sábado, 19 de fevereiro de 2011

50 Anos de Paróquia – A Igreja em missão Homilia Mons. Edson

Homilia – Festa de São Francisco
03 De Outubro De 2008

O subtema que me foi dado para refletir para vocês e com vocês, como desdobramento do tema central desta festa: 50 Anos de Paróquia: A Igreja em missão, devo e quero recordar: “Na Paróquia, experimentamos a realidade da comunhão dos Santos, intercedendo a Deus pelos falecidos, e nela fortalecemos a esperança cristã na vida eterna”.

Partindo das ruas, das praças, das casas, e passando pelo ambiente religioso, onde se encontra uma multidão, até chegar ao Altar da Celebração Eucarística e da novena de São Francisco de Assis, o Santo da devoção predileta do povo, me veio a vontade de nos perguntarmos: Quantos cristãos, cristãs batizados (as) espalhados (as) pela extensão territorial de uma Paróquia, circulam, atualmente, de uma maneira efetiva e afetiva, atenta, constante e comprometidamente no mundo real em que se desenvolve a vida da Igreja Paroquial em missão: Templos, Pastorais, pequenas comunidades? A quem atingimos, de fato, com nosso trabalho de evangelização?  Que convicção e desempenho missionário revelam ter os evangelizadores das nossas Comunidades Paroquiais nas diversas áreas da sua atuação?

Nas Paróquias da Diocese de Sobral estamos realizando, com as Santas Missões Populares, um esforço concentrado e mais dinâmico de evangelização, acentuado na Semana Missionária, no intuito de renovar e tornar mais viva, coerente, atuante e fecunda a fé em Jesus Cristo, nosso Salvador definitivo, do qual, pelo Batismo nos comprometemos ser discípulos (as), missionários (as).

Talvez, tenhamos em vários acontecimentos, como, por exemplo, a campanha eleitoral, agora acontecendo em nossos municípios, grandes ou pequenos, uma espécie de espelho que mostra a cara e a alma de muitos católicos, e até católicos militantes e, igualmente, uma espécie de termômetro para se medir o grau de convencimento da sua razão e do interesse, devotamento e paixão do seu coração com relação a Jesus Cristo que nos garantiu a felicidade eterna e os duvidosos salvadores que aparecem nas campanhas eleitorais prometendo um instante de felicidade no tempo presente.
Na antiguidade, as cidades eram identificadas com expressões religiosas, símbolos religiosos. Se Jerusalém era a Jerusalém da Paz, Sodoma era a Sodoma da corrupção.

Vivemos, hoje, sabemos, numa sociedade consumista, materialista, insensível, utilitarista, gananciosa, com tendência cada vez maior para a prática de uma religião intimista, sociedade capitalista, corrupta. Nelas são muitíssimos e muitíssimas as pessoas que fazem do prazer, do poder, do dinheiro, do ter seus ídolos, seus deuses. As alegrias, os prazeres, as felicidades dos sentidos que se corroem lhes bastam. Estão contentes com a felicidade aos pedaços misturada em momentos de infelicidades. E dentro dela, é, portanto, cada vez mais difícil a vivência e o testemunho dos valores evangélicos; mas, se quisermos, realmente, vivermos a realidade da Comunhão dos Santos e seguir o Jesus Cristo do Evangelho que nos indica o caminho da salvação, que não se obtém de modo mágico ou pelo simples fato de sermos cristãos católicos.
Jesus Cristo no discurso inaugural da sua missão, na sinagoga de Nazaré, aponta quais os primeiros destinatários da sua pregação: os pobres, os presos, os cegos, os oprimidos.
Em Mateus capítulo 25, encontramos a identificação de Jesus com os famintos, sedentos, forasteiros, desnudos, enfermos, presos, deserdados do mundo.

A parábola do bom samaritano fala da atitude do viandante diante da vítima; a cura do leproso levou essa casta de marginalizados para o convívio social.
Finalmente, seguindo Jesus, através da leitura do Evangelho, pelos caminhos da Palestina, vemo-lo sempre praticando, vivendo a fraternidade e a solidariedade, a solidariedade radical e definitiva de Deus com toda a humanidade. 

Jesus foi plenamente fiel ao Projeto de salvação de Deus Pai para a humanidade, concluindo com o sacrifício da cruz e ressuscitando após a morte.
Se acreditamos numa vida depois da morte, devemos nos esforçar para sermos testemunhas de Cristo, portador da vida nova, pensando e vivendo a salvação proposta pela fé, buscando na Palavra de Deus apoio e luz que esclarece nossos problemas, nossas dificuldades, nossas fraquezas, os desafios que temos a enfrentar, e nos ajuda em nossa caminhada na família, na comunidade onde moramos, estudamos, nos divertimos, na Igreja, que freqüentamos.

A Palavra de Deus é o espelho no qual nos vemos e nos avaliamos. Jesus nos mostrou e nos anunciou que é no rosto das pessoas que nós descobrimos o rosto do Deus da eternidade que um dia contemplaremos face a face. 

Se não vamos construindo uma vida com igualdade, justiça, fraternidade e solidariedade estamos fugindo do caminho que nos conduzirá à comunidade do Céu.

É hora, pois, de vivermos a fé por decisão e não apenas por tradição. Não é suficiente nos preocuparmos em visibilizar a nossa fé, tantas vezes, unicamente individual, nesta sociedade do Espetáculo, da Mídia: é necessário aprofundá-la, partilhando o pão e o amor solidário com aqueles, aquelas, que não o têm e vivem humilhados (as), discriminados (as), injustiçados (as). Lutar pelos direitos humanos é, sem dúvida, também um dos sinais de ressurreição.

Devemos fazer um esforço cotidiano para a comunhão na terra entre todos e todas, no horizonte de tudo quando Jesus Cristo ensinou e viveu, na oração e na ação, e sem que vejamos nas Celebrações litúrgicas, Eucarísticas, em nossa convivência comunitária, social, religiosa, “judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher” – como disse Paulo na sua carta aos gálatas 3,28 – nem branco nem preto, nem gente com anel ou sem anel no dedo, dizemos nós, mas, vendo-nos todos e todas irmãos e irmãs, estaremos, realmente, fortalecendo a nossa esperança cristã, que nos abrirá as portas para a Comunidade do Céu, onde viveremos em comunhão com Deus por toda a eternidade.

Pe. José Edson Magalhães
                                     

Nenhum comentário: