino. "Tenho muitas amigas que me procuram quando estão com problemas no casamento, no namoro. Perguntam-me o que acho sobre essa ou aquela atitude do homem. Isso serve de material para as crônicas, tanto que são mais mulheres que compram o livro", observa Xico.

Além dos desabafos das amigas, o repertório do autor vem de um apurado olhar de cronista. "Hoje tiro inspiração da noite, da boemia, de garçons, de barracos de casais que vejo", confessa Xico.

Tanto que todos os textos de "Chabadabadá" são baseados em fatos ou personagens reais. "Ponho algum exagero, claro, para tornar o resultado mais literário. Mas sempre há gente por trás, pessoas de carne e osso que sofrem", ressalta. A abordagem bem-humorada e despojada de Xico encontrou na crônica o formato perfeito. "É um gênero rápido, comunicativo, embora considerada prima pobre da literatura. Quando todos achavam que a crônica estava morta, ela ressurgiu com força nos blogs", destaca o jornalista. Sobre a passagem por Fortaleza, Xico diz-se animado. "Não dá pra ficar esperando a contabilidade das livrarias. Aprecio o contato com o leitor, e isso faz parte da luta para viver de literatura e fazer com que ela tenha mais valor".

Com um bate-papo sobre relacionamentos, outro sobre futebol e a sessão de autógrafos, fica a dúvida: afinal, qual a grande paixão do cronista, o esporte, a literatura ou a mulher? "Ainda prefiro infinitamente o mundo dos relacionamentos. Já me juntei cinco vezes, em histórias que tiveram coisas boas e ruins. Hoje estou solteiro, mas doido pelo ´hexacampeonato´. Sou boêmio, mas prefiro o xodó".

MAIS INFORMAÇÕES
Orgias Literárias, com Xico Sá. Hoje, às 20 horas, no Boteco do Arlindo (R. Carlos Gomes, 83, Bairro de Fátima). Contato: (85) 3021.4982. Lançamento do livro "Chabadabadá" e sessão de autógrafos com o autor. Amanhã, na Saraiva Megastore Shopping Iguatemi. Contato: (85) 3241.1986.
Bate-papo com Xico Sá sobre futebol. Dia 08/04, no Buoni Amici´s (R. Dragão do Mar, 80, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).
Contato: (85) 3219.5454

ADRIANA MARTINS 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 5 de abril de 2011

Explosão de cores

Vermelho, verde, amarelo e azul dominam os trabalhos do artista plástico Alexandre Chaves, que abre, hoje, no Rio de Janeiro, a mostra individual "Pura Cor"


Com apenas 18 anos, o artista plástico cearense Alexandre Chaves desponta como um dos principais nomes do campo, na cena local. Para o talento do rapaz, contudo, parece não existirem fronteiras. Depois de algumas exposições em Fortaleza (a mais recente realizada em agosto do ano passado), Alexandre, que também já mostrou seu talento em Londres, em 2008, abre, hoje, a exposição individual de pinturas intitulada "Pura Cor", na galeria VG Arte, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana, Rio de Janeiro. Permanece em cartaz até o próximo dia 30.

É a primeira vez que o local, já famoso pela dedicação a arte contemporânea e pela atuação no cenário cultural realizando curadoria de exposições institucionais em museus e fundações, abre espaço para o mercado de novos talentos. A ideia é selecionar um ou dois artistas a cada ano. Os trabalhos de Alexandre, desenvolvidos em acrílico sobre tela, foram criados especificamente para a ocasião e são unidos por um único elemento: a cor. O vermelho, azul, amarelo e verde, sempre em tons fortes, são quase uma marca registrada do artista.

Mesmo com pouco tempo de carreira, Alexandre já conta com o apoio de alguns "fãs" ilustres. No catálogo onde apresenta alguns de seus trabalhos, textos assinados pelo cantor, compositor e arquiteto Fausto Nilo, pelo produtor cultural Francisco Lara e pelo artista plástico e experiente curador, Roberto Galvão, que organizou sua primeira mostra. Até mesmo quando utiliza traços e materiais típicos do mundo infantil, como giz e cartolina, Alexandre transmite uma maturidade artística que não costuma ser vista em diversos artistas com muito mais tempo de carreira.

Alexandre foi descoberto por Galvão, em 2007, após ser apresentado pelo saudoso poeta Augusto Pontes. "Pedia Augusto, o primeiro a perceber o talento incomum de Alexandre, que eu olhasse as suas pinturas e procurasse orientá-lo nos caminhos que deveria percorrer na busca por construir uma trajetória consequente. Alexandre me apresentou algo em torno de uma centena de desenhos coloridos realizados em pastel de cera. Eram desenhos pessoais, sem influências diretas, intuitivos, com um nível de expressividade que me fizeram compreender que ele não devia ter orientação alguma", escreveu Galvão.

Em seu texto, Fausto Nilo descreve o que sentiu quando viu os trabalhos de Alexandre em sua primeira exposição. "Tive um impacto surpreendente e diria mesmo que uma surpresa desorientadora. Diante de meus olhos vi uma generosa coleção de texturas, cores atrevidas, signos inusitados em meio a representações iconográficas de personagens misteriosos e provocadores", revelou.

MAIS INFORMAÇÕESPura cor - Exposição individual do artista plástico Alexandre Chaves, na galeria VG Arte (Avenida Atlântica, 4240, loja SSL 131, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana). Contato: (21) 2521.5247

Museu do Ceará


O Museu do Ceará foi a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932. Foi aberto aficialmente, ao público em 1933, com a denominação de Museu Histórico do Ceará.
 
Inicialmente foi concebido como uma das dependências do Arquivo Público. Sua principal missão é promover a reflexão crítica sobre a História do Ceará por meio de programas integrados de pesquisas museológicas, exposições, cursos, publicações e práticas pedagógicas.

Fonte: Josilene Fernandes-Café História

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Descartes, o colhedor de almas

Um dos mais completos artistas plásticos contemporâneos, Descartes Gadelha, está às voltas com o lançamento do livro infantil "Lenda Estrela Brilhante". Simples e despretensiosa como seu autor, a publicação, premiada no Edital Pontinhos de Cultura da SecultFor, e realizada pela Associação Cultural Solidariedade e Arte (Solar), deu a deixa para o Caderno 3 fazer uma visita ao artista que, há mais de 10 anos, luta bravamente para conviver com o câncer

Foi em uma manhã chuvosa, que o escultor, pintor, escritor, desenhista, músico e nautimodelista, Descartes Gadelha, abriu as portas de seu casarão, que fica ali nas proximidades do Benfica, para receber o Caderno 3.

O Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) possui grande parte do acervo de Descartes Gadelha
O mote da conversa foi o lançamento de mais um livro infantil, "Lenda Estrela Brilhante", que narra um pouco da infância desse artista cearense que vem escrevendo o lado feliz da história carnavalesca de Fortaleza.

Judiado por diversos cânceres que não cansam de tirar seu sossego, e que estão impedindo Descartes de exercer uma de suas mais notáveis vocações, a pintura, o artista não se deixa abater.

"Hoje, o mais brincante do Maracatu Solar sou eu. E se o câncer permitisse, eu desfilava em todos os Maracatus. O diabo é que o câncer é danado, mas eu chacoalho ele também. Porque o câncer quer agrado, quer que a gente sofra. Como eu não ligo, e como a brincadeira que está dentro de mim é intensa, a doença, coitada, fica desmoralizada", diz o artista, transbordando de bom humor.

Tela pintada no lixão do Jangurussu, na década de 80
Ao lado da esposa Verônica, dos filhos, Isabel e Leonardo, e dos netos, o filho mais velho das nove crias de seu Diderot e dona Geórgia, nascido e criado no Centro de Fortaleza, aos 67 anos, luta bravamente a favor do tempo. Hoje, a maior parte de sua vida é dedicada às réplicas de barcos à vela, que se espraiam por diversos cômodos da casa.

Nessa entrevista, Descartes partilhou experiências peculiares, dentre elas, o período em que morou no lixão do Jangurussu, no início dos anos 80, das longas e variadas épocas que passou em cabarés, e compartilhou a espiritualidade que vem entrelaçada à longa trajetória de fazeres e saberes que emanam de sua arte.

"Somos responsáveis por aquilo que conquistamos, bem ou mal. Já que não tenho capacidade de amar e fazer o bem, quero fazer o menos mal possível. Minha vida tem sido assim. Entendo que o egoísmo é a manifestação mais poderosa da falta de amor. O amor é tão humilde, tão grandioso, que você não percebe que ele está sendo processado. O egoísmo, ao contrário do amor, é pomposo, poderoso. E não tem como as pessoas escaparem da cobrança desse desequilíbrio", diz o Griô.

"Mas Deus é tão bom, a natureza é tão pródiga, que entende as pessoas que não atingiram a compreensão da vida, seu significado. Nós, como todos os seres vivos, nascemos para amar. Hoje, é só nisso que eu acredito". Saravá, Descartes!

NATERCIA ROCHA
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

domingo, 3 de abril de 2011

Pedra 90


Foi um grande siribolo
A festa do Velho Zeca
Home levado da breca
Noventa ano nos côro
A festa foi um estouro
Presente de Aniversário
Convidamo seu Vigário
Pra trazer o sacramento
Muito cedo o movimento
Já batia no portão
O povo da região
Se espalhava no terreiro
Parecia formigueiro
De tanta gente que tinha
O Prefeito também vinha
Mandou a primeira dama
O Velho saiu da cama
Nos braços da filharada
Foi um dia de zuada
Pro Velho Zeca Muniz
O Padre mesmo quem quis
Fazer a missa pequena
Por conta do enfisema
Que maltrata seu pulmão
Subtraído o sermão
Já quase no fim da missa
Seu Zeca já com preguiça
De tanto beijo e abraço
Aparentando cansaço
Se escorava na bengala
Após um monte de fala
Dos filhos e convidados
Seu Zeca mesmo sentado
Fez um discurso de paz
Noventa já é demais
Sorrindo balbuciou
A festa continuou
Com almoço de carneiro
Fazer noventa janeiro
Merece mais do que festa
À noite teve seresta
Para homenageá-lo
Até ao cantar do galo
A barafunda se deu
Velho Zeca adormeceu
Cheio de contentamento
Todo acontecimento
Foi feito pela Salete
Rosa, Maria e Gorete
Zéairto e Zéoreste
Um ribuliço da peste,
Festa danada de boa!!!

Orestes Albuquerque

Fonte: Blog Cavalo de Talo

Artesã do Crato transforma histórias reais em bonecos

Cada boneco confeccionado por dona Raimunda Maria Dantas, a Mundinha, restaura uma história de criança

Mesmo sem nenhuma divulgação de seu trabalho, os bonecos de dona Mundinha já circulam em São Paulo como autênticos representantes do artesanato regional
Crato. "A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida". Ancorada, inconscientemente nesta filosofia, a dona de casa Raimunda Maria Dantas, conhecida como "Mundinha", está dando um exemplo de superação para aqueles que têm mais de 70 anos de idade. Está transformando em bonecos as histórias que ouviu contar quando era menina no terreiro de sua casa no Sítio Serra Verde.

Personagens como Padre Cícero, Lampião, Maria Bonita, beato José Lourenço, dentre outros que fizeram parte de sua vida são revividos na arte de fazer bonecos. Além de relembrar o passado, dona Mundinha utiliza a arte como uma forma de se comunicar com o mundo exterior. Uma pintura, por exemplo, pode valer mais do que mil palavras, pois a linguagem sutil da alma costuma se expressar com mais clareza por meio dos mínimos detalhes de um trabalho artesanal. E assim, a artesã vai costurando suas ideias e alinhavando seus pensamentos.

