segunda-feira, 19 de abril de 2010

18-Colégio Virgem Poderosa-Escola um Curso de Corte e Costura


-->
A 1° de setembro de 1969 foi aberto naquela Escola um Curso de Corte e Costura, com reais proveitos para suas freqüentadoras e a 22 de maio de 1971, em convênio com a Legião Brasileira de Assistência.

17- Colégio Virgem Poderosa-Professores

Nesta casa educacional, lecionou os seguintes Professores: Mons. Edson Magalhães, Lúcia de Moura Ferreira, Irmã Mônica, Maria do Socorro Vasconcelos, Maria Aparecida Roseno, Maria de Fátima Carvalho, Maria Gisela Rios Silveira, Maria de Fátima Brandão, Mariana Fonteles Araújo (Tia Eliana), Maria do Socorro Filha, Maria Teixeira Lopes, Maria Vânia Vitoriano, Maria Vânia Rocha, Maria Eurides Gomes, Maria Rosali Vasconcelos, Luzia Luzielma M. da Silva, Regina de Fátima Silva, Irmã Santana, Tereza Fernandes Cunha, Irmã Zaina e as secretárias Irmã Helena e Maria Crizeuda Araújo Carvalho.

Fonte: Acaraú cidade centenária-Nicodemos Araújo

16-Colégio Virgem Poderosa- Colaboração Mons. José Edson Magalhães

Mons. José Edson Magalhães, tal como Mons.Sabino, desde que assumiu o cargo de Pároco de Acaraú, vem prestou dedicada colaboração ao Colégio, do qual foi professor.
O Colégio ocupa uma área de 11.858 m² com 40 dependências, inclusive 11 salas de aula, Biblioteca, Auditório, Capela.

Fonte: Acaraú cidade centenária-Nicodemos Araújo

15- Colégio Virgem Poderosa-Participação de campeonatos intermunicipais

Sob a direção do Sto. Antenor Ferreira da Silva, Instrutor do TG 10.018, os atletas do Colégio, participaram  de campeonatos intermunicipais, sobressaindo os Jogos Escolares que, em 1981, tiveram lugar em Itapipoca. Oito municípios tomaram parte, entre os quais, Itapipoca e Sobral; e os estudantes de Acaraú, quase todos do Colégio Virgem Poderosa obtiveram o 3° lugar, sendo vice-campeão em Tênis de mesa.

Fonte: Acaraú cidade centenária-Nicodemos Araújo

14- Colégio Virgem Poderosa-Semana Esportiva Coordimariana

Nos anos de 1977 e 1978, o Colégio realizou a Semana Esportiva Coordimariana, uma espécie de olimpíada, com o Fogo Simbólico e partidas de jogos, em que tomavam parte 12 times integrados de alunos daquela casa de ensino, com distribuição de medalhas e troféus.

13-Colégio Virgem Poderosa-Quadra Esportiva Mons. Edson

E a 27 de junho de 1981, os alunos mirins tiveram a alegria de ver inaugurado o parque infantil, no hoje Colégio Virgem Poderosa. Referentemente ao esporte no Colégio Virgem Poderosa, a 12 de outubro de 1971, foi inaugurada ali a “Quadra Esportiva Mons. Edson”, destinada aos jogos de voleibol, futebol de salão, handebol, basquetebol e outros, pois uma das preocupações das irmãs era o cultivo do esporte entre os alunos.

12- Colégio Virgem Poderosa-Curso de Datilografia

A 1° de setembro de 1975 fundou-se, naquela casa de ensino, o Curso de Datilografia, servindo por 10 máquinas, e que prestava relevantes benefícios aos jovens que o freqüentavam.

11- Colégio Virgem Poderosa-Grêmio Cultural Irmã Consolação

Grêmio Estudantil
Ali funcionava o Grêmio Cultural Irmã Consolação, fundado a 22 de maio de 1971, que mantinha o Jornalzinho “Jovens que se comunicam”. E que também circulou jornal mimeografado “Tribuna”, sob a direção da Normalista Ducilene Queiróz.

10- Colégio Virgem Poderosa-Curso Ginasial-1955

Como era de se esperar, com o advento da Escola Normal diplomando professoras, ao padrão de ensino em Acaraú experimentou sensível modificação para melhor, pois as dificuldades até então reinantes para conseguirem-se educadoras diplomadas, mantinha a população escolar aquém dos métodos da moderna pedagogia.

Por portaria de 10 de março de 1955, a Secretaria de Educação do Estado autorizou o curso Ginasial para a escola, a qual, além de sua função especifica de instruir nas letras, tem mantido vários cursos de arte. E graças ao convênio que mantém com a Legião Brasileira de Assistência - LBA vem realizando um notável serviço assistencial em beneficio de nossos irmãos mais carentes.

9-Colégio Virgem Poderosa-Diretoras da Escola

Diretoras-Ir. Saraiva, Gerarda Eugênia Moura, Ir. Maria Raimunda, Ir. Maria de Belém, Ir.Anunciação,Ir. Divino, Irmã Socorro e Irmã Silvanete-Diretora atual

8-Colégio Virgem Poderos-Primeiras Concludentes

Primeiras Concludentes-1948, entre elas Tereza Silva
O Curso Ginasial da Escola foi autorizado pela Secretaria de Educação, em Fortaleza de 10 de março de 1955. E a primeira turma de normalistas, composta de 8 Concludentes, recebeu diploma a 28.11.1948. Desde então, esta Escola já conferiu o Diploma de Professora a centenas de jovens, não somente de Acaraú, mas de outros municípios. 

