sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mapeamento de negros e quilombolas


Foto: Elizângela Santos
Após estudos e levantamentos, Grupo de Valorização Negra do Cariri lança cartilha sobre comunidades na região.

Crato. Um trabalho de mais de dois anos, na busca pelo reconhecimento e identificação das comunidades quilombolas do Cariri, resultou no lançamento da Cartilha Caminhos, Mapeamento das Comunidades Negras e Quilombolas do Cariri Cearense, na manhã de ontem, na Urca, Crato.

O trabalho foi realizado por meio de projeto desenvolvido pelo Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), e a Cáritas Diocesana do Crato. São 25 comunidades mapeadas em 15 Municípios da região. Junto com a cartilha, foi lançado um DVD sobre o projeto nas comunidades.

O lançamento contou com a presença de representantes das comunidades identificadas e entidades colaboradoras do levantamento. A cartilha traz questões relacionadas à cultura, identidade, acesso à terra, já que a maioria dessas comunidades é formada por agricultores, levando em consideração a questão agrária e suas implicações para o povo negro; a mulher e a educação contextualizada, além da juventude, religiosidade e perspectivas.

O processo de identificação inicial levou em consideração que a maioria das pessoas indicava locais habitados por população negra, conforme a cartilha. Segundo os levantamentos realizados, das 25 comunidades visitadas, apenas seis delas se auto-reconhecessem como remanescentes de quilombolas.

Comunidades como Serra dos Chagas, em Salitre, Arruda em Araripe, e Sousa, em Porteiras já receberam certificado como remanescentes de quilombolas, da Fundação Cultural palmares. Mas há um processo de encaminhamento incluindo as comunidade de Lagoa dos Crioulos, em Salitre, Caracará e Catolé, em Potengi.

A coordenadora da Cáritas Diocesana do Crato, Solange Santana Filgueiras, afirma que o trabalho terá continuidade, já que nesse momento houve a identificação dessas áreas, seguindo um processo legal de reconhecimento. Esse acompanhamento diz respeito ao acesso de políticas públicas e projetos orientados na área de agroecologia. "Eles mesmos se diziam esquecidos. Sentiam-se rejeitados", diz ela, ao ressaltar a conquista da autoestima das pessoas dessas comunidades.

O lançamento contou com o antropólogo Alex Ratts, pesquisador que atua com a questão indígena e negra no Ceará. Ele abordou questões sobre a reterritorialização dos negros no Cariri. Representando as comunidades, participou da abertura, dona Antônia Bizunga, da comunidade Carcará, além de Sérgio Brissac, antropólogo do Ministério Público Federal.

Resgate

"O trabalho é importante no resgate da identidade e visibilidade das comunidades negra e quilombola"

Solange Santana
Coordenadora da Cáritas Diocesana do Crato

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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