História de Criança
Cada boneco restaura uma história de criança, diz dona Mundinha, lembrando que a confecção do beato Zé Lourenço foi inspirada numa conversa familiar. Seu pai contava que um dia descobriu o beato, acompanhado de nove mulheres, dentro do mato, talvez fugindo da Polícia. Ao ser descoberto, o beato se largou de mata a dentro, deixando a comida que estava sendo preparada para o almoço. A imagem ficou gravada na mente dela que, hoje, a reproduz em forma de bonecos. E assim ocorre com outros personagens da história regional que povoaram a imaginação dos sertanejos.

Autênticos
Ao contrário das bonequeiras do pé de manga, que se reúnem debaixo de uma árvore para confeccionar suas bonecas, dona Mundinha realiza um trabalho solitário. Mesmo sem nenhuma divulgação, os seus bonecos já circulam em São Paulo como autênticos representantes do artesanato regional.

Por trás dos bonecos, existe uma história triste de dor e sofrimento. A morte de uma filha querida levou dona Mundinha ao reencontro com a arte que foi sufocada pelos afazeres do dia a dia de uma dona de casa. "Era uma formar de matar a saudade". Nos braços dos bonecos, surgiram outras conquistas. Apreendeu a ler e escrever com mais de 60 anos de idade. Concluiu o Ensino Médio. Agora, aos 73 anos, está sendo incentivada pelas filhas a fazer uma faculdade.

MAIS INFORMAÇÕES
Mundinha Dantas
Rua Derval Peixoto, 200
Município do Crato
Telefone: (88) 3521.2838

Fonte: Diário do Nordeste

Cordelista pretende repassar sua coleção

Orivaldo Batista colecionou centenas de cordéis, mas hoje, por necessidade, precisa se desfazer da coleção

Aos 14 anos, Orivaldo iniciou sua vida na poesia. Há alguns meses, o poeta anda oferecendo os raros cordéis
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Juazeiro do Norte. Uma história que começou cedo na literatura de cordel. Ainda com os bisavós. E de lá para cá, o poeta "maudito", Orivaldo Batista, colecionou centenas desses livretos, que hoje fazem parte de uma necessidade pessoal de se desfazer da coleção. Um deles, a Donzela Teodora, pertenceu a sua bisavó. A dedicatória no livreto data de julho de 1.900, mas ele garante que o cordel é bem de antes. Praticamente todos os cordéis publicados pela Sociedade dos Cordelista Mauditos, criada em 2.000 por um grupo de jovens, que formaram os 12 apóstolos da sociedade, está inserida na coleção.

Há alguns meses o poeta anda com sua mochila oferecendo os raros cordéis para terminar de construir sua casa. "Uma herança de família, que para mim é muito difícil de desfazer", diz ele. Aos 14 anos, Orivaldo iniciou sua vida na poesia, a literatura com a crítica contundente do poeta encontrou caminho certo no momento em que casou suas ideologias, para criticar o que estava posto, diante de uma forma tradicional de fazer cordel.

O cordel foi um meio de conhecer mais da história e aperfeiçoar os conhecimentos. "É esse jornal popular de imenso poder de persuasão entre as massas que precisava de uma revisão crítica, diante dos seus preconceitos muitos explícitos e reprodução de uma ideia dominante", explica.

Hoje, o poeta Orivaldo até se lamenta um pouco por não haver uma continuidade permanente dos trabalhos junto à sociedade, que foi criada para trazer a crítica, uma nova interpretação do cordel, sem que minorias fossem expostas de forma preconceituosa, como ele mesmo ressalta, em relação aos homossexuais, matutos, negros e, também, mulheres.

O projeto Sesc Cordel teve à frente uma de suas idealizadoras, Fanka Santos, integrante da Sociedade dos Cordelistas Mauditos, em Juazeiro do Norte, que ano passado completou 10 anos. O primeiro contato de Orivaldo com o cordel aconteceu em 1999, por meio do projeto.

Liberdade de produção
Ele destaca a importância do trabalho, que trouxe uma abertura maior para a produção na área, integrando jovens, abrindo esse espaço para os estudantes, e mostrando que era possível "abrir a veia" da produção poética, com espaço para uma visão da realidade, mais crítica.

Ele chegou a escrever seis folhetos, a dar cursos de xilogravura. "Consegui com uma orientação maior por meio desse trabalho, soltar minha língua de uma forma mais equilibrada, com palavras mais adequadas e isso me fez muito bem", destaca o artista. Um de seus cordéis, que trazia a personagem de Zé Pilintra, travestido de músico e ferrenho crítico teve, com isso, que ser refeito, com menos palavrões, por exemplo.

"Pena que o grupo nesses anos todos teve ações importantes, mas isoladas, quando éramos chamados para alguma coisa e não entrou como um grupo mambembe", diz ele. No Crato, existe há duas décadas a Academia de Cordelistas do Crato. Para Orivaldo, uma forma mais tradicional de conservar o cordel, com um trabalho permanente de todo um grupo.

Dos seus mais de 600 cordéis, se encontra um material raro das décadas de 50, 60, 70 e 80. O preço? R$ 10 mil. Ele quer repassar para uma instituição, como biblioteca ou universidade para fins de pesquisa, e o material seja socializado, mas caso algum particular queira, pela necessidade, o cordelista afirma que repassa os livretos e até negocia. "Eu já li mais da metade desses livretos e não tem sentido para mim ficar guardando, sem que tenha uma utilidade maior", justifica Orivaldo.

A preocupação de tirar o cordel dos preconceitos, segundo ele, continua. A linguagem do cordel teria que se modernizar. Eis a proposta dos "mauditos", no momento dos 500 anos do Brasil. De lá para cá, o cordel sobrevive, e para muitos, com linguagem remodelada.