7- Colégio Virgem Poderosa-Chegada das Filhas do Coração Imaculado de Maria-1952

Filhas do Coração Imaculado de Maria,entre elas Ir. Mônica
A 31 de dezembro de 1952 chegaram a esta cidade as Filhas do Coração Imaculado de Maria, isto graças ao trabalho do Dr. Nelson Andrade de Sales. Desde então vêm elas dirigindo aquela conceituada casa educacional, com reais proveitos para a infância e a juventude femininas de Acaraú e de outras comunas.
Dr. Nelson Andrade de Sales

6- Colégio Virgem Poderosa-Gerarda Eugênia Moura-1952

Gerarda Eugênia Moura
Entretanto, em fins de 1950 elas tiveram de deixar esta cidade, passando a direção do estabelecimento que se intitulava “Escola Normal Rural Virgem Poderosa, à professora Gerarda Eugênia Moura, até 31 de dezembro de 1952.

5-Colégio Virgem Poderosa-Chegada das Irmãs de Caridade

Filhas de São Vicente de Paulo - Irmãs de Caridade
Irmã Saraiva
A 26 de janeiro de 1945 aqui chegaram as Filhas de São Vicente de Paulo - Irmãs de Caridade, sob a direção da Irmã Saraiva, depois de ingentes esforços do Mons. Sabino de Lima. Essas abnegadas operárias do bem imprimiram àquele estabelecimento um ritmo novo.

4- Colégio Virgem Poderosa-Escola Normal Rural de Acaraú-1939

Escola Normal Rural de Acaraú
Em data de 30 de maio de 1939, Mons. Sabino de Lima, com a cooperação de alguns vontadosos acarauenses, fundou a "Sociedade Escola Normal Rural de Acaraú", cujo objetivo era criar e manter a futura Escola Normal, a qual foi oficialmente instalada a 23 de fevereiro de 1944, com o inicio das aulas do Curso de Admissão, sob a direção da professoras Odenília Barreto Coelho e Ana Barreto Coelho. E logo a 13 de março do mesmo ano, 19 candidatas foram aprovadas, ingressando no 1° Curso Normal Rural, naquela casa de ensino médio.

Mons. Sabino de Lima

3-Colégio Virgem Poderosa-Congregação em Acaraú


Hoje, a Congregação se faz presente na Amazônia, berço de sua Fundação – (Manaus), Pará (Icoaraci), Piauí (Picos, União e Parnaíba), Ceará (Fortaleza, Caucaia, Russas, Nova Jaguaribara, Itapajé e Acaraú), Paraíba (Santa Rita), Pernambuco (Bezerros, Caruaru, São Caetano e Surubim), São Paulo (São José dos Campos) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro).

2-Colégio Virgem Poderosa-Padre Júlio Maria de Lombaerde e Madre Maria de Jesus-Fundadores

Padre Júlio Maria de Lombaerde
Pe Júlio viveu em uma época em que era grande o entusiasmo pelas missões estrangeiras. Ainda muito jovem já lhe despertava no coração o desejo de ser missionário. Pai de três congregações religiosas, Pe Júlio se sobressaía por sua liderança, pelas pregações, por seu amor a Maria e a Eucaristia, por seus artigos em jornais, revistas, pelos livros que editava, enfim era um grande sacerdote que atraía as pessoas para o Reino de Deus.  
Madre Maria de Jesus
Madre Maria de Jesus nasceu em Recife-Pe, compôs o quadro das três primeiras religiosas coordimarianas. Em 1926 assume o governo geral da Congregação durante 44 anos, continuando a missão do Pe Júlio Maria. Sua personalidade foi sempre marcada pela humildade, simplicidade, energia, coragem e fé.

1-Colégio Virgem Poderosa-Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria

Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria
A Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria, cuja Casa Geral tem sede em Caucaia-Ceará, fundada no dia 21 de novembro de 1916, em Macapá, destina a gratuidade de seu serviço a evangelizar, preferencialmente, os mais pobres e abandonados, sob a luz do mistério de Maria tornando-a conhecida no meio do povo de Deus. Por isso, dedica-se as atividades de Saúde, Educação, Inserção Popular e Pastoral.

Pe. João Batista de Vasconcelos - Cooperador

Pe. João Batista de Vasconcelos
Nasce em Sobral, Padre João Batista Rodrigues Vasconcelos, filho de Antônio Ferreira Vasconcelos e dona Raimunda Rodrigues Vasconcelos.

Iniciou seus estudos na Escola Pública Antônio Mendes Carneiro e concluiu o 2º Grau no Colégio Santarém, já Seminarista. Iniciou os estudos filosóficos e teológicos em 1984, no Seminário Regional do NE-I. Concluiu o curso superior em 1989. Logo depois iniciou um breve curso de especialização em Liturgia, na Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo.

Sua ordenação sacerdotal se deu a 31 de dezembro de 1990, na Catedral de Sobral, com o Bispo Dom Walfrido Teixeira Vieira. No mesmo dia, celebrou solenemente sua primeira missa, no Centro Social Rosa Guttar, no bairro Brasília. Atividades pastorais – foi nomeado Vigário Paroquial da Catedral, com o então Padre Gonçalo Pinto Gomes. Ao mesmo tempo exerceu o cargo de Vice-Reitor do Seminário Menor de São José, em Sobral. Neste mesmo período ensinou no Colégio Sobralense as disciplinas de 2º grau – Introdução à Filosofia, Sociologia e Educação Religiosa. 

Coordenou o Serviço de Orientação Religiosa do mesmo Colégio. Foi nomeado primeiro pároco da Paróquia de São Francisco, em Forquilha, Ceará, a 25 de junho de 1992. Demorou, ali quatro anos. Neste mesmo período, exerceu o cargo de Coordenador Diocesano da Catequese. Em seguida foi eleito Coordenador Diocesano da Pastoral e Diretor Presidente da Caritas. Em 1997 foi transferido para a Paróquia de Santo Antônio em Cariré, Ceará. Permaneceu à frente desta comunidade por três anos e nove meses.

Em 1994 fez a revalidação do curso de filosofia, na Universidade Estadual Vale do Acaraú. Em seguida foi a Roma para um breve curso de Espiritualidade Sacerdotal e Missionária, no Centro Internacional de Animação Missionária. Atualmente está fazendo Mestrado em Gestão Educacional. A 11 de novembro de 2000, foi nomeado pelo Bispo Diocesano D. Aldo Pagotto, Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Bela Cruz, assumindo a paróquia que estava há seis meses sem pastor. Na ocasião, Mons. José Edson Magalhães, Vigário Episcopal do Baixo Acaraú discorreu sobre os poderes sacramentados do Pároco e os deveres dos paroquianos. Durante este período 2000-2005, Pe. João Batista realizou um apostolado dos mais dignificantes. A sua experiência como Secretário da Cáritas Diocesana de Sobral e Coordenador da Pastoral da Catequese da Diocese, contribuiu para muitas realizações à frente da Paróquia dentre as quais destacamos: Reforma da Igreja de São Vicente e Centro Pastoral; Construção da Casa Paroquial e Reforma da Igreja Matriz.

Fonte: Vicente Freitas

domingo, 18 de abril de 2010

8-Nicodemos Araújo-Poesias

Relembrando
Eu fui rever, um dia, curioso,
A velha casa escura, abandonada,
Em que passei o tempo venturoso
Da minha terna infância descuidada.
Naquele velho ninho dulçuroso
– Relicário bendito da alvorada
De minha vida, – recompus, saudoso,
Os sonhos doces dessa fase amada.
Quanta saudade dolorosa, infinda,
Dos louros dias dessa quadra linda,
De doçura, de risos, de bonança...
Oh! velha casa que eu venero tanto.
És como o escrínio precioso e santo
Dos meus dourados sonhos de criança.

Mater Christi
Ao Revmo. Pe. Odécio Loiola
Ó doce Mãe de Deus, augusta e pura,
Cheia de graça e ungida de bondade;
Relicário bendito de ternura;
Luz tutelar da pobre humanidade.
Quis o bom Deus, sublime criatura,
Dar-te a mais alta e augusta majestade:
–Do Eterno Reino da celeste altura
Fez-te Rainha, ó fonte de piedade.
E ergueu-te, sobre tudo, a Providência,
Quando em sua infinita onipotência,
Em seu saber intérmino, profundo,
Numa noite imortal de excelso brilho,
Fez à terra descer, feito teu filho,
O próprio Deus, para remir o mundo.

Meu Verso
Meu verso é o vozear nostálgico e dolente
Do mísero proscrito errante e amargurado
Que do tétrico exílio, a chorar, tristemente,
Palmilha o trilho atroz de cardos alastrado.
Meu verso é o soluçar da juriti gemente,
Que ao por do sol, além, no balsedo intricado,
Procura e chama, aflita, o companheiro ausente,
Morto a bala cruel de um caçador malvado.
Meu verso é como a voz do filho que, sozinho,
Vive longe do lar, distante do carinho
De sua mãe querida, o seu querido amor.
Meu verso é uma harpa triste e cheia de amargura
De um homem que há passado a sua vida escura,
No calabouço atroz e lúgubre da dor.

O Rio Acaraú
A José R. Fontenele
Lá da “Serra da Mata”, alcantilada,
O “ACARAÚ”, soberbo e caudaloso,
Ao impulso do inverno poderoso,
Desce na sua extensa caminhada.
Ninguém ousa detê-lo na jornada.
E o legendário rio impetuoso,
Marcha, entre o verde carnaubal viçoso,
Ao suave cantar da passarada.
No seu imenso leito serpejando,
Passa continuamente murmurando
Os brandos sons de singular canção.
E o velho mar o abraça jubiloso,
Como um pai recebendo carinhoso,
O filho amado de seu coração.

Mater Christi
Ao Revmo. Pe. Odécio Loiola
Ó doce Mãe de Deus, augusta e pura,
Cheia de graça e ungida de bondade;
Relicário bendito de ternura;
Luz tutelar da pobre humanidade.
Quis o bom Deus, sublime criatura,
Dar-te a mais alta e augusta majestade:
–Do Eterno Reino da celeste altura
Fez-te Rainha, ó fonte de piedade.
E ergueu-te, sobre tudo, a Providência,
Quando em sua infinita onipotência,
Em seu saber intérmino, profundo,
Numa noite imortal de excelso brilho,
Fez à terra descer, feito teu filho,
O próprio Deus, para remir o mundo.

Padre Antônio Thomaz
No 10º aniversário de seu passamento
Há dez anos partiu, na grande caminhada
Da qual jamais retorna a humana criatura,
O Levita de Cristo, amante da Cultura,
Primoroso cultor da palavra rimada.
Sua lira de mestre, egrégia e sublimada,
Soube cantar em voz maravilhosa e pura,
O Céu, a Terra, o Mar, a humana vida escura,
As campinas em flor e a leda passarada.
Imorredoira seja a rútila memória
Desse bardo sem par que, nimbado de glória,
Do Bem seguiu na vida o lúcido roteiro.
E que em sonhos geniais belíssimos, imerso,
Derramou, generoso, os mimos do seu verso,
Num chuveiro de luz, pelo Brasil inteiro.

Nossa Senhora Aparecida
A José Edson Magalhães
Bendita sejas, Mãe Aparecida,
Augusta Soberana imaculada,
Cuja imensa bondade é proclamada
Por céus e terra, em voz de amor ungida.
Das multidões a prece comovida
Se eleva à tua corte sublimada,
Implorando esta paz abençoada
Que vem do céu abençoar a vida.
Ó poderosa e excelsa Padroeira,
Conserva sempre a gente brasileira
Feliz e nobre, unida e varonil.
Que viva e cresça este País amado
Sob o teu santo e maternal cuidado,
Minha Nossa Senhora do Brasil.

