sábado, 18 de julho de 2009

Maria Magdalena Silveira Gomes


Minha Avó Ingratidão ou tristeza cai bem para dizer como nunca me lembrei de escrever nada sobre a vovó! Logo ela que teve tamanha importância e mérito em minha vida. Talvez a consciência acuse, e Freud não saiba explicar _ eu mesma sou quem tenho de encontrar a resposta para esta (falta de) atitude. Entretanto, hoje, senti vontade de falar da Senhora Maria Magdalena Silveira Gomes, minha avó.

Em conversas com amigos ou parentes, sempre me refiro a ela como “santa”, por ter sido uma mulher virtuosa, bondosa, inocente. De fato, a vovó era assim mesmo, e eu ainda acrescento para ela o adjetivo de fraca, porque sempre se deixou vencer pelo mais forte, por não ter autoridade para impor sua vontade e seus pontos de vista, por não tem fortaleza de ânimo, força de vontade... Vovó era a verdadeira “Amélia” do Ataulfo Alves, e desempenhou este papel sem reclamar, mas certamente cheia de frustrações, embora dissesse que “a vida era assim mesmo...” Vó, por quê você não reagiu a tanta coisa que lhe fez mal, que quando relembro certas passagens de sua vida, uma descarga de adrenalina toma conta de mim, por isso vou deixar as amarguras de lado. Ademais, de vó, o que fica mesmo feito tatuagem na alma da gente, é o carinho, o amor, as peraltices que a gente faz, e que elas sempre dão um jeito de remendá-las...

Praticamente vivi minha vida, e especialmente a infância com a vovó. Dormia junto com ela no mesmo quarto. Ainda hoje lembro e conservo, alguns ensinamentos que ela me fez: dormir com um pano no ouvido, “para não entrar algum besouro”... Se acordo assustada à noite, sempre chamo por ela... Ela era costureira e eu aprendi a costurar em sua máquina, pequena ainda, o que muito me envaidecia. Tinha bonecas e brinquedos guardados na casa dela e ela fazia bonecas, que a gente chamava “bruxa de pano” para mim. A comida dela, não tinha mais gostosa! Ela tudo fazia para me agradar! E como agradava mesmo! Viajava com ela para casa do tio Vicente, em Sobral, para a casa do Tibeca no Itapagé, me comprava presentes, enfim , ela fazia de mim uma “princesinha”! Lembro também que vovó, (como eu), tinha muita enxaqueca e sofria bastante com isso. Eu fazia chás para aliviá-la e ficava assustada do “alvoroço” que ela fazia quando “provocava”...

O tempo foi passando e como eu já estava mocinha, mamãe e papai resolveram que eu teria que dormir em casa. Sofremos eu e ela com essa separação... Vovó era vaidosa, andava sempre bem arrumadinha com casacos e saias de bons tecidos e muito cheirosa, o cabelo bem cortado e arrumado. Quando ficou mais idosa, achou que deveria deixar o cabelo crescer para usar coque, um penteado feminino que consistia em enrodilhar os cabelos de trás da cabeça. O tempo foi minando sua saúde.

Começou a sofrer de artrose, doença degenerativa que lhe deixou numa cadeira de rodas... Foi outro sofrimento muito grande... Ela tinha muita vontade de ficar boa, mas só piorava, e eu não gosto de falar nestas coisas. Me vêm um sentimento de impotência, ou de que poderia ter feito mais para que ela fosse um pouco feliz. Infelizmente, isto é impossível porque ela já não nos pertence. Porém acho que ela deve está num lugar feliz, providenciado por Deus. Guardo dela como lembrança e com carinho, um crucifixo de madeira com bronze que ela guardava em seu santuário, lugar onde rezava suas orações. Vovó, se me fosse possível, eu sentaria em seu colo, como quando menina, e te daria todos os beijos que deixei de dar... Te amo. Marta Regina Fortaleza, 17 de Julho de 2003 (Trecho do meu livro PASSANDO O TEMPO... OU... PENSANDO O TEMPO? em fase de quase conclusão.) 123 Marta Regina A VIDA?!