MAIS INFORMAÇÕES

Orivaldo Batista
Rua São Benedito, 801,
Bairro Franciscanos, Juazeiro do Norte (CE)
Telefone: (88) 8829.8325

ELIZÂNGELA SANTOS 
Repórter

Juiz de Direito se destaca como escritor em Assaré

José Flávio Morais, juiz da Comarca de Assaré, lança seu sétimo livro: "Daniel Alecrim e o talismã de ébano"

JUIZ Flávio Morais ao lado do quadro do Padre Ibiapina, seu ídolo e que já foi tema de um dos seus livros
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
Crato. Sem a toga, ele parece um "garotão". Confunde-se com os seus alunos de Curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (Urca). Quando menino, inventou um gerador de energia acionado por uma bicicleta. Com a mesma bicicleta percorreu o Ceará inteiro. Resolveu ser juiz de Direito na Bahia. Porém, seu sonho era ser juiz no seu Estado. Fez novo concurso para a magistratura no Ceará. Atualmente, o juiz José Flávio Morais responde pela Comarca de Assaré. Com mais de 1.000 processos para julgar, ainda encontra tempo para escrever livros.

Em meio a uma sentença e outra, ou no caminho de Assaré para o Crato, onde é professor da Faculdade de Direito, o juiz reflete pensamentos, construindo ideias que serão enfeixadas em livros. Já escreveu sete, entre os quais, um sobre o Padre Ibiapina que será relançado, em sua 2ª edição, na Faculdade Católica do Cariri, pertencente à Fundação Padre Ibiapina. Com o lançamento do livro "Daniel Alecrim e o talismã de ébano", o juiz de Direito José Flávio Morais tomou posse na Cadeira Padre Antônio Gomes de Araújo, do Instituto Cultural do Cariri. O novo acadêmico foi saudado pelo advogado Emerson Monteiro Lacerda, que apresentou o juiz-escritor como o mais legítimo representante da literatura caririense. "No ímpeto da arte literária, o autor revela acuidades e aceita com afeto o fazer da inspiração, legando-nos, agora, ´Daniel Alecrim e o talismã de ébano´", disse o advogado Emerson Monteiro, acrescentando que a produção estabelecida sobre o primor das anteriores, realimenta seu público jovem dos insumos do estilo correto, da imaginação penetrante e do talento raro, demonstrações do quanto revelam seus textos das duas primeiras edições ao crivo do inesperado, do fantástico. No o entanto, sem fugir à seriedade austera decantada nas histórias da infância, nem abrir concessões ao vulgar da pura fantasia comercial.

O território que Flávio Morais permeia no seu universo criativo, segundo Emerson, alimenta de satisfação os leitores, porquanto os encaminha dentro de valores sóbrios e justos, ao fragor dos bons e pródigos narradores. "Esta revelação, que consolida cada vez um pouco mais nos livros posteriores, enriquece nossas letras e agrega qualidade ao gênero infanto-juvenil da literatura brasileira".

Emerson lembrou os memorialistas, historiógrafos, contistas, novelistas, romancistas, poetas, jornalistas, cientistas sociais, juristas, a formar rico material de perpetuação da cultura deste pedaço surpreendente de chão, que agasalha civilização altiva e heroica em natureza aconchegante, a se expandir para o mundo inteiro. Acervo dos melhores reúne herança da história social das gerações e supera os limites do perecível.

Dentre esses nomes formadores das nossas letras alguns ganham destaque pelo conjunto da obra e pela qualidade do que publicam, tamanho do que contém na utilidade futura e no intento das suas publicações.

E no meio dos tais profícuos e organizados homens da escrita caririense se acha José Flávio Bezerra Morais, ora a lançar mais uma de suas obras. Um dos livros de maior destaque foi "A sombra do laço", pesquisa histórica de um episódio da existência do Padre Ibiapina, figura emblemática da Igreja Católica no Nordeste brasileiro, e que também cumpriu o papel da advocacia aos tempos do século XIX.

Os primeiros dois livros lançados foram "Histórias que ouvi contar", de 1993, e "Histórias de exemplo e assombração", de 1997. Dois belos trabalhos escritos com o zelo acadêmico de aluno do Curso de Letras, da Urca. Emerson Monteiro lembra que "os dois livros foram editados com a modéstia das nossas gráficas da ocasião, e levados às bancas para apreciação de muitos, marcos imprescindíveis do gênero fantástico da nossa literatura, agora dignos de figurar em novas edições, uma vez esgotados nas livrarias e bancas".

A seguir, sob o mesmo prisma das histórias anteriores, elaborou "Sete contos de arrepiar", um clássico deste gênero no Brasil, publicado por meio de importante editora, a Rocco, isto em 2006, já revelando outro dos quatro víeis considerados na sua obra, o de autor infanto-juvenil que ora se consolida com esta obra lançada. O livro ganhou maiores âmbitos, rendendo ao autor participar da 44th Bologna Children´s Book Fair 2007 (44.ª Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil, em Bolonha, Itália, no ano de 2007), consagração digna dos bons escritores mundiais.

Terra natal
Ao sabor das considerações de quantos aspectos dispõe o roteiro autoral de Flávio Morais, em 1989, editou "Milagres do Cariri", uma abordagem telúrica dirigida à sua terra natal sob pontos de vista físicos, geopolíticos, antropológicos etc.

Daí, seguiu outro título, "Nas veredas do fantástico", em 2002. Graduado em Direito pela Universidade Regional do Cariri, Flávio Morais encetou os esforços da sua intelectualidade também às hostes jurídicas, galgando com sucesso o posto de juiz do Tribunal cearense, funções que abraça com os vigores da responsabilidade. No espaço das letras voltadas ao ministério do Direito, pois também exerce cátedra na Universidade do Cariri, em 2003, publicou "Dívidas: como preveni-las ou livrar-se delas", sequenciado, em 2004, pelo "Compêndio de Prática de Processo Penal", e, em 2008, pelo romance de cunho jurídico "A sombra do laço.