Cidade de Acaraú
Ao Exmo. Sr. Dom Edmilson Cruz
Oh! minha Acaraú, nobre cidade amada,
Onde encontrei na vida o meu segundo pouso,
Gosto de ver-te assim sob este sol radioso,
Majestosa e tranqüila, em farta luz banhada.
Vejo, a brincar feliz, cantando, a passarada,
No rancho alegre e bom do mangueiral frondoso;
Contemplo o rio ancião que descrever não ouso,
A ponte, a caixa d’agua, a ilha alcatifada.
Admiro a Matriz na bela arquitetura,
– Marco de fé cristã que avança pela altura,
Dominando jardins e praças e capelas...
E os coqueiros senis de palmas viridentes
Avisto, a cada passo, eretos, imponentes,
Lembrando um pelotão de enormes sentinelas.

Almofala
Ao Dr. José Maria Sales
Aos carinhos gentis da viração marinha,
Sob a concha do espaço imenso e cor de opala,
Ei-la modesta e alegre, a vila de Almofala,
Ressurta do areal enorme que a retinha.
Toda branca e formosa, a velha capelinha,
Pela antena da fé, à própria alma nos fala,
E como que postado ali para guardá-la
O humilde casario em fileiras se alinha.
Bem perto o mar imenso estruge, e brame, e espuma...
As jangadas abrindo as velas, uma a uma,
Avançam no vaivém cantante das marés.
E o brando farfalhar do coqueiral virente
Às vezes vem trazer à lembrança da gente
O bizarro torém dos bravos Tremembés.

Manhã Sertaneja
Ao Dr. Francisco José Ramos Gomes
É manhã no sertão. A esbelta carnaubeira
sacode, ao vento brando, a fronde verdejante
e o rio, em turbilhões, dominando a ribeira,
rola as águas buscando o velho mar distante.
Ali é a casa-grande, alpendrada e fagueira,
que acolhe, hospitaleira, o cansado viajante.
Tem ao lado o curral, onde a vaca leiteira
Fornece refeição nutritiva e abundante.
Ao fulgor da manhã, tudo se aclara e doura.
Homens passam, cantando, em rumo da lavoura,
Tendo a fé dentro dalma e sobre o ombro a enxada.
E o sol parece um disco esplendoroso e lindo,
Suspenso do infinito azul, retransmitindo
O canto matinal da alegre passarada.

Meu pé de papoula
Há no estreito quintal de minha residência
uma linda atração de nossa mãe natura.
É um pé de papoula em plena florescência,
de trezentos ou mais centímetros de altura.
Gosto muito de ver seu verde e rubescência
– oferta vegetal encantadora e pura –
quando em sua pomposa e excelsa aurifulgência,
o clarão matutino em leque já fulgura.
E todas as manhãs, assim que o sol desponta,
pontualmente eu vou ali fazer a conta
das papoulas acaso então desabrochadas.
Esta é uma distração que me seduz e encanta,
ver o viço, a beleza e o garbo dessa planta,
– um lindo festival de flores encarnadas.

Manhã de sol
Para o jovem intelectual Vicente Freitas
Linda manhã de sol. Luz e calor.
Em sua nova e esplêndida beleza,
festivamente acorda a natureza,
para a vida comum, para o labor.
O astro rei espalha seu fulgor,
manifestando a sideral realeza.
Tudo canta ante a rútila grandeza,
em coro harmonioso e encantador.
Há música nos campos e nos ninhos.
É a leda orquestração de um novo dia,
Sinfonizada pelos passarinhos.
E esta harmonia universal traduz
o festival de cor e de energia
do mundo inteiro se banhando em luz.

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

7-Nicodemos Araújo-Bibliografia

Aqui está nominalmente, em ordem cronológica, a relação de suas obras publicadas.



Poesia
Harmonia Interior – 1935 – Gráfica O Acaraú.
Vozes da Alma – 1946 – Editora Correio da Semana.
Minha Prece (poema) – 1947 – Gráfica O Acaraú.
Pela Glória do Altar – 1953 – Gráfica O Acaraú.
Falas do Coração – 1955 – Gráfica O Acaraú.
Folhas de Outono – 1968 – Editora a Fortaleza.
Cantos do Entardecer – 1980 – Imprensa da UVA.
Luzes do Ocaso – 1985 – Imprensa Oficial do Ceará.
Sinfonia do Coração – 1990 – Imprensa Oficial do Ceará.
Cantos e Desencantos – 1994 – Imprensa Oficial do Ceará.
Versos Diversos – 1996 – Imprensa Universitária da UFC.
Operários Para a Messe – 1994
Sementes da Mente – 1995

História

Santa Cruz do Acaraú – 1936 – Gráfica O Acaraú.
Município de Acaraú – 1940 – Gráfica O Acaraú.
Bela Cruz - de Prédio Rústico a Cidade – 1967 – Editora a Fortaleza.
Município de Acaraú – 1971 – Imprensa Oficial do Ceará.
Almofala e os Tremembés – 1981 – Imprensa Oficial do Ceará.
Acaraú - Cidade Centenária – 1982 – Imprensa Oficial do Ceará.
Santana do Acaraú – 1985 – Imprensa da UVA.
Município de Bela Cruz – 1987 – Editora Minerva.
Jericoacoara – 1987 – Editora Minerva.
Município de Cruz – 1990 – Editora Progresso.
Cronologia de Bela Cruz – 1990 – Editora Progresso.
Cronologia da Cidade de Acaraú – 1991 – Gráfica Stylus.

