terça-feira, 22 de março de 2011

Poesia em quatro meses

O jovem escritor Pedro Esdras estréia com o livro de poemas Maio Junho Julho Agosto, lançado pelas Edições Demócrito Rocha
Pedro Esdras é o principal compositor da banda de heavy metal Warbiff (DIVULGAÇÃO)
O livro Maio Junho Julho Agosto foi lançado sexta-feira dia 18, na Livraria Cultural, com poemas de Pedro Esdras, 25, escritos em quatro meses nos quais o chamado “impulso lírico” tomou conta do estudante de Arquitetura. Entre farras homéricas e epopeias ressaquiadas, Pedro escreveu grande parte dos textos com uma linguagem despretensiosa, informal, por vezes sensível e sarcástica ao mesmo tempo.

“Foi uma época que eu tinha um espaço para trabalhar”, fala sobre os meses do ano passado que intitulam o livro. “Era uma época que eu tava bebendo um bocado mesmo”. Acostumado a escrever textos pessoais sobre Arquitetura e Ciência Política – curso que não concluiu –, além de ser o principal compositor da banda de heavy metal Warbiff, Pedro se viu às voltas com a poesia depois de perceber que o volume de poemas só aumentava ao passar dos dias.

“Eu comecei a levar a sério quando estava na metade desses poemas”, diz. Longe de ser leitor inveterado de poesia, nem escritor dedicado a escavar os mistérios da linguagem poética, ele seguiu escrevendo até o final de agosto, sem saber muito donde saía os elementos de sua linguagem, aproveitando a ressaca inspiradora, a lembrança passageira, a reflexão filosófica miúda e as paixões repentinas.

De referências, com o livro já publicado, aponta algumas com parcimônia. Na poesia, Ferreira Gullar e o pernambucano Ascenso Ferreira, poeta na alta conta do paulista modernista Mário de Andrade que levou a pecha de regionalista ao longo dos anos por se valer dos temas da tradição popular. Compositor ensaiado no ritmo da escrita, reparou: “O lance da música é mais o tempo da escrita. Essa influência eu vejo do Ascenso Ferreira, porque apesar de não saber qual o tempo da poesia dele, eu sei que tem tempo, um tempo que é importante pra ele”.

Outros nomes estão expressamente citados no capítulo Apropriação & Manipulação, no qual o autor se valeu de textos e composições alheias como as músicas Homem é Homem, do brega-star Falcão, Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, e Não Existe Pecado ao Sul do Equador, de Chico Buarque, além de parafrasear a antológica narração de Galvão Bueno na conquista do Tetra: “Cabooooou / cabooooo-oooo-oooou / acabooooooooooou / o Brasil / não é hexa-campeão mundial de futebol”.

Segundo o autor, a estreia desta sexta-feira deve ser o início de uma obra que tem os possíveis próximos passos planejados. “Eu continuo escrevendo. Mas eu não sei o que seria. Algo mais direcionado para um tema. Já há um bom tempo eu tenho duas coisas que já comecei, mas preciso aprofundar mais na escrita. É ficção mesmo. Porém, continuo escrevendo poesia, mas de uma forma mais responsável. Não que seja menos livre, mas que seja mais pensado”.



Fonte: O Povo

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