MAIS INFORMAÇÕES
Tribunal Regional Eleitoral do Ceará Rua Padre Emílio Cabral, 320
Centro - Cidade de Assaré
Telefone: (88) 3535.1213


Antônio Vicelmo
 Repórter

Fonte: Diário do Nordeste


sábado, 2 de abril de 2011

O leitor brasileiro na visão de nossos escritores clássicos

Publicado em 1º de março de 2011
Juliana Carvalho
Professora e redatora
Em continuação ao tema explorado no minicurso Literatura, Ensino e Divulgação Cultural, oferecido pela professora doutora Muna Omram na UFF, sobre o qual falamos aqui na edição de 4 de janeiro de 2011, a formação do leitor brasileiro mereceu especial atenção. Para Antonio Candido, faz pouco tempo que as obras nacionais trabalham com base no sistema literário autor – obra – público. Para o historiador, a literatura deve valorizar um esquema comunicativo mais completo, que não isole o autor em sua produção, mas coloque-o em diálogo com outros autores, adeptos ou não da mesma tendência. Durante muito tempo, o que vimos foi uma produção literária mais ou menos consciente de seu papel e que renegava o leitor a um papel secundário. Para esses autores, o papel do leitor era apenas ocupar um lugar de destaque como receptor privilegiado dessas obras.

Formação do público leitor no Brasil

A figura do leitor começa a aparecer na produção literária nacional no Romantismo. Os autores românticos se posicionavam como professores desses leitores. Em Memórias de um Sargento de Milícias, Manuel Antônio de Almeida parece conduzir o leitor pela mão, sempre recapitulando uma ação do capítulo anterior:

Os leitores devem estar lembrados de que o nosso antigo conhecido, de quem por algum tempo nos temos esquecido, o Leonardo Pataca, apertara-se em laços amorosos com a filha da comadre e que com ela vivia em santa e honesta paz. Pois este viver santo e honesto deu, em tempo oportuno, o seu resultado. Chiquinha (era este o nome da filha da comadre) achou-se de esperanças e pronta a dar à luz.
José de Alencar fornece ao leitor uma formação engajada com o projeto político e ideológico do Romantismo na primeira geração, representado pelo indianismo. Esse projeto pretendia, por meio da literatura, fundamentar os alicerces para a construção de uma nação ideal:

O que melhor do que a história de Peri para despertar o furor nacionalista que parecia adormecido no inconsciente coletivo — na juventude brasileira que ansiosa aguardava a chegada do trem transportando as páginas folhetinescas? O sentimento solidário agrupava jovens para uma leitura em voz alta a favor de quem não possuía um exemplar.

A mais conhecida razão para a escolha do índio como herói nacional foi a resistência que impuseram aos portugueses. Mas José de Alencar tenta desmentir isso nas primeiras linhas de Iracema. A luta apresentada quando Iracema se encontra com o branco é breve e apenas consequência de um reflexo de defesa contra um estranho. Mas ao disparar sua flecha e ferir o guerreiro, logo sente remorso. Este, ao contrário, “de primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida” .

Um pouco mais distante dos temas políticos, Machado de Assis tomou para si a missão de fornecer cultura ao leitor. São muitos exemplos, mas o conto Missa do Galo apresenta isso de forma bem clara. Observe o trecho em que Nogueira fala a Conceição (e ao leitor) sobre o romance que está lendo:

Tinha comigo um romance, Os Três Mosqueteiros, velha tradução, creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas (...).

— Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
— Justamente: é muito bonito.
— Gosta de romances?
— Gosto.
— Já leu A Moreninha?
— Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
— Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?
Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns.

Já o conto A Cartomante tem início com uma citação de Shakespeare:

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
Além de sugerir listas de livros, peças, concertos e obras culturais às quais o indivíduo deve ter acesso para adquirir formação ampla, outro recurso usado por Machado de Assis é aproximar-se do leitor, fazendo-o sentir-se parte da história. Em Dom Casmurro, no capítulo 10, chama o leitor de amigo para convencê-lo:

Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição, cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor... Mas não adiantemos; vamos à primeira tarde, em que eu vim a saber que já cantava, porque a denúncia de José Dias, meu caro leitor, foi dada principalmente a mim.

Ao ser convidado a compartilhar os pensamentos e atitudes do narrador, o leitor é levado a refletir e tomar partido na narrativa. No caso da história narrada por Bentinho, o leitor decide se acredita na veracidade dos fatos ou não. Machado tenta claramente seduzir o leitor chamando-o de amigo ou tratando-o com cordialidade, mas o considera inapto para entender as sutilezas da linguagem. Talvez por isso Capitu não tenha sido condenada pelo autor, mas sim pelo público.

Shakespeare volta a ser referência, se observarmos a estrutura e as semelhanças entre os perfis de Bentinho e Otelo. Bentinho, assim como Otelo, também reflete desajuste social, sendo descrito como um sujeito manipulado e sem decisões próprias. Fruto da autoridade matriarcal e da acomodação burguesa, vê em Capitu uma figura cuja força, exuberância e firmeza de atitude são capazes de subjugar sua própria identidade. Ambos viram como solução para a suposta infidelidade a morte de suas esposas. Otelo, em sua personalidade mais sanguínea, parte para o ato evidente, estrangulando Desdêmona, reparando sua honra numa atitude totalmente movida pela emoção, chegando à insanidade. Já Bentinho, um homem que prezava as convenções sociais, buscou solução mais racional, embora covarde, em ignorar Capitu, retirando-a aos poucos de seu convívio. O assassinato pode ser entendido na própria narrativa, em que Dom Casmurro, quase que por descuido, deixa escapar que ela morreu na Europa, sem uma observação mais relevante, distante dele e já há muito de seu coração.