Teatro
O Anjo Protetor – 1955 – Editora Mensageiro da Fé (Bahia).

Genealogia
Descendência de Meus Avós – 1997 – Editora A Fortaleza.

Biografia
Capitão Diogo Lopes – 1978 – Imprensa da UFC.
Entre os livros de história mencionados, dois deles merecem a nossa admiração e ligeira apreciação: Bela Cruz – de prédio rústico a cidade e Cronologia de Bela Cruz. O primeiro conta a origem do povoado, seus primeiros habitantes, localização do município, suas belezas naturais, enfim, a biografia da cidade, desde suas antigas denominações: Alto da Genuveva e Santa Cruz do Acaraú, até 1967.
O segundo, Cronologia de Bela Cruz, mostra de maneira concisa, os principais fatos que deram origem ao município, destacando a história da comunidade desde seus primórdios, até 1990.

Trabalhos inéditos

Peças teatrais
Amor filial – 1944
Dedicação sublime – 1944
A mão da providência – 1944
Pátria e coração – 1945
O plano dos brasileiros – 1945
Na guerra de quarenta – 1945

Composições
Hino do Município de Acaraú
Hino da Escola de 1º. Grau Tomaz Pompeu de Souza
Brasil, de Acaraú
Hino da Escola de 1º.Grau Pe. Antônio Tomaz, Acaraú
Hino do Centenário de Acaraú
Hino do Colégio Virgem Poderosa, de Acaraú
Hino da Escola de 1º. Grau Moura Brasil, de Fortaleza
Hino da Escola Gustavo Nei, de Quixadá
Hino do Vaqueiro
Hino da Escola de 1º. Grau D. Maria Firmina, Acaraú
Hino do Instituto Imaculada Conceição, de Bela Cruz
Hino da Escola D. de Caxias, Tiro de Guerra, Acaraú
Hino das Escolas Reunidas, de Bela Cruz
Hino do Ginásio São José, de Acaraú
Hino do Município de Bela Cruz
Hino do Mobral
Hino dos Escoteiros de Acaraú
Hino da Escola João Paulo II, de Itarema
Hino do Tiro de Guerra de Acaraú
Hino do 25º Aniversário do Município de Bela Cruz
Hino da Escola Professor Onélio Porto, de Fortaleza
Hino do Sesquicentenário da Paróquia de Acaraú
Hino da Escola de 1º. Grau Adélia Brasil Feijó, de
Fortaleza
Hino do Jubileu de Prata de Mons. José Edson
Hino de Santana do Acaraú
Hino do Município de Cruz
Hino ao Frei Aureliano Ramos de Vasconcelos
Hino da Escola de 1º. Grau Marieta Rios, de Itarema
Hino à Fraternidade
Hino da Juventude em seu ano Internacional
Hino do Município de Itarema
Hino da Escola Hugo Martins dos Santos, de Juritianha
Hino da Creche de Bela Cruz
Hino de N. Sra. do Perpétuo Socorro, de Vila
Progresso – Acaraú

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

5-Nicodemos Araújo-O Históriador e o Poeta

O primeiro livro escrito por Nicodemos Araújo trata-se de uma pequena Monografia sobre a História da povoação de Santa Cruz do Acaraú, atual cidade de Bela Cruz, berço do poeta. Publicado em 1936, pela gráfica do Jornal “O ACARAÚ”, contém importantes informações sobre a vida religiosa setecentista, da famosa capela do Alto da Genoveva.
Em 1940, Nicodemos publica seu 2º. Livro de história, “Município de Acaraú”. Como a denominação indica, eram dados históricos relativos aquele município, e que foram recebidos com manifesto interesse pelo público. O Príncipe dos Poetas Cearenses – Pe. Antônio Thomaz, assim escreveu: “Filho dessa boa terra e cioso como quem mais o seja de suas tradições, foi com o maior prazer e o mais vivo interesse que percorri todo o seu livro, admirando-lhe o paciente labor na pesquisa dos vários documentos nele enfeixados. Felicito-o muito calorosamente por mais este marco plantado em sua carreira literária, e faço votos para que surjam em breve, para honra e glória de nossa terra, novas produções de seu formoso talento.


Em 1981, publicou “Almofala e os Tremembés”, obra estruturada em moldes semelhantes aos utilizados naquelas em que o autor guardou os fatos históricos do “Município de Acaraú” e “Bela Cruz”.
Segundo os estudiosos da lexicografia, a palavra Almofala é portuguesa, de procedência árabe, Almoala – que significa aldeola e lugar onde se mora durante algum tempo.
O Professor José Alcides Pinto também opina pela mesma definição: “Almofala, velho topônimo português, termo antiquado, que significa arraial. De origem árabe (PINTO, 1979).

Em artigo publicado na imprensa de Fortaleza, Alcides Pinto, afirma: “Não sei se Nicodemos Araújo é um autodidata, mas isso não importa, o certo é que ele escreve com ativismo, com um estilo aberto à comunicação e espírito de síntese, o que nem todo historiador consegue (...) Nicodemos conhece bem o terreno que pisa e os ares da região onde vive. Tudo isso concorre para a autenticidade de sua obra, rica sob todos os aspectos, sob a visão muito responsável e sensível do autor”.


Vale aqui destacar as memórias genealógicas, escritas por Nicodemos Araújo. Em 1977, publica “Descendência de Meus Avós”, onde se mostra orgulhoso de sua ascendência. Os dados genealógicos que colheu estendem-se, na linha ascendente, até José de Araújo Costa, nascido em 1717, na comunidade de Santa Lúcia de Barcelos, Arcebispado de Braga, em Portugal.

