domingo, 20 de fevereiro de 2011

Expedição faz rota dos Kariri

Foto: Augusto Pessoa
Os meninos da Fundação Casa Grande estão percorrendo os caminhos vividos pelos índios Kariri

Nova Olinda. É deste Município que os aventureiros, em busca dos Caminhos da Chapada, partem. Durante seis dias, as primeiras, belas e inesquecíveis imagens são registradas pelas câmeras do veterano fotógrafo e jornalista paraibano, Augusto Pessoa, e os integrantes da Fundação Casa Grande, Samuel Macedo, fotógrafo, e Hélio Souza, na captação de imagens para produção de vídeos para o catálogo na pasta de making-off.

Foram mais de 1.300 quilômetros percorridos em sete cidades da região. Pontos mitológicos, encantados. Na rota dos índios Kariri, o grupo segue no rumo das águas, no projeto denominado Expedições Caminhos da Chapada.


Organização

O trabalho tem a direção de Alemberg Quindins e coordenação científica de Rosiane Limaverde, diretores da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, instituição responsável pelo projeto. Com apoio do Ministério do Turismo e em uma das cidades escolhida como cidade turística do Brasil, a pretensão do projeto é fortalecer o turismo de base comunitária e divulgar a região do Cariri no Brasil e mundo afora. Isso já vem sendo feito pela instituição, por meio de uma exposição itinerante.

Viagens

Ano passado, foram visitados países da Europa, incluindo Itália e Portugal, e Estados do Brasil, levando na bagagem dos Meninos da Casa Grande, música e imagens de rara beleza da região, além das histórias contadas por Alemberg, sobre as histórias mitológicas e encantos da região. A arqueóloga Rosiane Limaverde tem sido uma das responsáveis pelo trabalho de levantamento dos sítios arqueológicos e o desenvolvimento de estudos científicos por meio da Fundação Casa Grande.

Atualmente, está cursando doutorado em Portugal. A parceria com a Universidade de Coimbra é desenvolvida junto ao projeto das Expedições Caminhos da Chapada.

E foi por Missão Velha que tudo começou. Na cachoeira onde os índios Kariri fizeram pousada e os primeiros habitantes da região entraram. O planejamento eficiente do grupo veio em uma das melhores épocas do ano para se captar imagens, que servirão para a produção de um livro/catálogo sobre a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri. A Chapada é cenário. A valorização da paisagem natural e a cultura como marcas fortes entram como esteio da produção.

Fotografia

Mais de três mil fotos foram captadas nos primeiros dias de trabalho. A próxima expedição acontece em março. A trupe, coordenada por Alemberg, dá passos importantes nos registros de uma caminhada, demarcada pelos indígenas. Os lugares encantados, onde as comunidades vivenciam muito bem as lendas e a vida real como quase uma coisa, só são visitados pelo grupo. Carneiros de ouro, castelos encantados, mãe d´água.

Depois de Missão Velha, o grupo vai por Lavras da Mangabeira, adentrar na mata. A passagem pelos cânions, entrecortados pelos rios, no Boqueirão de Lavras, possibilita imagens inesquecíveis de um Cariri naturalmente rico.

Sítios arqueológicos nos Municípios de Campos Sales e Crato foram visitados. A Pedra do Convento, um dos sítios com inscrições rupestres, de onde pode ser verificada uma paisagem panorâmica da vegetação da Chapada, e também na caverna de Santa Fé, no Crato.

Madrugada

As primeiras frestas de luz são aproveitadas para imagens dos ferreiros em Potengi. Os homens acordam cedo. O tilintar das batidas nos ferros molda as lâminas em brasa. É preciso para o trabalho acordar às três da madrugada, para aproveitar o sereno da madrugada, a frieza em contraste com o calor do metal. No Boqueirão dos Viana, em Campos Sales, a presença da religiosidade e uma cultura singular dos povos da Chapada.

PRIMEIRA ETAPA
Material já será exposto neste ano na Espanha

Nova Olinda. A primeira etapa dos trabalhos aconteceu de 8 a 13 de fevereiro. Samuel Macedo afirma que, esse primeiro momento, foi uma experiência única. "Alguns desses pontos já conhecíamos, mas são encantadores pela beleza", diz. O fotógrafo destaca a boa quantidade de material coletado. "É a parte que chamamos de Caminho das Águas", diz Samuel, ao relatar a rota que incluiu os boqueirões, nascentes e mães d´água e toda a região. "Pudemos registrar a força das águas neste período", acrescenta ele. E esse material já será exposto este ano em viagem à Espanha, ainda no primeiro semestre.

Segundo Samuel, esse primeiro momento serviu de modelo para os próximos passos. "Registramos tudo, desde a quilometragem, pontos dos sítios no GPS, vídeos com depoimentos nossos e dos moradores das localidades visitadas". E tem mais lugares. A Gruta do Farias, em Barbalha. Naturalmente bela, pelas águas subterrâneas, estudada pelos espeleólogos.

No Crato, a bela paisagem da Pedra do Batente. É um dos mirantes mais visitados da região. As paisagens das localidades de Arajara, em Barbalha, e na cidade de Jardim, foram as derradeiras paragens do grupo nessa primeira leva. No final do dia, mais trabalho esperando pelo grupo. Extasiados pela beleza, e concentrados, planejam os dias posteriores da expedição.

Algumas cidades da Espanha serão visitadas. Um convite do Futebol Clube Barcelona está incluído na agenda. Durante uma semana, a equipe da Casa Grande estará em Barcelona para divulgar as belezas, a cultura e o projeto para os espanhóis.

MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Casa Grande
Avenida Jeremias Pereira, 444, Nova Olinda/ Telefone: (88) 3546.1333
Escritório - Crato: (88) 3521.8133

Elizângela santos
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste 

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