No século XX, Lima Barreto cria uma personagem leitora, o major Policarpo Quaresma, que se eleva quando transforma em ideal o conteúdo de suas leituras. Ainda assim, o autor apenas indica uma lista extensa de obras, sem oferecer nenhuma explicação sobre sua importância. Isso evidencia o desprezo ao leitor presente na literatura brasileira em geral até então.

Mário de Andrade, em seu livro Amar, verbo intransitivo, conta com a ajuda do leitor na medida em que este, ao ler um texto, estabelece conexões implícitas, preenche lacunas, faz deduções, comprova suposições, e tudo isso significa o uso de um conhecimento de mundo em geral e das “regras” literárias em particular. Partindo desse princípio, o autor constrói uma obra cheia de lacunas, em que é solicitado o trabalho do leitor para interpretá-las. Apesar disso, ainda não há diálogo. O leitor realiza seu trabalho de interpretação já com base nas pistas oferecidas pelo autor, que direciona a leitura.

O conceito de metanarrativa permite ao autor guiar o leitor por meio de uma sucessão de lacunas ao fim das quais ele terá reconstruído o texto segundo a intenção do autor. A obra apresenta pistas que balizam as interpretações. A consciência de que há uma regra de montagem é que nos leva a fazê-lo corretamente.

A obra apresenta um narrador onipresente e onisciente, que interrompe a história para comunicar ao leitor que o que ali está em palavras não é algo inventado, mas efetivamente um relato. O leitor, a par das impossibilidades típicas do relato, como a onisciência e onipresença autoral, aceita a tarefa de contextualizar a ficção e torná-la verossímil. Existe uma intenção clara que solicita a cooperação do leitor, mas não se predispõe a dividir com ele o trabalho de autoria.

Talvez o primeiro autor dentro da literatura brasileira que realmente convide o leitor para ajudá-lo na construção de sua obra é Graciliano Ramos. São Bernardo, aclamado no meio acadêmico, apresenta um narrador que dialoga com o leitor com base em sua maturidade. O leitor passa a ser produtor e operário, com base no sistema de produção capitalista. Desde o início de São Bernardo, o protagonista compartilha com o leitor o processo de elaboração da obra, questiona sobre a linguagem a ser empregada, a divisão dos capítulos. Esses traços metalinguísticos tornam a obra ainda mais complexa; esse estilo pode oferecer pistas para compreender Paulo Honório, que compartilha conosco suas memórias. Já no início do livro percebemos a intenção do autor: “Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho”. Paulo Honório convida o leitor para construir a narrativa junto com ele, demonstrando solidariedade e reconhecendo a necessidade de diálogo, entretanto sem desprezá-lo ou diminuí-lo.

A partir da obra de Graciliano Ramos, outros autores passaram a respeitar a independência do leitor, já que somos nós que produzimos a leitura, construímos o personagem e geramos sentido, independente da criação do autor. Bastava aos autores apenas o reconhecimento e a elaboração da obra a partir dessa perspectiva.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pe. Robson - Homilia Missa 1º Ano de Falecimento do Mons. Edson

Salutar nostalgia
    
Sinto-me honrado em poder pela segunda vez homenagear, embora de maneira tão pobre um homem, um sacerdote de tamanha magnitude sabendo, pois, que há pessoas mais indicadas do que eu para tal ação. Peço desde já desculpas, quando minhas palavras não forem suficientes para expressar quem foi José Edson Magalhães.

Hoje queremos lembrar com justiça também o nosso querido Romário Rios que nos deixou há 07 meses. Imensa saudade daqueles que souberam cultivar uma amizade saudável e inesquecível como a sua, amigo.
“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro no dedo sabe que, a qualquer momento ele pode voar”, diz Rubem Alves.

O pensamento deste poeta cai como uma luva, se encaixa, emoldura exatamente o instante em que soubemos da abrupta partida sem despedida do padre Edson, há um ano completado hoje.

O pássaro que estava no dedo de Deus, inesperadamente, voou do dedo para o coração, do dedo para o coração de Deus. Sendo assim poderíamos cantar com o salmo 131: minha alma retorna a tua paz, como criança bem tranqüila no regaço acolhedor de sua mãe como canta Kelly Patrícia.

O pássaro voou naquela manhã, surpreendente, traiçoeira, de segunda-feira da Semana Santa. Coincidência ou acaso, eu ouvia pela manhã, ao acordar, a música Canção da América. Por achá-la rebuscada decidi escutá-la pela segunda vez. Era uma canção insistente para celebrar a amizade. A letra desta música é bastante utilizada nos momentos de despedida, e com padre Edson não foi diferente. Ao chegarmos à funerária, padre Denilson e eu, nos deparamos com seu corpo inerte trajando uma camisa simples com o trecho da referida canção – falava de amizade. Coincidência ou não, interpretei a repetição daquela melodia, que para mim é um bálsamo, como aviso suave do pássaro que voava de volta para o lugar de onde um dia partiu em direção a seara do Senhor.

Padre Edson era este pássaro de cocoruto grisalho que soube ao longo da experiência terrena fazer vôos rasantes, pois era muito sonhador, mas sem tirar os pés do chão.
Este pássaro amigo fizera inúmeras amizades com crianças, jovens, adultos e pessoas da sua idade.

Na capela de São Benedito, no último domingo de sua vida, a me ver amarrando o cíngulo à cintura, comentou com frei Domingos que veio nos auxiliar nas cerimônias e confissões da Semana Santa: “padre novo... se preocupa com os paramentos...” e dizia como havia feito no dia da sua ordenação sacerdotal, e não se contentando fez uso do microfone para tratar do assunto. Achei inoportuno aquele comentário para o momento – era domingo de Ramos. 
Algum tempo depois, perdido no meio das minhas recordações, pude resgatar também as lembranças e desabafos do padre Edson e, paulatinamente, fui compreendendo a despedida inconsciente do pássaro que já ameaçava alçar vôo.