O escritor Joaryvar Macedo, ao se reportar aos escritores do interior cearense, comenta: “Na Zona Norte, o Pe. Francisco Sadoc de Araújo, mestre inconteste da historiografia, vem edificando, através de apuradas perquirições, um verdadeiro monumento neste tocante. Ali ainda, Nicodemos Araújo trabalha incansavelmente, na seara literária e no levantamento histórico da área do Acaraú” (RAMOS,1987).


Mas antes de enveredar pela história, Nicodemos já havia escrito “Harmonia Interior” (Poesias,1935), com bela apresentação do poeta Dedek Fontenele, como bem noticiou o Jornal “O Acaraú, em sua edição do dia 3 de março de 1935:
“Confeccionado nas oficinas desta folha acaba de ser dado à luz da publicidade o “Harmonia interior” – primeiro livro de versos de nosso prezadíssimo companheiro de trabalho Nicodemos Araújo.

Se é certo que o estilo é a alma do escritor, “Harmonia interior” reflete bem, nas suas páginas singelas, mas cheias de beleza, a alma modestíssima, mas pura e ardente, sincera e doce, de Nicodemos Araújo.
Ler “Harmonia interior” é privar em espírito com o poeta que traçou naquelas páginas mimosas, versos ternos e suavíssimos como os da poesia “A Minha Mãe”:

“Sete anos. Minha infância
Que jamais há de voltar,
Gostava de repousar
No seu regaço encostado
Naquele ninho suave
Docemente dormitava
Enquanto ela cuidava
Do meu cabelo anelado”.

Quanta suavidade e quanta ternura ressumbra destes versos, dedicados à santa mãezinha que lhe deu o ser, e que lhe enche a vida!

Nicodemos nasceu poeta. É uma verdade o que ele diz no prefácio do seu livro, copiando Carlos Cavaco – nunca teve mestres.
Autodidata, o poeta buscou nos livros tudo que sabe.

A sua adolescência, passada num vilarejo obscuro, onde não havia estímulo, e onde o seu espírito, ávido de luz, buscava incessantemente fugir às trevas que o cercava, foi toda dedicada ao manuseio de uma meia dúzia de bons volumes.

Baldo de recursos materiais, Nicodemos, alma forte, inteligência robusta, era entanto rico de talento. Lutou e venceu. “Harmonia Interior” é o valioso troféu conquistado na luta tenaz que travou ainda no verdor dos anos contra a adversidade e a ignorância.
É-nos sumamente grato compartilhar das alegrias íntimas do querido companheiro que vê coroado de êxito os seus esforços e os seus estudos.

Colhe, Nicodemos Araújo, em “Harmonia interior” o primeiro fruto opimo de seu trabalho. Não foi inútil o sacrifício de sua juventude passada em meio de grandes vicissitudes.
É por isso que felicitamos duplamente o querido companheiro, que ora nos apresenta o apoio valiosíssimo de sua inteligência – felicitamo-lo pela publicação de “Harmonia interior” e pela vitória de sua tenacidade".

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

4-Nicodemos Araújo-Atividades Culturais

Afora o meritório trabalho das escolas, a imprensa e o teatro contribuíram, de modo preponderante, para o incremento da vida cultural da cidade de Acaraú.

Relativamente aos jornais que ali circularam, iniciamos com o jornal O ACARAÚ, editado em Manaus, sob a direção de F. Teófilo, mas que a partir de 7 de setembro de 1907, passou a ser impresso em Acaraú, sob a direção do Dr. Arnulfo Lins e Silva, então Juiz Municipal do Termo.
Com o passar do tempo, outros jornais ali foram impressos: Gazeta do Povo, Solar das Garças, O Esporte, Aurora e Helianto.

A 1º de maio de 1920, saiu o primeiro número do jornal A COMUNA, que circulava quinzenalmente. Em 1926 passou a denominar-se O ACARAÚ, título do primeiro jornal que ali circulara.


O ACARAÚ, teve vida ativa até 15 de fevereiro de 1958. Em suas colunas, durante 38 anos, colaboraram, entre outros, os seguintes intelectuais: Padre Antônio Tho-maz, Antônio Sales, Carlyle Martins, João Damasceno Vasconcelos, Gurgel do Amaral, Francisco Felipe Rocha, José Edson Magalhães, Anibel Filho, Nicodemos Araújo, Ribeiro Ramos e Dinorá Tomaz Ramos.

Segundo informa o poeta Nicodemos Araújo, seu primeiro trabalho publicado foi o soneto intitulado “Virgem Imaculada”, inserto no jornal “A Comuna”, em sua edição de 15 de maio de 1923.

Em conseqüência de seu entusiasmo pelo jornalismo, a 1º de maio de 1933, auxiliado pelo companheiro João Venceslau Araújo (Joca Lopes), o poeta funda em Bela Cruz, um jornalzinho quinzenário, intitulado ALVORADA, folha que circulou pontualmente até novembro de 1934, época em que o poeta passou a residir em Acaraú.

No que se relaciona com o desenvolvimento da música, na cidade de Acaraú, muito pouco temos a registrar. Sim, porque não existe ali uma escola destinada ao ensino da música. Apenas as Bandas de Música que existiram na cidade ao longo do tempo, desde o século dezenove, e os cânticos litúrgicos da igreja, têm marcado o gosto por essa arte de tão elevada importância no setor cultural.

Entretanto, com relação à poesia, os acarauenses têm razões para se orgulhar. Isto porque, temos o saudoso Padre Antônio Thomaz, filho de Acaraú, e que ali exerceu o cargo de Vigário durante trinta anos, e que, em concurso promovido pela revista Ceará Ilustrado, em 1925, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses.

Esse fato como que despertou a veia poética que jazia latente, entre vários acarauenses. Desde então vem se desenvolvendo o gosto pela poesia, onde marcaram destaque os poetas Rodrigues de Andrade, Junqueira Grarany, Dedek Fontenele, Francisco Felipe Rocha, Dinorá Tomaz Ramos, Francisco José Ferreira Gomes, João Damasceno Vasconcelos e Dimas Carvalho, com vários livros publicados.

