quarta-feira, 22 de junho de 2011

Museu da UFC completa 50 em mostra histórica

A exposição de cinquentenário do Mauc abre hoje (22) e segue até novembro, com parte do acervo próprio com obras de artistas locais e internacionais
Entre as coleções do museu, destaca-se a sala dedicada ao artista plástico Aldemir Martins (FOTO RODRIGO CARVALHO, 8/7/2008)

“O Museu de Arte terá, sem dúvida, uma grande missão em nossa terra, devendo abranger um campo que se estende desde a pintura clássica até a arte mais tosca de nossos artistas nordestinos”. Assim, dias antes da inauguração, que aconteceu no dia 25 de junho de 1961, do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), O POVO previa a importância do equipamento para o Estado. De lá pra cá já se passaram 50 anos e hoje (20), o Mauc abre a programação em comemoração ao aniversário com uma exposição de peças do acervo que pretende ser um passeio pela história do local.

Fundado a partir de uma iniciativa do então reitor Martins Filho, o Mauc foi inaugurado no mesmo dia do aniversário de seis anos da UFC e instalado em uma chácara que antes sediava o Colégio Santa Cecília. Só em 1965 ganhou a sede própria que hoje fica no campus do Benfica, em frente à Reitoria, no cruzamento das avenidas da Universidade e 13 de Maio. Em 1949, quando de uma visita que fez ao Museu del Prado em Madrid e a museus parisienses em que foi guiado por Antônio Banderas, Martins Filho já alimentava a ideia da fundação do Museu.

“Compreendi, igualmente, que teria tido maior rendimento nas minhas esporádicas visitas aos museus da Europa, se estivesse mais familiarizado com o mundo maravilhoso das artes plásticas. Concluí então que deveríamos iniciar o movimento pró-fundação do Museu de Arte da Universidade”, explica em texto da época publicado atualmente nos site do Mauc. Ele cita nomes como o de Heloísa Juaçaba e dos pintores Zenon Barreto, Antônio Bandeira e Floriano Teixeira como apoiadores da ideia embrionária.

A exposição de instalação foi uma coletiva que reunia arte sacra e popular de artistas locais, como Francisco Silva, Raymundo Cela e Sérvulo Esmeraldo, que contribuíram com doações e empréstimos ao incipiente acervo, que vinha sendo coletado desde 1958.

Sobre essa primeira exposição, o escritor cearense Fran Martins disse à época: “Museu que vai começando da estaca zero, com quadros e imagens emprestadas, com arte popular pela primeira vez apresentada como cousa de valor, para grande surpresa de mestre Chico Santeiro, e Francisco Silva, que jamais pensaram que os bonecos que faziam e as serpentes que pintavam um dia seriam admirados por generais e doutores, todos neles reconhecendo valores que os seus próprios autores ignoravam completamente”.

Há 24 anos, sendo dirigido pelo professor Pedro Eymar, o Mauc abre hoje a exposição que fará uma recorte do acervo atual de cinco mil obras. “Nunca estivemos em momento melhor. A exposição conta um pouco dessa história em que a nossa principal vocação, o nosso endereço é a tensão entre a arte clássica e a moderna, o surgimento das vanguardas”, explica.

A mostra traçará a trajetória do equipamento desde a fase pré-museu, passando pela evolução do acervo, a formação das coleções e mudanças na estrutura física do prédio. Para isso reúne fotos, reproduções de documentos, painéis, textos explicativos e obras dos chamados artistas fundadores, como Barrica, Aldemir Martins, Floriano Teixeira, Estrigas e Nice Firmeza, Barbosa Leite, Vicente Leite e daqueles que ganharam salas permanentes. “Resgatando a tradição dos ateliês coletivos, a exposição será montada no salão principal, reunindo todos os artistas em um único espaço”, adianta o diretor.

Além da mostra, as comemorações seguem com o retorno das oficinas de gravura, desenho e pintura, das homenagens a artistas, ex-diretores, funcionários e ex-funcionários do Museu. “Além da digitalização de todo o acervo, que começará pela coleção do artista suíço Jean-Pierre Chabloz”, revela.

SERVIÇO

EXPOSIÇÃO EM COMEMORAÇÃO AO CINQUENTENÁRIO DO MAUC
Onde: Mauc (avenida da Universidade, 2854, Benfica)
Quando: de hoje (22) até 12 novembro
Horário de visitação: de 8h às 12h e de 14h às 18h, de segunda a sexta
Acesso gratuito
Outras info: (85) 3366 7481

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

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