Ele esteve quarenta e cinco anos pousando no dedo da Igreja de Acaraú. Nos acostumamos com ele, com sua timidez no altar. Por causa da sua consciência lúcida e atualizada jamais, seus paroquianos, pensavam na hora que o pássaro levantaria vôo para outras paragens. Foi embora, migrou para o desconhecido, mundo invisível, eterna morada almejada por todos. Encerrou uma jornada inédita, pois somente os que se gastam pela causa do Reino de Deus, e estes são raros, é que podem desfrutar de um tirocínio extraordinário tal como fizera o pássaro de cocoruto grisalho.

Particularmente, já o conheci assim de cabelos esbranquiçados pelo tempo, pelos cargos, compromissos e preocupações escondidas naquele coração que parou de funcionar no dia vinte e nove de março de dois mil e dez.

Há um ditado pejorativo que diz: “quem quer ser bom... morra”. Ao padre Edson este adágio não se aplica. A partida brusca sem despedida arrancou do coração de muitos paroquianos a lamentação. O retorno para Deus fez nascer na consciência das pessoas a missão inigualável, sublime de um sacerdócio discreto. Paradoxalmente muitos o conheceram após sua partida.

Alguns bairros de nossa cidade ganharam nome e cresceram com a motivação de padre Edson, destacamos aqui Mons. Sabino, Sítio Buriti e Bailarina. Nas quadras invernosas pesadas, ele foi o principal incentivador do desbravamento destes lugares. Os moradores de Perseguida, por exemplo, foram convidados a morar em região mais segura. Eu mesmo sou testemunha dos gêneros arrecadados na garagem de sua residência para assistência dos desprovidos nos tempos de enchente.

Quantas pessoas foram socorridas pela mediação de padre Edson, com remédios e indicação para emprego no município, independentemente de serem católicas.

Ao assistir o sofrimento das pessoas sem recursos para um bom atendimento de saúde, junto ao Lions Clube de Acaraú, empreendeu a construção da fundação SESP que atualmente recebe, merecidamente, o nome de Dr. Nestor de Paulo.

Há que se falar aqui também do projeto de cacimbas comunitárias que amenizou o sofrimento de inúmeras famílias sem água.

Apresentou ao secretário de segurança do Estado o projeto de um presídio modelo com terapia ocupacional para os detentos. Infelizmente, padre Edson ouviu da boca do secretário que o estado não tinha condições para manter um presídio daquele porte no interior. 

Durante seu pastoreio construiu centros de evangelização em várias comunidades. Existentes ainda hoje, acolhem os encontros de catequese e outras atividades da paróquia.  Alguns estão sendo adaptados para capela.

Na grande reforma da igreja matriz criou a escola de aprendizes com oficinas de carpintaria, construção civil e outros ofícios.

Não nos compete elencar em detalhes os feitos de padre Edson para o desenvolvimento do Acaraú. O importante é viver segundo o princípio do Evangelho de dar com a mão direita para que a esquerda não veja. Ele soube agir desinteressadamente, livre como um pássaro desprendido e abandonado na confiança de Deus.

Homem de idéias firmes, pensamento ponderado. Com capacidade de análise. Era formado em Letras e sabia escrever com mãos de poeta. Sou conhecedor de um dos seus devaneios artísticos – uma homenagem ao amigo coqueiro que existia no fundo do quintal do casarão como ele se reporta ao falar da casa paroquial. 

Trata-se de uma belíssima crônica do solitário sacerdote e a companhia do amigo coqueiro. Datado de julho de mil novecentos e noventa e dois, o texto rebuscado encontra-se emoldurado na sala superior da casa que lhe abrigou de 1965 a 1998.

Já na nova residência, por diversas vezes, me surpreendia vê-lo perdido entre os livros. Era um sacerdote atualizado, lúcido, amava a Igreja que o gerou para um apostolado fecundo. Depois das leituras, a escrita de maneira lenta, como sabemos.

Ao longo de seu ministério apascentou somente dois rebanhos – o de Cruz e o de Acaraú. É verdade que foi convidado algumas vezes para assumir outras funções, como por exemplo, a reitoria do Seminário Arquidiocesano, em Fortaleza. Padre Edson havia fixado as raízes no seu torrão-natal, consumia-se de zelo pela paróquia. Dos muitos templos da Igreja do Ceará, a nossa matriz é um dos ícones sagrados mais suntuosos e imponentes. Ele não queria mexer na arquitetura de Agostinho Balme. Alguém sugeria: a igreja precisa de banheiro... de armários... é preciso trocar o carro.... Ele dizia: “o padre que vier cuidará disso”.

Todos os anos, ao que me parece desde a década de 70, padre Edson oficialmente abria as festas de Nossa Senhora da Conceição com uma mensagem, um apanhado dos últimos acontecimentos da vida social e da Igreja local. O último discurso, embora ele não tenha mencionado, trazia como título – Antes de parar. Nos últimos tempos falava muito com ar de despedida, o que era natural para um homem trabalhador, dono de muitas responsabilidades paroquiais e pessoas, além disso, era necessário cuidar do coração. Protelou por algumas vezes a ida ao cardiologista alegando os serviços pastorais da Diocese e da paróquia. Como sabemos, ele foi Coordenador de pastoral da Diocese por várias vezes e coordenador da Região Pastoral Vale do Acaraú por longa data.

Em janeiro de 2009 deveria ir ao médico. Não foi. Aguardava a minha chegada de Pernambuco para não deixar a paróquia desassistida. Resolveu prorrogar os exames, os quais faria após a semana santa. Mas, retomando ao tema - Antes de parar- padre Edson assim se expressava: “a fila anda”, para dizer se referindo a uma canção do Daniel a respeito do eterno convite da vida. Há um caminho para ser percorrido, ainda há trabalho a ser feito, os sonhos se eternizam.

Podemos afirmar que padre Edson partiu gastando-se até o fim, parafraseando João Paulo II, pela causa do Reino de Deus.