Outro fator também positivo no incremento cultural de Acaraú foi, como já dissemos, durante meio século, a imprensa, através dos jornais que ali se imprimiram, e que constituíram veículos marcantes na esfera intelectual do município.
A 1º de janeiro de 1935, Nicodemos inscreve-se como jornalista, na Associação Cearense de Imprensa, e a 19 de abril de 1956 a A.C.I. deu-lhe a Carteira de Redator.
Durante o período de 1º de maio de 1948 a 15 de fevereiro de 1958, desempenhou as funções de redator-chefe do jornal “O ACARAÚ” que tinha por objetivo propugnar pelos legítimos interesses da Região do Vale do Acaraú.

Entre os Jornais e revistas em que tem colaborado, destacamos: “Alvorada” e “Correio de Bela Cruz”, de Bela Cruz; “A Comuna”, “O Acaraú”, “Aurora”, “Helianto” e o “Palhaço”, de Acaraú; “Camocim Jornal”, de Camocim; “A Luz”, de Ubajara;“ A Ordem”, “A Luta”, “Correio da Semana” e “Revista da Academia”, de Sobral; “A Resposta”, “Almanaque Ítalo-Brasileiro”, do Rio de Janeiro; “Cruzeiro do Sul”, do Acre; “Mensageiro da Fé”, da Bahia; “Correio do Ceará”, “O Povo”, “Gazeta de Notícias”, “O Nordeste”, “O Ceará” e “Anunciação”, de Fortaleza.

Tendo também cultivado a arte de Edipo, colaborou com charadas, logogrifos e enigmas, nas seguintes publicações: – “Almanaque das Senhoras”, de Lisboa; “Almanaque Mensageiro da Fé”, da Bahia; “Almanaque Ítalo-Brasileiro”, do Rio de Janeiro e “Almanaque da Parnaíba”, do Piauí”.
Seu nome para tudo quanto tem escrito é apenas Nicodemos Araújo, no entanto tem usado os seguintes pseudônimos: K. Lado, B. Zouro, Naraújo, A.Gulha.

A arte cênica também contribuiu para a evolução da vida cultural da sociedade acarauense. Grupos amadores de teatro ali representavam peças de boa qualidade, obtendo casa cheia, tal era o interesse dos amigos da cultura e da arte cênica. E foram esses grupos teatrais que, no dia 2 de maio de 1915, entregaram à sociedade acarauense, o “Recreio Dramático Familiar”, que ali marcou época mais de meio século. Sua sede própria só foi inaugurada a 7 de setembro de 1922. Estiveram à frente desse empreendimento os srs. Américo Rocha, Dico Guilherme, Manoel Lousada e Vicente Araújo. Em 1962, após um período de quase paralisação, “O Recreio” foi reorganizado, sendo eleita nova diretoria, tendo como presidente o poeta Francisco José Ferreira Gomes e Vicente Araújo como presidente honorário.

Atendendo o Projeto de Lei nº 686/89, em 1998 foi feita uma reforma total do imóvel, mantendo-se as linhas originais da fachada, inaugurando-se ali uma Biblioteca Pública, informatizada; com apreciável acervo bibliográfico, denominada Biblioteca Pública Poeta Nicodemos Araújo.

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

3- Nicodemos Araújo-O poeta em Acaraú


A 5 de novembro de 1934, o poeta passa a residir na vizinha cidade de Acaraú, sendo que sua esposa Alice chegou ali, somente a 10 de janeiro de 1935.

Em Acaraú, o casal morou em casa alugada até 1938, logo passando a residir em casa própria, na Rua Gal. Humberto Moura, nº. 114, casa que adquiriu por compra a Francisco Pacífico Muniz, por três contos de réis.

No período de junho de 1935 a janeiro de 1936, o poeta esteve empregado no escritório da firma B. Gonçalves & Cia., e de fevereiro a maio de 1936, trabalhou na “Farmácia Acaraú”, de propriedade do Dr. João Ribeiro Ramos.

A 30 de julho de 1936, inicia-se sua participação na Prefeitura Municipal de Acaraú, exercendo o cargo de Secretário, durante onze anos, isto é, até dezembro de 1947.
Em 1942, ingressa no IBGE, permanecendo 22 anos, até se aposentar, em 1964.

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

2-Nicodemos Araújo-Dados genealógicos

João Lopes de Araújo-Pai de Nicodemos Araújo
No ano da graça de 1717 nasceu, na comunidade de Santa Lúcia de Barcelos, Arcebispado de Braga, em Portugal, José de Araújo Costa, filho de Pedro de Araújo Costa e dona Maria de Sá. Jovem ainda, José de Araújo Costa emigrou para o Brasil, vindo fixar residência no lugar “Lagoa Grande”, hoje, pertencente ao município de Acaraú. Inteligente e ativo, o moço português ali construiu casa de morada e passou a viver do comércio e da criação de gado, bem como da agricultura. Em data de 31 de julho de 1747 consorciou-se com dona Brites de Vasconcelos (uma das sete irmãs), filha do Capitão Manoel Vaz de Carrasco e Silva e de dona Maria Madalena de Sá e Oliveira.