Deixou rastro, lembranças, opinião, palavras, gestos, marcas, testemunho, dedicação, serviço, saudades. Sua lembrança ficará impregnada na consciência dos que souberam amá-lo e no interior desta igreja. Basta contemplar o altar para lembramos daquele olhar de lado, as mãos no bolso da calça comprida, o cuidado em pentear os cabelos, o casaco azul, gestos tão peculiares a sua pessoa.

Evidentemente tais palavras são muito desprovidas para expressar, nesta celebração, não da tristeza, mas da saudade, tudo que significa para nós (familiares, amigos, conterrâneos, aprendizes, ex-alunos, afilhados, paroquianos) o padre José Edson Magalhães.

Ao concluir gostaria mais uma vez de tomar emprestadas as palavras doutro poeta, desta vez, Mário Quintana: “não vamos chorar por que acabou, vamos sorrir por que aconteceu”. Padre Edson já fez sua páscoa, está com Deus. O importante é nos esforçamos para dar continuidade aos trabalhos começados por ele. É a melhor maneira de homenageá-lo, lançar a semente. Assim é a vida: uns plantam outros colhem.

Pe. Robson Cabral 
Acaraú, 29 de março de 2011 (IIIª semana da Quaresma)

Missa do 1º Ano de Saudades de Mons. Edson Magalhães

A Missa teve início às 18:15 hs com a presença de muitos paroquianos, parentes, e amigos de Acaraú e das paróquias da Região Episcopal do Baixo Acaraú e dos Pe. Eudes, Pe. Denílson, Pe. Robson, Pe. Jacó, Pe. Lindomar, Pe. Rômulo, Pe. Saraiva, Pe. Assis e do seminarista Fábio.

A missa foi presidida por Pe. Denílson e o panegírico por Pe. Robson que retratou a trajetória, trabalhos, missão e realizações do Mons. Edson em Acaraú.

No ofertório foram levados em procissão objetos pertencentes ao Mons. Edson: sandália, túnica, estola, pente, blusa, livro, terço e um banner com mensagem e foto do monsenhor pelo Lions Club de Acaraú movimento que o monsenhor fazia parte.

No Momento de ação de graças várias homenagens feitas por: Carlos Magalhães irmão do Mons. Edson, Eva Muniz de Cauassú, Mensagem da Ir. Silvanete Pontes que reside em Bezerros Recife-Pe.

Lourdinha Vasconcelos e Pe. Eudes agradeceram a todos os participantes da Celebração Eucarística.

Nós paroquianos somos gratos ao Mons. Edson pelos relevantes serviços pastorais e pela Evangelização realizada na Paróquia de Acaraú.

Por Totó Rios – 30.03.2011

Coleção Outras Histórias lança novo livro de Ismael Pordeus

"Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim", de Ismael Pordeus, traz três séries documentais com preciosidades sobre a vida do líder de Canudos. Lançamento 06 de abril, 17h30, no Museu do Ceará.


A Associação de Amigos do Museu do Ceará - ASMUSCE é uma entidade de direito privado, sem fins econômicos, fundada em 28/8/1996, na cidade de Fortaleza, com o objetivo de auxiliar o Museu do Ceará a captar recursos para a execução da sua missão institucional: promover a reflexão crítica sobre a História do Ceará, por meio de programas integrados de aquisição e conservação de acervos, pesquisas museológicas, exposições, cursos, publicações e práticas pedagógicas.

Desde 2001, a ASMUSCE edita a Coleção Outras Histórias, que hoje conta com 65 volumes. Por esse trabalho, recebeu o Prêmio Rodrigo Franco Melo de Andrade, na Categoria Divulgação do Patrimônio Cultural Brasileiro, conferido em 2007 pelo IPHAN e o Prêmio Manoel Coelho Raposo, do Edital para o Autor(a) Cearense, da Secretaria da Cultura do Estado, na categoria Selo Editoral.

A intenção da Coleção Outras Histórias é divulgar a produção acadêmica das ciências humanas, em linguagem e preço acessível, mas sem a perda do rigor. Este material, muito procurado pelas escolas e universidades do Ceará, subsidia ainda as diferentes atividades produzidas pelo Museu do Ceará, dentro do seu projeto educativo, que envolve pesquisas para as exposições de curta e longa duração, visitas orientadas, produção de materiais didáticos e oficinas.

O perfil editorial da Coleção Outras Histórias prima por uma multiplicidade de abordagens e objetos de investigação, a partir de três núcleos temáticos: 1) estudos de cultura material, especialmente direcionados para o acervo da instituição (Museu do Ceará); 2) pesquisas no âmbito do conhecimento histórico ou áreas afins, relevantes para a compreensão do referido acervo e da História do Ceará; 3) publicação comentada de documentos inéditos, de modo a promover a divulgação de vestígios e testemunhos que possam servir de subsídio para trabalhos futuros.


Considerando esse perfil editorial, a ASMUSCE lança Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim, de Ismael Pordeus (Prefácio de Ana Maria Roland), que traz três séries documentais: A verdadeira idade de Antônio Conselheiro, texto inédito em livro (sem data); Antônio Conselheiro não é matricida (1949), Antônio Dias Ferreira e a matriz de Quixeramobim (1955), compostos por vários artigos publicados individualmente no jornal O Nordeste e reunidos agora pela primeira vez.

Esses documentos encontram-se na reserva técnica do Museu do Ceará. Além de homenagear um dos mais importantes historiadores cearenses, divulgando a sua obra, a ASMUSCE tem por objetivo apresentar também, para o grande público, parte do acervo do Museu que não está nas salas de exposição.

Lançamento do livro "Escritos sobre Antônio Conselheiro e a Matriz de Quixeramobim", de Ismael Pordeus
dia 06/04 (qua), às 17h30
no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51 - Centro de Fortaleza)
entrada franca
valor do livro: r$10
info: (85)3101-2609 3101-2610