Manoel Vaz de Carrasco e Silva nasceu em Ipojuca, Pernambuco, primogênito do casal Francisco Vaz Carrasco e Inês de Vasconcelos, tronco de inumerável descendência em toda a Ribeira do Acaraú. Emigrou para o Ceará, fixando residência na Fazenda Lagoa Seca, próxima onde hoje se encontra a cidade de Bela Cruz. É o pai das célebres sete irmãs, de cuja fecundidade maternal provém grande parte da família sobralense, como, aliás, de toda a Ribeira do Acaraú.                                           

Do casamento de José de Araújo Costa com dona Brites de Vasconcelos, nasceram onze filhos, entre os quais o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa que viveu na fazenda “Lagoa do Mato”, onde se tornou célebre no exercício da medicina, embora sem cursar qualquer faculdade. Diogo Lopes foi um abastado pecuarista e influente político, chegando a ser eleito vereador à Câmara Municipal de Sobral, no ano de 1789, como o seu pai o fora, em 1775. Dizem ter tido 35 filhos de sete mulheres, entre as quais dona Maria Siciaca da Fonseca, de cuja união nasceram sete, entre estes o Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa, que nasceu no ano de 1819 e consorciou-se a 02 de setembro de 1844, com dona Angélica Francisca da Silveira, filha de José da Silveira Dutra e de dona Francisca de Araújo Costa.

Depois do casamento, Vicente Lopes situou-se em terras herdadas de seu pai – na Lagoa do Mato. Ali construiu casa de morada, aviamento para beneficiamento da mandioca e outras benfeitorias. E viveu da pecuária, da agricultura e da indústria de cera de carnaúba, o que lhe garantiu boa situação econômica.
De seu casamento nasceram treze filhos, sendo sete homens e seis mulheres, entre estes João Lopes de Araújo Costa, pai do poeta Nicodemos Araújo.                             

Por parte de mãe, Nicodemos descende do patriarca João Carneiro da Costa, que foi pecuarista e político no município de Santana do Acaraú, e que casou-se, em terceiras núpcias, com dona Teresa de Jesus Vasconcelos. Deste matrimônio provém a família Carneiro, tão numerosa nesta região.                                                                   
O professor Afonso Alberto Carneiro, que era filho do Capitão Joaquim Gomes Carneiro e de dona Maria da Penha Carneiro, nasceu no lugar “Curral Grande”, município de Santana do Acaraú, a 25 de novembro de 1851. Exerceu o magistério e a pecuária, e casou-se, na capela de Santa Cruz (hoje cidade de Bela Cruz), com dona Maria do Carmo da Silveira, filha de José Pereira da Rocha e de dona Maria da Penha Silveira. Deste matrimônio nasceram cinco filhos, entre os quais, Francisca Eucária da Silveira, mãe do poeta Nicodemos Araújo.

O poeta nasceu na antiga povoação de Santa Cruz, a 10 de março de 1905, filho legítimo de João Lopes de Araújo, nascido a 22 de outubro de 1848 e de Francisca Eucária da Silveira, nascida a 03 de março de 1880, a qual, em virtude do casamento, passou a chamar-se Francisca Silveira Lopes. 
                

Nicodemos foi batizado na capela de Santa Cruz, a 22 de junho de 1905, sendo oficiante o Padre Joaquim Severiano de Vasconcelos, e padrinhos, o Capitão Sabino Lopes de Araújo Costa e sua esposa, dona Beatriz Ibiapina de Araújo (irmã de seu pai). O registro de seu nascimento, em cartório, foi feito somente a 11 de dezembro de 1937, pelo tabelião de Acaraú, Joaquim Quariguazi da Frota (livro nº 22, fls. 227). Seu batismo se acha registrado no livro nº 20, fls. 181, da Paróquia de Acaraú.

Seu pai casou-se duas vezes: a primeira com sua sobrinha, dona Maria José de Araújo, que faleceu poucos anos depois de casada. Desse matrimônio nasceram dois meninos – João e Vicente – que tiveram poucos meses de vida; a segunda, com dona Francisca Eucária da Silveira. Desse matrimônio nasceram os seguintes filhos – Maria Aprígia de Araújo, nascida a 03 de janeiro de 1896 e que faleceu seis meses depois. – Vicente Lopes Araújo, nascido a 24 de abril de 1898 e casado, a 09 de novembro de 1931, com Maria José de Carvalho, nascida a 07 de setembro de 1909. – Maria Cacilda da Silveira, nascida a 12 de maio de 1902, casada com Raimundo Silveira Araújo e falecida a 19 de setembro de 1936. – Manoel Nicodemos Araújo, nascido a 10 de março de 1905 e falecido a 23 de junho de 1999; casado a 09 de novembro de 1931, com Alice Leitão Adriano, nascida a 25 de dezembro de 1911. – Ana Profetiza Silveira, nascida a 12 de junho de 1908 e falecida a 03 de março de 1938. – Afonso Celso Araújo, nascido a 05 de abril de 1912, casado com Narcisa Noberta Maranhão, nascida a 31 de agosto de 1913. – Raimunda Lopes Araújo, nascida a 16 de fevereiro de 1915 e casada em 1936, com João Ambrósio Araújo, nascido a 07 de dezembro de 1909, falecido a 03 de abril de 1984. – Geralda Lopes Araújo, nascida a 30 de junho de 1920 e casada a 03 de dezembro de 1954, com Abdom Murilo Zacas, nascido a 09 de junho de 1913.

Francisca Eucária nasceu no lugar Curral Grande, do hoje município de Santana do Acaraú. Aos doze anos de idade, órfã de mãe, veio morar com seus avós, na então povoação de Santa Cruz, e com apenas quatorze anos de idade, consorciou-se com João Lopes de Araújo, casamento oficiado pelo Padre Antônio Xavier Maria de Castro, então vigário da freguesia de Acaraú. João Lopes de Araújo, que residia em Lagoa do Mato, fixou residência em Santa Cruz, onde abriu uma loja de tecidos e exerceu as funções de Juiz de Paz, Subdelegado de Polícia e Fiscal Municipal.

Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004

1-Nicodemos Araújo-Dados Biográficos

Nicodemos Araújo